Armando Rodolfo estava no teatro pela primeira vez. Acompanhado de sua mãe que o tinha convidado para prestigiar a irmã que, por sua vez, exibia virtuosidades juntamente com a sua turma de sapateado. O cenário: um grande teatro em área nobre da cidade. E com a platéia alvoroçada.
'Tap Dance'- garoto. Irmã mais velha adora esse tipo de provocação. No século passado, o clã das irmãs utilizava o pejorativo 'pirralho' a fim de encerrar qualquer argumentação. Um nocaute. Portanto, 'pirralho' e 'garoto' são algumas das armas quase letais nessa batalha familiar intensificada no fim do ano com seus festejos desgastados, previsíveis. Por exemplo: um ano termina e um outro parece que tem que começar. Para quê tanto imperativo? Algo tão opressivo. Junte-se a isso um calor tórrido e pouco civilizado pelos lados mais rebaixados do Equador imaginário.
O garoto estava impossível. Mudou de lugar algumas dezenas de vezes e agindo assim supunha iniciar um balé sedutor na direção de sua mãe. Estaria suicida, o pequeno Armando? Ataques de ciúmes por causa do olhar amoroso, materno, desviado para sua irmã? Sim, pois sua mãe procurava- quase à beira de um ataque à Almodóvar-, e mesmo com as luzes apagadas e o espetáculo a começar, pelos teclados do abominável celular. Essa jovem senhora não respeitava as recomendações de manter o tenebroso telefone século 21 fora de cena. Imaginem!- teria olhado em voz alta e plena.- Se vou deixar de registrar esse momento inédito, único, da minha exibição (ôps), quero dizer: da performance da minha única e mais querida filha! Armando Rodolfo não gostou. Ela, ao perceber seu desapontamento, explica-lhe que colocara tudo no feminino. Portanto, a loucura estava bem posta. Utilizou o gênero mais apropriado.
Visto isso, O pirralho ( ôps), o garoto, aceita o armistício. Sabe que a mãe - bem maior e robusta do que ele- não está para firulas. Assustador, contudo, para os seus olhos de fantasia, pois a mãe leva tudo muito a sério. Ela crê fundamentalmente. Então, remexe os quadris, dança, goza frenética. Felizmente, poupara os saltos do sapato, tamanho 20cms, que tentavam acompanhar o ritmo dos 'tap dancers', enquanto ajustava a câmera do monstro portátil que, muito raramente, serve também para se dizer um singelo 'alô'.
Quando consegue ajustar a posição adequada para o tiro, seu filho a faz, outra vez, perder a compostura. Ele reconhecera o poder maior do outro, mas não se conformava. O que comprova sinal de inteligência. Não ia desafiá-la sem medir algumas consequências. Temerário, imprudente, ele pula, fingindo entusiasmo verdadeiro, para uma outra poltrona, e cuja distância para tal proeza exigia perícia. Porém, o movimento foi tão brusco que a fileira inteira parecia fazer uma onda. Daquelas que torcedores nos estádios de futebol fazem. Fingindo, tão bem, felicidades.
De repente, a compostura materna adentra com o pedido de falência, e a partir daí, o filho da mãe começa a gritar por um nome. Quase uma prece. Parece que era Marina, o dito nome de menina. O público, por sua vez, espanta-se. Alvoroçados desde o início, viravam as cabeças na direção do menino e quase o fuzilam munidos de batons, leques, celulares e outros quitutes.
' Estás louco?- pergunta um semideus assombrado que passara por aquele palco, décadas atrás. 'Decidir por provocar a cólera dessas senhoras? Mães e até as avós dessas meninas que dançam com as suas próprias pernas, num noite de estréia? Festa de estrelas? Continuas com tanto talento para o suicídio?'- prosseguiu o fantasma antes de sumir na coxia.'
