E a festa pecaminosa se aproxima.Todos na expectativa pela gula, pela soberba -contar vantagem sobre aquele parente que se fudeu ao longo do ano- ,pela mulher do próximo ,pela bebedeira sem fim.O ritual obsessivo dos cristãos não acaba e jamais acabará.Talvez daqui a umas 10 gerações quando essa mal-dita espécie estiver devidamente substituída ,e olha o arsenio aí, prometendo outras formas de vida, a festinha mude de ritmo.Certa vez,movido pela falta de análise , cujo nome é resistência e que presentifica imposturas,cheguei ao baile natalino. Casa arrumada, convidados vestidos com certa elegância - apesar do calor africano - e no primeiro contato familiar um míssil fora disparado.Bum!Bum!Solidariedade bélica.
Refeito do primeiro tiro ,estou sentado à beira de um abismo ,salvo contudo pela bebida que desloca formações deletérias na minha mente. Resolvo provocar. ' Pessoal: tenho uma "ótima" notícia para lhes dar.Ganhei na loteria!'
Antes que outro artefato explosivo me fosse lançado, percebi os olhares que mesclavam horror e ódio.Ali estava o espírito natalino de uma verdadeira família católica.O fato que enobrece tal reação ,houve.Chama-se sinceridade das ações.Os gestos ,olhares, sorrisos tristes,lábios trêmulos.De repente, uma voz murmurante:"Que mer.....ou melhor ,que bom para você".
Fiquei amedrontado, pois a tal voz estava ao lado e segurava um copo de whisky que balançava em crise de pânico na minha direção.Será que é porque eu não prometi nenhum presentinho?
Passados intermináveis dez minutos ,confessei-lhes."Gente ....eu estava brincando".
Risos, alegria, juras de amor e todos os sentimentos mais odientos emergiram contundente-mentes.
Naquele momento ,pude então constatar o quanto eu era querido pela nobre família, na noite de mais um Natal!De preferência ,ainda pobre.
terça-feira, 7 de dezembro de 2010
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Escritor sem público
Esse foi o título de um artigo de um ,parece-me , sociólogo Russo, publicado recentemente no jornal Folha de São Paulo.
O pensador Russo advertia para alguns aspectos ,na verdade alguns entraves, que faz com que os bons romancistas não consigam faturar mercadologicamente e os autores de 'best sellers' clamam, por outro lado, por algum reconhecimento de excelência nas costumeiras asneiras que escrevem.
O artigo é longo e a solução que ele encaminha é visivelmente marxista.Aliás, estão novamente na moda.Basta ver o prestígio de um Balman.
O que me chamou atenção foi que o texto surgiu a partir da declaração de uma poeta ,creio que também Russa e cujo nome não me recordo, declarando não gostar de prosas, pois elas sempre são marcadas por duas sentenças: " Oi , você está bem?".E ...'Você aceita uma xícara de café?'.
O autor então fica irritado e se pergunta se ela não gosta de café ou quem sabe é dotada de certa preguiça para textos mais longos.Se bem que existem poemas que mais parecem inspirações para operetas de tão extensos.
Eu,por exemplo, faz tempo, prefiro os textos mais curtos,mais enxutos.
Lembro-me do sacrifício que fiz para atravessar a obra de Marcel Proust.Genial,mas chato à beça.
Tudo bem que o laço de fita do vestido de Madame Verduran,uma das principais figuras proustianas, descrito em dez ,quinze páginas, condensa o livro quase todo,mas há de se estar realmente cooptado pelo estilo do autor.Senão, você desiste.Afinal, são sete volumes.
Recordo-me entretanto que foi aquela primeira cena, a do beijo de boa noite que, a mãe ocupada ao entreter os convidados que chegavam à casa,esquecera de dar em seu filho.É uma das primeiras passagens do primeiro volume, 'O Caminho de Swan" , e que me marcara de tal ordem que escrevi um artigo ,bem lacaniano à época, e que fora apresentado num simpósio de Psicanálise.O título do artigo era o "Beijo de amor".Título esse do qual não me orgulho muito.
Para quem iniciava um processo analítico , e que perdura até hoje quiçá para sempre, separações entre mãezinhas e suas crianças são munição bem calibrada para investigações,para varreduras.Infelizmente,é assim.Somos muito bichos para separações elegantes.
Minha morreu há quatro anos e eu estou tomado por suas aparições nos meus delírios oníricos.Ainda forneço muito poder a essa transa.Lamentável.
Se eu gosto de café?Sim.Passei alguns anos sem tomá-lo ,pois tenho temperamento - coisa que outros mamíferos também tem, agitado e acreditava que ficaria ainda mais insuportável, quer dizer, agitado ,com doses de cafeína diárias. Hoje, sou fã da cafeína.Estou envelhecendo.
Outrora na Etiópia, creio que ainda é importante produtordo fruto, beber café equivaleria a fumar um baseado, hoje em dia.Bebia-se café escondidinho...Século XIX se não me equivoco.
Pode parecer tolice ,mas ainda aguardo pelo meu texto.Aquele romance ou texto para teatro ou para se jogar no lixo ,isto é, na rede, na 'Web', que comecei e não prossegui.Rejeitei o fato de que a censura vem de fora. Fico antecipando-a eu mesmo.
Aonde foram os ditos escritores?Será que os poetas tornaram-se 'hackers' ,tal como indagou um colega meu?
Os chamados clássicos ainda sobreviverão?Quem se presta a ler ,por exemplo, 'A Divina Comédia' ou a obra difícil, devo lembrar, de James Joyce? Proust então....E o nosso Guimarães Rosa, uma espécie de Joyce brasileiro?Euclides, engenheiro literato, e seu árido e maravilhoso,não menos difícil de percorrer, 'Os Sertões'?
A última vez que falaram de Euclides da Cunha, na grande mídia, foi para encenar na TV os seus derradeiros dias de corno e assassinato sofrido pelas mãos de um sargento qualquer.Não creio que Anna da Cunha ,mulher de Euclides, fosse tão bela quanto a atriz que a interpreta, a belíssima Vera Fischer. E o Dilermando era tão somente um gaiato sargento bonitinho sedutor.Ficou famoso!Matou um herói!E foi absolvido pelas cortes supremas.Claro e também obscuro, até porque quem não é ou terá sido um escritor sem público?Escritores,pensadores, artistas todos , o mundo enfim, sempre estão a formar públicos. Depois, pode-se mudar de turma ou de autor.
Será que alguém vai ler isso?
Eu acabo para continuar.
O pensador Russo advertia para alguns aspectos ,na verdade alguns entraves, que faz com que os bons romancistas não consigam faturar mercadologicamente e os autores de 'best sellers' clamam, por outro lado, por algum reconhecimento de excelência nas costumeiras asneiras que escrevem.
O artigo é longo e a solução que ele encaminha é visivelmente marxista.Aliás, estão novamente na moda.Basta ver o prestígio de um Balman.
O que me chamou atenção foi que o texto surgiu a partir da declaração de uma poeta ,creio que também Russa e cujo nome não me recordo, declarando não gostar de prosas, pois elas sempre são marcadas por duas sentenças: " Oi , você está bem?".E ...'Você aceita uma xícara de café?'.
O autor então fica irritado e se pergunta se ela não gosta de café ou quem sabe é dotada de certa preguiça para textos mais longos.Se bem que existem poemas que mais parecem inspirações para operetas de tão extensos.
Eu,por exemplo, faz tempo, prefiro os textos mais curtos,mais enxutos.
Lembro-me do sacrifício que fiz para atravessar a obra de Marcel Proust.Genial,mas chato à beça.
Tudo bem que o laço de fita do vestido de Madame Verduran,uma das principais figuras proustianas, descrito em dez ,quinze páginas, condensa o livro quase todo,mas há de se estar realmente cooptado pelo estilo do autor.Senão, você desiste.Afinal, são sete volumes.
Recordo-me entretanto que foi aquela primeira cena, a do beijo de boa noite que, a mãe ocupada ao entreter os convidados que chegavam à casa,esquecera de dar em seu filho.É uma das primeiras passagens do primeiro volume, 'O Caminho de Swan" , e que me marcara de tal ordem que escrevi um artigo ,bem lacaniano à época, e que fora apresentado num simpósio de Psicanálise.O título do artigo era o "Beijo de amor".Título esse do qual não me orgulho muito.
Para quem iniciava um processo analítico , e que perdura até hoje quiçá para sempre, separações entre mãezinhas e suas crianças são munição bem calibrada para investigações,para varreduras.Infelizmente,é assim.Somos muito bichos para separações elegantes.
Minha morreu há quatro anos e eu estou tomado por suas aparições nos meus delírios oníricos.Ainda forneço muito poder a essa transa.Lamentável.
Se eu gosto de café?Sim.Passei alguns anos sem tomá-lo ,pois tenho temperamento - coisa que outros mamíferos também tem, agitado e acreditava que ficaria ainda mais insuportável, quer dizer, agitado ,com doses de cafeína diárias. Hoje, sou fã da cafeína.Estou envelhecendo.
Outrora na Etiópia, creio que ainda é importante produtordo fruto, beber café equivaleria a fumar um baseado, hoje em dia.Bebia-se café escondidinho...Século XIX se não me equivoco.
Pode parecer tolice ,mas ainda aguardo pelo meu texto.Aquele romance ou texto para teatro ou para se jogar no lixo ,isto é, na rede, na 'Web', que comecei e não prossegui.Rejeitei o fato de que a censura vem de fora. Fico antecipando-a eu mesmo.
Aonde foram os ditos escritores?Será que os poetas tornaram-se 'hackers' ,tal como indagou um colega meu?
Os chamados clássicos ainda sobreviverão?Quem se presta a ler ,por exemplo, 'A Divina Comédia' ou a obra difícil, devo lembrar, de James Joyce? Proust então....E o nosso Guimarães Rosa, uma espécie de Joyce brasileiro?Euclides, engenheiro literato, e seu árido e maravilhoso,não menos difícil de percorrer, 'Os Sertões'?
A última vez que falaram de Euclides da Cunha, na grande mídia, foi para encenar na TV os seus derradeiros dias de corno e assassinato sofrido pelas mãos de um sargento qualquer.Não creio que Anna da Cunha ,mulher de Euclides, fosse tão bela quanto a atriz que a interpreta, a belíssima Vera Fischer. E o Dilermando era tão somente um gaiato sargento bonitinho sedutor.Ficou famoso!Matou um herói!E foi absolvido pelas cortes supremas.Claro e também obscuro, até porque quem não é ou terá sido um escritor sem público?Escritores,pensadores, artistas todos , o mundo enfim, sempre estão a formar públicos. Depois, pode-se mudar de turma ou de autor.
Será que alguém vai ler isso?
Eu acabo para continuar.
domingo, 21 de novembro de 2010
Um anjo revelador
"O anjo exterminador" de Luís Buñuel é uma beleza de fotografia do que a nossa tão prezada neura de cada dia engendra,produz,multiplica.Multiplicai-vos, ó Cordeiros de Deus!!
E eles se multiplicam e invadem o edifício sagrado onde pastam seus súditos.Essa é a cena final do filme que fora lançado no início dos anos sessenta.
Buñuel genialmente, assim como alguns dos chamados surrealistas importantes, retrata com sutileza ímpar a nossa paralisia cerebral.
Tudo se passa numa festa ,da alta burguesia,onde se encontram importantes figuras com diferentes atividades profissionais.Por profissão leia-se também aquela senhora que organiza jantares, aquele vagabundo profissional que cafetiza a própria irmã ( o tesão dela por ele é visível) dentre outros egrégios cidadãos.
Jantam divinamente.Os empregados, movidos por uma ansiedade curiosa, saem bem antes da festa acabar, exceto um: aquele que vos serve.A bebida cara e preciosa continua a circular e as seduções e provocações ditam o ritmo do baile.
De repente, alguém toca uma bela música no piano branco e a partir daí todos são reféns uns dos outros e de si mesmos.Na verdade, sempre estiveram reféns.
Recusam-se a sair alegando não conseguir.Passam-se dias,semanas e a degradação e muito do comportamento animal que nos compete emerge: assassinato, traições,conspirações, roubo...Também existem os mais nobres,apesar de raros, tais como a consideração, a generosidade,....E emerge ali,naquele belo salão ,daquela bela casa, com aqueles convivas ,alguns até eruditos.
E porque não saem da casa? Da mesma forma como entraram,ou seja, por aquela imensa e bela porta principal ou até - mesmo que isso custasse uma certa ferida narcísica para gente tão ilustre- pela porta dos fundos?
O culpado passa a ser o dono da casa ,afinal, quem mandou convidar para aquele teatro efetivo aquele bando de animais?O sujeito é um cavalheiro e corno também o é ( Na verdade está ,já que o filme um dia acaba).Sua digníssima senhora mantém um romance com amigo bem próximo.
É mais ou menos o que ocorre numa análise ,onde o analista é sempre o culpado pelo analisando estar em análise.Ele só se esquece, ele ,o analisando, que foi ele mesmo quem procurou o analista.
De onde não se quer sair?Por que tanta recusa?
A exemplaridade do filme é relembrar que estamos condenados a uma não saída radical.O simples fato de buscarmos o que não há e nunca haverá - chamemos isso de transcendência , Nirvana, Paz Absoluta,Gozo Absoluto,completude, etc - nos prende às ferragens do haver. Porém, ali a descrição é também a da baixaria dos vínculos afetivos, da recusa em deslocar alguns comportamentos, hábitos, conceitos, enfim , de sair do lugar em que se pasta faz tempo.Por isso a presença daqueles animaizinhos no "casting".
Ele encerra o filme repetindo o aprisionamento ,dessa vez após uma missa ,numa igreja católica.
A igreja,qualquer uma, certamente é uma formação extremamente recalcante,opressiva ,reacionária,mas não há imperativo algum, ao menos no Ocidente em tempos pós inquisições, que faça com que não se possa dizer não a tudo de nefasto que ela apregoa e mudar de partido.
Quem faz aquele bando de gente rememorar a posição em que se encontrava ,antes da paralisia, após a bela música tocada no piano ,daquela bela casa,daquele belo jantar,daqueles convidados , foi a moça que ,segundo as boas falas, era virgem.Intocada em certo ponto,mas não é daquele pontinho embaixo que se trata, ela pode se distanciar um pouco da estupidez vigente e apontar uma saída.Ela na verdade não era virgem, ela era tão somente e solitariamente alguém mais disponível para olhar o que não se queria ver, a tal obviedade.Recalque demais estupidifica,paralisa, adoece,mata.Não produz,por exemplo, uma obra como a de Buñuel.
Então uma virgem que transa diz: quanto mais cedo inicio um processo de análise mais portas se oferecerão ao meu périplo de retornar sempre para dentro e para dentro e para dentro.Logo, tornei-me uma saída.
E eles se multiplicam e invadem o edifício sagrado onde pastam seus súditos.Essa é a cena final do filme que fora lançado no início dos anos sessenta.
Buñuel genialmente, assim como alguns dos chamados surrealistas importantes, retrata com sutileza ímpar a nossa paralisia cerebral.
Tudo se passa numa festa ,da alta burguesia,onde se encontram importantes figuras com diferentes atividades profissionais.Por profissão leia-se também aquela senhora que organiza jantares, aquele vagabundo profissional que cafetiza a própria irmã ( o tesão dela por ele é visível) dentre outros egrégios cidadãos.
Jantam divinamente.Os empregados, movidos por uma ansiedade curiosa, saem bem antes da festa acabar, exceto um: aquele que vos serve.A bebida cara e preciosa continua a circular e as seduções e provocações ditam o ritmo do baile.
De repente, alguém toca uma bela música no piano branco e a partir daí todos são reféns uns dos outros e de si mesmos.Na verdade, sempre estiveram reféns.
Recusam-se a sair alegando não conseguir.Passam-se dias,semanas e a degradação e muito do comportamento animal que nos compete emerge: assassinato, traições,conspirações, roubo...Também existem os mais nobres,apesar de raros, tais como a consideração, a generosidade,....E emerge ali,naquele belo salão ,daquela bela casa, com aqueles convivas ,alguns até eruditos.
E porque não saem da casa? Da mesma forma como entraram,ou seja, por aquela imensa e bela porta principal ou até - mesmo que isso custasse uma certa ferida narcísica para gente tão ilustre- pela porta dos fundos?
O culpado passa a ser o dono da casa ,afinal, quem mandou convidar para aquele teatro efetivo aquele bando de animais?O sujeito é um cavalheiro e corno também o é ( Na verdade está ,já que o filme um dia acaba).Sua digníssima senhora mantém um romance com amigo bem próximo.
É mais ou menos o que ocorre numa análise ,onde o analista é sempre o culpado pelo analisando estar em análise.Ele só se esquece, ele ,o analisando, que foi ele mesmo quem procurou o analista.
De onde não se quer sair?Por que tanta recusa?
A exemplaridade do filme é relembrar que estamos condenados a uma não saída radical.O simples fato de buscarmos o que não há e nunca haverá - chamemos isso de transcendência , Nirvana, Paz Absoluta,Gozo Absoluto,completude, etc - nos prende às ferragens do haver. Porém, ali a descrição é também a da baixaria dos vínculos afetivos, da recusa em deslocar alguns comportamentos, hábitos, conceitos, enfim , de sair do lugar em que se pasta faz tempo.Por isso a presença daqueles animaizinhos no "casting".
Ele encerra o filme repetindo o aprisionamento ,dessa vez após uma missa ,numa igreja católica.
A igreja,qualquer uma, certamente é uma formação extremamente recalcante,opressiva ,reacionária,mas não há imperativo algum, ao menos no Ocidente em tempos pós inquisições, que faça com que não se possa dizer não a tudo de nefasto que ela apregoa e mudar de partido.
Quem faz aquele bando de gente rememorar a posição em que se encontrava ,antes da paralisia, após a bela música tocada no piano ,daquela bela casa,daquele belo jantar,daqueles convidados , foi a moça que ,segundo as boas falas, era virgem.Intocada em certo ponto,mas não é daquele pontinho embaixo que se trata, ela pode se distanciar um pouco da estupidez vigente e apontar uma saída.Ela na verdade não era virgem, ela era tão somente e solitariamente alguém mais disponível para olhar o que não se queria ver, a tal obviedade.Recalque demais estupidifica,paralisa, adoece,mata.Não produz,por exemplo, uma obra como a de Buñuel.
Então uma virgem que transa diz: quanto mais cedo inicio um processo de análise mais portas se oferecerão ao meu périplo de retornar sempre para dentro e para dentro e para dentro.Logo, tornei-me uma saída.
terça-feira, 2 de novembro de 2010
Paranóias urbanas
Quando saio à rua de minha cidade louca,armado de atenções paranóicas, recuo o passo ainda seguinte, escutando o silêncio de certas oitavas.Acho que uma sirene acaba de passar.E ela prossegue sem que eu jamais a alcance.
domingo, 24 de outubro de 2010
Calças curtas e bicicletas
Brasília foi uma cidade de quintais abertos.E por isso éramos de um voyeurismo escancarado.Os jardins mais belos das casas ,banhadas à distância por um Lago Artificial -como se todos os outros lagos não o fossem para nós,espécie que nomeia tais coisas-; éramos também adolescentes bem arrogantes - o que não é nenhuma novidade - invadindo garagens militares para afrontar os milicos e garantir presença. Cenas de uma época remota....
O comboio começava a se armar a partir de uma ideia sobre coisa alguma.Chegava um depois o outro depois mais outro e assim por diante.As bicicletas e as calças curtas então se posicionavam para o ataque. Na frente,preparado para levar chumbo,entenda-se uma boa bronca, ia o mais velho,mais alto,mais forte e destemido comandante.E era um comandante pra valer,pois alguns generais refestelam-se somente em observar, dos seus gabinetes confortáveis , a sua tropa ser dizimada.
Invadíamos as garagens dos blocos da Marinha Brasileira pela porta de saída - o que representava perigo iminente - e saíamos apressados pela entrada contrária.Era o máximo!
Vingávamos a nós mesmos e aos outros que ,sem alternativa, viam-se obrigados à humilhação de ter o corpo inteiro emporcalhado por ovos podres que os filhos dos marinheiros de alta patente reservavam aos filhos de civis que habitavam a mesma superquadra candanga.Eram meados dos anos 70 e o poder servia só para oprimir quem não fosse da mesma patota.
Pouco a pouco nos tornamos todos camaradas.Alguns até eram conterrâneos.Porém,sempre suspeitávamos de que algo muito sério poderia nos atacar repentinamente.Certa vez, distraído pela comodidade confortável, escapei por pouco do massacre dos ovos podres.Sabia que correra enorme perigo,mas consegui.Ufa! Retornei com a minha integridade física preservada à casa que até hoje resiste. Lá encontrei mãe amorosa que ao saber do acontecido ,exclamou: 'esses meninos são meninos selvagens.Você não deve se envolver com eles'.
Minha mãe sempre me pareceu alguém que não nascera nesse planeta ou ao menos nesse país que resiste em se tornar uma nação de fato.Ela era doce e elegante.E também firme quando necessário.É ,sentenciado pelo Rei Roberto, a saudade que eu gosto- apesar e por causa da dor de sua ausência- de ter.
Contrariando-a entretanto ,segui a vida com os meninos selvagens que me ensinaram truques ótimos para sobrevivência posterior.
Quando o segundo amor me atingiu,eu já era um menino selvagem.Pouco graduado ,pois não fui selvagem o suficiente para que aquela cobra encantadora que, trazia o cheiro da maresia da nossa mesma terra,O Rio de Janeiro,não menos selvagem, se deixasse envenenar ....por mim ,é claro.
Anos depois, já de volta à pátria carioca, reencontrei-a numa noite de lua.E qual é a noite que não tem lua?É isso que dá querer fazer prosa bonita sem saber....Bem, novamente: reencontrei-a -aquela tal menina veneno- numa discoteca.E foi sem a menor emoção,mas com muita alegria que pude constatar a baranga em que ela havia se transformado!!Que baranga!! Fiquei numa euforia tal - agora sim,depois de reparar bem naquele troço em que aquela desgraçada que se enroscou com o meu maior rival de bicicletices,havia se metamorfoseado - que quase larguei o meu carro para alugar uma "bike" e pedalar até a lua mais próxima.Seria minguante?Teria minguado?
Passados 30 anos em cinco minutos e aqueles mesmos prédios com aquelas garagens,agora lacradas por grades inteligentes, e sem a mesma vida,sem as mesmas cores,sem os mesmos comandantes de calças curtas e suas viaturas com correntes ,guidons e selins,num silêncio que mais parece toque de recolher, incompatível com as falações livres do agora, e a constatação que se recusa a partir: por que Domingo ainda se parece tanto com Domingo?
