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sábado, 20 de janeiro de 2024

 Oficina Clínica. Sábado de Sebastião do Rio de Janeiro. Dia 20 de Janeiro, 2024. Minha amante mais difícil. Linda e feia; simpática e muito hostil: violenta. Bastante violenta. Sobretudo, deliciosa e angustiante imprevisibilidade. Amadorismo não faz morada nesses lados.. Gente-Eu-Tu e sua postura predatória com essa cidade. Uma pena. Minha casa; meu berço rodeado de águas guanabaras. Quase não nasci naquela clínica em Botafogo, por causa das águas protagonistas. Tem-po-ral.

AS FORMAÇÕES , PESSOAS, SUAS POSSÍVEIS VIRADAS E SURPRESAS. Para quem?

domingo, 14 de janeiro de 2024

 Na sequência das belas fotos do amigo , Potiguara M. Silveira Jr. . Consegui essa. Na verdade, foi a Monica. O importante da imagem , não é somente a Lua, mas o Vaga-Lume.

Pode ser uma imagem de árvore e eclipse
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M Fernanda Erdocia, Ana Cláudia R. Câmara e outras 29 pessoas

 Certa vez, ao lado de um tio nordestino para lá de destemido, na capital do Rio Grande do Norte, de onde vieram os meus saudosos pais, avós, bem no centrinho antigo daquela então pacata e acolhedora cidade, a seguinte cena acontece:

Meu tio se dirige a um cidadão, elegantemente trajado com seu chapéu panamá, e prosa tem início.
Eu, pessoinha com seus 10 anos de idade à época, desfrutava naquela tarde de verão, tempo das férias mais longas, de um delicioso sorvete que titio me havia, gentilmente, comprado.
Prometera retornar logo. Passaram-se eternos minutos que iniciaram a destruição do meu sorvete. Ele derrete explicitamente, sem cerimônia. Na frente de todos.
Naquele momento, o moribundo sorvete era a formação mais relevante da minha existência juvenil em tempos quentes de verão . Achei abusivo o fato de não ter avisado que poderia demorar um pouco mais e tal a conversação com o homem do chapéu panamá. E não é que o tal senhor também exibia um processo de... derretimento? Ao menos a sua testa indicava algo assim: Suava, suava, a pobrezinha.
Decidi me aproximar, após meu generoso titio, primogênito de mais dois irmãos e duas irmãs, oferecer um lenço de pura seda ao Homem de Testa Feito Sorvete no Sol de Verão. Era esse o seu novo nome para mim e para quem lê esse devaneio, o primeiro de 2024. Segue a prosa entre eles. Sou testemunha ativa do processo.
-Porque você sabe que és um corno.- afirmava, convicto, o meu tio.
-Sim, sim...- balbuciava o Sr. Sorvete Testa Derretida.
Passo curto, curiosidade alta.
-Sr, meu tio: o que é um corno?- eu juro que tentei.
O primogênito do meus avós não me explicou o significado de tal honraria , porém me apresentou ao suposto homenageado:
- Esse aqui é um sobrinho querido , lá do Rio, Não do Rio Grande mais ao Norte , mas aquele de Janeiro. Estácio de Sá, Mem de Sá, Sebastião...Esse aqui, querido, é um corno.
Prontamente, apertei a mão já estendida pelo pré moribundo, seguida da saudação que não poderia não haver:
- Muito prazer, Sr. Corno.
-Encantado,encantado...-retribuiu um pouco trêmulo.
Não sei qual fora a razão para esse encantamento todo, mas ele se despediu feito um raio. Quase levou ao chão o famigerado chapéu e que já estava com uma parte amarrotada.
Titio não me disse o significado do tal termo, corno.
A história dizia respeito ao romance do irmão de titio, o segundo na lista de irmãos, mais bonito e solteiro convicto, com a ex. mulher do quase derretido e de chapéu com nome de país latino americano. O derretido ameaçava dar uma surra nesse titio mais repleto de bonitezas. Só que tinha esquecido do temperatura apimentado do irmão da belezura, o destemido.
Tão simples. Para que essa digressão toda?
O primeiro corno a gente pode não esquecer. De preferência, não imitar .
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M Fernanda Erdocia, Andrea Dutra e outras 14 pessoas
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 Na sequência das rememorações com tios queridos e saudosos , a primeira experiência libidinal demoníaca se deu nos idos dos anos 1970. Na Avenida mais célebre da capital mais rica do país, SP, Avenida Paulista, existiam 3 salas de cinema de uma tradicional emissora de TV: A TV Gazeta. Que ainda resiste. Gazeta, gazetinha, gazetão. Eram os nomes das respectivas salas de cinema.