O menino silenciou. Evocou um adágio, depois um noturno, mas vislumbrou mesmo a marcha fúnebre no horizonte de três poltronas à direita. Não ousava, ele mesmo, virar a cabeça para o lado. E se um torcicolo o tomasse de jeito e ficasse congelado como nas brincadeiras de outrora: 'estátua'! Aquela senhora o mataria ali mesmo. De um modo ou de um outro modo, ela o faria. E alegaria legítima defesa da sua honra. Crime doloso. Não há nenhum porquê para não assumir tal ato. Afinal, quem mandou cutucar certas loucuras milenares?
Permaneceu quieto, imóvel. Estaria vivo? Ah! Ainda respira. É possível ver uma lágrima se destacar na multidão. A lágrima sobe e desce. Muda de figurino. Metamorfoseada de riso, ela aplaude o derradeiro ato daquela dança. As abomináveis máquinas de tirar fotografias - dessas que fizeram ninho nos telefones onipresentes- disparam seus ataques de luzes e flashes.
Dizem que se passaram minutos. Pura ficção de algum contador dos tempos. Mas o que se sabe é que Armando Rodolfo exaltou como nunca todo o ciúme, a inveja, certo horror com amor, ressentimento, na direção da irmã Marina que, a essa altura, estava embevecida pelos tantos aplausos e gritinhos que a audiência lhes dirigia.
Foi então que o garoto DDA, DDT, Hiper-Polar ( síndrome de urso), Maníaco Depressivo, Hiperativo, ou seja, Contemporâneo, decidiu agir feito um homem precoce: virou lentamente a sua cabeça para o lado direito daquela fileira de poltronas que, massacradas pelos seus pulos, respiravam ofegantes. Uma eternidade esse vira-vira. E o mais espantoso foi o que presenciou.
Caída no chão, celular agarrado às mãos ( feito uma reza) estava sua mãe. Àquela....Simplesmente, desmaiara.
Armando Rodolfo se aproxima. Passa a mão no seu rosto e suplica-lhe que acorde. Ela abre os olhos, confere o celular. Aflita, mas agora, contente. Gravara tudo. Até mesmo a hora que antecedeu o seu piripaque. Os dois se abraçaram num dramalhão só. 'Filho! Tenho que lhe dizer algo.- diz a jovem senhora. Antes de quase morrer, avistei um fantasminha que mora nesse teatro, faz muitos anos. E ele me disse que você seria uma excelente bailarina (ôps), bailarino.'
O menino-pirrralho-garoto aprendeu na sua primeira ida ao teatro - e com o reforço da mãe da bailarina - que não se deve confiar em qualquer assombração. E como nos relembra Fernando Pessoa... 'Apesar de sermos os avatares da estupidez passada'.
quarta-feira, 23 de dezembro de 2015
terça-feira, 8 de dezembro de 2015
Contudo, embora, entretanto. Isto é: ou seja. Locuções e mitos.
Esse título, nada usual, diz respeito à certas construções linguageiras- as 3 primeiras são chamadas conjunções gramaticais adversativas e as 2 seguintes são locuções que juntam duas frases ou palavras , normalmente, tentando retificá-las ou ratificá-las.
Nessa linha, o jornalista e autor gaúcho, Fausto Wolff, - empedernido brizolista e que morreu há poucos anos- era conhecido por seu texto preciso ( o que seria isso?) e por ser o mais hábil dos jornalistas/escritores a utilizar, por exemplo, o pronome que. Esteja ele na sua forma indefinida ou relativa.
Aprende-se que o brilhantismo de um texto, necessariamente, tem a ver com o estilo desenvolvido, encarnado, que alguém poderá dizer com palavrinhas. Deve ser esse o sentido do emprego do pronome que, por Fausto. Ele tinha brilho com o quê. E não somente com o que. Fausto foi um ensaísta, diretor de teatro e deixou vasta obra intelectual. Era machão dos pampas e ao mesmo tempo doce. Morreu no dia seguinte à morte de um outro celebrado machão, talvez o maior deles, Waldick Que, não era cachorro NÃO, Soriano. Waldick não se submetia à exames de próstata. Seu câncer começou por ali.