O comboio começava a se armar a partir de uma ideia sobre coisa alguma.Chegava um depois o outro depois mais outro e assim por diante.As bicicletas e as calças curtas então se posicionavam para o ataque. Na frente,preparado para levar chumbo,entenda-se uma boa bronca, ia o mais velho,mais alto,mais forte e destemido comandante.E era um comandante pra valer,pois alguns generais refestelam-se somente em observar, dos seus gabinetes confortáveis , a sua tropa ser dizimada.
Invadíamos as garagens dos blocos da Marinha Brasileira pela porta de saída - o que representava perigo iminente - e saíamos apressados pela entrada contrária.Era o máximo!
Vingávamos a nós mesmos e aos outros que ,sem alternativa, viam-se obrigados à humilhação de ter o corpo inteiro emporcalhado por ovos podres que os filhos dos marinheiros de alta patente reservavam aos filhos de civis que habitavam a mesma superquadra candanga.Eram meados dos anos 70 e o poder servia só para oprimir quem não fosse da mesma patota.
Pouco a pouco nos tornamos todos camaradas.Alguns até eram conterrâneos.Porém,sempre suspeitávamos de que algo muito sério poderia nos atacar repentinamente.Certa vez, distraído pela comodidade confortável, escapei por pouco do massacre dos ovos podres.Sabia que correra enorme perigo,mas consegui.Ufa! Retornei com a minha integridade física preservada à casa que até hoje resiste. Lá encontrei mãe amorosa que ao saber do acontecido ,exclamou: 'esses meninos são meninos selvagens.Você não deve se envolver com eles'.
Minha mãe sempre me pareceu alguém que não nascera nesse planeta ou ao menos nesse país que resiste em se tornar uma nação de fato.Ela era doce e elegante.E também firme quando necessário.É ,sentenciado pelo Rei Roberto, a saudade que eu gosto- apesar e por causa da dor de sua ausência- de ter.
Contrariando-a entretanto ,segui a vida com os meninos selvagens que me ensinaram truques ótimos para sobrevivência posterior.
Quando o segundo amor me atingiu,eu já era um menino selvagem.Pouco graduado ,pois não fui selvagem o suficiente para que aquela cobra encantadora que, trazia o cheiro da maresia da nossa mesma terra,O Rio de Janeiro,não menos selvagem, se deixasse envenenar ....por mim ,é claro.
Anos depois, já de volta à pátria carioca, reencontrei-a numa noite de lua.E qual é a noite que não tem lua?É isso que dá querer fazer prosa bonita sem saber....Bem, novamente: reencontrei-a -aquela tal menina veneno- numa discoteca.E foi sem a menor emoção,mas com muita alegria que pude constatar a baranga em que ela havia se transformado!!Que baranga!! Fiquei numa euforia tal - agora sim,depois de reparar bem naquele troço em que aquela desgraçada que se enroscou com o meu maior rival de bicicletices,havia se metamorfoseado - que quase larguei o meu carro para alugar uma "bike" e pedalar até a lua mais próxima.Seria minguante?Teria minguado?
Passados 30 anos em cinco minutos e aqueles mesmos prédios com aquelas garagens,agora lacradas por grades inteligentes, e sem a mesma vida,sem as mesmas cores,sem os mesmos comandantes de calças curtas e suas viaturas com correntes ,guidons e selins,num silêncio que mais parece toque de recolher, incompatível com as falações livres do agora, e a constatação que se recusa a partir: por que Domingo ainda se parece tanto com Domingo?
terça-feira, 5 de outubro de 2010
Os novos amigos.
Tenho novos amigo que não sabem o meu nome.São amigos de outros cantos, de outros mesmos mundos.
No início, olhávamos uns para os outros desconfiados.Prontos para o ataque dos machos bárbaros.Pouco a pouco, nos aproximamos, sentimos o cheiro da pele suada, feito pugilistas que pugnam por um nocaute certeiro.Esgueira-se para lá ,mais para baixo, outro lado visitado e vínculos se estabelecem empaticamente.Seria assim mesmo? Claro que não.O vínculo é de pura simpatia.
Empatia tão somente seria pedir muito,já que há rivalidade no ar. Basta um cão novo surgir e exibir-se gaudioso que os outros rosnam a céu aberto. Se vier de muito longe então...Por exemplo: um andarilho de um outro país que fala língua esquisita - e a nossa por certo não é - e o rosnar sobe de tom.
Esse canto de amigos novos tem síndico e tudo.E ele , o nosso síndico , regozija-se intensamente pela função.Talvez seja o único síndico feliz que haja.Além de ser o único que quando ralha com qualquer um outro da matilha é atendido prontamente.Ele é um tanto ranheta ,mas é um ótimo síndico.
Deixei de lado a minha identidade e parti para uma conversa onde o que vale é o que acontece ali,de três até cinco vezes por semana,se calor estiver ou a chuva como companhia a nos refrescar e também a afugentar.
E cada um tem o seu trabalho,tem a sua vidinha,seus dramas,seus vícios,suas vagabundagens,suas ambições e aquele oceano para compartilhar escopicamente ,feito sonho de menino que queria um dia ser forte e se exibir em outros cantos dos mesmos mundos.
No início, olhávamos uns para os outros desconfiados.Prontos para o ataque dos machos bárbaros.Pouco a pouco, nos aproximamos, sentimos o cheiro da pele suada, feito pugilistas que pugnam por um nocaute certeiro.Esgueira-se para lá ,mais para baixo, outro lado visitado e vínculos se estabelecem empaticamente.Seria assim mesmo? Claro que não.O vínculo é de pura simpatia.
Empatia tão somente seria pedir muito,já que há rivalidade no ar. Basta um cão novo surgir e exibir-se gaudioso que os outros rosnam a céu aberto. Se vier de muito longe então...Por exemplo: um andarilho de um outro país que fala língua esquisita - e a nossa por certo não é - e o rosnar sobe de tom.
Esse canto de amigos novos tem síndico e tudo.E ele , o nosso síndico , regozija-se intensamente pela função.Talvez seja o único síndico feliz que haja.Além de ser o único que quando ralha com qualquer um outro da matilha é atendido prontamente.Ele é um tanto ranheta ,mas é um ótimo síndico.
Deixei de lado a minha identidade e parti para uma conversa onde o que vale é o que acontece ali,de três até cinco vezes por semana,se calor estiver ou a chuva como companhia a nos refrescar e também a afugentar.
E cada um tem o seu trabalho,tem a sua vidinha,seus dramas,seus vícios,suas vagabundagens,suas ambições e aquele oceano para compartilhar escopicamente ,feito sonho de menino que queria um dia ser forte e se exibir em outros cantos dos mesmos mundos.
terça-feira, 28 de setembro de 2010
Fotografias erradas
A quem pode interessar a alienação subserviente que se constata?
Quando se é bem jovenzinho o reino das ilusões é hegemônico.Com o passar do tempo é como se essa ilusão permanecesse por inércia,mas a lucidez ,dolorida quase sempre ,que a desilusão nos traz ,ao menos para quem acompanha o teatro da vida, torna-se ela sim hegemônica.
Você supostamente atravessou diversos processos,experimentou-os ,logo não cai tão facilmente noutras armadilhas.Digo outras ,pois não serão mais as mesmas por mais semelhantes ,análogas ou coisa próxima do que tenham um dia sido.Na minha ignorância acadêmica ,recordo Heráclito ,famoso pré-socrático mobilista ,e o seu mergulho que não era nunca o mesmo.'Um mesmo homem jamais se banha duas vezes no mesmo rio"- teria dito enquanto nadava.
A propagada experiência - e aqui revelo preferência pela idéia das experimentações ,sem ser positivista ou algo semelhante,mas o termo maturidade me irrita pelo simples fato de que o fruto quando maduro cai de podre- nos conduz a um distanciamento mais sereno,menos pré-conceituoso diante dos acontecimentos.Você já mapeou algumas-poucas na verdade- encruzilhadas e sacou que a fronteira não está mais lá.Não só se deslocou ,mas parece ter desaparecido de vez.É como se certas fundações não tivessem sido tão fundamentais assim.Um grande teatro repleto de possibilidades.É o que há.É o que certa caminhada nos apresenta.
Décadas atrás, e aí o tempo já nos dá essa autoridade de argumento´,ao menos enquanto trajetória percorrida,o futuro demorava mesmo muito tempo. Uma profecia do filósofo marxista Althusser.
'Now' , ele deixou de ser uma elocubração mítica e se aproxima.Afinal, caminha-se para frente.
Em outra certa ocasião, o hiper-democrata Michel Foucault, declarara o seu horror pela carteira de identidade.Considerava esse troço ,com a fotografia sempre errada ,algo muito invasivo.
Fico a vislumbrar esse tão importante pensador francês, se vivo estivesse , a conviver com celulares apitando em todos os bolsos, de quaisquer nacionalidade.A telefonia da loucura,sua clínica.
Resgatando Foucault ,lembrei-me portanto que esgueirar-se é preciso.Tornar-se eficazmente invisível,apesar das tentações que qualquer furor exibicionista possa nos suscitar.E somos espontaneamente exibidos,desde quando éramos,há poucos minutos-horas ,jovenzinhos.E também espontaneamente vinculados a um conceito Deus,confundido com algumas carteiras de identidade e suas fotografias erradas.
Quando se é bem jovenzinho o reino das ilusões é hegemônico.Com o passar do tempo é como se essa ilusão permanecesse por inércia,mas a lucidez ,dolorida quase sempre ,que a desilusão nos traz ,ao menos para quem acompanha o teatro da vida, torna-se ela sim hegemônica.
Você supostamente atravessou diversos processos,experimentou-os ,logo não cai tão facilmente noutras armadilhas.Digo outras ,pois não serão mais as mesmas por mais semelhantes ,análogas ou coisa próxima do que tenham um dia sido.Na minha ignorância acadêmica ,recordo Heráclito ,famoso pré-socrático mobilista ,e o seu mergulho que não era nunca o mesmo.'Um mesmo homem jamais se banha duas vezes no mesmo rio"- teria dito enquanto nadava.
A propagada experiência - e aqui revelo preferência pela idéia das experimentações ,sem ser positivista ou algo semelhante,mas o termo maturidade me irrita pelo simples fato de que o fruto quando maduro cai de podre- nos conduz a um distanciamento mais sereno,menos pré-conceituoso diante dos acontecimentos.Você já mapeou algumas-poucas na verdade- encruzilhadas e sacou que a fronteira não está mais lá.Não só se deslocou ,mas parece ter desaparecido de vez.É como se certas fundações não tivessem sido tão fundamentais assim.Um grande teatro repleto de possibilidades.É o que há.É o que certa caminhada nos apresenta.
Décadas atrás, e aí o tempo já nos dá essa autoridade de argumento´,ao menos enquanto trajetória percorrida,o futuro demorava mesmo muito tempo. Uma profecia do filósofo marxista Althusser.
'Now' , ele deixou de ser uma elocubração mítica e se aproxima.Afinal, caminha-se para frente.
Em outra certa ocasião, o hiper-democrata Michel Foucault, declarara o seu horror pela carteira de identidade.Considerava esse troço ,com a fotografia sempre errada ,algo muito invasivo.
Fico a vislumbrar esse tão importante pensador francês, se vivo estivesse , a conviver com celulares apitando em todos os bolsos, de quaisquer nacionalidade.A telefonia da loucura,sua clínica.
Resgatando Foucault ,lembrei-me portanto que esgueirar-se é preciso.Tornar-se eficazmente invisível,apesar das tentações que qualquer furor exibicionista possa nos suscitar.E somos espontaneamente exibidos,desde quando éramos,há poucos minutos-horas ,jovenzinhos.E também espontaneamente vinculados a um conceito Deus,confundido com algumas carteiras de identidade e suas fotografias erradas.
domingo, 19 de setembro de 2010
Digressões narcísicas ou papo de Psicótico?
Será que a gente consegue se livrar de um certo narcisismo baixo?
Observo alguns comentários exemplares sobre preferências eleitoreiras e ele se mostra.Ele quem? O tal narcisismo.O cara não somente aposta ,mas faz defesas apaixonadas de si - é claro- projetadas lá no candidato escolhido.O outro não presta.
Faz algum tempo que não escrevo nada aqui nesse espaço. Ando narcisicamente -não há escapatória disso- dizendo abobrinhas numa ferramenta chamada facebook.É uma gracinha internética onde postamos escritos, imagens ,gemidos ,através de uma limitação de caracteres.O troço é bem curtinho.Quatrocentos e poucos caracteres no maximo.E tem coisa mais curtinha ainda.
Entretanto, ele também é ótimo pois falar algo através de um número reduzido de letras ou palavras ou sons ou imagens é uma beleza.
Fui educado num sistema religioso - católico- em que longos sermões eram valorizadíssimos. Além do mais, as obras literárias também eram muito extensas.Imaginem hoje um jovem atravessando a obra de Proust?Aqueles sete volumes em que ,vez ou outra, o grande Marcel leva páginas a fio descrevendo o laço de fita da roupa de uma personagem?Se você não se atentar para o fato de que naquele laço de fita há a condensação de todos os personagens e por conseguinte toda a história ,adeus ao livro.
Será que dois gênios conseguem ser amigos?Conseguem pelo menos conversar?Não concordar genialmente?
Não preciso convencer ninguém de que ele está enganado.O que posso saber sobre o engano alheio?Para além ou aquém de uma visão minha que é pojada de sintoma?Quando avalio,avalio de que lugar?
Isso é fundamental pois os nossos preconceitos já tomaram o poder faz tempo.
Um dia imaginei uma conversa ,seria melhor escrevê-la,fingi-la ao menos, entre criaturas,ditas humanas, que desconfiam.Não recorrem a nenhum argumento de autoridade ,como por exemplo,enfiar o Proust na conversa.Tão somente,escutavam e argumentavam.Ninguém teria razão e todos teriam.
O problema é que queremos sempre ganhar as discussões.E é normal esse querer.
Queremos o poder. Poder é bom.Impotência é triste...até mesmo nas partes baixas.Se bem que as novas tecnologias trazem diversas possibilidades.Sobretudo para os que acreditam demais nas próprias piroquinhas.
Odiamos a crítica também, porque toda crítica é destrutiva.Ela implica em descontinuidade,mesmo quando nos considera uma maravilha.E aí se localiza também o cinismo sobre ética. É parecido o movimento.
Se alguém não tem uma conduta que a nossa turma concorde ou aplauda ,não é ético.Mas se esse alguém é ou esteve próximo da gente ,pode ter sido tão somente um erro político.
Lidar com a tal crítica é semelhante. Se foi elogiosa , vira propaganda para o espetáculo.Se foi contundente no seu não apreço pelo mesmo espetáculo, quem a fez geralmente não presta.
Certa vez, uma famosa atriz brasileira ao receber um troféu,por causa da sua atuação numa telenovela,dedicou corajosamente o troféu a uma colega que, disputara o mesmo prêmio com ela. Ela dedicou; ela não lhe deu o prêmio.
Meu mestre traduziu aquele volume enorme e maravilhoso ,escrito por Freud no início do século passado, chamado "O Mal Estar na Cultura" , para 'A vida é uma Merda'. E freudianamente sabemos que ouro e merda são o mesmo. A variação se dá em termos de odor.
Argumento de autoridade posto sobre o papel monitor: encerro esse troço que escrevo sem concluir quase nada. O que é ótimo,pois implica na continuidade dessa falação que não cessa.Ainda que, através de parcos caracteres.Quantos foram mesmo?
Observo alguns comentários exemplares sobre preferências eleitoreiras e ele se mostra.Ele quem? O tal narcisismo.O cara não somente aposta ,mas faz defesas apaixonadas de si - é claro- projetadas lá no candidato escolhido.O outro não presta.
Faz algum tempo que não escrevo nada aqui nesse espaço. Ando narcisicamente -não há escapatória disso- dizendo abobrinhas numa ferramenta chamada facebook.É uma gracinha internética onde postamos escritos, imagens ,gemidos ,através de uma limitação de caracteres.O troço é bem curtinho.Quatrocentos e poucos caracteres no maximo.E tem coisa mais curtinha ainda.
Entretanto, ele também é ótimo pois falar algo através de um número reduzido de letras ou palavras ou sons ou imagens é uma beleza.
Fui educado num sistema religioso - católico- em que longos sermões eram valorizadíssimos. Além do mais, as obras literárias também eram muito extensas.Imaginem hoje um jovem atravessando a obra de Proust?Aqueles sete volumes em que ,vez ou outra, o grande Marcel leva páginas a fio descrevendo o laço de fita da roupa de uma personagem?Se você não se atentar para o fato de que naquele laço de fita há a condensação de todos os personagens e por conseguinte toda a história ,adeus ao livro.
Será que dois gênios conseguem ser amigos?Conseguem pelo menos conversar?Não concordar genialmente?
Não preciso convencer ninguém de que ele está enganado.O que posso saber sobre o engano alheio?Para além ou aquém de uma visão minha que é pojada de sintoma?Quando avalio,avalio de que lugar?
Isso é fundamental pois os nossos preconceitos já tomaram o poder faz tempo.
Um dia imaginei uma conversa ,seria melhor escrevê-la,fingi-la ao menos, entre criaturas,ditas humanas, que desconfiam.Não recorrem a nenhum argumento de autoridade ,como por exemplo,enfiar o Proust na conversa.Tão somente,escutavam e argumentavam.Ninguém teria razão e todos teriam.
O problema é que queremos sempre ganhar as discussões.E é normal esse querer.
Queremos o poder. Poder é bom.Impotência é triste...até mesmo nas partes baixas.Se bem que as novas tecnologias trazem diversas possibilidades.Sobretudo para os que acreditam demais nas próprias piroquinhas.
Odiamos a crítica também, porque toda crítica é destrutiva.Ela implica em descontinuidade,mesmo quando nos considera uma maravilha.E aí se localiza também o cinismo sobre ética. É parecido o movimento.
Se alguém não tem uma conduta que a nossa turma concorde ou aplauda ,não é ético.Mas se esse alguém é ou esteve próximo da gente ,pode ter sido tão somente um erro político.
Lidar com a tal crítica é semelhante. Se foi elogiosa , vira propaganda para o espetáculo.Se foi contundente no seu não apreço pelo mesmo espetáculo, quem a fez geralmente não presta.
Certa vez, uma famosa atriz brasileira ao receber um troféu,por causa da sua atuação numa telenovela,dedicou corajosamente o troféu a uma colega que, disputara o mesmo prêmio com ela. Ela dedicou; ela não lhe deu o prêmio.
Meu mestre traduziu aquele volume enorme e maravilhoso ,escrito por Freud no início do século passado, chamado "O Mal Estar na Cultura" , para 'A vida é uma Merda'. E freudianamente sabemos que ouro e merda são o mesmo. A variação se dá em termos de odor.
Argumento de autoridade posto sobre o papel monitor: encerro esse troço que escrevo sem concluir quase nada. O que é ótimo,pois implica na continuidade dessa falação que não cessa.Ainda que, através de parcos caracteres.Quantos foram mesmo?
domingo, 29 de agosto de 2010
Bisbilhoteiros De alma.
Será possível olhar para o que quer que seja sem afetações ou conceitos a priori? Nossa cultura ocidental foi toda ela moldada por essa postura. Se não houvesse um a priori ,numa perspectiva Kantiana por exemplo, não conheceríamos coisa alguma.Justamente porque temos algumas formações ,disponibilidades mentais é que se acreditava que poderíamos estabelecer algum conhecimento a priori. Conhecimento que é realizado por um sujeito em relação a um objeto qualquer.Objeto este exterior ao sujeito conhecedor.Sabemos então desde Freud que não há nada para nossa espécie que se dê a priori.Muito pelo contrário: o que temos é só depois ou como alerta o Psicanalista MD.Magno, um Tarde demais e que torna todo o processo curativo bastante precário.O entendimento só depois e que caracteriza o nosso conhecimento sobre o que quer que compareça ,o que quer que haja, é resultante da refrega das múltiplas e incomensuráveis formações que estão por aí no mundo.Obviamente, existem disponibilidades cerebrais para se realizar a tal operação de conhecer,mas não há nenhum homúnculo localizado na caixa craniana (tem gente que pensa que a mente está lá) a brincar de adivinhação, a retirar fotografias amareladas de saudades de um carcomido baú.
Estamos desde sempre atolados em sensações ,em gostos e tesões que nos marcam.Temperamento é um exemplo.Preferências estéticas, fantasias também.Difícil explicitar as suas razões.Elas existem,mas permanecem silenciosas no seu âmago.Jacques Lacan,Egrégio Psicanalista Francês que fará cento e dez anos de nascimento no ano que vem, chegou a destacar uma fórmula, outra tentativa por parte dele em abstrair ao máximo o processo analítico,enquanto possibilidade de cura se a sua travessia pudesse ser alcançada.E essa fórmula se diz como fórmula da fantasia.E toda fantasia é sexual no sentido de uma quebra ,de uma secção que impede que uma completude,uma simetrização absoluta se realize,pois é impossível,apesar da busca incessante ,indelével, que uma transcendência haja e aja,para algo além desse mundo.Os religiosos e outras crendices apostam que é possível.Estão enfiados com essas produções delirantes há milênios. E dificilmente serão derrotados. A nossa covardia é hegemônica.
Certa vez ,na cumplicidade com a escuridão da sala de cinema,num palco vazio, filme contundente sem final feliz,a cena forte atingiu em cheio a amiga de vida toda e que me acompanhava naquela noite de festa.E por que noite de festa se não havia nenhuma específica? Mas é claro que havia!Era uma tentativa ousadíssima de contemplar uma articulação cinematográfica, um filme ,nirvanamente. De repente, ela se levantou e foi ao banheiro.Não se sentia bem e aquela violência nossa retratada na tela, por atores muito competentes, estava sendo demasiada.Teríamos sido muito arrogantes na nossa imensa pretensão?Esperei um pouco e preocupado fui atrás daquele susto,daquele chilique. Parado diante da proibição em prosseguir,já que era proibido para meninos a entrada naquele recinto,indaguei-lhe: "Tudo bem aí?Calma que se trata somente de um filme!"
A resposta foi romântica , centralizada no próprio eixo ,apesar de cambaleante naquele momento visceral:"Vai tomar no cu!!!!"
Conseguiríamos nos distanciar eventualmente das nossas preferências,dos nossos tesões e comichões quando algum gatilho mal localizado dispara?É muito difícil,mas não impossível. Talvez a lembrança do contrário daquilo tudo que está em curso traga certo alívio e bastante lucidez.
Qual seria mesmo o roteiro do filme que faço,que traço e perpasso sobre o que chamo,ilusoriamente , de mim mesmo?
