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domingo, 21 de fevereiro de 2010

Quando os fundamentos caducam

Quando os fundamentos caducam,desabam, é hora de virar gente pra valer.
Contemporanizar-se com o seu tempo,vislumbrar as entrelinhas ,lembrar que se caminha o tempo todo sob e sobre as nuvens.Saber que paralisar-se olhando para trás ,só pelo fato de que lá frente talvez o que seja fim não seja e nem haja final algum,na verdade , é uma neurose muito antiga.
O chão, gravítico,tectônico por natureza desliza feito passista bamba do samba.
Picasso,também belo sambista, certa vez pintara sob encomenda o quadro de uma senhorita bela e socialmente importante.Diante do que viu,a moça esbravejou e disse que o pintor era louco.Ele apenas a retratou como a via.Ela ,por sua vez,tinha outro olhar para si.
A tal senhorita por certo não gostou das formas não euclidianas,simétricas,bem orientadas,em tons de cores neutras ( do tipo que pode combinar com o sofá da sala para visitas) e que não compunham o olhar, naquele momento, do grande artista.Na verdade,aquilo tudo estava sendo ultrapassado por ele.
Essa ditadura do euclidianamente correto invadiu o mundo todo há séculos.As artes plásticas,a música,o teatro ,seja ele burguês ou pra valer, etc.
Vejo-me vez em quando igualzinho a esses caretas quando diante de uma diferença radical, ao que é tão caro aos tantos sintomas que me norteiam, a dificuldade em reconhecer aquilo como mais um sintoma,mais um tesão vigente.
Você pode ter o direito de não gostar ,mas reconhecer que é válido. E matar sem ser por legítima defesa?
Aí não pode , pois a diferença é excluída de cara.Mas também pode,senão o que teria acontecido no mundo todo por esses tempos com sua história pouco louvável?
Temos ,porém, toda liberdade para desejar essas maravilhas que são meras consequências da nossa inadimplência ,pelo fato de que o nosso desejo de última instância,porque primeira, não se realiza.
Sem culpa.A culpa é uma vergonha indolente,preguiçosa.
Aprendi em livro recém publicado que Chinês que é Chinês não sofre de culpa alguma.Ele reconhece a bobagem que fez e tenta consertá-la.

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