Nesse meu caso pessoal, tenho sérias questões- não tanto com as dedadas invasivas e impessoais às quais nos submetem os exames prostáticos-, mas com as conjunções, pois sou uma espécie de viciado. E aí, para mudar o foco, justifico com essas mencionadas locuções. Para aquilo que, provável/mente, ainda não fez sentido.
Outro vício incurável é a aplicação das reticências. Não irei nem ao menos reafirmar a sua função na escrita, já que temos como fonte de inspiração uma bela autora do teatro infantil francês e que declarou que, às vezes, ao se cansar muito, depois de horas de tela vazia, papel em branco, interrompe essa atividade para respirar um pouco e sapecar umas reticências. Disse ainda que tinha preguiça com a tal pontuação. Se acaso sofresse de asma, iria rever suas posições e pontuações.
Reticências seriam um mero capricho para evitar longos períodos, hiatos....Reticências. Suspensão.
Suspensão de sentido, emoção velada. Conjunções que tentam contrapor o sentido pregresso ou as locuções que procuram juntar palavras ou frases anteriores a fim de confirmá-las ou negá-las. Brincadeira de equivocar qualquer sentido ou qualquer falação. Para quê?
Eis que a forma pronominal -com a qual se divertia tanto o jornalista gaúcho, Fausto- reaparece. Uma curiosidade quase desproporcional à pretensão do texto. Existiria, por exemplo, QUE em alemão? Goethe sabia sobre esses quês tão endiabrados? Quase que fundamentais? Imperativos? Estariam indefinidos?
A relatividade proposta por um festejado conterrâneo, Einstein ( aquele mesmo que estirou a língua para o universo em expansão ), ajudaria nesse confusão de línguas e seus artifícios/artemanhas? Tempo e espaço se misturam. São ficcionais? Um texto fala sobre fatos verdadeiros ou fatos falsos? O que é a vida real e o que é a ficção? Se está sendo inventado, por que não é 'da vida real'? Só é considerado da chamada vida real o que já estava por aqui, antes dessa espécie gente estar? Portanto, passemos a saudar as árvores, os cachorros,a lama que muda a cor dos oceanos, mata, e assim por diante. Mas não haveria minha concepção de lama ou rio se o conceito/palavra assim não houvesse. Haveria outra coisa. Mas ambos, rios e lamas, estariam lá, desde sempre, a se supor antes da gente. Quem faz essa conta? Seria um demiurgo? Esses seres transcendentes apelidados de deuses? E quem faz a conta por eles? Esse recuo reflexivo provoca vertigens na entropia/neguentropia da expansão do universo. A Língua de Albert Einstein aponta para o infinito. E lembremos que o projeto dele, hoje, pode ser considerado um clássico. No contemporâneo temos os quantuns, os bits, q-bits e física feita de cordas.
Na nossa estada contemporânea, presencia-se essa confusão de mitos e ditos. Tudo parece que morreu e insiste em continuar. Mas como pode? Um desfile de mortos vivos. Talvez por isso que existam tantos filmes com zumbis. Uma nova festa de família? Já que o fim de ano está perto, o tema está posto: lado a lado com comilança, champanhe, saco de Noel e lorotas. Enganamos criancinhas, por séculos, e isso não é considerado assédio. Curioso.
Terminemos tão somente para prosseguir, 'claricianamente', ou seja ( UFA! Não se resiste) artemanhas de Clarice, fazendo um som mais ou menos assim. .......... Ou melhor,.;"?!~^{}
domingo, 22 de novembro de 2015
GOL DE CRIANÇA.
O pai ninava a criança numa guerra de gramados. Eram duas as
crianças. Uma já o imitava nas macaquices. Vestia a mesma roupa deselegante e entoava
os mesmos cânticos. Não é só um hino francês- agora na moda- que conclama
guerras e sangramentos. Muitos outros conclamam barbaridades também.