Se recolher tudo o que escrevi nesses anos todos de tentativas vãs ,qual seria a forma desse imenso e tolo retalho ?
Tenho angústia constante pelo fato pueril de que " o não sei" passou a me acompanhar cotidianamente.E " o não sei" assim como o " só depois Freudiano" são provas de que há conhecimento.Resta-me então prosseguir insistindo na espionagem (Definição de Gilberto Freire para bisbilhoteiros da alma dos homens) sobre aquilo do que se trata.E trata-se do quê mesmo?Ao menos, supoem-se que sim.
Estamos desde sempre atolados em sensações ,em gostos e tesões que nos marcam.Temperamento é um exemplo.Preferências estéticas, fantasias também.Difícil explicitar as suas razões.Elas existem,mas permanecem silenciosas no seu âmago.Jacques Lacan,Egrégio Psicanalista Francês que fará cento e dez anos de nascimento no ano que vem, chegou a destacar uma fórmula, outra tentativa por parte dele em abstrair ao máximo o processo analítico,enquanto possibilidade de cura se a sua travessia pudesse ser alcançada.E essa fórmula se diz como fórmula da fantasia.E toda fantasia é sexual no sentido de uma quebra ,de uma secção que impede que uma completude,uma simetrização absoluta se realize,pois é impossível,apesar da busca incessante ,indelével, que uma transcendência haja e aja,para algo além desse mundo.Os religiosos e outras crendices apostam que é possível.Estão enfiados com essas produções delirantes há milênios. E dificilmente serão derrotados. A nossa covardia é hegemônica.
Certa vez ,na cumplicidade com a escuridão da sala de cinema,num palco vazio, filme contundente sem final feliz,a cena forte atingiu em cheio a amiga de vida toda e que me acompanhava naquela noite de festa.E por que noite de festa se não havia nenhuma específica? Mas é claro que havia!Era uma tentativa ousadíssima de contemplar uma articulação cinematográfica, um filme ,nirvanamente. De repente, ela se levantou e foi ao banheiro.Não se sentia bem e aquela violência nossa retratada na tela, por atores muito competentes, estava sendo demasiada.Teríamos sido muito arrogantes na nossa imensa pretensão?Esperei um pouco e preocupado fui atrás daquele susto,daquele chilique. Parado diante da proibição em prosseguir,já que era proibido para meninos a entrada naquele recinto,indaguei-lhe: "Tudo bem aí?Calma que se trata somente de um filme!"
A resposta foi romântica , centralizada no próprio eixo ,apesar de cambaleante naquele momento visceral:"Vai tomar no cu!!!!"
Conseguiríamos nos distanciar eventualmente das nossas preferências,dos nossos tesões e comichões quando algum gatilho mal localizado dispara?É muito difícil,mas não impossível. Talvez a lembrança do contrário daquilo tudo que está em curso traga certo alívio e bastante lucidez.
Qual seria mesmo o roteiro do filme que faço,que traço e perpasso sobre o que chamo,ilusoriamente , de mim mesmo?
Se recolher tudo o que escrevi nesses anos todos de tentativas vãs ,qual seria a forma desse imenso e tolo retalho ?
Tenho angústia constante pelo fato pueril de que " o não sei" passou a me acompanhar cotidianamente.E " o não sei" assim como o " só depois Freudiano" são provas de que há conhecimento.Resta-me então prosseguir insistindo na espionagem (Definição de Gilberto Freire para bisbilhoteiros da alma dos homens) sobre aquilo do que se trata.E trata-se do quê mesmo?Ao menos, supoem-se que sim.
domingo, 8 de agosto de 2010
Meu pai e o Paranoá.
Meu pai é um homem de quase 82 anos. Há cerca de cinco anos os sintomas demenciais eclodiram sem piedade e aquilo que eu já desconfiava fora confirmado.
Há muito que tenho sérias críticas à praticantes - claro que existem aqueles que são brilhantes e outros tantos piores- da medicina por uma certa insistência em querer não cuidar.O cuidado implica em atenção e suspeita.Creio que a cultura médica no Ocidente falha por esquecer que a Medicina é preventiva.Japonês e Chinês não fazem outra coisa.
Alguns ficam enfeitiçados pelo avanço da Farmacologia e acham que excesso de medicamento é que soluciona o problema.Já vi gente próxima a mim morrer disso.
Noutro dia,assistindo a uma entrevista de um médico na televisão, fiquei espantado.Eles são melhores do que alguns psicanalistas que ao se dirigirem às câmeras parecem débeis mentais.O discurso Psi-televisivo não difere muito do moralismo-reacionário e ignorante de alguns pregadores.Contudo, voltando ao nosso entrevistado, falava-se sobre os males da Hepatite A e da Hepatite B. A primeira mais branda,porém de contágio mais fácil e frequente. A segunda, B, transmitida somente através de serigas contaminadas ou relação sexual ,é muito mais violenta e pode matar. Cirrose e até câncer no fígado podem ser algumas das resultantes malévolas que esse vírus causa.Fora a Hepatite C que é muito mais grave.
Muito bem.Dito isso e apresentado o valor do medicamento que se utiliza no tratamento da Hepatite B( custa 840,00 Reais uma caixa do remédio para um mês de uso e o tratamento é para sempre ...por enquanto),encerrou-se o assunto.
O que me deixa perplexo é que eu,há 11 anos atrás, vacinei-me ,para vida toda, contra as duas moléstias,A e b!
São três doses ministradas em 3 etapas: toma-se a primeira e um mês depois a segunda.Três meses depois, senão me engano, você toma a última dose do resto da sua vida sem hepatite A ou B.Qualquer posto de saúde privado possui e creio que não é cara.
Por que ninguém fala sobre a existência dessa vacina e não se faz uma campanha para que ela seja disponibilizada de uma maneira mais abrangente,ou seja, vacinação em massa!?
Os cubanos,acho que a vacina que tomei vinha de lá,mas a nossa Fiocruz deve produzi-la também, são vacinados.
O nosso horror contra vacinas é oriundo daquela infância feliz....Aquilo doía,enchia o saco(Estou falando da vacina...).Injeção,eis o vilão.O que há de marmanjo que treme quando vê uma seringa....
Sou a favor da vacina e contra a doença. Da mesma forma que prefiro a camisinha à Aids ou à Hepatite B ou C ou Y.Mesmo reconhecendo que camisinha é uma merda!Ao menos para quem tem aquele troço pendurado no meio das pernas não depiladas.As campanhas a favor do uso de preservativos são estúpidas por que negam isso.O troço é ruim ,mas é melhor do que outros troços.Quer pagar a conta?Mas não se pode deixar de dizer que é uma merda. Até porque o fabricante da porcaria vai continuar, para sempre, - Feito hepatite- a não melhorar o seu produto.Está faturando mesmo....
Portanto,para o desespero de muitos ,há vacina e ela é bastante segura e eficaz contra as Hepatites A e B.O seu fígado- e também o seu bolso- agradecem.
O meu querido pai quis permanecer eternamente jovem.Esqueceu que a juventude nossa também passa pela mente.Abusou muito de algumas "vacinas" proibidas e cuidou-se pouco.As vacinas fazem parte daquele quase ritual,cafona, que diz que homens de uma certa posição social tem que ter amantes.Elas custam muito caro...
Além do mais , acreditou que permaneceria indelevelmente no seu trabalho público.Desprovido de um estofo mental maior para poder driblar o fato inexorável de que não há férias possíveis para qualquer um de nós,apenas um descanso,recusou-se em arranjar outras diversões.Estudar,por exemplo,pode ser divertido.Iniciar outras coisas ou então coçar lindamente o saco descamisado ,ciente de que é só uma grande brincadeira,tal qual a vida.Coçar nirvanamente,tal como indica MD.Magno em um texto sublime intitulado " Sorvete Com Nirvana".
Imitou o meu avô,seu pai.E o pior que eu via e fui antevendo o que viria.Não foi por falta de aviso ou sugestão,ou melhor, aquilo do qual resmunguei no início desse texto, cuidado.
É preciso ter cuidado desde sempre,a toda hora. E mesmo assim estamos em risco. A vida é amante imanente das aleatoriedades.Sua ordem é o caos.
Agora ,ele tem nos seus fiéis amigos a garantia do seu maior divertimento.São companheiros e sabem,por travessias diversas ,que habitam o mesmo barco.E o barco navega em águas calmas de um Paranoá Central.Escolhido e adorado.
Há muito que tenho sérias críticas à praticantes - claro que existem aqueles que são brilhantes e outros tantos piores- da medicina por uma certa insistência em querer não cuidar.O cuidado implica em atenção e suspeita.Creio que a cultura médica no Ocidente falha por esquecer que a Medicina é preventiva.Japonês e Chinês não fazem outra coisa.
Alguns ficam enfeitiçados pelo avanço da Farmacologia e acham que excesso de medicamento é que soluciona o problema.Já vi gente próxima a mim morrer disso.
Noutro dia,assistindo a uma entrevista de um médico na televisão, fiquei espantado.Eles são melhores do que alguns psicanalistas que ao se dirigirem às câmeras parecem débeis mentais.O discurso Psi-televisivo não difere muito do moralismo-reacionário e ignorante de alguns pregadores.Contudo, voltando ao nosso entrevistado, falava-se sobre os males da Hepatite A e da Hepatite B. A primeira mais branda,porém de contágio mais fácil e frequente. A segunda, B, transmitida somente através de serigas contaminadas ou relação sexual ,é muito mais violenta e pode matar. Cirrose e até câncer no fígado podem ser algumas das resultantes malévolas que esse vírus causa.Fora a Hepatite C que é muito mais grave.
Muito bem.Dito isso e apresentado o valor do medicamento que se utiliza no tratamento da Hepatite B( custa 840,00 Reais uma caixa do remédio para um mês de uso e o tratamento é para sempre ...por enquanto),encerrou-se o assunto.
O que me deixa perplexo é que eu,há 11 anos atrás, vacinei-me ,para vida toda, contra as duas moléstias,A e b!
São três doses ministradas em 3 etapas: toma-se a primeira e um mês depois a segunda.Três meses depois, senão me engano, você toma a última dose do resto da sua vida sem hepatite A ou B.Qualquer posto de saúde privado possui e creio que não é cara.
Por que ninguém fala sobre a existência dessa vacina e não se faz uma campanha para que ela seja disponibilizada de uma maneira mais abrangente,ou seja, vacinação em massa!?
Os cubanos,acho que a vacina que tomei vinha de lá,mas a nossa Fiocruz deve produzi-la também, são vacinados.
O nosso horror contra vacinas é oriundo daquela infância feliz....Aquilo doía,enchia o saco(Estou falando da vacina...).Injeção,eis o vilão.O que há de marmanjo que treme quando vê uma seringa....
Sou a favor da vacina e contra a doença. Da mesma forma que prefiro a camisinha à Aids ou à Hepatite B ou C ou Y.Mesmo reconhecendo que camisinha é uma merda!Ao menos para quem tem aquele troço pendurado no meio das pernas não depiladas.As campanhas a favor do uso de preservativos são estúpidas por que negam isso.O troço é ruim ,mas é melhor do que outros troços.Quer pagar a conta?Mas não se pode deixar de dizer que é uma merda. Até porque o fabricante da porcaria vai continuar, para sempre, - Feito hepatite- a não melhorar o seu produto.Está faturando mesmo....
Portanto,para o desespero de muitos ,há vacina e ela é bastante segura e eficaz contra as Hepatites A e B.O seu fígado- e também o seu bolso- agradecem.
O meu querido pai quis permanecer eternamente jovem.Esqueceu que a juventude nossa também passa pela mente.Abusou muito de algumas "vacinas" proibidas e cuidou-se pouco.As vacinas fazem parte daquele quase ritual,cafona, que diz que homens de uma certa posição social tem que ter amantes.Elas custam muito caro...
Além do mais , acreditou que permaneceria indelevelmente no seu trabalho público.Desprovido de um estofo mental maior para poder driblar o fato inexorável de que não há férias possíveis para qualquer um de nós,apenas um descanso,recusou-se em arranjar outras diversões.Estudar,por exemplo,pode ser divertido.Iniciar outras coisas ou então coçar lindamente o saco descamisado ,ciente de que é só uma grande brincadeira,tal qual a vida.Coçar nirvanamente,tal como indica MD.Magno em um texto sublime intitulado " Sorvete Com Nirvana".
Imitou o meu avô,seu pai.E o pior que eu via e fui antevendo o que viria.Não foi por falta de aviso ou sugestão,ou melhor, aquilo do qual resmunguei no início desse texto, cuidado.
É preciso ter cuidado desde sempre,a toda hora. E mesmo assim estamos em risco. A vida é amante imanente das aleatoriedades.Sua ordem é o caos.
Agora ,ele tem nos seus fiéis amigos a garantia do seu maior divertimento.São companheiros e sabem,por travessias diversas ,que habitam o mesmo barco.E o barco navega em águas calmas de um Paranoá Central.Escolhido e adorado.
domingo, 1 de agosto de 2010
A fé dos predadores
Depois de alguma insistência,mensagens gravadas, telefonema cortado propositadamente, a predadora encontrou o alvo;
- O senhor cancelou a sua assinatura do nosso jornal,por quê?
-Porque sim.Porque eu quis.
-Isso não é resposta,senhor?
-Ah,não é?Então qual seria uma boa resposta no seu entendimento?
-Falando sério,senhor!Temos uma oferta excelente! E o senhor enquanto uma pessoa bem informada não pode ficar sem ler o nosso jornal.
-Não sou tão informado assim,e sempre li jornal.Vai ver que é isso.
-Vamos fazer um acordo ...
-Acordo nenhum!
-Deixe-me falar pelo menos.Para começar um esclarecimento sério,sem rodeios.O senhor cancelou a sua assinatura conosco,depois desses anos todos, por quê ?
-Sem rodeios?
-Por favor.
-Não posso mais ler.Perdi a visão num acidente,recentemente.Estou cego.
Silêncio,quebrado por um grito de louvor;
- Ai ,meu Deus!Que horror!Mas "pera í" 'senhô' que as coisas "vai melhorá"( os erros citados devem ter sido cometidos pelo calor da emoção ou alguma TPM..).Segura na mão de Deus e pense com firmeza que tudo vai passar.Ele com certeza vai iluminar o seu caminho!!Ai ,Senhor!Ilumina essa alma que está presa na escuridão!O senhor me desculpe ,mas eu vejo milagres acontecerem toda semana ,lá na nossa igreja. O senhor tem fé ,não tem?
- Primeiro me responda essa pergunta,e sem rodeios.Afinal, esse é o único acordo entre a gente.Qual é o jornal que ele assina?
-Ele quem ,senhor?
-O moço dos milagres.Ora quem mais?
Silêncio para sempre.
- O senhor cancelou a sua assinatura do nosso jornal,por quê?
-Porque sim.Porque eu quis.
-Isso não é resposta,senhor?
-Ah,não é?Então qual seria uma boa resposta no seu entendimento?
-Falando sério,senhor!Temos uma oferta excelente! E o senhor enquanto uma pessoa bem informada não pode ficar sem ler o nosso jornal.
-Não sou tão informado assim,e sempre li jornal.Vai ver que é isso.
-Vamos fazer um acordo ...
-Acordo nenhum!
-Deixe-me falar pelo menos.Para começar um esclarecimento sério,sem rodeios.O senhor cancelou a sua assinatura conosco,depois desses anos todos, por quê ?
-Sem rodeios?
-Por favor.
-Não posso mais ler.Perdi a visão num acidente,recentemente.Estou cego.
Silêncio,quebrado por um grito de louvor;
- Ai ,meu Deus!Que horror!Mas "pera í" 'senhô' que as coisas "vai melhorá"( os erros citados devem ter sido cometidos pelo calor da emoção ou alguma TPM..).Segura na mão de Deus e pense com firmeza que tudo vai passar.Ele com certeza vai iluminar o seu caminho!!Ai ,Senhor!Ilumina essa alma que está presa na escuridão!O senhor me desculpe ,mas eu vejo milagres acontecerem toda semana ,lá na nossa igreja. O senhor tem fé ,não tem?
- Primeiro me responda essa pergunta,e sem rodeios.Afinal, esse é o único acordo entre a gente.Qual é o jornal que ele assina?
-Ele quem ,senhor?
-O moço dos milagres.Ora quem mais?
Silêncio para sempre.
Cegueira de mãe.
- Alô.
-Gostaria de falar com a Sheila.
-Aqui não tem ninguém com esse nome.
-..mas não é da casa da Sheila?Tem certeza?
-Sim,tenho.
- Como pode não haver nenhuma Sheila aí?Deram-me esse número..
-Senhora.Posso lhe garantir que aqui,não há Sheila alguma.
- Tem certeza?
-Sim.Moro nesse endereço há quase duas décadas,o número do telefone é o mesmo desde então,e por aqui nunca,jamais ,Sheila qualquer passou.
- Mas ela não é uma Sheila qualquer...Tem atributos singulares.
-Ótimo para quem puder usufruir dos atributos 'Sheilinianos'.
-AH,AH,AH! O senhor é bem espirituoso!
-Senhora .Eu vou desligar.Tenho o quê fazer.
- Eu também!Pensas que sou desocupada só porque já tenho idade?Pois está enganado.Além do mais ,preciso encontrar Sheila.
-Boa sorte na sua busca. Que tal uma lista telefônica para lhe ajudar?
-Não vai dar certo não senhô.O nome pode ser outro.já que ela vive mudando.
-Como assim?
-Ah...é muito complicado.Se bem que eu acho que é tudo intriga das velhas aqui da vizinhança.Sabe como é cidade pequena,não é?
-É deve ser..
- O senhor é casado?
-Não é da sua conta senhora.Vou desligar.Boa sorte mais uma vez.
-Se eu precisar ,posso telefonar de novo?
-Não.
-O senhô é duro,não?
O telefone fora desligado.
Alguns dias depois, a secretária eletrônica registra a seguinte mensagem:" OI Sheila!! Que bom falar contigo ,meu filho.Sua voz está diferente,mas tudo bem.Falar com você é tão bom!Quase que desisti por causa de um amalucado,gente ruim, que disse que aí não tinha ninguém com esse nome!Imagina se mamãe perderia o seu número!Quando puder liga pra mãezinha,viu filho?!Você é que é um ator de verdade.Ninguém entende que você representa com mais frequência do que os outros que se acham atores.Você leva mais a sério a sua missão de ator.Minhas amigas (se é que se pode chamar aquilo de amizade) morrem de inveja.Não entendem quando eu explico pra elas o que você faz.Não tem cultura,sensibilidade....E a sua namorada que eu ainda não conheço? Vai bem?Beijo com muito amor e saudades,filho!"
-Gostaria de falar com a Sheila.
-Aqui não tem ninguém com esse nome.
-..mas não é da casa da Sheila?Tem certeza?
-Sim,tenho.
- Como pode não haver nenhuma Sheila aí?Deram-me esse número..
-Senhora.Posso lhe garantir que aqui,não há Sheila alguma.
- Tem certeza?
-Sim.Moro nesse endereço há quase duas décadas,o número do telefone é o mesmo desde então,e por aqui nunca,jamais ,Sheila qualquer passou.
- Mas ela não é uma Sheila qualquer...Tem atributos singulares.
-Ótimo para quem puder usufruir dos atributos 'Sheilinianos'.
-AH,AH,AH! O senhor é bem espirituoso!
-Senhora .Eu vou desligar.Tenho o quê fazer.
- Eu também!Pensas que sou desocupada só porque já tenho idade?Pois está enganado.Além do mais ,preciso encontrar Sheila.
-Boa sorte na sua busca. Que tal uma lista telefônica para lhe ajudar?
-Não vai dar certo não senhô.O nome pode ser outro.já que ela vive mudando.
-Como assim?
-Ah...é muito complicado.Se bem que eu acho que é tudo intriga das velhas aqui da vizinhança.Sabe como é cidade pequena,não é?
-É deve ser..
- O senhor é casado?
-Não é da sua conta senhora.Vou desligar.Boa sorte mais uma vez.
-Se eu precisar ,posso telefonar de novo?
-Não.
-O senhô é duro,não?
O telefone fora desligado.
Alguns dias depois, a secretária eletrônica registra a seguinte mensagem:" OI Sheila!! Que bom falar contigo ,meu filho.Sua voz está diferente,mas tudo bem.Falar com você é tão bom!Quase que desisti por causa de um amalucado,gente ruim, que disse que aí não tinha ninguém com esse nome!Imagina se mamãe perderia o seu número!Quando puder liga pra mãezinha,viu filho?!Você é que é um ator de verdade.Ninguém entende que você representa com mais frequência do que os outros que se acham atores.Você leva mais a sério a sua missão de ator.Minhas amigas (se é que se pode chamar aquilo de amizade) morrem de inveja.Não entendem quando eu explico pra elas o que você faz.Não tem cultura,sensibilidade....E a sua namorada que eu ainda não conheço? Vai bem?Beijo com muito amor e saudades,filho!"
terça-feira, 6 de julho de 2010
O que se ergue na Copa do Mundo
Certa vez, faz mais ou menos 20 anos, Afonso Romano ,nosso escritor, escrevera sobre a queda do Muro de Berlim. Ele começara seu texto perguntando a si sobre o que se erguia,nele, com a queda do tal muro.
Eu gostei tanto daquele início, 20 anos se passaram!, que resolvi me perguntar sobre o que se ergue em mim com a derrota recente da pátria de chuteiras?
Primeiramente, a estupidez que se repete.Mesmo que aprecie o tal do esporte bretão , sabe-se da farsa. O futebol, e já digo isso faz tempo, pereceu.Hoje, assim como outros assuntos, o tal "atleta" de ponta está mais para vedete, Top´Model", etc. Apenas enquanto exemplaridade,se alguém tiver saco para folhear a revista Carta Capital da semana de 28/06 a 2/07/2010, vai entender um pouco mais do horror que compoem os bastidores dos "grandes eventos", e o porquê de um certo desânimo que também emerge.
Repetem-se gerações e as tolices se eternizam. Já torci contra;já torci para não se classificar , a tal seleção canarinho, afim de presenciar algo realmente novo,mas quando começa a fase decisiva , e que chamamos carinhosamente de mata-mata, não resisto. As minhas sobredeterminações,as minhas historinhas, os meus tesões sintomatizados desde sempre,minhas muitas frustrações,algumas conquistas, erguem-se também.
Pertenço a uma geração que não entrou em nenhuma guerra para valer.Venho de uma família da média-alta burguesia brasileira, Zona Sul do Rio de Janeiro,beira de praia com um banquinho à beira mar ,contemplando aquela que passa ,coisa mais linda....
Minha geração ,na verdade,foi uma bela merda.