Gazetão era enorme. As salas de exibição de alguns cinemas no país eram enormes. Não existia vídeo cassete, cd-player, computadores domésticos, GPT-4, nem mesmo Big- Brother ( Aff...) ...Televisão era muito bom; cinema , melhor ainda. Pipocas, refrigerantes! Tudo que pode fazer bem... e mal.
Caminhando pela Paulista, o meu querido tio avista o letreiro do filme que era portentosamente exibido . Entramos naquele prédio imponente e que abriga um colégio tradicional, há décadas. Se não estiver mais por lá é fake.
Titio falou com um cidadão que me olhou com atenção e sacudiu os braços. Parecia não concordar com alguma coisa, mas acabou cedendo. Por quê? Porque o meu prezado tio era bastante convincente e o rapaz bastante agradável. E também pelo fato de que estávamos no período natalino.. Os 15 minutos anuais daquele velhinho gorducho que promete, promete... A turma do Bolsonaro diz que ele é assim porque usa vermelho... 'Comunista vindo do norte da Europa.. Se não come criança, rouba as criancinhas..'- teria dito o inelegível.
Entramos naquela sala enorme e fomos os primeiros. Meu tio fez questão que ficássemos lá no fundo daquela imensidão para que não ficássemos tão expostos. Expostos?
O filme começou, e para minha sorte, terminou. Voltamos para casa. Ufa..
Passei uma semana dormindo com a luz acesa. Depois de alguns dias em quase estado de catatonia. Ora, Ora, Ora..Tinha somente 8 anos de idade e acabara de assistir ao tal 'filme pedagógico' , segundo meu padrinho, 'O Exorcista'. Estrelando, Linda Blair.
Sentar no fundo da sala, era estratégia prudente mediante a minha idade avançada para aquele tipo de película. Ele me garantiu duas coisas :
1- Se perguntassem a sua idade, diria que você era um anão.
2- Ora, ora, ora, digo eu: você presenciou um múltiplo orgasmo de uma mulher , digamos assim, cheia de tesão. Aquela cabecinha girando, girando, levitando, levitando... Nem o padre segurou.
Perfeito.

terça-feira, 19 de setembro de 2023

 Lá onde a coruja dorme!

A memória não precisou de muito esforço para alcançar as imagens e conversas da época. Esse enredo diz respeito a um fato pueril, despretensioso, leve e que alcança o mundo esportivo da bola dos gramados e chuteiras, hoje em certos recantos, milionários.

Waldir Amaral era um locutor de jogos de futebol. Vinha desde os anos 50, século passado, e tinha aquele timbre de voz inesquecível (qualquer um pode acessar suas narrações através das plataformas internéticas). Fã do Botafogo, dividia na Rádio Globo as transmissões com Jorge Curi. Jorge era um outro cracaço das eras gloriosas e glorificadas da rádio. Essa divisão passou a ocorrer quando ambos já estavam mais velhos. Waldir narrava um tempo do jogo, Jorge narrava o outro. Se bem que não era somente pela idade. Aqui meu relato se equivoca porque eles fizeram essa dobradinha na Copa de 1970. Aquela que ofereceu, para sempre, ao Rei Pelé, o seu trono devido. Informação importante já que cometi a indiscrição reveladora sobre a instituição esportiva predileta de Waldir: Jorge era muito flamenguista. 

