Então Rimbaud dizia que Verlaine era uma virgem louca ,e eles desfrutaram certas maravilhas ,assim como muita miséria.
Rimbaud desistiu de escrever aos 19 anos e morreu aos 37.Verlaine viveu mais.Tudo isso naquele iluminismo todo do século XIX.
A poesia ,aliás a literatura quase toda ,parece que foi dizimada.Enfiaram Paulo Coelho e suas tolices e crendices na Academia em troca de vantagens para todos.E tem ainda o Sarney,o sei lá quem mais....
Vocês realmente acham que uM Proust ou um Euclides Da Cunha conseguiriam sobreviver de literatura ,hoje em dia?
O que importa é que o molecote do Rimbaud dizia as coisas sem denegá-las.E chamou Verlaine de virgem amalucada.Entretanto,tratava-se de um/uma amalucada brilhante. Se Rimbaud tivesse conhecido uma tia minha,que ainda vive, veria que há coisa muito pior.E já que podemos perder tempo....
Além de virgem a infeliz perdeu o juízo desde sempre.E não foi aquela maluquice lúcida ,produtiva,enriquecedora e desveladora de muita coisa,logo,monstruosa.Não.Essa é daquelas que só causam estragos e transpira odor de boçalidades.
A tal infeliz fugira de casa para ser freira.Então,como boa tarada não suportou a concorrência e se mandou de volta para casa do papai.Lá,não esquentou lugar e sumiu de novo.Dessa vez decidida a tornar-se educadora!Vejam o tamanho do crime.Desde quando alguém assim ,com todos esses sentimentos presos, pode orientar uma criança?!Aliás, nunca conheci alguém mais mal educada.Não sabia resolver minimamente com ela ,quanto mais com os outros. Que guia pode ser alguém cujo caminho não sabe encontrar sozinho?
Lembro-me do dia que a desmascarei.É óbvio que por trás daquela persona havia muitas outras,igual a todos nós, mas a peguei em quase gozo explícito ao ver uma cena romântica na televisão. O casal se beijava e ela aos berros chamando-os de vagabundos!!!Eu ainda tentei argumentar que eles eram aquelas figuras que colocam em ato certos personagens.São os chamados atores.Ela, contudo ,e mais um pouco, não acatou a dica e prosseguiu vociferando de "Vagabundos e Promíscuos" todos os beijoqueiros que ousassem passar à sua frente.Virtuais ou não, tanto fazia.Talvez fossem patifes que ousavam exibir o que ela insistia em esconder.
Desconfiei daquele ódio todo e pesquisei sobre aquela senhora.
Vidinha medíocre- assim como a minha e a de muitos - e um ressentimento terrível. Perdera a mãe no parto,ou seja, ela nasceu e a mãe não aguentou o tranco cirúrgico.Tempos depois ,no meio de outras cinco irmãs ,sendo ela a caçula,prometeram-lhe marido .Era costume na minha família oferecer, feito prenda, a moça virgem disponível, a um dito bom partido.Ela portanto se enamorou de um tal partido bom ,mas ele a tempo se mandou.Sumiu.Jamais se soube o paradeiro do felizardo.
A última vez que troquei alguma palavra que preste com essa figuraça foi num carnaval carioca,cerca de uns nove,dez anos atrás.
O carnaval no Rio ainda era bom,civilizado.E aquela cena colada na retina..
Saindo da praia,calor africano a torrar o cerebelo,vislumbro um bloco a desfilar pelas ruas do meu bairro.Bloco cujo singelo nome é " Que merda é eça".
Vestia uma camisa da tal agremiação,que trazia estampada a imagem do Cristo Redentor, despejando detritos numa privada ,e quem puxava a cordinha da mesma era o então Presidente Fernando Henrique Cardoso.Sacudindo os braços feito virgem louca,já septuagenária,despejando de tudo, estava a tal senhora parenta,acompanhada de mais duas irmãs em estado de choque.Atravessavam aquele cortejo de surtos ,numa tarde límpida de um verão carnavalesco carioca."What's the shit is that" - teria indagado um turista de Portugal.
Parece que fiz um certo escândalo,talvez porque o bloco estivesse fora do Tom.A tal amalucada,contudo, retornou pra casa reclamando.E eu lhe fiz a derradeira pergunta :E os beijos dos casais apaixonados ,suados,excitados.E as mocinhas molhadinhas ,melhor dizendo, sujas de areia?"Silêncio.
Foi talvez o melhor momento da virgem louca dos trópicos.Ao menos para mim.
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