Ainda bem que presenciei ,pelo menos no palco das chuteiras,um Rivelino,Um Zico, Um Maradona, Um Clodoaldo,Um Jairzinho,...Seria pior se tivesse somente presenciado Felipões e Gilbertos Dungas DA Siva ou trogloditas Felipes MELOS.
Nelson escrevera sobre a pátria de chuteiras.Ele tinha razão e é assustador. Se bem que em se tratando da nossa "pátria amada idolatrada" não dá para não suspeitar minimamente dessa ataque histérico.
O que se ergue pra valer?Que movimento é esse que finge engajamento,que finge união , que finge a inclusão de todos?
Nada mais do que um carnaval prolongado,um carnaval de quatro em quatro ,fora de época, um carnaval de inverno com todos os apedrejamentos e sacralizações que a doença religiosa consagrou e que parece não ter fim.Ao menos abaixo da linha do Equador.
Eu gostei tanto daquele início, 20 anos se passaram!, que resolvi me perguntar sobre o que se ergue em mim com a derrota recente da pátria de chuteiras?
Primeiramente, a estupidez que se repete.Mesmo que aprecie o tal do esporte bretão , sabe-se da farsa. O futebol, e já digo isso faz tempo, pereceu.Hoje, assim como outros assuntos, o tal "atleta" de ponta está mais para vedete, Top´Model", etc. Apenas enquanto exemplaridade,se alguém tiver saco para folhear a revista Carta Capital da semana de 28/06 a 2/07/2010, vai entender um pouco mais do horror que compoem os bastidores dos "grandes eventos", e o porquê de um certo desânimo que também emerge.
Repetem-se gerações e as tolices se eternizam. Já torci contra;já torci para não se classificar , a tal seleção canarinho, afim de presenciar algo realmente novo,mas quando começa a fase decisiva , e que chamamos carinhosamente de mata-mata, não resisto. As minhas sobredeterminações,as minhas historinhas, os meus tesões sintomatizados desde sempre,minhas muitas frustrações,algumas conquistas, erguem-se também.
Pertenço a uma geração que não entrou em nenhuma guerra para valer.Venho de uma família da média-alta burguesia brasileira, Zona Sul do Rio de Janeiro,beira de praia com um banquinho à beira mar ,contemplando aquela que passa ,coisa mais linda....
Minha geração ,na verdade,foi uma bela merda.
Ainda bem que presenciei ,pelo menos no palco das chuteiras,um Rivelino,Um Zico, Um Maradona, Um Clodoaldo,Um Jairzinho,...Seria pior se tivesse somente presenciado Felipões e Gilbertos Dungas DA Siva ou trogloditas Felipes MELOS.
Nelson escrevera sobre a pátria de chuteiras.Ele tinha razão e é assustador. Se bem que em se tratando da nossa "pátria amada idolatrada" não dá para não suspeitar minimamente dessa ataque histérico.
O que se ergue pra valer?Que movimento é esse que finge engajamento,que finge união , que finge a inclusão de todos?
Nada mais do que um carnaval prolongado,um carnaval de quatro em quatro ,fora de época, um carnaval de inverno com todos os apedrejamentos e sacralizações que a doença religiosa consagrou e que parece não ter fim.Ao menos abaixo da linha do Equador.
terça-feira, 15 de junho de 2010
A virgem louca
Então Rimbaud dizia que Verlaine era uma virgem louca ,e eles desfrutaram certas maravilhas ,assim como muita miséria.
Rimbaud desistiu de escrever aos 19 anos e morreu aos 37.Verlaine viveu mais.Tudo isso naquele iluminismo todo do século XIX.
A poesia ,aliás a literatura quase toda ,parece que foi dizimada.Enfiaram Paulo Coelho e suas tolices e crendices na Academia em troca de vantagens para todos.E tem ainda o Sarney,o sei lá quem mais....
Vocês realmente acham que uM Proust ou um Euclides Da Cunha conseguiriam sobreviver de literatura ,hoje em dia?
O que importa é que o molecote do Rimbaud dizia as coisas sem denegá-las.E chamou Verlaine de virgem amalucada.Entretanto,tratava-se de um/uma amalucada brilhante. Se Rimbaud tivesse conhecido uma tia minha,que ainda vive, veria que há coisa muito pior.E já que podemos perder tempo....
Além de virgem a infeliz perdeu o juízo desde sempre.E não foi aquela maluquice lúcida ,produtiva,enriquecedora e desveladora de muita coisa,logo,monstruosa.Não.Essa é daquelas que só causam estragos e transpira odor de boçalidades.
A tal infeliz fugira de casa para ser freira.Então,como boa tarada não suportou a concorrência e se mandou de volta para casa do papai.Lá,não esquentou lugar e sumiu de novo.Dessa vez decidida a tornar-se educadora!Vejam o tamanho do crime.Desde quando alguém assim ,com todos esses sentimentos presos, pode orientar uma criança?!Aliás, nunca conheci alguém mais mal educada.Não sabia resolver minimamente com ela ,quanto mais com os outros. Que guia pode ser alguém cujo caminho não sabe encontrar sozinho?
Lembro-me do dia que a desmascarei.É óbvio que por trás daquela persona havia muitas outras,igual a todos nós, mas a peguei em quase gozo explícito ao ver uma cena romântica na televisão. O casal se beijava e ela aos berros chamando-os de vagabundos!!!Eu ainda tentei argumentar que eles eram aquelas figuras que colocam em ato certos personagens.São os chamados atores.Ela, contudo ,e mais um pouco, não acatou a dica e prosseguiu vociferando de "Vagabundos e Promíscuos" todos os beijoqueiros que ousassem passar à sua frente.Virtuais ou não, tanto fazia.Talvez fossem patifes que ousavam exibir o que ela insistia em esconder.
Desconfiei daquele ódio todo e pesquisei sobre aquela senhora.
Vidinha medíocre- assim como a minha e a de muitos - e um ressentimento terrível. Perdera a mãe no parto,ou seja, ela nasceu e a mãe não aguentou o tranco cirúrgico.Tempos depois ,no meio de outras cinco irmãs ,sendo ela a caçula,prometeram-lhe marido .Era costume na minha família oferecer, feito prenda, a moça virgem disponível, a um dito bom partido.Ela portanto se enamorou de um tal partido bom ,mas ele a tempo se mandou.Sumiu.Jamais se soube o paradeiro do felizardo.
A última vez que troquei alguma palavra que preste com essa figuraça foi num carnaval carioca,cerca de uns nove,dez anos atrás.
O carnaval no Rio ainda era bom,civilizado.E aquela cena colada na retina..
Saindo da praia,calor africano a torrar o cerebelo,vislumbro um bloco a desfilar pelas ruas do meu bairro.Bloco cujo singelo nome é " Que merda é eça".
Vestia uma camisa da tal agremiação,que trazia estampada a imagem do Cristo Redentor, despejando detritos numa privada ,e quem puxava a cordinha da mesma era o então Presidente Fernando Henrique Cardoso.Sacudindo os braços feito virgem louca,já septuagenária,despejando de tudo, estava a tal senhora parenta,acompanhada de mais duas irmãs em estado de choque.Atravessavam aquele cortejo de surtos ,numa tarde límpida de um verão carnavalesco carioca."What's the shit is that" - teria indagado um turista de Portugal.
Parece que fiz um certo escândalo,talvez porque o bloco estivesse fora do Tom.A tal amalucada,contudo, retornou pra casa reclamando.E eu lhe fiz a derradeira pergunta :E os beijos dos casais apaixonados ,suados,excitados.E as mocinhas molhadinhas ,melhor dizendo, sujas de areia?"Silêncio.
Foi talvez o melhor momento da virgem louca dos trópicos.Ao menos para mim.
Rimbaud desistiu de escrever aos 19 anos e morreu aos 37.Verlaine viveu mais.Tudo isso naquele iluminismo todo do século XIX.
A poesia ,aliás a literatura quase toda ,parece que foi dizimada.Enfiaram Paulo Coelho e suas tolices e crendices na Academia em troca de vantagens para todos.E tem ainda o Sarney,o sei lá quem mais....
Vocês realmente acham que uM Proust ou um Euclides Da Cunha conseguiriam sobreviver de literatura ,hoje em dia?
O que importa é que o molecote do Rimbaud dizia as coisas sem denegá-las.E chamou Verlaine de virgem amalucada.Entretanto,tratava-se de um/uma amalucada brilhante. Se Rimbaud tivesse conhecido uma tia minha,que ainda vive, veria que há coisa muito pior.E já que podemos perder tempo....
Além de virgem a infeliz perdeu o juízo desde sempre.E não foi aquela maluquice lúcida ,produtiva,enriquecedora e desveladora de muita coisa,logo,monstruosa.Não.Essa é daquelas que só causam estragos e transpira odor de boçalidades.
A tal infeliz fugira de casa para ser freira.Então,como boa tarada não suportou a concorrência e se mandou de volta para casa do papai.Lá,não esquentou lugar e sumiu de novo.Dessa vez decidida a tornar-se educadora!Vejam o tamanho do crime.Desde quando alguém assim ,com todos esses sentimentos presos, pode orientar uma criança?!Aliás, nunca conheci alguém mais mal educada.Não sabia resolver minimamente com ela ,quanto mais com os outros. Que guia pode ser alguém cujo caminho não sabe encontrar sozinho?
Lembro-me do dia que a desmascarei.É óbvio que por trás daquela persona havia muitas outras,igual a todos nós, mas a peguei em quase gozo explícito ao ver uma cena romântica na televisão. O casal se beijava e ela aos berros chamando-os de vagabundos!!!Eu ainda tentei argumentar que eles eram aquelas figuras que colocam em ato certos personagens.São os chamados atores.Ela, contudo ,e mais um pouco, não acatou a dica e prosseguiu vociferando de "Vagabundos e Promíscuos" todos os beijoqueiros que ousassem passar à sua frente.Virtuais ou não, tanto fazia.Talvez fossem patifes que ousavam exibir o que ela insistia em esconder.
Desconfiei daquele ódio todo e pesquisei sobre aquela senhora.
Vidinha medíocre- assim como a minha e a de muitos - e um ressentimento terrível. Perdera a mãe no parto,ou seja, ela nasceu e a mãe não aguentou o tranco cirúrgico.Tempos depois ,no meio de outras cinco irmãs ,sendo ela a caçula,prometeram-lhe marido .Era costume na minha família oferecer, feito prenda, a moça virgem disponível, a um dito bom partido.Ela portanto se enamorou de um tal partido bom ,mas ele a tempo se mandou.Sumiu.Jamais se soube o paradeiro do felizardo.
A última vez que troquei alguma palavra que preste com essa figuraça foi num carnaval carioca,cerca de uns nove,dez anos atrás.
O carnaval no Rio ainda era bom,civilizado.E aquela cena colada na retina..
Saindo da praia,calor africano a torrar o cerebelo,vislumbro um bloco a desfilar pelas ruas do meu bairro.Bloco cujo singelo nome é " Que merda é eça".
Vestia uma camisa da tal agremiação,que trazia estampada a imagem do Cristo Redentor, despejando detritos numa privada ,e quem puxava a cordinha da mesma era o então Presidente Fernando Henrique Cardoso.Sacudindo os braços feito virgem louca,já septuagenária,despejando de tudo, estava a tal senhora parenta,acompanhada de mais duas irmãs em estado de choque.Atravessavam aquele cortejo de surtos ,numa tarde límpida de um verão carnavalesco carioca."What's the shit is that" - teria indagado um turista de Portugal.
Parece que fiz um certo escândalo,talvez porque o bloco estivesse fora do Tom.A tal amalucada,contudo, retornou pra casa reclamando.E eu lhe fiz a derradeira pergunta :E os beijos dos casais apaixonados ,suados,excitados.E as mocinhas molhadinhas ,melhor dizendo, sujas de areia?"Silêncio.
Foi talvez o melhor momento da virgem louca dos trópicos.Ao menos para mim.
terça-feira, 1 de junho de 2010
COPACABANA,JUNHO 2010.
Tenho uma empatia visceral por Copacabana. Jamais morei em Copa ,mas tenho amigos queridos que por lá vivem uma vida inteira.
Hoje chove e faz frio no Rio de Janeiro.Razão suficiente para que se mude de lado, rotina alterada. Imaginem que há gente que não gosta,preferindo o calor africano de 50 graus.Caríssimos, temperaturas como a de agora, em torno dos 19,18 graus é temperatura para pessoas civilizadas!
Andando nas ruas do também Hospício Copacabana , o ritmo é cadenciado.Pude até contar as buzinadas que não ouvi.Há um silêncio de corpo encolhido ,pois acolhido está.
Há muita gente feia também,gente maltratada.Copacabana mais parece O inconsciente freudiano ( e Freud havia feito comparação com Roma ,onde vislumbrava-se o Coliseu e suas célebres abóbadas e arcos com anéis concêntricos e um prédio com traços modernos, nas imediações) com suas possibilidades múltiplas. Na praia, vemos alguns edifícios maravilhosos ,não só do ponto de vista arquitetônico, quanto na riqueza dos adereços,espaço imenso, etc, e o cortiço ao redor.Gente idosa , a maior população de idosos do Brasil, e meninas e meninos tentadores.Uma boemia singular e um reacionarismo eclesiástico.O Hotel mais famoso do país , O próprio Glamour Guinleriano ,O COPA PALACE, e os puteiros a céu aberto.
Recentemente, um famoso puteiro .à beira da praia, foi despejado: excesso de putas e inveja do Estado.Vão colocar ali um museu....de música.Museu de música! Que diabo é isso?Por que não um museu de raparigas?!
Um taxista,achando-se bem informado, contou-me que o terreno do ex-bordel ,agora museu, pertence à igreja.Nada mais pertinente.A escritura nem precisou afirmar :usofruto.
As mocinhas despudoradas migraram para outros bairros.Vez ou outra as vejo aqui por perto de casa.Noutro dia,no bairro Manoel Carlos, apelidado de Leblon, o centímetro quadrado mais caro do Universo eterno, uma delas se ofereceu por 50 reais. O cliente recusou porque estava sem trocado.Além do quê ,tinha saído da missa ,fazia pouco tempo.Sabem como é....pecado....essas aventuras outras!
Olhei de lado para o local onde durante 5 meses tentamos salvar a minha mãe.Fica ali,escondidinho na Siqueira Campos,o tal Copa Medical Center. Siqueira Campos,um militar arretado que participou da revolta tenentista,foi político ousado.Quem sabe esse destemor não inspirava aqueles medicamentos quimioterápicos todos a destruir as células mortais que consumiam o corpo elegante da minha mãe.
Funcionou por 5 longos,intermináveis meses.Era o fim de 2005 ,início de 2006.
A lanchonete simplória da esquina,aonde transitei breves momentos de alívio ,durante as horas em que permanecíamos naquele centro de tortura,morreu também.Lá,somente restou uma parede azul contrastando com o cinza do céu e a saudade que não me deixa ,nessa tarde de Junho, de um ano a menos.
Hoje chove e faz frio no Rio de Janeiro.Razão suficiente para que se mude de lado, rotina alterada. Imaginem que há gente que não gosta,preferindo o calor africano de 50 graus.Caríssimos, temperaturas como a de agora, em torno dos 19,18 graus é temperatura para pessoas civilizadas!
Andando nas ruas do também Hospício Copacabana , o ritmo é cadenciado.Pude até contar as buzinadas que não ouvi.Há um silêncio de corpo encolhido ,pois acolhido está.
Há muita gente feia também,gente maltratada.Copacabana mais parece O inconsciente freudiano ( e Freud havia feito comparação com Roma ,onde vislumbrava-se o Coliseu e suas célebres abóbadas e arcos com anéis concêntricos e um prédio com traços modernos, nas imediações) com suas possibilidades múltiplas. Na praia, vemos alguns edifícios maravilhosos ,não só do ponto de vista arquitetônico, quanto na riqueza dos adereços,espaço imenso, etc, e o cortiço ao redor.Gente idosa , a maior população de idosos do Brasil, e meninas e meninos tentadores.Uma boemia singular e um reacionarismo eclesiástico.O Hotel mais famoso do país , O próprio Glamour Guinleriano ,O COPA PALACE, e os puteiros a céu aberto.
Recentemente, um famoso puteiro .à beira da praia, foi despejado: excesso de putas e inveja do Estado.Vão colocar ali um museu....de música.Museu de música! Que diabo é isso?Por que não um museu de raparigas?!
Um taxista,achando-se bem informado, contou-me que o terreno do ex-bordel ,agora museu, pertence à igreja.Nada mais pertinente.A escritura nem precisou afirmar :usofruto.
As mocinhas despudoradas migraram para outros bairros.Vez ou outra as vejo aqui por perto de casa.Noutro dia,no bairro Manoel Carlos, apelidado de Leblon, o centímetro quadrado mais caro do Universo eterno, uma delas se ofereceu por 50 reais. O cliente recusou porque estava sem trocado.Além do quê ,tinha saído da missa ,fazia pouco tempo.Sabem como é....pecado....essas aventuras outras!
Olhei de lado para o local onde durante 5 meses tentamos salvar a minha mãe.Fica ali,escondidinho na Siqueira Campos,o tal Copa Medical Center. Siqueira Campos,um militar arretado que participou da revolta tenentista,foi político ousado.Quem sabe esse destemor não inspirava aqueles medicamentos quimioterápicos todos a destruir as células mortais que consumiam o corpo elegante da minha mãe.
Funcionou por 5 longos,intermináveis meses.Era o fim de 2005 ,início de 2006.
A lanchonete simplória da esquina,aonde transitei breves momentos de alívio ,durante as horas em que permanecíamos naquele centro de tortura,morreu também.Lá,somente restou uma parede azul contrastando com o cinza do céu e a saudade que não me deixa ,nessa tarde de Junho, de um ano a menos.
terça-feira, 25 de maio de 2010
O Prosseguir e a folha em branco
A folha em branco é um problema ou uma solução?
Se tivermos a ambição de dissolver uma língua , essa angústia será permanente ,mas se atingirmos o alvo damos enorme passo à frente.
Imaginem então o incômodo de um Joyce - que jamais consegui ler tudo - ou um Guimarães Rosa ou um Euclides e a sua engenharia singular ao iniciarem movimento de dissolução , de revirão da língua nas suas produções?
Há uma burrice que diz: "Ainda mais naquela época"!Não tem época.Em qualquer tempo essas decisões são terríveis.Hoje,por exemplo, o que escrever? Depois de percorrer certos autores ,o que é que sobra para ser feito? Uma nova obra,uma nova produção. Esse é o lugar pra valer da poesia .
O duro,na verdade duríssimo, é que quase sempre não conseguimos.São muito raros os atos poéticos . Não é simplesmente um verso,uma frase ou sentença. É atitude, é poder deslocar os nossos saberes já constituídos, através de uma vida, e que inclui de tudo: família,país, hábitos, herança genética, epigenética, essa pletora de elementos que diz o modo de existir dessa nossa espécie esquisita ,mas interessante, e que se chama ,segundo definição conceitual de MD.Magno, cultura.
Hojendia , a dificuldade maior que tenho é para escrever algo relativo ao meu trabalho.Algo consistente e que não seja um copiar e colar tão frequente nos artigos que lemos por aí. Já tive nas mãos teses de doutorado que mais pareciam recortes dos livros de autores célebres.Não havia nada ou quase nada daquelas pessoas que defendiam supostamente uma tese delas e que fora baseada em certos autores.....O que mais vemos são comentadores. E alguns comentam mal.E comenta-se mal porque ou introjeta-se , veste-se o troço ou o resultado é falso.Textos teóricos normalmente são enfadonhos porque não há um estilo reconhecível. É o comentário do comentário frequentemente. Péssimo hábito provocado por deficiência na formação escolar,visto que a escrita sempre foi maltratada por esses cantos.
A folha em branco faz a gente ao menos reclamar e reconhecer as nossas limitações.E quem pode prossiga....
Se tivermos a ambição de dissolver uma língua , essa angústia será permanente ,mas se atingirmos o alvo damos enorme passo à frente.
Imaginem então o incômodo de um Joyce - que jamais consegui ler tudo - ou um Guimarães Rosa ou um Euclides e a sua engenharia singular ao iniciarem movimento de dissolução , de revirão da língua nas suas produções?
Há uma burrice que diz: "Ainda mais naquela época"!Não tem época.Em qualquer tempo essas decisões são terríveis.Hoje,por exemplo, o que escrever? Depois de percorrer certos autores ,o que é que sobra para ser feito? Uma nova obra,uma nova produção. Esse é o lugar pra valer da poesia .
O duro,na verdade duríssimo, é que quase sempre não conseguimos.São muito raros os atos poéticos . Não é simplesmente um verso,uma frase ou sentença. É atitude, é poder deslocar os nossos saberes já constituídos, através de uma vida, e que inclui de tudo: família,país, hábitos, herança genética, epigenética, essa pletora de elementos que diz o modo de existir dessa nossa espécie esquisita ,mas interessante, e que se chama ,segundo definição conceitual de MD.Magno, cultura.
Hojendia , a dificuldade maior que tenho é para escrever algo relativo ao meu trabalho.Algo consistente e que não seja um copiar e colar tão frequente nos artigos que lemos por aí. Já tive nas mãos teses de doutorado que mais pareciam recortes dos livros de autores célebres.Não havia nada ou quase nada daquelas pessoas que defendiam supostamente uma tese delas e que fora baseada em certos autores.....O que mais vemos são comentadores. E alguns comentam mal.E comenta-se mal porque ou introjeta-se , veste-se o troço ou o resultado é falso.Textos teóricos normalmente são enfadonhos porque não há um estilo reconhecível. É o comentário do comentário frequentemente. Péssimo hábito provocado por deficiência na formação escolar,visto que a escrita sempre foi maltratada por esses cantos.
A folha em branco faz a gente ao menos reclamar e reconhecer as nossas limitações.E quem pode prossiga....
terça-feira, 18 de maio de 2010
Meninos e meninas
Meninos são assim. VÃO a jogos de bola supondo estar em campos de batalha.Uma batalha bem suave ,pois bombas na cabeça são bem mais mortais.E aquilo tudo é uma grande bobagem ,mas é a minha bobagem única.
Existem marcas que parecem não desaparecer nunca.Realmente ,o troço se transforma numa lesão.
Projetar sintomas próprios nos gramados alheios é de uma burrice extrema.E é o que mais ocorre. Denegamos a inteligência alheia o tempo todo, e segundo o meu mestre ,essa é uma das estratégias mais utilizadas para não se fazer análise,quando se está em análise.Estar em análise é se dar conta de que as férias tão almejadas é mero descanso provisório. Ninguém escapa das compulsões pulsionais,ou melhor, do nosso tesão nuclear,de base.