A criança ninada parecia conformada. Não se mexia. Estaria
morta? Não. Estava fugindo daquilo tudo, e bem ali, com as únicas armas que
dispunha. O pai, atento, olhava para ela a todo o momento. E aquela madame
gorduchinha, chamada de bola , seguia maltratada
por uns marmanjos – maus guerreiros- naquele domingo de céu emburrado. Seria
pelo péssimo espetáculo que se exibia? Não. O céu não perdia mais seu precioso
tempo com essas crendices.
Depois de todos esses Nãos que tal um substancial SIM? Sim!
O jogo com bola, senhorita de círculos, passou a não interessar tanto, mas sim -
olhem a afirmação de novo em campo- o que o maluco com as duas crianças por
ninar e educar poderia fazer se por um milagre a equipe pela qual rendia
homenagens fizesse um gol? Vencesse, finalmente, a partida?
Ele poderia arremessá-la para o alto ou para o lado. Poderia
lhe arrancar a cabeça. Esmagá-la com seu corpanzil de 100 quilos e ainda
arremessar o outro filho para o gramado. Lá, junto aos gladiadores que se debatem e se beijam
mediante o gozo da vitória, celebrariam. Poderia, poderia. Isso poderia também
virar uma paranoia daquelas. Tão frequentes nas políticas contemporâneas.
Nada disso, porém, aconteceu. A criança despertou e foi
colocada no seu colo de pai. Sentada, ereta. Clássica. Minutos depois, pouco
antes de o árbitro encerrar a batalha, ela, inadimplente criatura, bocejou
graciosidades de criança e mijou sem privacidades toda a cafonice do seu papai.
Foi a melhor jogada naquele fim de dia, fim de mundo.
A MENINA GRINGA
Virgínia tinha um metro e muito de altura. Pele clara, olhos
a lhes acompanhar. Em tempos de hoje, com essas exigências forçadas,
harmonizavam perfeições. Era uma menina
gringa. E pessoa gringa, naqueles mesmos tempos, eram bichos raros pelo simples
fato de que o Brasil sempre foi muito distante do velho mundo. Se bem que ela
não vinha de outro mundo tão velho. Além do mais, o modo de deslocamento dos
corpos de então tinha precariedades. As distâncias eram bem maiores; um
telefonema de saudades vindo da estranja trazia muitos ruídos juntos; sem
contar as tarifas – os famigerados interurbanos- que eram bastante caras. E os
postais? Retratos coloridos que viajavam de charrete. Muitos se perderam sem
deixar pistas (crime perfeito?) ou chegavam bem depois do retorno de quem
partiu brevemente.
Virgínia andava de patins. Bailava com seus pés feitos de
rodinhas pela única quadra de futebol de salão que existia naquela superquadra.
Segundo conspiradores, esse espaço foi construído mediante intervenção
estadunidense, a pátria da patinadora. E qual seria a razão que mobilizaria uma
embaixada para esse fim? Nunca ficou claro, mas parece que era uma simples política
de boa vizinhança. Afinal, o prédio da embaixada- lá eles apelidam essas construções
de blocos- ficava praticamente em frente.
Após as peladas de salão, a moça loira patinava seus encantos.
De tanto que o fez que um amigo se apaixonou. Desengonçado nos estudos e com as
pernas, esforçava-se com a língua....inglesa. Era o único saber em que se esmerava por
melhores resultados. Tinha intenção definida, alvo vislumbrado, arma apontada,
uma pequena guarda pretoriana de discos de vinil (coleção até invejável) e nada
mais. Ao que tudo indica não teve êxito.
A jovem patinadora, filha de um funcionário da CIA (cuja
sede fica no estado da Virgínia/EUA, e por isso o seu nome próprio), não
correspondeu ao cerco quase bélico do nosso companheiro iludido, ou melhor,
apaixonado. Talvez o aspecto belicoso é que tenha atrapalhado. Corria uma
ditadura militar por aqui- com todo o apoio norte-americano- e eles não queriam
financiar outras forças que não as suas. Todo brasileirinho que se aproximava
daquele edifício pertencente à embaixada deles era observado de perto pela
segurança. Quase hostis. Mas não estavam errados. Eles sabem muito bem o rabo
preso que têm.