Jorge era irmão de Ivon que por sua vez era cantor e ator conhecido. Foi um dos criadores, aqui no Brasil do que Japonês inventou com o nome de Karaokê. Um lugar em que as pessoas têm acesso, através de televisão ou computador, de uma música, uma melodia em que a voz do cantor/a está suprimida. A letra da música surge na tela para que seja cantada pelos amadores também conhecidos como clientes. Obviamente, surgiram nesses espaços pessoas que sabiam ou sabem cantar. Mas isso não é o mais frequente. O que temos na maioria dos casos é aquele desastre de vozes desafinadas, com impostação equivocada, etc. Quando estive nesses ambientes, o cenário para mim sempre foi de palhaçada geral. Afinal, todo mundo tem currículo. 

O Karaokê de Ivon Curi chamava-se Canja e restava ali na esquina da Ataulfo de Paiva com a Carlos Góes, Leblon. Essa esquina embalou as minhas tardes, pós- praia e noites, a dentro. Incontáveis fantasias, amigos revelados e eternizados. Como sabem, toda fantasia para a Psicanálise, desde Freud, é sexual. Foi no Canja que fui e num outro que ficava em Botafogo e que também se tornava célebre. Aqui, entre nós, que presente aos ouvidos, aos ouvintes. Hojendia, bem mais exigentes e sensíveis. 

Waldir eu conheci no Caiçaras. Clube localizado na Lagoa Rodrigo de Freitas, Epitácio Pessoa (nome palaciano) e que deveria se chamar Laguna Rodrigo de Freitas porque está conectada tanto com a água salgada do Oceano quanto a água mais adocicada de um rio.

 Entrei sócio do Caiçaras antes mesmo de saber escrever. Se é que aprendi.  Permaneci por 18 anos e recordo da primeira festinha para os colegas do colégio que detestava. E de diversos festejos outros. O melhor daquele colégio que, carinhosamente, chamo do meu primeiro exílio, eram as festinhas. Tinham uns garotos enricados cuja família fechava o Tivoli Park, também postado na Lagoa-Laguna, mas com nome de um outro político e que não foi Presidente do Brasil: Borges de Medeiros. Presidiu sim, na República Velha, O Estado do Rio Grande do Sul. 

O Tivoli merece esse parágrafo exclusivo à medida que foi para nós, tropicais seres, uma espécie de Disneylândia carioca. Uma década depois surgiu a Medinalândia, conhecida, até na estranja, como Rock in Rio.  E o Maracanã, apesar da destruição desrespeitosa que sofreu a partir de 2010. Provavelmente, o falecido Estádio Mário Filho é o maior campo de golfe do mundo.

 Portanto, após um sonho em estado de vigília, essa história acontecida reaparece nessas letrinhas:

Waldir narrando o jogo, Maraca raiz lotado. Ibrahim Sued, à época como fotojornalista e pouco se lixando para futebol, escalado para cobertura do jogo com sua máquina fotográfica a postos. Ele que, posteriormente, se tornaria apresentador de TV e colunista social com suas frivolidades típicas, repletas de mimos, badulaques, sem dar a mínima para aquela pelada séria, profissional, testemunhada por centenas de milhares de tarados (já diria Nelson Rodrigues. Irmão de Mário Filho e que batiza o estádio fincado na Tijuca) percebe algo diferente no cenário tão mundano do jogo de bola. Ali, na verdade, acolá, cochilando sobre o travessão (aquela trave terceira que fica acima do cocuruto do goleiro) dormia uma coruja. Pois É. Tranquilamente, uma coruja dormia.

Não sabemos se era macho ou fêmea, o tal bicho, mas Ibrahim garantia o fato e exibiu a imagem. Ele fotografou a ave, também conhecida como ‘a soberana da noite’, misteriosa, símbolo de sabedoria para tantos, dormindo enquanto a partida transcorria. Tão somente conhecemos sobre a anatomia do bichano para saber se possui glândula pineal e melatonina suficiente para adormecer quando o sol e o barulho da multidão parecem não atrapalhar seu repouso.  Morro de inveja.