E os meninos vão aos campos dar ataques,independente das tensões hormonais.
Já as meninas sofrem de ataques mais frequentes. A complexidade hormonal delas é bem maior.Basta observá-las nos campos,isto é, nos Shoppings,nas festas, ao se vestir- para as outras,por certo-, etc,etc.
É uma doença divertida,às vezes poética, às vezes estúpida, essa transa de meninos e meninas.Quem sabe quando houver uma nova formação não carbono , a dança mude de ritmo?O inciso será outro.Ou então já rebola por aí e "nosotros" não enxergamos.
O Maraca,palco das minhas infãncias que perduram, está meio desbotado.Falta poesia por lá.Para quem não gosta, garanto que já houve artista por lá.
Existem marcas que parecem não desaparecer nunca.Realmente ,o troço se transforma numa lesão.
Projetar sintomas próprios nos gramados alheios é de uma burrice extrema.E é o que mais ocorre. Denegamos a inteligência alheia o tempo todo, e segundo o meu mestre ,essa é uma das estratégias mais utilizadas para não se fazer análise,quando se está em análise.Estar em análise é se dar conta de que as férias tão almejadas é mero descanso provisório. Ninguém escapa das compulsões pulsionais,ou melhor, do nosso tesão nuclear,de base.
E os meninos vão aos campos dar ataques,independente das tensões hormonais.
Já as meninas sofrem de ataques mais frequentes. A complexidade hormonal delas é bem maior.Basta observá-las nos campos,isto é, nos Shoppings,nas festas, ao se vestir- para as outras,por certo-, etc,etc.
É uma doença divertida,às vezes poética, às vezes estúpida, essa transa de meninos e meninas.Quem sabe quando houver uma nova formação não carbono , a dança mude de ritmo?O inciso será outro.Ou então já rebola por aí e "nosotros" não enxergamos.
O Maraca,palco das minhas infãncias que perduram, está meio desbotado.Falta poesia por lá.Para quem não gosta, garanto que já houve artista por lá.
terça-feira, 4 de maio de 2010
Acreditar pra quê?!
Vulcões que cospem ódio e interrompem o passeio das aves metálicas a jato; a biruta da Terra que desandou a tremer feito adolescente apaixonado/a; lágrimas que inundam as ruas e desmoronam as miseráveis residências à beira de mais um suicídio .E assim contiuamos.
Parece que as referências são outras e nós ainda não nos demos conta ou pelo menos fingimos que não vimos o que já foi visto: denegação.
A cabeça século 19,século 20 que nos habita,'newtoniana ' por excelência ,religiosa, mas sem se assumir, torna-se obsoleta para os tempos vindouros. Família,por exemplo, tem a mesma configuração?Trabalho?Mas qual? Empresa?
A vocação atectônica da nossa espécie, o nosso gozo múltiplo,qualquer,indiferente,pois é o mais interesseiro dos interessados, exige nova configuração.
Agora mesmo um colega da minha mulher me pediu para escrever "uma coisinha" sobre Patologia, Psicose, Psicopatias, para um grupo de alunos do ensino ,no meu tempo, ginasial.
Recomendei-lhe então um livro de Psicopatologia e Semiologia de um sujeito de Campinas que tenta - dentro da estupidez dos códigos psiquiátricos - estabelecer algum raciocínio mais pertinente do que esses códigos mencionados que mais se assemelham a um lista de impropérios , repleto de casuísticas.
Não adianta -apesar que o sonho da Nova Psicanálise é tornar-se minimalista ao extremo sem ser reducionista,ou seja , sem perder o rigor na abordagem- querer estabelecer distinções importantes como essas que envolvem as chamadas formações ditas comportamentais a partir da história da psicanálise de uma forma rapidinha.A Psicanálise é para degustar.É algo sofisticado, visto que não é um fast food. Ela é processo costante de reflexão.E é difícil o seu exercício.Muito difícil.Ela é realista,já que exige o impossível.
Saindo de casa,acreditando na lua cheia - talvez de saco cheio- que o locutor televisivo apresentava no vídeo da televisão, deparei-me com o seu oposto: um temporal daqueles.
O mar revolto e o vento forte a me acompanhar.
Sempre desconfiei de alguns locutores e o seu entusiamo cego,apaixonado.Você indica a lua e sua luminosidade e ele só contempla as sombras e o dedo.
Parece que as referências são outras e nós ainda não nos demos conta ou pelo menos fingimos que não vimos o que já foi visto: denegação.
A cabeça século 19,século 20 que nos habita,'newtoniana ' por excelência ,religiosa, mas sem se assumir, torna-se obsoleta para os tempos vindouros. Família,por exemplo, tem a mesma configuração?Trabalho?Mas qual? Empresa?
A vocação atectônica da nossa espécie, o nosso gozo múltiplo,qualquer,indiferente,pois é o mais interesseiro dos interessados, exige nova configuração.
Agora mesmo um colega da minha mulher me pediu para escrever "uma coisinha" sobre Patologia, Psicose, Psicopatias, para um grupo de alunos do ensino ,no meu tempo, ginasial.
Recomendei-lhe então um livro de Psicopatologia e Semiologia de um sujeito de Campinas que tenta - dentro da estupidez dos códigos psiquiátricos - estabelecer algum raciocínio mais pertinente do que esses códigos mencionados que mais se assemelham a um lista de impropérios , repleto de casuísticas.
Não adianta -apesar que o sonho da Nova Psicanálise é tornar-se minimalista ao extremo sem ser reducionista,ou seja , sem perder o rigor na abordagem- querer estabelecer distinções importantes como essas que envolvem as chamadas formações ditas comportamentais a partir da história da psicanálise de uma forma rapidinha.A Psicanálise é para degustar.É algo sofisticado, visto que não é um fast food. Ela é processo costante de reflexão.E é difícil o seu exercício.Muito difícil.Ela é realista,já que exige o impossível.
Saindo de casa,acreditando na lua cheia - talvez de saco cheio- que o locutor televisivo apresentava no vídeo da televisão, deparei-me com o seu oposto: um temporal daqueles.
O mar revolto e o vento forte a me acompanhar.
Sempre desconfiei de alguns locutores e o seu entusiamo cego,apaixonado.Você indica a lua e sua luminosidade e ele só contempla as sombras e o dedo.
quinta-feira, 22 de abril de 2010
Cinquenta anos,Capital!
Brasília completou 50 anos .Poucos, talvez, ainda permaneçam incrédulos ,mas a capital do país fica no planalto central,Estado de Goiás,no meio do mundo.
Foi sonhada numa das nossas constituições e reclamada por um homem em comício presidencial. JK, que também era marca de automóvel, ouviu a prece e cumpriu a promessa.
Construída em tempo recorde , o delírio-maravilha de Lúcio e Oscar ganhou quadras,catetinhos palacianos ,lago artificial ,monumentos.Cinquenta anos em cinco era lema Jusceliniano.
Enquanto carioca -apaixonado-bairrista (isso tudo é substantivo superlativo),mas com vergonha na cara, espiei Brasília aos 10 anos de idade quando para lá me mudei com a família,nos anos 70. O Plano Piloto que abarca as asas Sul e Norte ,seu Lago imponente, a região central e outros tais, não estava completa. As super-quadras do final da Asa Sul não tinham comércio e endereços como 114 Norte ,por exemplo, só existiam nos projetos de então. Olhei Brasília e fiquei perplexo! Primeiro porque me roubaram o oceano. E ele me era caro,pois ali me banhava desde sempre.Aquela brisa Bossa-Novista de Ipanema se encarregava da sonoplastia.E eu a tinha perdido.Por quanto tempo? E os meus coqueiros?E o Meu Maracanã? E a minha região serrana vizinha?E os meus prezados amigos de recreio escolar?" Menino!? O que você mais gosta de fazer na escola"? - perguntava alguém que não sabe conversar com criança. E eu lhe respondia sem fingimentos: "Fazer bagunça".E a minha bagunça?Subiu o planalto?
Acostumado a não dizer a verdade quando o tema provocava polêmica e discussão,meu pai fez o que costumava fazer :mentir um pouquinho.
- Acredito que ficaremos uns quatro anos.
Depois de oito anos ,pulei fora de volta para minha pátria ....mas aí é outra história.
O que importa aqui é que a perplexidade permanece na minha retina e suas recordações seletivas.
Aqueles prédios horizontais de 6 andares e as tais quadras que me lembravam casernas camufladas foram um choque estético.Achei tudo um horror,exceto o apartamento a ser habitado que era - e ainda é - ótimo.Grande,bem dividido,um belo jardim à frente,tudo novinho.Acho até que a minha família reside mais num apartamento do que na cidade.Parece que o tal imóvel é algo transcendente á cidade.
O certo é que havia até uma empregada loirinha,magrinha,educada. Pensei: Brasília é igual a Suécia?AH! Havia também um amigo que me aguardava na garagem. Foi um dos gestos mais generosos que recebi .Lá estava o vizinho que morava no andar abaixo, nascido em Curitiba,criado em Recife,morador do Centro-Oeste.Era uma babel. Na garagem,somente um ou dois carros portavam orgulhosos placas com o nome da cidade-capital.Os demais eram todos oriundos do Rio,São Paulo, Minas Gerais, Paraná e até da cidade de Manaus existia.
Sorrindo,convidou-me para jogar bola,mas educadamente recusei.Estava em choque. A desculpa no entanto foi o cansaço da viagem.Viagem esta que for feita em dois dias com um carro-herói abarrotado de tralhas e saudades. Uma prima fora conosco e nos entretinha com truques da nova dúvida que brotava em sua mente : comunicar-se com os mortos.Tinha até um copinho ,uma mesinha ,um violão....
Levou algum tempo até que eu me adaptasse àquela geografia inusitada.
O primeiro passeio foi a uma loja imponente que lembrava a falecida e cosmopolita Sears.O trajeto em zigue -zague de SQSs e balões -aqueles círculos enormes que funcionam como sinalização para os carros contornarem ,dobrar à esquerda ou direita, etc- foi feito em tempo demorado já que o pai não sabia dirigir tão bem pela nova cidade-adolescente ,à época com 15 anos.
Brasília cresceu e perdeu mais do que adquiriu.Nesses tempos iniciais as casas do seu vistoso Lago Paranoá tinham cercas vivas.Não se via grades,muros altos. Parecia cenário de filme norte-americano. As garagens dos blocos ,que é como se chamam os edifícios, mantinham destemidamente seus portões abertos. A brincadeira moleque era invadir as garagens vizinhas,sobretudo as garagens militares, comandando um bando de guris e suas bicicletas.
Bicicleta mundo afora,bola de gude, estilingue,subir em árvore,ficar todo sujo daquele barro mais que vermelho eram atividades regulares e novidades para um garoto de cidade grande. Isso foi impagável.Assim como dirigir sem habilitação , aos 15,16 anos . a fim de se exibir para os amores sonhados."Ei JK? E aquela menina-morena-cor de Goiás pode ser minha'? Como pode um peixe vivo..
O primeiro pileque, a primeira transa....
O Planalto deixou marcas ,além do pôr do sol único.
Ano após ano,nesses últimos 26 do meu retorno à pátria +ou - gentil ,retorno a Brasília para rever parentes ,alguns amigos e me desiludir com essa outra cidade. A Brasília que teve encantamento para mim ,descobertas,mudanças ,infelizmente,morreu. Hoje , tornou-se uma grande cidade - mais de 1 milhão de veículos, com direito a todos os horrores que um sanatório desse porte possui. A celebração que houve ,nesse 21 de Abril de 2010, foi patética para quem não é sonâmbulo o tempo todo. A cidade modelo atravessa a pior crise política de sua história tão recente.
Define-se um grileiro como alguém que se apossa de um terreno,de um pedaço de terra com documentos de posse forjados,escrituras de propriedades falsas.
Na capital cinquentona,o que não deve ter sido muito diferente em outras cidades desse país, a grilagem é instrumento de campanha política e exercício de poder oficial. Daí , a sua gradual destruição.
A quem culpe o surgimento de Brasília, nova capital do país, pelo esvaziamento político-econômico do Rio de Janeiro,antiga capital. Creio que foi um fato importante ,mas nenhum candango foi responsável pelas eleições de algumas figuras desprezíveis para o comando da política fluminense.Foram duas décadas de desmando no nosso oceano.Com a nossa cínica conivência.
E o cerrado sonhado vai perecendo. Haja galho de arruda.
Foi sonhada numa das nossas constituições e reclamada por um homem em comício presidencial. JK, que também era marca de automóvel, ouviu a prece e cumpriu a promessa.
Construída em tempo recorde , o delírio-maravilha de Lúcio e Oscar ganhou quadras,catetinhos palacianos ,lago artificial ,monumentos.Cinquenta anos em cinco era lema Jusceliniano.
Enquanto carioca -apaixonado-bairrista (isso tudo é substantivo superlativo),mas com vergonha na cara, espiei Brasília aos 10 anos de idade quando para lá me mudei com a família,nos anos 70. O Plano Piloto que abarca as asas Sul e Norte ,seu Lago imponente, a região central e outros tais, não estava completa. As super-quadras do final da Asa Sul não tinham comércio e endereços como 114 Norte ,por exemplo, só existiam nos projetos de então. Olhei Brasília e fiquei perplexo! Primeiro porque me roubaram o oceano. E ele me era caro,pois ali me banhava desde sempre.Aquela brisa Bossa-Novista de Ipanema se encarregava da sonoplastia.E eu a tinha perdido.Por quanto tempo? E os meus coqueiros?E o Meu Maracanã? E a minha região serrana vizinha?E os meus prezados amigos de recreio escolar?" Menino!? O que você mais gosta de fazer na escola"? - perguntava alguém que não sabe conversar com criança. E eu lhe respondia sem fingimentos: "Fazer bagunça".E a minha bagunça?Subiu o planalto?
Acostumado a não dizer a verdade quando o tema provocava polêmica e discussão,meu pai fez o que costumava fazer :mentir um pouquinho.
- Acredito que ficaremos uns quatro anos.
Depois de oito anos ,pulei fora de volta para minha pátria ....mas aí é outra história.
O que importa aqui é que a perplexidade permanece na minha retina e suas recordações seletivas.
Aqueles prédios horizontais de 6 andares e as tais quadras que me lembravam casernas camufladas foram um choque estético.Achei tudo um horror,exceto o apartamento a ser habitado que era - e ainda é - ótimo.Grande,bem dividido,um belo jardim à frente,tudo novinho.Acho até que a minha família reside mais num apartamento do que na cidade.Parece que o tal imóvel é algo transcendente á cidade.
O certo é que havia até uma empregada loirinha,magrinha,educada. Pensei: Brasília é igual a Suécia?AH! Havia também um amigo que me aguardava na garagem. Foi um dos gestos mais generosos que recebi .Lá estava o vizinho que morava no andar abaixo, nascido em Curitiba,criado em Recife,morador do Centro-Oeste.Era uma babel. Na garagem,somente um ou dois carros portavam orgulhosos placas com o nome da cidade-capital.Os demais eram todos oriundos do Rio,São Paulo, Minas Gerais, Paraná e até da cidade de Manaus existia.
Sorrindo,convidou-me para jogar bola,mas educadamente recusei.Estava em choque. A desculpa no entanto foi o cansaço da viagem.Viagem esta que for feita em dois dias com um carro-herói abarrotado de tralhas e saudades. Uma prima fora conosco e nos entretinha com truques da nova dúvida que brotava em sua mente : comunicar-se com os mortos.Tinha até um copinho ,uma mesinha ,um violão....
Levou algum tempo até que eu me adaptasse àquela geografia inusitada.
O primeiro passeio foi a uma loja imponente que lembrava a falecida e cosmopolita Sears.O trajeto em zigue -zague de SQSs e balões -aqueles círculos enormes que funcionam como sinalização para os carros contornarem ,dobrar à esquerda ou direita, etc- foi feito em tempo demorado já que o pai não sabia dirigir tão bem pela nova cidade-adolescente ,à época com 15 anos.
Brasília cresceu e perdeu mais do que adquiriu.Nesses tempos iniciais as casas do seu vistoso Lago Paranoá tinham cercas vivas.Não se via grades,muros altos. Parecia cenário de filme norte-americano. As garagens dos blocos ,que é como se chamam os edifícios, mantinham destemidamente seus portões abertos. A brincadeira moleque era invadir as garagens vizinhas,sobretudo as garagens militares, comandando um bando de guris e suas bicicletas.
Bicicleta mundo afora,bola de gude, estilingue,subir em árvore,ficar todo sujo daquele barro mais que vermelho eram atividades regulares e novidades para um garoto de cidade grande. Isso foi impagável.Assim como dirigir sem habilitação , aos 15,16 anos . a fim de se exibir para os amores sonhados."Ei JK? E aquela menina-morena-cor de Goiás pode ser minha'? Como pode um peixe vivo..
O primeiro pileque, a primeira transa....
O Planalto deixou marcas ,além do pôr do sol único.
Ano após ano,nesses últimos 26 do meu retorno à pátria +ou - gentil ,retorno a Brasília para rever parentes ,alguns amigos e me desiludir com essa outra cidade. A Brasília que teve encantamento para mim ,descobertas,mudanças ,infelizmente,morreu. Hoje , tornou-se uma grande cidade - mais de 1 milhão de veículos, com direito a todos os horrores que um sanatório desse porte possui. A celebração que houve ,nesse 21 de Abril de 2010, foi patética para quem não é sonâmbulo o tempo todo. A cidade modelo atravessa a pior crise política de sua história tão recente.
Define-se um grileiro como alguém que se apossa de um terreno,de um pedaço de terra com documentos de posse forjados,escrituras de propriedades falsas.
Na capital cinquentona,o que não deve ter sido muito diferente em outras cidades desse país, a grilagem é instrumento de campanha política e exercício de poder oficial. Daí , a sua gradual destruição.
A quem culpe o surgimento de Brasília, nova capital do país, pelo esvaziamento político-econômico do Rio de Janeiro,antiga capital. Creio que foi um fato importante ,mas nenhum candango foi responsável pelas eleições de algumas figuras desprezíveis para o comando da política fluminense.Foram duas décadas de desmando no nosso oceano.Com a nossa cínica conivência.
E o cerrado sonhado vai perecendo. Haja galho de arruda.
domingo, 11 de abril de 2010
Acomodações e conforto.
Nada como um temporal para nos tirar o chão.
Acostumados a uma certa previsibilidade desejada , a uma simetria ilusória, os nossos hábitos narcisicamente bem mantidos desabam quando a chamada natureza - que sempre foi afeita à chiliques - balança as suas estruturas, as suas fundações.
O que se viu por toda a cidade do Rio de Janeiro , em Niterói e outras cidades da região metropolitana ,nessa semana que se encerra - já são 229 mortos- ,foi o pânico instalado ou o cinismo, denegatoriamente sustentado , por parte daqueles que supõem que a cidade que lhes atinge, a cidade que lhes habitam ou são, restringe-se ao seu condomínio,ao seu bairro,ao quiosque em frente sob a brisa do mar de porre.Ela tem dimensões bem maiores e humores e horrores também.
No caos de uma quinta-feira sinistra,deslocava-me pelas ruas que voltavam a se banhar despudoradamente ,sem se incomodar com as testemunhas aflitas que lhes fazem companhia diária.
Aquele tráfego não deslanchava ,mas algo estranho ,pouco usual, ocorria.Havia uma solidariedade perdida no tempo.De repente,mediante férias coletivas do poder público que,deveria se apresentar justamente em estados de exceção , os habitantes tomam as regras nas mãos.Motoristas deselegantemente molhados passam a orquestrar o tráfego.O som do apito vem de dentro dos seus atos.Eles gesticulam e modulam os sons dos motores.Acalmam os mais afoitos.
Qualquer carioca tem com enchentes algum parentesco dantesco.Eu mesmo nasci sob a égide das tormentas.
No verão de 1966, o número de mortos chegou a 300 e com mais de 2o mil desabrigados.Meus pais chegaram num pequeno bote à Clínica Santa Lúcia,em Botafogo, pois não era possível acessá-la de carro ,táxi ou qualquer outro veículo gravítico.Tinha que ser uma formação anfíbio para ajudar o boneco aqui nascer lá. Quem diria : a minha primeira parteira foi um bote.
Na mesma quinta-feira ,ainda não virei a folha, eu liderava um bando de aflitos em direção a um lugar _quem poderia saber ao certo qual ?-,um pouco mais seco. Dirigia na frente e suspeitava daquela gentileza toda que os meus vizinhos motorizados dedicavam a mim.O que seria aquilo? Ingenuamente fiz a suposição de que estavam tão aturdidos que paralisavam-se a si próprios.Não é impossível tal suposição ...Só que ,burro velho de outras cheias, comecei a realizar algumas pequenas manobras,deslizando feito patinador artístico e percebi então que eu era o mais novo boi de piranha ou isca, do mercado ,na noite dessa mesma quinta-feira na cidade ex-maravilha.
Eles só estavam aguardando pela minha falha,pela minha falência motora para decidir se atacavam também aquelas poças convidativas a mergulhos incertos.Nada mais normal. Afinal, sobrevivemos às custas das nossas estratégias. E é assim que foi e assim é que será.Ao menos nos próximos 100 anos.....
Acostumados a uma certa previsibilidade desejada , a uma simetria ilusória, os nossos hábitos narcisicamente bem mantidos desabam quando a chamada natureza - que sempre foi afeita à chiliques - balança as suas estruturas, as suas fundações.
O que se viu por toda a cidade do Rio de Janeiro , em Niterói e outras cidades da região metropolitana ,nessa semana que se encerra - já são 229 mortos- ,foi o pânico instalado ou o cinismo, denegatoriamente sustentado , por parte daqueles que supõem que a cidade que lhes atinge, a cidade que lhes habitam ou são, restringe-se ao seu condomínio,ao seu bairro,ao quiosque em frente sob a brisa do mar de porre.Ela tem dimensões bem maiores e humores e horrores também.
No caos de uma quinta-feira sinistra,deslocava-me pelas ruas que voltavam a se banhar despudoradamente ,sem se incomodar com as testemunhas aflitas que lhes fazem companhia diária.
Aquele tráfego não deslanchava ,mas algo estranho ,pouco usual, ocorria.Havia uma solidariedade perdida no tempo.De repente,mediante férias coletivas do poder público que,deveria se apresentar justamente em estados de exceção , os habitantes tomam as regras nas mãos.Motoristas deselegantemente molhados passam a orquestrar o tráfego.O som do apito vem de dentro dos seus atos.Eles gesticulam e modulam os sons dos motores.Acalmam os mais afoitos.
Qualquer carioca tem com enchentes algum parentesco dantesco.Eu mesmo nasci sob a égide das tormentas.