Virgínia um dia sumiu. Isso mesmo: desapareceu, escafedeu-se.
Teria sido roteiro para algum sucesso premonitório de cinema Hollywood? Teria essa
bela jovem se tornado mais uma vítima do terror que certo regime impôs no
continente perdido, durante os anos 60, 70 e 80?
Os boquirrotos e boquirrotas garantem que não. Ela só
desapareceu por não dizer Adeus. Voltou para algum canto do planeta onde seu
papai seguia conspirando, bisbilhotando alheios.
Contudo, ainda resistem àqueles que sentem o som e as curvas
daquele deslizar, sem concorrência, daquelas pernas longas e estrangeiras. Nunca
uma conspiração foi tão adorável.
segunda-feira, 16 de novembro de 2015
Cada tempo tem o jogo de xadrez que lhe Merece.
Diante do fato que boas ideias- ao menos contemporâneas, provenientes da cabeça dos mandatários mundiais estão cada vez mais raras, diversas elocubrações surgem sobre o ocorrido na França ou com aquele avião russo ou no mercado em Beirute.Um outro mergulho de sangue no balneário tunisiano contra os turistas ou também contra turistas mexicanos, no Egito Duas coisinhas; estamos enfiados na mesma lama- seja a criminosa de MG ou de Bataclans ( Aliás, os proprietários são judeus franceses e já tinham sido ameaçados) -, e a outra é uma pitoresca historinha que recordo e mostra o quanto de flexibilidade ( flexibilidade?) um partido político e seus mandatários podem ter, exibir.
1989, eleições presidenciais. Após 25 anos. Leonel Brizola- candidato desde o berço em Carazinho/RS- caminha a passos de bombacha em direção ao palco do programa - até aquele momento com elogios superlativos- do Sr.Sílvio Santos. Todo mundo sabe que Leonel era obcecado para ter espaço maior em emissoras televisivas e que não conseguia coisa melhor junto à família Marinho, aqui na antiga Guanabara. No meio do caminho, não mais uma pedra, e sim , uma BOMBA. Avisaram-no que Sílvio poderia sair candidato no lugar do colega de partido, o ex-Vice Presidente, Aureliano LEXOTAN 6MG Chaves. A disputa já corria suas últimas voltas e se o Homem do Baú resolvesse participar, o estrago para os adversários seria enorme. Menos para o inatingível candidato, Fernando Collor. Esse nadava de jet ski em céu com brigadeiros.
Sem nenhuma mediação e sem diminuir os passos ( portanto a neurose ficou descansando um bocadinho) , passou a dizer desaforos publicáveis, sutis , contra o Agora, Sr. Abravanel. Espanto na comitiva.
O Jogo de xadrez- Ainda que sem MESTRIA nesse momento- pode trazer sutilezas feitas de cavalos ou torres, traições da realeza ou de peões, conspirações de bispos ( a palavra está gasta de paranoias , mas ainda EXISTE) feito o disparo de uma doce Kalashnikov.
quarta-feira, 14 de outubro de 2015
Bipolaridades de retorno. Reminiscências. O mar não é Oceano.
Atravessado uma possível crise de bipolaridade semanal, a resultante de momento é uma euforia semelhante àquela que alguns apresentadores televisivos conclamam aos compatriotas. Nos últimos dias, ao menos, não é raro observar nas falas e conversas midiáticas uma espécie de rito entusiasmado sobre e sob o desencanto presenciado. Uma melancolia com buraco sem mundo- diria Freud- no horizonte global, no futuro da nação. Curiosamente, é exatamente isso que deve ser deixado de lado, denegado, esquecido. Falando em termos mais palatáveis: fingir que não se vê; que não se viu. Por quê? Porque dói, apurrinha, enche o saco...Mas se não reconhecermos e analisarmos o que se passa e passará, solução profícua , ao menos a médio prazo, garante-se, não haverá.
