Será que a gente consegue se livrar de um certo narcisismo baixo?
Observo alguns comentários exemplares sobre preferências eleitoreiras e ele se mostra.Ele quem? O tal narcisismo.O cara não somente aposta ,mas faz defesas apaixonadas de si - é claro- projetadas lá no candidato escolhido.O outro não presta.
Faz algum tempo que não escrevo nada aqui nesse espaço. Ando narcisicamente -não há escapatória disso- dizendo abobrinhas numa ferramenta chamada facebook.É uma gracinha internética onde postamos escritos, imagens ,gemidos ,através de uma limitação de caracteres.O troço é bem curtinho.Quatrocentos e poucos caracteres no maximo.E tem coisa mais curtinha ainda.
Entretanto, ele também é ótimo pois falar algo através de um número reduzido de letras ou palavras ou sons ou imagens é uma beleza.
Fui educado num sistema religioso - católico- em que longos sermões eram valorizadíssimos. Além do mais, as obras literárias também eram muito extensas.Imaginem hoje um jovem atravessando a obra de Proust?Aqueles sete volumes em que ,vez ou outra, o grande Marcel leva páginas a fio descrevendo o laço de fita da roupa de uma personagem?Se você não se atentar para o fato de que naquele laço de fita há a condensação de todos os personagens e por conseguinte toda a história ,adeus ao livro.
Será que dois gênios conseguem ser amigos?Conseguem pelo menos conversar?Não concordar genialmente?
Não preciso convencer ninguém de que ele está enganado.O que posso saber sobre o engano alheio?Para além ou aquém de uma visão minha que é pojada de sintoma?Quando avalio,avalio de que lugar?
Isso é fundamental pois os nossos preconceitos já tomaram o poder faz tempo.
Um dia imaginei uma conversa ,seria melhor escrevê-la,fingi-la ao menos, entre criaturas,ditas humanas, que desconfiam.Não recorrem a nenhum argumento de autoridade ,como por exemplo,enfiar o Proust na conversa.Tão somente,escutavam e argumentavam.Ninguém teria razão e todos teriam.
O problema é que queremos sempre ganhar as discussões.E é normal esse querer.
Queremos o poder. Poder é bom.Impotência é triste...até mesmo nas partes baixas.Se bem que as novas tecnologias trazem diversas possibilidades.Sobretudo para os que acreditam demais nas próprias piroquinhas.
Odiamos a crítica também, porque toda crítica é destrutiva.Ela implica em descontinuidade,mesmo quando nos considera uma maravilha.E aí se localiza também o cinismo sobre ética. É parecido o movimento.
Se alguém não tem uma conduta que a nossa turma concorde ou aplauda ,não é ético.Mas se esse alguém é ou esteve próximo da gente ,pode ter sido tão somente um erro político.
Lidar com a tal crítica é semelhante. Se foi elogiosa , vira propaganda para o espetáculo.Se foi contundente no seu não apreço pelo mesmo espetáculo, quem a fez geralmente não presta.
Certa vez, uma famosa atriz brasileira ao receber um troféu,por causa da sua atuação numa telenovela,dedicou corajosamente o troféu a uma colega que, disputara o mesmo prêmio com ela. Ela dedicou; ela não lhe deu o prêmio.
Meu mestre traduziu aquele volume enorme e maravilhoso ,escrito por Freud no início do século passado, chamado "O Mal Estar na Cultura" , para 'A vida é uma Merda'. E freudianamente sabemos que ouro e merda são o mesmo. A variação se dá em termos de odor.
Argumento de autoridade posto sobre o papel monitor: encerro esse troço que escrevo sem concluir quase nada. O que é ótimo,pois implica na continuidade dessa falação que não cessa.Ainda que, através de parcos caracteres.Quantos foram mesmo?
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