No verão de 1966, o número de mortos chegou a 300 e com mais de 2o mil desabrigados.Meus pais chegaram num pequeno bote à Clínica Santa Lúcia,em Botafogo, pois não era possível acessá-la de carro ,táxi ou qualquer outro veículo gravítico.Tinha que ser uma formação anfíbio para ajudar o boneco aqui nascer lá. Quem diria : a minha primeira parteira foi um bote.
Na mesma quinta-feira ,ainda não virei a folha, eu liderava um bando de aflitos em direção a um lugar _quem poderia saber ao certo qual ?-,um pouco mais seco. Dirigia na frente e suspeitava daquela gentileza toda que os meus vizinhos motorizados dedicavam a mim.O que seria aquilo? Ingenuamente fiz a suposição de que estavam tão aturdidos que paralisavam-se a si próprios.Não é impossível tal suposição ...Só que ,burro velho de outras cheias, comecei a realizar algumas pequenas manobras,deslizando feito patinador artístico e percebi então que eu era o mais novo boi de piranha ou isca, do mercado ,na noite dessa mesma quinta-feira na cidade ex-maravilha.
Eles só estavam aguardando pela minha falha,pela minha falência motora para decidir se atacavam também aquelas poças convidativas a mergulhos incertos.Nada mais normal. Afinal, sobrevivemos às custas das nossas estratégias. E é assim que foi e assim é que será.Ao menos nos próximos 100 anos.....
terça-feira, 30 de março de 2010
Armando cronista,Nogueira
Armando e eu tínhamos muitas coisas em comum. Gostávamos das mulheres,do vinho,da boa mesa,do futebol,da música...e Armando gostava ainda de alçar voo. Pilotava aeronaves céu aberto no Rio de Janeiro, a cidade que escolhera para sobrevoar eternamente.
Foi aí que desvelei então que as aeronaves não eram indestrutíveis,que elas poderiam se chocar e se incendiar ,e que elas não interromperiam seu passeio mesmo que os seus freios fossem teimosos em não ceder aos apelos desesperados do seu comandante. Portanto, comecei a ter certos receios tão logo os brinquedinhos com asas se assanham na pista. Armando,ao contrário, começou a decolar com toda a ousadia prudente que ele consentia ao próprio Nogueira .Tornou-se piloto.
Para se ter uma ideia de sua coragem e destemor ,iniciou seus estudos de gaita já por volta dos sessenta anos e a jogar tênis também em idade superior àquela em que usualmente a maioria inicia suas raquetadas.
Um dia,o já consagrado jornalista , teve que retornar à terra natal,lá no Acre,pois alguém insistia na sua morte. Visto que por telefone não fora possível convencer o conterrâneo algoz,nosso cronista partiu em viagem . Chegando no longínquo Estado do Norte Brasileiro se apresentou:'sou Armando Nogueira,o morto'.
O rapaz ou a moça – não me lembro ao certo,mas creio que moça alguma faria isso com o poeta do esporte – não se fez de rogado e insistiu que ele estava morto:'Armando Nogueira morreu em tal dia ,tal hora,.tal lugar e ponto.'Seria um ponto final ou uma exclamação aflita?
ENTÃO ME DIGA COMO É QUE EU POSSO PROVAR QUE ESTOU VIVO?-TERIA IMPLORADO O POETA.
O final dessa história você poderá encontrar num dos seus 10 ótimos livros publicados ao longo de sua longa e profícua vida.
Essa discussão,dependendo do grau de saúde mental dos envolvidos,promete elucubrações das mais diversas. Poderão alguns podem apelar para argumentações metalinguísticas,tola ambição ainda presente. Estou morto,mas ainda falo?Falo ,logo sou?Se vivo ,sei escutar?Escuto,logo hei?
Ele,nosso amigo, que segundo o filho acaba de decolar, provavelmente não cairia nessa. Sabia bem que não há nenhuma língua e/ou linguagem capaz de resolver todas as coisas,falar sobre tudo o que há,superar tudo o que já se falou,englobar todas as línguas já existentes. Essa sempre foi a expectativa ingenuamente neurótica da ciência ,das religiões,da própria Filosofia. Um teorema,isto é, uma máquina de repetição, que procura dar sentido, de explicar minimamente sobre fatos ,conseguir abranger todos os saberes,todos os conhecimentos pode ser extremamente sedutor ,mas não convence mais. Pelo menos a um computador quântico.
Quando discordei de Armando,num texto que somente 5 ou 6 leram, foi tão somente uma cutucada para esquentar o debate entre futebol vistoso x futebol competitivo.
Debate inócuo no meu entender. O futebol da melhor seleção de todos os tempos,a de 1970,não era competitivo e altamente vistoso,belo?Mas o que importa não é ganhar? Infelizmente – ou não?-, o romantismo,que acompanhou esquemas táticos,posturas e cronistas e torcedores por muito t empo, morreu nos gramados de hoje.
O dinheiro em profusão nas mãos ainda juvenis,imaturas, e a exploração dessas mesmas almas ,para mim, estão acabando aos pouquinhos com o esporte bretão. Sem contar com o exílio voluntário dos ditos craques. Creio que ele concordaria
Armando decretou: Garrincha era aquele que fazia de um pequeno lenço de papel um latifúndio.
Armando Nogueira foi o cronista-poeta que re- inventava o salto, o drible,o passe,o bloqueio, a cada momento, a todo lance. Ele conseguiu transformar o mal-dito “replay” em algo humanamente viável. Nélson,O Rodrigues, que dissera que todo vídeo tape era burro talvez implicasse um pouco menos com o tal apetrecho tecnológico.
A folha em branco não o intimidava. Ela o instigava tal como bola de meia de menino pequeno descalço que corre, que salta e continua a correr,agora levanta o braço ,dá um salto no ar e gira gritando é GOL!!!!É gol do Seu Armando!!!
Foi aí que desvelei então que as aeronaves não eram indestrutíveis,que elas poderiam se chocar e se incendiar ,e que elas não interromperiam seu passeio mesmo que os seus freios fossem teimosos em não ceder aos apelos desesperados do seu comandante. Portanto, comecei a ter certos receios tão logo os brinquedinhos com asas se assanham na pista. Armando,ao contrário, começou a decolar com toda a ousadia prudente que ele consentia ao próprio Nogueira .Tornou-se piloto.
Para se ter uma ideia de sua coragem e destemor ,iniciou seus estudos de gaita já por volta dos sessenta anos e a jogar tênis também em idade superior àquela em que usualmente a maioria inicia suas raquetadas.
Um dia,o já consagrado jornalista , teve que retornar à terra natal,lá no Acre,pois alguém insistia na sua morte. Visto que por telefone não fora possível convencer o conterrâneo algoz,nosso cronista partiu em viagem . Chegando no longínquo Estado do Norte Brasileiro se apresentou:'sou Armando Nogueira,o morto'.
O rapaz ou a moça – não me lembro ao certo,mas creio que moça alguma faria isso com o poeta do esporte – não se fez de rogado e insistiu que ele estava morto:'Armando Nogueira morreu em tal dia ,tal hora,.tal lugar e ponto.'Seria um ponto final ou uma exclamação aflita?
ENTÃO ME DIGA COMO É QUE EU POSSO PROVAR QUE ESTOU VIVO?-TERIA IMPLORADO O POETA.
O final dessa história você poderá encontrar num dos seus 10 ótimos livros publicados ao longo de sua longa e profícua vida.
Essa discussão,dependendo do grau de saúde mental dos envolvidos,promete elucubrações das mais diversas. Poderão alguns podem apelar para argumentações metalinguísticas,tola ambição ainda presente. Estou morto,mas ainda falo?Falo ,logo sou?Se vivo ,sei escutar?Escuto,logo hei?
Ele,nosso amigo, que segundo o filho acaba de decolar, provavelmente não cairia nessa. Sabia bem que não há nenhuma língua e/ou linguagem capaz de resolver todas as coisas,falar sobre tudo o que há,superar tudo o que já se falou,englobar todas as línguas já existentes. Essa sempre foi a expectativa ingenuamente neurótica da ciência ,das religiões,da própria Filosofia. Um teorema,isto é, uma máquina de repetição, que procura dar sentido, de explicar minimamente sobre fatos ,conseguir abranger todos os saberes,todos os conhecimentos pode ser extremamente sedutor ,mas não convence mais. Pelo menos a um computador quântico.
Quando discordei de Armando,num texto que somente 5 ou 6 leram, foi tão somente uma cutucada para esquentar o debate entre futebol vistoso x futebol competitivo.
Debate inócuo no meu entender. O futebol da melhor seleção de todos os tempos,a de 1970,não era competitivo e altamente vistoso,belo?Mas o que importa não é ganhar? Infelizmente – ou não?-, o romantismo,que acompanhou esquemas táticos,posturas e cronistas e torcedores por muito t empo, morreu nos gramados de hoje.
O dinheiro em profusão nas mãos ainda juvenis,imaturas, e a exploração dessas mesmas almas ,para mim, estão acabando aos pouquinhos com o esporte bretão. Sem contar com o exílio voluntário dos ditos craques. Creio que ele concordaria
Armando decretou: Garrincha era aquele que fazia de um pequeno lenço de papel um latifúndio.
Armando Nogueira foi o cronista-poeta que re- inventava o salto, o drible,o passe,o bloqueio, a cada momento, a todo lance. Ele conseguiu transformar o mal-dito “replay” em algo humanamente viável. Nélson,O Rodrigues, que dissera que todo vídeo tape era burro talvez implicasse um pouco menos com o tal apetrecho tecnológico.
A folha em branco não o intimidava. Ela o instigava tal como bola de meia de menino pequeno descalço que corre, que salta e continua a correr,agora levanta o braço ,dá um salto no ar e gira gritando é GOL!!!!É gol do Seu Armando!!!
terça-feira, 23 de março de 2010
Assassinatos e crianças
O que nos faz escrever é vontade de contar uma historinha que lhe ocorreu.Li, recentemente, que as historinhas estão ganhando espaço no lugar das auto-ajudas literárias.Menos mal.
Mas o que me fez escrever algo aqui foi um e-mail saudosista de uma querida amiga,publicado no seu blog, e que me fez pensar:saudade agora é vez ou outra e olhe lá.
Tenho a impressão que estou me despedindo pra valer de certas coisas.Já não era sem tempo.Isso é um sintoma sujo-como todo sintoma,como toda idiossincrasia,como todo temperamento o são.
Portanto,tenho saudades que passam rápido hoje em dia.Saudades que se podem reencontrar,diga-se de passagem.Aquela outra que desapareceu e nunca mais,fudeu.É injeção na testa,porrada no estômago!
Mas insisto nas imagens e odores-seria praga proustiana?-, que me remetem aos lugares de minha juventude,de minha infância,onde por certo não fui feliz.Não existe infãncia feliz.Você ,esse moço que escreve essas linhas e todo mundo tem momentos de felicidade,mas infãncia feliz não há.
Imagine toda aquela contenção,todo o aparato repressivo ,porque necessário,a conter os nossos tesões e impulsos desde crianças!Felicidade postergada.Os aparelhos de repressão hoje parecem não funcionar muito bem em certas regiões.
Então jogamos crianças pela janela afora.Não que não se fizesse isso antes- antigamente vivia-se mais em casas térreas- ,mas era menos comum.Sobretudo, se foi o papai -com cara de maluco- de classe média,mulherzinha-monstrinho- bonitinha ao lado, etcetera.
Uma certa criança jogada já morreu vinte vezes,no gigantesco circo neurótico que é o mundo.Certamente, já entenderam que ela não morrerá nunca.Ela,tal e qual todos nós, perecerá tão somente.Essa experiência de morte,pelo nunca jamais visto,não há.
Talvez por isso que um importante advogado disse que o crime de homicídio ,com dolo ou não, tem que ser exibido mesmo,explorado.Ele só não disse o porquê.Será que é porque acredita na hipótese de que a exibição inibirá outras tentativas?Doce ilusão. Ou seria um ataque narcísico para exibições de magistrados ,em tempos de Robinhos,Sangalos e Batistas?Eu confesso: Tenho inveja!E não jogo crianças pela janela....até agora pelo menos.
A minha saudade então foi cínica.Relembrei os obituários onde crianças ,aos meus pobres olhos infantis, não apareciam mortas. No meu lindo mundinho de araque,pois a fome,a miséria, outras formas de violência,etecetera já rondavam berços mundo afora, retorno ao parque que um dia foi grande demais para as minhas pernas curtas.Lá, bati com o meu calhambeque na árvore plantada por um herói desconhecido.Sou outro que passeia no parque.
Mas o que me fez escrever algo aqui foi um e-mail saudosista de uma querida amiga,publicado no seu blog, e que me fez pensar:saudade agora é vez ou outra e olhe lá.
Tenho a impressão que estou me despedindo pra valer de certas coisas.Já não era sem tempo.Isso é um sintoma sujo-como todo sintoma,como toda idiossincrasia,como todo temperamento o são.
Portanto,tenho saudades que passam rápido hoje em dia.Saudades que se podem reencontrar,diga-se de passagem.Aquela outra que desapareceu e nunca mais,fudeu.É injeção na testa,porrada no estômago!
Mas insisto nas imagens e odores-seria praga proustiana?-, que me remetem aos lugares de minha juventude,de minha infância,onde por certo não fui feliz.Não existe infãncia feliz.Você ,esse moço que escreve essas linhas e todo mundo tem momentos de felicidade,mas infãncia feliz não há.
Imagine toda aquela contenção,todo o aparato repressivo ,porque necessário,a conter os nossos tesões e impulsos desde crianças!Felicidade postergada.Os aparelhos de repressão hoje parecem não funcionar muito bem em certas regiões.
Então jogamos crianças pela janela afora.Não que não se fizesse isso antes- antigamente vivia-se mais em casas térreas- ,mas era menos comum.Sobretudo, se foi o papai -com cara de maluco- de classe média,mulherzinha-monstrinho- bonitinha ao lado, etcetera.
Uma certa criança jogada já morreu vinte vezes,no gigantesco circo neurótico que é o mundo.Certamente, já entenderam que ela não morrerá nunca.Ela,tal e qual todos nós, perecerá tão somente.Essa experiência de morte,pelo nunca jamais visto,não há.
Talvez por isso que um importante advogado disse que o crime de homicídio ,com dolo ou não, tem que ser exibido mesmo,explorado.Ele só não disse o porquê.Será que é porque acredita na hipótese de que a exibição inibirá outras tentativas?Doce ilusão. Ou seria um ataque narcísico para exibições de magistrados ,em tempos de Robinhos,Sangalos e Batistas?Eu confesso: Tenho inveja!E não jogo crianças pela janela....até agora pelo menos.
A minha saudade então foi cínica.Relembrei os obituários onde crianças ,aos meus pobres olhos infantis, não apareciam mortas. No meu lindo mundinho de araque,pois a fome,a miséria, outras formas de violência,etecetera já rondavam berços mundo afora, retorno ao parque que um dia foi grande demais para as minhas pernas curtas.Lá, bati com o meu calhambeque na árvore plantada por um herói desconhecido.Sou outro que passeia no parque.
domingo, 14 de março de 2010
Guru
Guru é o nome de um cão.Um belo cocker negro cujo dono fez questão de esclarecer que tanto ele quanto o cão frequentam aquele bar assiduamente.
O cão não bebe.Assim como o seu dono.E eu já achando que os dois eram alcólatras.Sintoma difícil,o tal preconceito.
O dono,parece que é médico, bebe suco de frutas. Pertinente com o ofício.
Os amigos chegam e fazem certo estardalhaço.Um deles pergunta ao doutor se está à morte.Mostra-lhe um exame e o doutor silencia.Diz que vai precisar de mais tempo para responder a tão delicada pergunta.
Talvez por isso é que o suposto moribundo tenha consigo uma daquelas garrafinhas para se colocar Whisky,Vodka , entre outros combustíveis contra a deliciosa e terrível condenação que é simplesmente estar.Todos,exceto oDr., estão sem camisa.Ao menos não são aqueles gays marombados com cara de Ivana Trump.Agora uma questão: Por que os gays homens são mais exibidos e indiscretos que gays mulheres?Elas estão ali na delas...Eles estão ali ,na dos outros.As mesas se cumprimentam e às vezes um certo mal estar se instala.Ciuminho...
Detesto gueto.Acho uma tolice,mas até entendo porque a boçalidade é enorme.Aliás,boçalidade não escolhe sexo de parceiro.Você observa em todos os outros guetos também.
Aqui no Rio isso virou marca ,rótulo em termos espaciais,geográficos. Nas praias,por exemplo, tem ponto de pit-boy,viado,maconheiro,patricinha,deslumbrado , e por aí vamos...mal.Estou pensando em criar um point só com e para carecas.Todo e qualquer cabelo será banido!!Implante então nem se cogita!!É um desaforo!Uma negligência diante do nosso problema irreversível,logo ,trágico!Quantos e quantos vidros do famigerado 'Minoxidil" nós gastamos ao tentar reverter o irreversível?Você que já tem ou passou dos 40 anos certamente passou sobre o que lhe restou sobre a porra da cabeça esse remédio ,dito milagreiro.
Lembro-me até hoje da minha fé ao passar aquela merda nas minhas mãos esperançosas e espalhá-la pela cabeça que começara a brilhar feito rodapé de casa antiga com cheiro de naftalina nos armários.Relembro a casa dos meus avós ,em Natal,cidade do Sol.Aos olhos de uma criança aquela casa era o meu palácio de sonhos.E eu tinha farta cabeleira!E o mundo parecia tão interessante,tão agradável!
Incrível como deseducam as crianças desde sempre ao confundir educação com aula de etiqueta..Incrível como não as preparamos para esse troço chamado mundo.Universidade então.....
A minha fé no produto que "evitava" desabamentos capilares era mais ou menos a mesma que tenho ,também faz algum tempo, quando aposto na loteria esportiva.Ao jogar eu sempre confiro os resultados.E isso é uma minoria de apostadores que faz,sabiam? Ninguém acredita que possa sair da lama através de um bilhetinho.Não é curioso?Não se põe fá nem naquilo em que se aposta.Não há como funcionar direito.
Ao menos eu posso me iludir que, após um fim de semana , poderei estar rico ou milionário.
Pasmen!Eu ainda acredito.
Guru está embaixo das minhas pernas pedindo afagos.Já que ninguém lhe oferece comida ,até porque o doutor disse aos berros que ele só come ração , e ele está certo, o cãozinho tem interesse nos carinhos.É paparicado por todos . O cachorro é muito bonito. Ao seu lado ,em pé, um outro cachorrinho com uma pequena bandeja nas mãos.Perdão. Não é um totó e sim um garotinho de seis anos de idade.Pergunta se já terminamos o chopp e recolhe os copos.Descobre-se que é filho dos donos do bar/restaurante. Os pais e a irmã,mais velha, estão jantando numa mesa na parte de dentro do estabelecimento.A mãe diz: família que trabalha unida. Trabalho infantil,pois.A família inclusive tem o mesmo tesão clubístico futebolístico apesar do restaurante/bar ser de origem lusitana.
Em frente, uma moça bonita e negra feito carvão folheia as colunas sociais de um jornal carioca.Ao lado, a moça feiosa é assediada pelas outras que lhe fazem companhia.
Guru cansou.Tem os olhos castanhos de espanto,alegria,calmaria.
O temporal já desabou e o cão não latiu.
O americano amigo,recém chegado dos Estados Unidos ,trouxe a mãe para o bar.A mãe se não está bêbada deve ser louca.Desculpe-me pela redundância.
Guru não se move.Agora, ele pediu algo,rosnou forte e em Inglês: "Help me"!!
O cão não bebe.Assim como o seu dono.E eu já achando que os dois eram alcólatras.Sintoma difícil,o tal preconceito.
O dono,parece que é médico, bebe suco de frutas. Pertinente com o ofício.
Os amigos chegam e fazem certo estardalhaço.Um deles pergunta ao doutor se está à morte.Mostra-lhe um exame e o doutor silencia.Diz que vai precisar de mais tempo para responder a tão delicada pergunta.
Talvez por isso é que o suposto moribundo tenha consigo uma daquelas garrafinhas para se colocar Whisky,Vodka , entre outros combustíveis contra a deliciosa e terrível condenação que é simplesmente estar.Todos,exceto oDr., estão sem camisa.Ao menos não são aqueles gays marombados com cara de Ivana Trump.Agora uma questão: Por que os gays homens são mais exibidos e indiscretos que gays mulheres?Elas estão ali na delas...Eles estão ali ,na dos outros.As mesas se cumprimentam e às vezes um certo mal estar se instala.Ciuminho...
Detesto gueto.Acho uma tolice,mas até entendo porque a boçalidade é enorme.Aliás,boçalidade não escolhe sexo de parceiro.Você observa em todos os outros guetos também.
Aqui no Rio isso virou marca ,rótulo em termos espaciais,geográficos. Nas praias,por exemplo, tem ponto de pit-boy,viado,maconheiro,patricinha,deslumbrado , e por aí vamos...mal.Estou pensando em criar um point só com e para carecas.Todo e qualquer cabelo será banido!!Implante então nem se cogita!!É um desaforo!Uma negligência diante do nosso problema irreversível,logo ,trágico!Quantos e quantos vidros do famigerado 'Minoxidil" nós gastamos ao tentar reverter o irreversível?Você que já tem ou passou dos 40 anos certamente passou sobre o que lhe restou sobre a porra da cabeça esse remédio ,dito milagreiro.
Lembro-me até hoje da minha fé ao passar aquela merda nas minhas mãos esperançosas e espalhá-la pela cabeça que começara a brilhar feito rodapé de casa antiga com cheiro de naftalina nos armários.Relembro a casa dos meus avós ,em Natal,cidade do Sol.Aos olhos de uma criança aquela casa era o meu palácio de sonhos.E eu tinha farta cabeleira!E o mundo parecia tão interessante,tão agradável!
Incrível como deseducam as crianças desde sempre ao confundir educação com aula de etiqueta..Incrível como não as preparamos para esse troço chamado mundo.Universidade então.....
A minha fé no produto que "evitava" desabamentos capilares era mais ou menos a mesma que tenho ,também faz algum tempo, quando aposto na loteria esportiva.Ao jogar eu sempre confiro os resultados.E isso é uma minoria de apostadores que faz,sabiam? Ninguém acredita que possa sair da lama através de um bilhetinho.Não é curioso?Não se põe fá nem naquilo em que se aposta.Não há como funcionar direito.
Ao menos eu posso me iludir que, após um fim de semana , poderei estar rico ou milionário.
Pasmen!Eu ainda acredito.