Faz muito tempo, num outro mundo, que por aqui esteve o irmão da escultura e amante de Auguste Rodin, Camille Claudel, o Sr. Poeta e Diplomata, Paul Claudel. Foi dele a sensível e precisa observação sobre algumas das nossas maneiras de haver: 'É um povo com muitos reflexos, mas muito pouca reflexão'.- teria dito. É disso que se trata na manutenção do sintoma mazombo que já derrubou diversos movimentos que tentaram exprimir e apresentar muitas das nossas articulações arteiras, artísticas, pensantes. Retomemos à semana de 1922 macunaímica e até mesmo antes, por exemplo, na sacação e praticagem política de um Marquês de Pombal ou de um primeiro herói Bonifácio de Andrade e até mesmo Pedro II, onde encontraremos diversos momentos de assassinato explícito das nossas maneiras brasileiras, para além, a bem verdade, coisa outra, diante do classicismo ou da estilística barroca importada. O maneirismo brasileiro- essa via terceira e que não é síntese das duas mencionadas anteriormente- sempre foi sacaneado por nós mesmos. Gente do tamanho de Anísio Teixeira, Villa Lobos, MD.Magno, Hilda Hilst, Machado de Assis, José de Alencar, Tom Jobim, Oswald e Mário de Andrade, Guimarães Rosa, Glauber Rocha, Euclides da Cunha, João Cabral Severina Sempre Viva, os irmãos Campos, Gilberto Freire, Raimundo Faoro, Caetano Veloso, Millôr Fernandes, Monteiro Lobato e outros grandes tantos já indicaram em suas obras o tamanho da doença que já perdura 515 anos.
José Bonifácio de Andrade, exemplificando pela via política, não concordava com um governo centralizado e tantas novas 'federações' ao seu redor, sobretudo por se tratar de um país com dimensões continentais. À época, as caravelas - naves espaciais flutuantes- deslocavam-se ao sabor e dissabor dos ventos. Demorava muito tempo para se reconhecer um amazônico-gaúcho menino, por exemplo. Aliás, um outro tempo.
Vindo de um período nas terras escandinavas, o conselheiro real espantava-se diante de algumas decisões. Logo na Escandinávia onde a prevenção é algo quase paradigmático. Antecipam-se às demandas. Nos nossos lados, ao contrário, corremos atrás do próprio rabo perdido. Todavia, seguindo orientação de algumas mães e sobretudo avós, preocupadíssimas com o futuro dos seus rebentos, sejamos pollyânicos. Ou melhor: sejamos otimistas. Não confundir com os positivistas preconizados numa pequena faixa branca que destaca no verde-amarelo de nossa bandeira e onde se poderá dizer: ' Ordem e Progresso'. Na cabeça de Augusto, não o Rodin, amante de Camille, irmã do profeta, mas de Comte, o que não pudesse ter comprovação empírica ou seja, receber o carimbo de CIÊNCIA enquanto padrões rígidos para práticas duras, teria validade nula, inexistente, sem qualquer importância. Bem ali, na rua do militar Benjamim Constant, outro expoente da religião positivista, bairro da Glória, ainda suspira sua igreja. Tem adeptos. Tímidos é bem verdade; porém, crédulos.Quem sabe o positivista contemporâneo de Hollywood, uma espécie de Malafaia de lá, o galã Tom Cruse, apareça para um culto? Uma Missão quase impossível? Nada porém seria impossível para um jovem ( e como a maioria deles, arrogante), naquele verão de 1984, e que retornava, depois de 7 anos, de exílio familiar em terras estranhas para casa. A cena que se segue dera início à virada em sua vida.
