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terça-feira, 25 de agosto de 2015

No haver das marionetes.

Se acaso um meteoro por aqui fizer pouso forçado, sem aviso prévio, não quero saber. Não me avisem sobre o pouso, nem sobre o dia ou a hora do desembarque; E se a bagagem é por demais excessiva, prefiro a leveza de mais uma ignorância bem conformada. Prefiro pois a ilusão de que algo restaria e que não fosse só um sonho mal assombrado ou notícia falsa. Carne fraca, goela fina?
Não se reduziria ,tão pouco, a uma pergunta sobre o que se faria se por esse outro acaso só nos restasse esse dia. Um susto? Um derrame? Um gozo? O que por melhor, visto que o pior já está posto de saída, fazer?
Uma vez, um pensante lá das Europas dissera que esse gozo vislumbrado era sempre para além daquele obtido. Aqueles possíveis. E depois, restará um cigarrinho ou uma bebidinha. Quem sabe uma pizza? Um soninho? Sempre aquém desse mais além. E o próprio mais além também é de faz de conta. Afinal, e até mesmo em princípio, não há nada mais além.
Nossa ficção de gente nos empurra para essas aporias. Aquela sinuca de bico. Com a qual se procura por uma tacada mais elegante , para que não se rasgue o pano esverdeado, brilhoso, da mesa. Jogadores são pessoas que levam a sério o combate da brincadeira. Nas mesas, nas roletas, nas cartelas, nos páreos e cavalos.
Uma senhora, para um bom exemplo, berra naquele salão esfumaçado pela nicotina que arrebenta pulmões: 'Bingo'! E a concorrência ao invés de aplaudi-la pela conquista- o mínimo de reconhecimento pela façanha portentosa- dispara um torpedo para o meteoro, comunicando-lhe o endereço do futuro defunto. Sem piedades. Só linchamento. 'Explode primeiro essa mulher que me atrapalha os sonhos'. - teriam murmurado em voz alta. Deve ser por causa daquele ambiente insalubre, fétido, decadente, e ainda por cima ilegal para os padrões de cinismo da pátria educadora, esse ódio todo.
A senhora em questão permaneceu risonha. Teria congelado? Estátua! Brincadeira sem dividendos a receber, em tempos de criança com suas brincadeiras de criança. Hoje, elas se espalham pelos parlamentos e mercados financeiros. Banco Imobiliário?
A disitinta dama tinha os olhos encobertos por grossas lentes de uma lente bifocal que, às vezes, não sabe o que foca. Fica dubitando, oscilando, e não decide. Seria viúva? Estaria flertando com aquele moço que vende promessas vestidas de cartelas e que agora lhe dirige palavras de incentivo? Ou estaria enxergando, de fato, assombrações? Mula sem cabeça? O marido que partiu para uma outra guerra e nem disse ao menos: Há Deus?
Acomodada novamente no seu trono desbotado, finge manipular poderes. O jogo recomeça e ela crê que interfere nele apenas por permanecer por ali e fazer uns tracinhos no papel viciado. Vejam como não somos os únicos a viver de ilusões no haver das marionetes.
Era uma vez um meteoro que nos encheu de esperança. Uma criança.