Guru está embaixo das minhas pernas pedindo afagos.Já que ninguém lhe oferece comida ,até porque o doutor disse aos berros que ele só come ração , e ele está certo, o cãozinho tem interesse nos carinhos.É paparicado por todos . O cachorro é muito bonito. Ao seu lado ,em pé, um outro cachorrinho com uma pequena bandeja nas mãos.Perdão. Não é um totó e sim um garotinho de seis anos de idade.Pergunta se já terminamos o chopp e recolhe os copos.Descobre-se que é filho dos donos do bar/restaurante. Os pais e a irmã,mais velha, estão jantando numa mesa na parte de dentro do estabelecimento.A mãe diz: família que trabalha unida. Trabalho infantil,pois.A família inclusive tem o mesmo tesão clubístico futebolístico apesar do restaurante/bar ser de origem lusitana.
Em frente, uma moça bonita e negra feito carvão folheia as colunas sociais de um jornal carioca.Ao lado, a moça feiosa é assediada pelas outras que lhe fazem companhia.
Guru cansou.Tem os olhos castanhos de espanto,alegria,calmaria.
O temporal já desabou e o cão não latiu.
O americano amigo,recém chegado dos Estados Unidos ,trouxe a mãe para o bar.A mãe se não está bêbada deve ser louca.Desculpe-me pela redundância.
Guru não se move.Agora, ele pediu algo,rosnou forte e em Inglês: "Help me"!!
segunda-feira, 8 de março de 2010
ERRATA
O nome do filme ( o texto que segue abaixo) não é O segredo dos meus olhos ( Haja pretensão a minha!!!) ,e sim O segredo dos SEUS olhos ( El secreto de sus ojos). E o nome do diretor é José Camponella!!
domingo, 7 de março de 2010
O segredo,os olhos,o Oscar,a Argentina.
O segredo dos meus olhos ( El secreto de mis ojos) é um filme argentino que acaba de receber o Oscar de melhor filme estrangeiro de 2010.
O filme é ótimo e tem excelentes atores.O diretor é muito bom e está morando há algum tempo nos Estados Unidos,o que sempre facilita. Melhor ainda é que quando agradeceu pelo prêmio que acabara de receber o seu inglês foi desaparecendo.A emoção talvez o fez recordar das suas origens portenhas ( aqui estou chutando visto que não sei se o cara nasceu em Buenos Aires).
Melhor foi o Almodóvar que ao ler o nome do vencedor o leu em Espanhol e anunciou o ganhador com a antológica frase, banida há algum tempo, "the winner is...."Almodóvar e Tarantino dividindo o palco garante a festa, pois os dois são- do ponto de vista da caretice por vezes do cinema- politicamente, o que há de mais incorreto. Tarantino é ótimo. Ele conta histórias pelo avesso e consequentemente não leva tão a sério o que faz , o que vive...É um belo poeta da telona.
The winner is vem a ser um problema já que para os Estadunidenses o contrário disso seria and the loser is ,o que para eles é o maior dos desaforos. É quase que idiossincrático o tal sintoma ,porque até a Constituição dos Estados Unidos indica isso,ou seja, é uma constituição de vitoriosos,para vitoriosos.
O segredo dos meus meus olhos tem de tudo:drama,tragédia,humor....Enfoca um período duríssimo do Estado Argentino que foi o final do governo da senhora Isabelita Perón, antes do golpe militar dos anos setenta que, engendrou uma das ditaduras mais terríveis do nosso continente.Era divertimento de milico argentino atirar opositores vivos de aviões que sobrevoavam oceanos,promover sessões de torturas e sequestros de crianças, dentre outras modalidades de terror.
O filme se vê através desse período e retira dali o que pode. E o faz com muita competência.
Ricardo Darín é um grande ator argentino,ou melhor,um ator do mundo.Já o assistimos em Nueve Reynas, El Hijo de la Nobia, XXY, entre outros.Ele faz um inspetor -sedutor-justiceiro na película premiada.
Fiquei contente com o triunfo dos vizinhos amados-odiados. Se eu fosse o mais sarcástico dos sarcásticos ,tal qual a turma lá de Buenos Aires ,os ditos periodistas,do Jornal Esportivo Olé que deve ser Olê,diria que o mês de Março é um mês de sonho para eles.Afinal, venceram o Oscar,o Futebol está se recuperando,o ex-Presidente Kirchner quase morreu e o Chile -também amado-odiado por eles, tremeu por inteiro. E ainda há a chance -muito remota -de recuperação das Malvinas.....
Todo ano eu minto ao dizer que não assistirei a festinha do cinema lá na Costa Oeste.Quase sempre assisto. Fazer o quê? Fui colonizado mesmo pela indústria estrangeira da telona.É só pegar a programação de cinema da sua cidade e checar a nacionalidade dos filmes.E isso é grave.
O aspecto bacaninha é que quem ganhou as coisas por lá gastou 11 milhões de dólares ,emprestados pelo governo francês e cuja locação foi feita num país árabe.E a tal guerra se dá e é travada contra um outro país árabe.Sobretudo,o filme é bom.
Uma saudade que carrego para sempre ,para além dos meus olhos , afirmava que o tal Oscar acertava a mão a cada dez anos.
Ah! Há também o tal filme que indica coisas para frente,o povo é um pouco azul e que ganhou menos do que esperava.Mas também dizem que é bom.
Como sou reacionário e não terei a chance de ver os nossos descendentes azuis ou verdes, de silício por certo, fiquei pouco interessado. E com inveja dos argentinos que além de um belo filme, botaram no xadrez alguns assassinos que só tinham sangue e barbárie em seus olhos.
O filme é ótimo e tem excelentes atores.O diretor é muito bom e está morando há algum tempo nos Estados Unidos,o que sempre facilita. Melhor ainda é que quando agradeceu pelo prêmio que acabara de receber o seu inglês foi desaparecendo.A emoção talvez o fez recordar das suas origens portenhas ( aqui estou chutando visto que não sei se o cara nasceu em Buenos Aires).
Melhor foi o Almodóvar que ao ler o nome do vencedor o leu em Espanhol e anunciou o ganhador com a antológica frase, banida há algum tempo, "the winner is...."Almodóvar e Tarantino dividindo o palco garante a festa, pois os dois são- do ponto de vista da caretice por vezes do cinema- politicamente, o que há de mais incorreto. Tarantino é ótimo. Ele conta histórias pelo avesso e consequentemente não leva tão a sério o que faz , o que vive...É um belo poeta da telona.
The winner is vem a ser um problema já que para os Estadunidenses o contrário disso seria and the loser is ,o que para eles é o maior dos desaforos. É quase que idiossincrático o tal sintoma ,porque até a Constituição dos Estados Unidos indica isso,ou seja, é uma constituição de vitoriosos,para vitoriosos.
O segredo dos meus meus olhos tem de tudo:drama,tragédia,humor....Enfoca um período duríssimo do Estado Argentino que foi o final do governo da senhora Isabelita Perón, antes do golpe militar dos anos setenta que, engendrou uma das ditaduras mais terríveis do nosso continente.Era divertimento de milico argentino atirar opositores vivos de aviões que sobrevoavam oceanos,promover sessões de torturas e sequestros de crianças, dentre outras modalidades de terror.
O filme se vê através desse período e retira dali o que pode. E o faz com muita competência.
Ricardo Darín é um grande ator argentino,ou melhor,um ator do mundo.Já o assistimos em Nueve Reynas, El Hijo de la Nobia, XXY, entre outros.Ele faz um inspetor -sedutor-justiceiro na película premiada.
Fiquei contente com o triunfo dos vizinhos amados-odiados. Se eu fosse o mais sarcástico dos sarcásticos ,tal qual a turma lá de Buenos Aires ,os ditos periodistas,do Jornal Esportivo Olé que deve ser Olê,diria que o mês de Março é um mês de sonho para eles.Afinal, venceram o Oscar,o Futebol está se recuperando,o ex-Presidente Kirchner quase morreu e o Chile -também amado-odiado por eles, tremeu por inteiro. E ainda há a chance -muito remota -de recuperação das Malvinas.....
Todo ano eu minto ao dizer que não assistirei a festinha do cinema lá na Costa Oeste.Quase sempre assisto. Fazer o quê? Fui colonizado mesmo pela indústria estrangeira da telona.É só pegar a programação de cinema da sua cidade e checar a nacionalidade dos filmes.E isso é grave.
O aspecto bacaninha é que quem ganhou as coisas por lá gastou 11 milhões de dólares ,emprestados pelo governo francês e cuja locação foi feita num país árabe.E a tal guerra se dá e é travada contra um outro país árabe.Sobretudo,o filme é bom.
Uma saudade que carrego para sempre ,para além dos meus olhos , afirmava que o tal Oscar acertava a mão a cada dez anos.
Ah! Há também o tal filme que indica coisas para frente,o povo é um pouco azul e que ganhou menos do que esperava.Mas também dizem que é bom.
Como sou reacionário e não terei a chance de ver os nossos descendentes azuis ou verdes, de silício por certo, fiquei pouco interessado. E com inveja dos argentinos que além de um belo filme, botaram no xadrez alguns assassinos que só tinham sangue e barbárie em seus olhos.
terça-feira, 23 de fevereiro de 2010
O poste
Apresentada como um poste ,numa revista suspeita ,pois excessivamente parcial, a SRA. Dilma Rousself,Ministra da Casa Civil,continua na sua peregrinação tentando convencer o país de que ela vale à pena, de que ela é bacana ,séria e até simpática.
A fragilidade política do país - e não é só aqui que se dá esse infortúnio - faz com que o Presidente analfa apele para mais uma forma populista de governar ao lançar a candidatura ,com um ano e tanto de anecedência, da sua coelhinha ,retirada da cartola .
Dilma Rousself não tem trânsito junto aos parlamentares e é acusada ,vez e sempre ,de autoritária por quem já esteve por perto. No camarote vulgar carnavalesco (todo mundo adora boca livre!!!) quando a Ministra se foi alguns comentários se fizeram escutar: "A Madonna já se mandou e a Mandona também.Ufa"!
Já foi secretária de governo algumas vezes no Rio Grande do Sul, sua terra. Lugar onde mulheres de bombacha fazem bastante sucesso .
Ela foi líder estudantil,guerrilheira, torturada - pode ser cargo vitalício aqui- etcs.
Numa conversa hoje ficou claro a antipatia que as mulheres, e sobretudo as mulheres, têm pela Dona Dilma.Não é curioso?Logo as mulheres....
Um outro alguém , que tem opinião sobre tudo e por conseguinte fala um monte de asneiras, disse que a moça era subversiva.Aí Eu Pensei: então a Dilma é o máximo.Porque tudo o que temos na patifaria política brasileira ,salvo preciosas e raras excessões,é gente conformada,deprimida,perversa,desonesta,louca,etc.Alguém que quer subverter a baixaria deve ser interessante à beça...Engana-se quem se orientar por esse prisma.Dilma é o retrato do autoritarismo esquerdóide- tão nocivo quanto qualquer autoritarismo destro- .
Ela não suporta qualquer questionamento sobre a sua pretensa competência.No epísódio APAGÃO,em Novembro do ano passado,isso ficou muito claro.A EX-Ministra das Minas e Energia ficou às escuras .
E o Presidente Lula 'The Guy" parece que tem um partido Próprio: OPT DO L e D.
Faltam alguns meses para o circo eleitoral,e as chuvas devastadoras já trouxeram mais estragos do que se pode imaginar. José Serra,ao que tudo indica, mudou-se para o sertão.E ele não vira- mar.Ao menos até Outubro de 2010.
A fragilidade política do país - e não é só aqui que se dá esse infortúnio - faz com que o Presidente analfa apele para mais uma forma populista de governar ao lançar a candidatura ,com um ano e tanto de anecedência, da sua coelhinha ,retirada da cartola .
Dilma Rousself não tem trânsito junto aos parlamentares e é acusada ,vez e sempre ,de autoritária por quem já esteve por perto. No camarote vulgar carnavalesco (todo mundo adora boca livre!!!) quando a Ministra se foi alguns comentários se fizeram escutar: "A Madonna já se mandou e a Mandona também.Ufa"!
Já foi secretária de governo algumas vezes no Rio Grande do Sul, sua terra. Lugar onde mulheres de bombacha fazem bastante sucesso .
Ela foi líder estudantil,guerrilheira, torturada - pode ser cargo vitalício aqui- etcs.
Numa conversa hoje ficou claro a antipatia que as mulheres, e sobretudo as mulheres, têm pela Dona Dilma.Não é curioso?Logo as mulheres....
Um outro alguém , que tem opinião sobre tudo e por conseguinte fala um monte de asneiras, disse que a moça era subversiva.Aí Eu Pensei: então a Dilma é o máximo.Porque tudo o que temos na patifaria política brasileira ,salvo preciosas e raras excessões,é gente conformada,deprimida,perversa,desonesta,louca,etc.Alguém que quer subverter a baixaria deve ser interessante à beça...Engana-se quem se orientar por esse prisma.Dilma é o retrato do autoritarismo esquerdóide- tão nocivo quanto qualquer autoritarismo destro- .
Ela não suporta qualquer questionamento sobre a sua pretensa competência.No epísódio APAGÃO,em Novembro do ano passado,isso ficou muito claro.A EX-Ministra das Minas e Energia ficou às escuras .
E o Presidente Lula 'The Guy" parece que tem um partido Próprio: OPT DO L e D.
Faltam alguns meses para o circo eleitoral,e as chuvas devastadoras já trouxeram mais estragos do que se pode imaginar. José Serra,ao que tudo indica, mudou-se para o sertão.E ele não vira- mar.Ao menos até Outubro de 2010.
domingo, 21 de fevereiro de 2010
Quando os fundamentos caducam
Quando os fundamentos caducam,desabam, é hora de virar gente pra valer.
Contemporanizar-se com o seu tempo,vislumbrar as entrelinhas ,lembrar que se caminha o tempo todo sob e sobre as nuvens.Saber que paralisar-se olhando para trás ,só pelo fato de que lá frente talvez o que seja fim não seja e nem haja final algum,na verdade , é uma neurose muito antiga.
O chão, gravítico,tectônico por natureza desliza feito passista bamba do samba.
Picasso,também belo sambista, certa vez pintara sob encomenda o quadro de uma senhorita bela e socialmente importante.Diante do que viu,a moça esbravejou e disse que o pintor era louco.Ele apenas a retratou como a via.Ela ,por sua vez,tinha outro olhar para si.
A tal senhorita por certo não gostou das formas não euclidianas,simétricas,bem orientadas,em tons de cores neutras ( do tipo que pode combinar com o sofá da sala para visitas) e que não compunham o olhar, naquele momento, do grande artista.Na verdade,aquilo tudo estava sendo ultrapassado por ele.
Essa ditadura do euclidianamente correto invadiu o mundo todo há séculos.As artes plásticas,a música,o teatro ,seja ele burguês ou pra valer, etc.
Vejo-me vez em quando igualzinho a esses caretas quando diante de uma diferença radical, ao que é tão caro aos tantos sintomas que me norteiam, a dificuldade em reconhecer aquilo como mais um sintoma,mais um tesão vigente.
Você pode ter o direito de não gostar ,mas reconhecer que é válido. E matar sem ser por legítima defesa?
Aí não pode , pois a diferença é excluída de cara.Mas também pode,senão o que teria acontecido no mundo todo por esses tempos com sua história pouco louvável?
Temos ,porém, toda liberdade para desejar essas maravilhas que são meras consequências da nossa inadimplência ,pelo fato de que o nosso desejo de última instância,porque primeira, não se realiza.
Sem culpa.A culpa é uma vergonha indolente,preguiçosa.
Aprendi em livro recém publicado que Chinês que é Chinês não sofre de culpa alguma.Ele reconhece a bobagem que fez e tenta consertá-la.
Contemporanizar-se com o seu tempo,vislumbrar as entrelinhas ,lembrar que se caminha o tempo todo sob e sobre as nuvens.Saber que paralisar-se olhando para trás ,só pelo fato de que lá frente talvez o que seja fim não seja e nem haja final algum,na verdade , é uma neurose muito antiga.
O chão, gravítico,tectônico por natureza desliza feito passista bamba do samba.
Picasso,também belo sambista, certa vez pintara sob encomenda o quadro de uma senhorita bela e socialmente importante.Diante do que viu,a moça esbravejou e disse que o pintor era louco.Ele apenas a retratou como a via.Ela ,por sua vez,tinha outro olhar para si.
A tal senhorita por certo não gostou das formas não euclidianas,simétricas,bem orientadas,em tons de cores neutras ( do tipo que pode combinar com o sofá da sala para visitas) e que não compunham o olhar, naquele momento, do grande artista.Na verdade,aquilo tudo estava sendo ultrapassado por ele.
Essa ditadura do euclidianamente correto invadiu o mundo todo há séculos.As artes plásticas,a música,o teatro ,seja ele burguês ou pra valer, etc.
Vejo-me vez em quando igualzinho a esses caretas quando diante de uma diferença radical, ao que é tão caro aos tantos sintomas que me norteiam, a dificuldade em reconhecer aquilo como mais um sintoma,mais um tesão vigente.
Você pode ter o direito de não gostar ,mas reconhecer que é válido. E matar sem ser por legítima defesa?
Aí não pode , pois a diferença é excluída de cara.Mas também pode,senão o que teria acontecido no mundo todo por esses tempos com sua história pouco louvável?
Temos ,porém, toda liberdade para desejar essas maravilhas que são meras consequências da nossa inadimplência ,pelo fato de que o nosso desejo de última instância,porque primeira, não se realiza.
Sem culpa.A culpa é uma vergonha indolente,preguiçosa.
Aprendi em livro recém publicado que Chinês que é Chinês não sofre de culpa alguma.Ele reconhece a bobagem que fez e tenta consertá-la.
sábado, 13 de fevereiro de 2010
Carnaval e heróis
E quem diria que há carnaval em Sampa?
As transmisões carnavalescas nos apresentam um espetáculo de um esforço notável.Mas há algo que escapa...Não sei se é porque enquanto carioca estou acostumado com um quadro mais ou menos delimitado,há muito tempo....ou seja, o olhar está viciado.Se bem que baiano ,recifense, etc do nordeste fazem o seu próprio espetáculo,com estilo singular e que se danem as mulatas gostosas , ciliconadas ou não,do carnaval carioca.
Creio que se insistirem na imitação sempre ficarão para trás. É só olhar e comparar.
Lembro-me de uma época em que cada carnaval no Rio, falo de uns 15,20 anos atrás,o bacana era se mandar do Rio.Quem ficava ,sobrava.
Alguns ficantes - e nessa época o termo referia-se aos que permaneciam na ex-cidade maravilha e não aqueles que mudam de companhia a cada ida ao banheiro químico- sofriam até de depressão. Não encontravam viva alma conterrânea.O famoso bloco Suvaco de Cristo desfilava pelo Jardim Botânico tranquilamente,durante o carnaval. Hojendia,tem que ocultar o horário do seu desfile pré-carnavalesco.
Lembro-me do ano de 1986 quando sobrei.
Fui ao Clipper, boteco nobre do Leblon,localizado em frente do cinema que leva o nome do mesmo bairro, e por lá perdiam-se algumas almas.Um deles tinha o apelido de incrível Hulk.A única diferença é que não era verde.
O sujeito era enorme.Tinha de bíceps e tríceps uns 46 centímetros.
Travamos um empolgante carnavalesco monólogo e rumamos ao Clube Federal.
O Clube Federal,localizado no Alto Leblon,zona nobre da cidade , tinha um carnaval família maravilhoso até então.Carnaval maravilhoso-família até então significava : ainda se pensa que há virgens no samba.
Uma vez lá , apresentei o meu ingresso na porta de entrada assim que me foi solicitada.
Uma voz me dizia:" Quem tem ingresso ,por favor, levante a mão e exiba para o porteiro"
Crente,exibi o meu ingresso,cheio de orgulho.
Numa fração de segundos ,uma mão adestradíssima roubou-o. Vapt,Vupt!Já era o meu tão disputado ingresso.
Incrédulo, fiquei paralisado.Senti-me o último dos foliões,dos arlequins, dos rufiões, etc,etc.
O que fazer então?
Olhei para trás e vi dois marginais , estavam à margem da festa, com um sorriso lateral cínico,a triunfar sob meu desencanto.Eram grandinhos,maiores do que eu e decidi não indagar-lhes sobre o ocorrido.
Poderia levar um tabefe ou dois.Morrer e não concorrer a um dos prêmios do desfile de fantasia mais próximo.Aquele do Hotel Glória!Já imaginaram que sucesso...Ao lado daquelas bichas todas...
Desistindo inconformado,virei=me para ir embora.PEGAR o carro ,desmoralizado,estacionar no Cervantes ,no Leme, comer algo e tomar a saideira ,pareciam destino certo e mais apropriado.
De repente ,aquela mão quase verde acenou para mim.Acenei de volta e lhe disse que estava sem ingresso.'FUI ROUBADO. ALGUM FILHO DA PUTA AQUI ME ROUBOU!'Gritava a plenos pulmões!!!
FOi então que o meu HULk singular DESCEU A ESCADA QUE DAVA ACESSO AO SALÃO, FALOU COM O SEGURANÇA ,saiu porta afora e perguntou gentilmente:
"Quem foi o escroto que roubou o meu amigo aqui,quase careca"??!!!
Para quem é incrédulo em relação aos milagres, num átimo de segundo, o meu precioso ingresso estava de volta às minhas mãos.
Nada mais carnavalesco,nada mais mágico do que ser salvo no carnaval por um super-herói.
E tem gente que não acredita.....
As transmisões carnavalescas nos apresentam um espetáculo de um esforço notável.Mas há algo que escapa...Não sei se é porque enquanto carioca estou acostumado com um quadro mais ou menos delimitado,há muito tempo....ou seja, o olhar está viciado.Se bem que baiano ,recifense, etc do nordeste fazem o seu próprio espetáculo,com estilo singular e que se danem as mulatas gostosas , ciliconadas ou não,do carnaval carioca.
Creio que se insistirem na imitação sempre ficarão para trás. É só olhar e comparar.
Lembro-me de uma época em que cada carnaval no Rio, falo de uns 15,20 anos atrás,o bacana era se mandar do Rio.Quem ficava ,sobrava.
Alguns ficantes - e nessa época o termo referia-se aos que permaneciam na ex-cidade maravilha e não aqueles que mudam de companhia a cada ida ao banheiro químico- sofriam até de depressão. Não encontravam viva alma conterrânea.O famoso bloco Suvaco de Cristo desfilava pelo Jardim Botânico tranquilamente,durante o carnaval. Hojendia,tem que ocultar o horário do seu desfile pré-carnavalesco.
Lembro-me do ano de 1986 quando sobrei.