Capa do Jornal, manhã seguinte, a fotografia, diriam hoje, viralizou. Naquele instante, Waldir Amaral também se torna um pouco mais imortal, através das suas futuras locuções. Na linguagem do boleiro, ao dizer assim:

 ‘É gooool!!! A bola entrou no ângulo superior esquerdo da baliza que está localizada à direita das cabines de rádio. Tem peixe na rede do fulano, choveu na horta do sicrano. Lá! Onde a coruja dorme! ‘


segunda-feira, 8 de maio de 2023

 Ruy Barbosa ,cujo texto era prolixo demais e os discursos tão longos que cansariam até Fidel Castro e seus seguidores, faz 100 anos de morto ...Isso é algo estranho para se dizer de alguém que, centenariamente, não pode mais se defender . E se ele fizesse ,ficaríamos até o fim do ano escutando as 'ruyzices'. Foi um herói( para Ruy sempre uma oxítona em ditongo aberto carregará o acento, ó pá ).

Quando em 1989 celebraram os 50 anos de morto do Dr. Freud,uma menina ( hoje deve ser uma mulher bem crescida) perguntou ao pai , psicanalista:
- Pai. Freud era muito chato?
O pai espantado, equivocado, respondeu com uma outra pergunta ( típico de praticantes irritantes desse campo):
- Por que minha filha ?- Como assim, chato?
- Não... Veja bem. Cinquenta anos que ele morreu e as pessoas ainda comemoram ....
Como se diz nas coxias teatrais burguesas,
' Fecha o pano'.

 Notas de perplexidade

😵

 Pedrinho Matador, sobrenome incorporado,  foi condenado 20 vezes pelos 71 homicídios  segundo dados oficiais. Contudo, ele se vangloriava de ter cometido ao menos 100. Número redondo. 

Sabe-se que boa parte dos crimes foram realizados na própria penitenciária, em SP, capital, onde cumpriu 42 anos de detenção.  Dentre os assassinados,  seu próprio  pai. O rapaz  se dizia um justiceiro e nessa terra de Cabral em que somente 10 por cento dos homicídios são solucionados , o serial matador devia ter apoiadores e financiadores potentes. E aos montes. 

Incrível não é mesmo ? Alguém matar dezenas de pessoas dentro de um  presídio e  ao longo de décadas! Um gênio na arte da invisibilidade. 

 Saiu da cadeia em 2018. Tinha dinheiro...Morava com uma irmã que deveria dormir com a porta do seu quarto bem  fechadinha.

Domingo último, Pedrinho , quase septuagenário, encerrou carreira para sempre.

Curioso o fato de  alguém que não foi contido,  isso também é bastante relevante,  'esquecer ' de se esconder ou sumir para bem longe, para sempre. Ao contrário,  esse Pedro Mau exibia sua rotina.  Chegou a  gravar  entrevistas para programas televisivos de grande audiência. E tinha também  conta em rede social.  Por exemplo : euzinho sabia que ele jogava sinuca tantas vezes por semana e num mesmo local; naquela mesma 'bathora'. 

Ele, por suposto,   era alguém bastante  contemporâneo, nesse aspecto, diante e mediante esse inacreditável mundo velho,ou seja :

 Vale mais se exibir, custe o que custar, nessa horda de baixos narcisismos. 

Mas ao que parece,  o fã clube do criminoso  resolveu lhe fazer uma visita à bala; à faca. Lá,   na tal  casa , da tal irmã,  onde morava e fazia questão que outros não euzinhos soubessem também.  

Perversidades com testemunho  midiático são virtuosidades para muita gente nesses nossos dias. E o      cinismo? E a burrice?

A terceira guerra mundial, realmente, já começou faz tempo. Aquela no Leste Europeu, a mais célebre  do momento,  tem estilo vintage.