Fui ao Clipper, boteco nobre do Leblon,localizado em frente do cinema que leva o nome do mesmo bairro, e por lá perdiam-se algumas almas.Um deles tinha o apelido de incrível Hulk.A única diferença é que não era verde.
O sujeito era enorme.Tinha de bíceps e tríceps uns 46 centímetros.
Travamos um empolgante carnavalesco monólogo e rumamos ao Clube Federal.
O Clube Federal,localizado no Alto Leblon,zona nobre da cidade , tinha um carnaval família maravilhoso até então.Carnaval maravilhoso-família até então significava : ainda se pensa que há virgens no samba.
Uma vez lá , apresentei o meu ingresso na porta de entrada assim que me foi solicitada.
Uma voz me dizia:" Quem tem ingresso ,por favor, levante a mão e exiba para o porteiro"
Crente,exibi o meu ingresso,cheio de orgulho.
Numa fração de segundos ,uma mão adestradíssima roubou-o. Vapt,Vupt!Já era o meu tão disputado ingresso.
Incrédulo, fiquei paralisado.Senti-me o último dos foliões,dos arlequins, dos rufiões, etc,etc.
O que fazer então?
Olhei para trás e vi dois marginais , estavam à margem da festa, com um sorriso lateral cínico,a triunfar sob meu desencanto.Eram grandinhos,maiores do que eu e decidi não indagar-lhes sobre o ocorrido.
Poderia levar um tabefe ou dois.Morrer e não concorrer a um dos prêmios do desfile de fantasia mais próximo.Aquele do Hotel Glória!Já imaginaram que sucesso...Ao lado daquelas bichas todas...
Desistindo inconformado,virei=me para ir embora.PEGAR o carro ,desmoralizado,estacionar no Cervantes ,no Leme, comer algo e tomar a saideira ,pareciam destino certo e mais apropriado.
De repente ,aquela mão quase verde acenou para mim.Acenei de volta e lhe disse que estava sem ingresso.'FUI ROUBADO. ALGUM FILHO DA PUTA AQUI ME ROUBOU!'Gritava a plenos pulmões!!!
FOi então que o meu HULk singular DESCEU A ESCADA QUE DAVA ACESSO AO SALÃO, FALOU COM O SEGURANÇA ,saiu porta afora e perguntou gentilmente:
"Quem foi o escroto que roubou o meu amigo aqui,quase careca"??!!!
Para quem é incrédulo em relação aos milagres, num átimo de segundo, o meu precioso ingresso estava de volta às minhas mãos.
Nada mais carnavalesco,nada mais mágico do que ser salvo no carnaval por um super-herói.
E tem gente que não acredita.....
domingo, 7 de fevereiro de 2010
O automóvel,o délírio,o bloco e as moças
Sobrevivo a um calor cruel.Clamar pela água que brota dos céus carregados é temerário.Na metrópole maior já se cogitam barcos ao invés de outros veículos gravíticos.Aliás, será que haverá automóvel num futuro não tão distante? Gosto muito dos automóveis desde pequeno, quando da janela do meu quarto debruçava-me sobre o parapeito a contemplar as máquinas de então.
O filho da síndica - já falecido- possuía um dos modelos mais novos do mercado precário do país.E ele o tratava com cuidado extremo. Essa perna a mais ,ou ainda, essas pernas mecânicas eficientes também podem matar e o fazem em demasia por esses lados.Mas quem é o comandante da jeringonça?Ela ,por enquanto,não sai sozinha estrada afora.E tem, como o resto de nós,de nossas tripas, de outros órgãos,limitações.Não se movem nem para cima e nem para os lados.
O s automóveis daqui nos invadiram no fim dos anos 50.Seu mentor, em companhia com os estadunidenses,fora o presidente Bossa-Nova,Juscelino K. De Oliveira.Como se escreve o nome do meio mesmo?Será que já se enquadrou na nova reforma ortográfica?
Ao invés dos trens,eficientes ,menos perigosos,a um bom custo,a nação Brasilis tornar-se-ia um país dos automóveis. A atual capital (sempre tenho a esperança de que um outro Presidente terá um outro sonho e mudará pela quarta vez a sede da nossa capital), Brasília, tem mais de um milhão de carros e um sistema público de transporte precário.O tal metrô de lá ,encoberto por denúncias de corrupção,é insignificante e desprezado pela classe média e alta burguesias locais.Parte dessa população é oriunda de pequenas cidades do inteiro do país ou de Estados Nordestinos, onde automóvel funciona quase como um título ,um brasão,uma comenda ,uma conquista importante. Em algumas cidades brasileiras o motorista ,seu nome, ocupação ou o último poema escrito pouco importam. Sua identidade está atrelada ao modelo de automóvel que ele tem.'Ah! Aquele fulano do calhambeque tal"!Claro que eu o conheço.É um canalha que dirige o....Não gosto dele ,mas a minha filha gosta'! Seria um plágio daquela versão musical de Chico Buarque?E assim se estabelecem alguns vínculos importantes para certas criaturas motorizadas.
Conheci um sujeito num boteco certa vez.Homem que hoje está com quase 80 anos e bem doente.Sempre achei que ali habitava algum comprometimento emocional um pouco mais sério,visto que ele acreditava demais nos próprios delírios. Era o recordista de cartas para o falecido Jornal do Brasil.Alertava os jornalistas na redação sobre o que estava a produzir e que aquilo que fora publicado tinha ressonância com a sua obra.
Engenheiro de formação,é homem culto.Fascinado pelo cinema ,desistiu do mesmo.Iria perder muito tempo ali dentro.E ele não poderia perder tanto tempo,afinal a sua produção lhe consumia muito.Desenhava muito bem e as artes plásticas o atraíam mais.
Desenvolveu afeição por mim ,não só pelo meu trabalho e estudo em torno da Psicanálise,mas pelas minhas aventuras pelos textos políticos,obras literárias, etc. Chamava-me de Carlinhos.
Diversas vezes fugi dele.Era cansativo. Parecia uma usina de força que não cessa de não cessar.Outras vezes,deixava-o falando só para ir ao banheiro.Quando retornava ,ele estava a prosseguir com sua matraca delirantemente disparada. Num desses ataques,perguntei-lhe:
-Não entendi o que disse.
O silêncio foi ruidoso,quatro oitavas. Ele estava mexido.Teria que organizar as loucuras de um modo mais inteligível.Sorriu e mudou de assunto.Eu ,precavidamente, não insisti que voltasse ao tema.Não estávamos num consultório de psicanálise e nem ele havia demandado tal intervenção para mim.Contudo,desenhava-se um quadro cada vez mais claro de como funcionava,ao menos um pouco, a sua mente.
Freud sempre tivera razão quanto aos sintomas psicóticos.
Os delírios nada mais são do que uma produção de idéias,frases,imagens,sons,dentre outras inúmeras formações possíveis que tentam dar conta do que se chama realidade.Seja ela virtual ou não.E quem pode garantir o contrário?Todavia,ao chamar aos fatos aquele que a anuncia ,ou seja, a fala, a articulação de idéias,conceitos, etc, costumamos surpreender os que realmente não sabem o que estão a dizer.Aquilo quase sempre não se deu ou não foi bem daquele jeito que o rebolado aconteceu.Agora, por exemplo, estou escrevendo esse texto e escutando uma canção.Não estou num avião rumo à China ou submerso na métropole molhada.Há pelo menos uma testemunha.
O engenheiro não gostava de automóveis.Considerava-os todos armas do demônio.Parece que perdera amigo querido em acidente.O que apreciava mesmo era caminhar pelas ruas ensolaradas de nossa cidade ex-maravilha a contemplar as mocinhas e suas minúsculas fantasias de verão.Chamava-as de deusas com venenos mortais! Era também inventor.Fabricava por conta própria utensílios domésticos brilhantes.Copos gelados para bebidas,guarda-sol portátil e fácil de carregar, cadeira elétrica feita com rodas de poliuretano para não arranhar o assoalho de casa e facilitar o deslocamento na mesma, controle multiuso -muito antes de colocarem no mercado-, entre outros inventos.
Não sei se continua vivo o meu então amigo.É que hoje ,retornando para casa numa tarde ensolarada de meninas vestidas venenosamente,não vi os carros abominados por ele.Estavam de castigo para ver o bloco de carnaval passar. O diabo estava de repouso.
O filho da síndica - já falecido- possuía um dos modelos mais novos do mercado precário do país.E ele o tratava com cuidado extremo. Essa perna a mais ,ou ainda, essas pernas mecânicas eficientes também podem matar e o fazem em demasia por esses lados.Mas quem é o comandante da jeringonça?Ela ,por enquanto,não sai sozinha estrada afora.E tem, como o resto de nós,de nossas tripas, de outros órgãos,limitações.Não se movem nem para cima e nem para os lados.
O s automóveis daqui nos invadiram no fim dos anos 50.Seu mentor, em companhia com os estadunidenses,fora o presidente Bossa-Nova,Juscelino K. De Oliveira.Como se escreve o nome do meio mesmo?Será que já se enquadrou na nova reforma ortográfica?
Ao invés dos trens,eficientes ,menos perigosos,a um bom custo,a nação Brasilis tornar-se-ia um país dos automóveis. A atual capital (sempre tenho a esperança de que um outro Presidente terá um outro sonho e mudará pela quarta vez a sede da nossa capital), Brasília, tem mais de um milhão de carros e um sistema público de transporte precário.O tal metrô de lá ,encoberto por denúncias de corrupção,é insignificante e desprezado pela classe média e alta burguesias locais.Parte dessa população é oriunda de pequenas cidades do inteiro do país ou de Estados Nordestinos, onde automóvel funciona quase como um título ,um brasão,uma comenda ,uma conquista importante. Em algumas cidades brasileiras o motorista ,seu nome, ocupação ou o último poema escrito pouco importam. Sua identidade está atrelada ao modelo de automóvel que ele tem.'Ah! Aquele fulano do calhambeque tal"!Claro que eu o conheço.É um canalha que dirige o....Não gosto dele ,mas a minha filha gosta'! Seria um plágio daquela versão musical de Chico Buarque?E assim se estabelecem alguns vínculos importantes para certas criaturas motorizadas.
Conheci um sujeito num boteco certa vez.Homem que hoje está com quase 80 anos e bem doente.Sempre achei que ali habitava algum comprometimento emocional um pouco mais sério,visto que ele acreditava demais nos próprios delírios. Era o recordista de cartas para o falecido Jornal do Brasil.Alertava os jornalistas na redação sobre o que estava a produzir e que aquilo que fora publicado tinha ressonância com a sua obra.
Engenheiro de formação,é homem culto.Fascinado pelo cinema ,desistiu do mesmo.Iria perder muito tempo ali dentro.E ele não poderia perder tanto tempo,afinal a sua produção lhe consumia muito.Desenhava muito bem e as artes plásticas o atraíam mais.
Desenvolveu afeição por mim ,não só pelo meu trabalho e estudo em torno da Psicanálise,mas pelas minhas aventuras pelos textos políticos,obras literárias, etc. Chamava-me de Carlinhos.
Diversas vezes fugi dele.Era cansativo. Parecia uma usina de força que não cessa de não cessar.Outras vezes,deixava-o falando só para ir ao banheiro.Quando retornava ,ele estava a prosseguir com sua matraca delirantemente disparada. Num desses ataques,perguntei-lhe:
-Não entendi o que disse.
O silêncio foi ruidoso,quatro oitavas. Ele estava mexido.Teria que organizar as loucuras de um modo mais inteligível.Sorriu e mudou de assunto.Eu ,precavidamente, não insisti que voltasse ao tema.Não estávamos num consultório de psicanálise e nem ele havia demandado tal intervenção para mim.Contudo,desenhava-se um quadro cada vez mais claro de como funcionava,ao menos um pouco, a sua mente.
Freud sempre tivera razão quanto aos sintomas psicóticos.
Os delírios nada mais são do que uma produção de idéias,frases,imagens,sons,dentre outras inúmeras formações possíveis que tentam dar conta do que se chama realidade.Seja ela virtual ou não.E quem pode garantir o contrário?Todavia,ao chamar aos fatos aquele que a anuncia ,ou seja, a fala, a articulação de idéias,conceitos, etc, costumamos surpreender os que realmente não sabem o que estão a dizer.Aquilo quase sempre não se deu ou não foi bem daquele jeito que o rebolado aconteceu.Agora, por exemplo, estou escrevendo esse texto e escutando uma canção.Não estou num avião rumo à China ou submerso na métropole molhada.Há pelo menos uma testemunha.
O engenheiro não gostava de automóveis.Considerava-os todos armas do demônio.Parece que perdera amigo querido em acidente.O que apreciava mesmo era caminhar pelas ruas ensolaradas de nossa cidade ex-maravilha a contemplar as mocinhas e suas minúsculas fantasias de verão.Chamava-as de deusas com venenos mortais! Era também inventor.Fabricava por conta própria utensílios domésticos brilhantes.Copos gelados para bebidas,guarda-sol portátil e fácil de carregar, cadeira elétrica feita com rodas de poliuretano para não arranhar o assoalho de casa e facilitar o deslocamento na mesma, controle multiuso -muito antes de colocarem no mercado-, entre outros inventos.
Não sei se continua vivo o meu então amigo.É que hoje ,retornando para casa numa tarde ensolarada de meninas vestidas venenosamente,não vi os carros abominados por ele.Estavam de castigo para ver o bloco de carnaval passar. O diabo estava de repouso.
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
Turista que balança!!
O turista oscila entre a arrogância e o infantilismo. A arrogância advém do fato em supor que se conhece tanto o lugar que visita que imagina-se nativo do local.Doce ilusão.Todos temos sotaque ainda que se transe bem,com boa fluência, pelo idioma alheio.Além do mais temos outras pedras cravadas no corpo e que não desaparecem facilmente. Haja análise para que tudo isso ,ao menos,saia para um breve passeio,um descanso,uma siesta.
O infantilismo é o aspecto lúdico da viagem.Brinca-se,regozija-se,paga-se mico,sonha-se....E tal como proclama um amigo "Tudo pela emoção".
Contudo ,existe um aspecto da arrogância que é da ordem da imprudência. E ela ressoa da mesma forma tal e qual nos vinculamos uns aos outros. Não se pretende aqui desenvolver aspectos teóricos sobre o conhecimento,sobre aspectos epistemológicos,mas é exemplar alguns fatos testemunhados.
Se perguntares a qualquer um sobre a cidade tal e o povo que por aventura possa ter travado algum contato,as respostas serão sempre de uma convicção impressionante. Basta um único episódio para se querer definir tudo.Se isso aconteceu assim ou assado,a definição já está dada.O que virá já está previsto.Já se sabia.
Francês é isso,Espanhol é aquilo, Americano aquilo outro.....Isso,senhores, é da ordem do absurdo!
Imaginem querer mapear uma população de milhões de criaturas,num país com centenas ou milhares de anos,a partir do meu olhar de vista cansada,astigmática,da minha pequenina sensibilidade.Com tão pouco tempo-nossa existência é breve- e tantas opiniões. Fernando Pessoa num comentário sobre os que pretendem tergiversar sobre o belo, afirma que eles não o compreenderam.
Eu posso quando muito falar um pouquinho das minhas experiências,sensações,articulações e pronto. E tudo isso para ser desconfiado,sobretudo por mim mesmo.Se houver um pouco de saúde no horizonte.
São achismos fantásticos.Qualquer arqueólogo,seja da mente, seja das bundas ou múmias,ficaria arrepiado.E está piorando,à mediada que a tecnologia avança e derruba tudo.Tal qual um furacão ou um terremoto em portos de príncipes.
A convivência fica mais difícil,pois a cada passo que dou percebo que tenho muitos pela frente ,sem local definido,até porque onde estou balança muito.Há turbulência em -com o perdão da redundância- terras gravíticas.Não é só no ar ,voando nas nossas asas turbinadas que o balanço se dá virulentamente.O balançar é aqui....na esquina mais próxima de sua alma.E porque a convivência está cada vez mais difícil? Justamente porque fingimos não balançar o tempo inteiro.Como somos repletos de certezas e tantas definições possuímos sobre espanhóis e franceses!!!
Vejamos um outro exemplo:
Bem próximo a mim,existe um rapaz ,porteiro do meu prédio ,que oscila de humor em vários momentos do dia.Diria o apedeuta que ele é bipolar.Bipolar somos todos.Nossa mente -tal como nos ensina o Psicanalista MD.Magno- funciona binariamente a maior parte do tempo,igual a computador doméstico,mas com vocação para a suspensão desses opostos,dessas oposições tão comuns: dia e noite;claro e escuro; amor e ódio, depressão e mania, etc, etc.
A questão é observar com cuidado,com atenção a frequência e intensidade com que as oscilações ocorrem.Sem esquecer da falta de educação,da boçalidade,da ignorância,ou seja, formações tão frequentes.
Voltando ao "paciente-porteiro" ,ele pela manhã cantarola,à tarde ele emudece e à noite rosna.Essa ordem costuma ser a mesma ,pelo menos nos últimos meses.Na verdade,nos últimos anos.
Dizem que ele sabe tudo sobre espanhóis e franceses e viados.Fulano é gay!Beltrano é maluco.....
E ele seria o quê?Um monte de coisas.Várias personalidades e que não-NECESSARIAMENTE- caracteriza uma loucura,algo capaz de provocar danos maiores aos que por perto estiverem.Se bem que ele tem andado muito chato.Beira o insuportável.
A nossa espécie tem um etograma mais sofisticado do que os adoráveis cachorrinhos.Apesar de tentarmos imitar os latidos caninos,rosnar à noite, somos mais especiais.
Até é possível conversar com Francês,Português,Espanhol....
O infantilismo é o aspecto lúdico da viagem.Brinca-se,regozija-se,paga-se mico,sonha-se....E tal como proclama um amigo "Tudo pela emoção".
Contudo ,existe um aspecto da arrogância que é da ordem da imprudência. E ela ressoa da mesma forma tal e qual nos vinculamos uns aos outros. Não se pretende aqui desenvolver aspectos teóricos sobre o conhecimento,sobre aspectos epistemológicos,mas é exemplar alguns fatos testemunhados.
Se perguntares a qualquer um sobre a cidade tal e o povo que por aventura possa ter travado algum contato,as respostas serão sempre de uma convicção impressionante. Basta um único episódio para se querer definir tudo.Se isso aconteceu assim ou assado,a definição já está dada.O que virá já está previsto.Já se sabia.
Francês é isso,Espanhol é aquilo, Americano aquilo outro.....Isso,senhores, é da ordem do absurdo!
Imaginem querer mapear uma população de milhões de criaturas,num país com centenas ou milhares de anos,a partir do meu olhar de vista cansada,astigmática,da minha pequenina sensibilidade.Com tão pouco tempo-nossa existência é breve- e tantas opiniões. Fernando Pessoa num comentário sobre os que pretendem tergiversar sobre o belo, afirma que eles não o compreenderam.
Eu posso quando muito falar um pouquinho das minhas experiências,sensações,articulações e pronto. E tudo isso para ser desconfiado,sobretudo por mim mesmo.Se houver um pouco de saúde no horizonte.
São achismos fantásticos.Qualquer arqueólogo,seja da mente, seja das bundas ou múmias,ficaria arrepiado.E está piorando,à mediada que a tecnologia avança e derruba tudo.Tal qual um furacão ou um terremoto em portos de príncipes.
A convivência fica mais difícil,pois a cada passo que dou percebo que tenho muitos pela frente ,sem local definido,até porque onde estou balança muito.Há turbulência em -com o perdão da redundância- terras gravíticas.Não é só no ar ,voando nas nossas asas turbinadas que o balanço se dá virulentamente.O balançar é aqui....na esquina mais próxima de sua alma.E porque a convivência está cada vez mais difícil? Justamente porque fingimos não balançar o tempo inteiro.Como somos repletos de certezas e tantas definições possuímos sobre espanhóis e franceses!!!
Vejamos um outro exemplo:
Bem próximo a mim,existe um rapaz ,porteiro do meu prédio ,que oscila de humor em vários momentos do dia.Diria o apedeuta que ele é bipolar.Bipolar somos todos.Nossa mente -tal como nos ensina o Psicanalista MD.Magno- funciona binariamente a maior parte do tempo,igual a computador doméstico,mas com vocação para a suspensão desses opostos,dessas oposições tão comuns: dia e noite;claro e escuro; amor e ódio, depressão e mania, etc, etc.
A questão é observar com cuidado,com atenção a frequência e intensidade com que as oscilações ocorrem.Sem esquecer da falta de educação,da boçalidade,da ignorância,ou seja, formações tão frequentes.
Voltando ao "paciente-porteiro" ,ele pela manhã cantarola,à tarde ele emudece e à noite rosna.Essa ordem costuma ser a mesma ,pelo menos nos últimos meses.Na verdade,nos últimos anos.
Dizem que ele sabe tudo sobre espanhóis e franceses e viados.Fulano é gay!Beltrano é maluco.....
E ele seria o quê?Um monte de coisas.Várias personalidades e que não-NECESSARIAMENTE- caracteriza uma loucura,algo capaz de provocar danos maiores aos que por perto estiverem.Se bem que ele tem andado muito chato.Beira o insuportável.
A nossa espécie tem um etograma mais sofisticado do que os adoráveis cachorrinhos.Apesar de tentarmos imitar os latidos caninos,rosnar à noite, somos mais especiais.
Até é possível conversar com Francês,Português,Espanhol....
domingo, 3 de janeiro de 2010
E as encostas
Doem as costas.
Da burrice, da arrogância ,da ignorância,das vaidades,dos narcisismos.
Não é novidade alguma que construções à beira do abismo , à beira das encostas escorregadias,à beira do surto pode provocar os horrores que se apresentam...para deleite de muitos.Quanto vale uma tragédia?Quanto se fatura?Qual foi a audiência atingida?
É preciso notificar,mas há de se ter algum recato.
Irreversibilidades são trágicas.
Temos que ter cuidado.Até pra dar notícias alegres.
Já imaginou:
'Você ganhou na Mega Sena !!!!"
O que se produz: um susto!!
Se bobear o coração explode.Vai depender do tamanho da família.
Happy 2010!
Da burrice, da arrogância ,da ignorância,das vaidades,dos narcisismos.
Não é novidade alguma que construções à beira do abismo , à beira das encostas escorregadias,à beira do surto pode provocar os horrores que se apresentam...para deleite de muitos.Quanto vale uma tragédia?Quanto se fatura?Qual foi a audiência atingida?
É preciso notificar,mas há de se ter algum recato.
Irreversibilidades são trágicas.
Temos que ter cuidado.Até pra dar notícias alegres.
Já imaginou:
'Você ganhou na Mega Sena !!!!"
O que se produz: um susto!!
Se bobear o coração explode.Vai depender do tamanho da família.
Happy 2010!
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