Subimos naquele ônibus leito, pois o carro familiar ( um Opala 6 cilindros e fiel desde sempre) e que nunca falhava, falhou. Noite quente na partida e um tórrido despertar na chegada. Via Dutra percorrida pela enésima vez. Vínhamos novamente de São Paulo, uma nova São Paulo a bem dizer, e com quem um novo alguém iniciava romance. Eventos noturnos, festa de gente grande e outros ruídos passaram a fazer parte dessa nova cidade. A capital financeira do continente deixava tortas e sorvetes para trás e apresentava sua adega aos profissionais do futuro. Mas o calor que chegara repentino e pouco comum à cidade bandeirante, nesses tempos, indicava que era boa hora para se partir. Não harmoniza com o verão aquele lugar. Encaramos então a famigerada Via Dutra- que anos mais tarde foi imortalizada por cantora importante e parenta da via expressa- ao recorrer aquele busão com direito a uma prótese fundamental nesses tempos de raios solares impiedosos: o chamado ar condicionado. Sem conseguir pregar os olhos noite a dentro, testemunha-se a intimidade entre o condutor, o busão, aquelas curvas e retas. Aquele sobe e desce. Algumas curvas até sensuais Um vai e vem. Uau! Cansamos. Um cigarrinho?
Chegando na pátria que abandonara por pressão paterna quando se tinha 10 anos de idade, a primeira antiga impressão foi com o fedor. A estação rodoviária, O Pior do Rio, e não o pretensioso nome, Novo Rio, junto com o seu porto Leopoldina que se avizinha, tem essas características conterrâneas: exalam mau cheiro.
Um dia ainda saberemos o porquê de insistirmos na manutenção de tradições de maus odores harmonizando com o que se come, com o que se bebe. Existe um botequim que ao menos tenta sorrir, em algum horizonte. Percebe-e também que o boteco é bangela porque o ralo do esgoto- quase sempre desnudo- mora ao lado. Reside em frente, melhor situado. Inquilino antigo e bom pagador- segundo muitos- apesar do desperdício fétido que jorra calçada abaixo. Os convivas parecem não se importar ou sofrem de entupimento grave e crônico das fossas, ou melhor, das vias aéreas. E por falar em botequins, tomamos um táxi. Algo que Vinícius de Moraes não aceitaria. Numa manhã pré --ressaca, respondendo ao amigo e parceiro de canções, Toquinho, ao sair do bar habitual, sobre a possibilidade de tomarem um táxi - no seu caso um taxizinho- respondeu-lhe que não o faria porque não misturava Whisky com Táxi. '' Não misturo quando bebo o escocês". Ponto para o poetinha.
Portanto, o sujeito condutor desse automóvel amarelo- com mais pinta para pinga do que whisky importado- mastiga entre dentes um palito. Tem cara de sonado. Não. Tem cara de doido. Pouco antes, estava ele ali, distraído, dentro de seu carro, diante da rodoviária e lhe fizemos uma saudação. Fingiu que não viu. Ou seria cegueta mesmo? Que horror! Um cegueta a nos trazer de volta para casa. Será que ao menos sabe conduzir com o alfabeto braille? Vejo que ele passa as mãos no painel do veículo. Procura por algo. Seria aquela prótese semelhente ao do grandalhão que nos trouxe, aquele ônibus difamado , porém bastante eficiente, e o seu ar que sopra frescuras? Ou seria uma luneta, um telescópio? Socorro! Não. Havia tão somente um inexpressivo rádio da cor de metal que não enferruja e envelhece por fingimentos.
O distinto motorista então acaricia com firmeza o botão da bendita Rádio Cidade e as notícias emergem. Temperatura alta, criminalidade também na moda e música tema de um filme estrangeiro, na caixa do alto falante: 'Arthur', o milionário sedutor, de Christopher Cross. Bela melodia num delicioso e despretensioso filme, apesar da presença protagonista de Liza Minnelli.
Uma espiadela para os lados e o Aterro do Flamengo continuava por lá. Fez 60 anos oficiais, há dois dias. Um pouco mais acima, majestoso e feito de pedra, estava o Corcovado e seus bondinhos de açúcar. A Baía de Guanabara, por sua vez, fica enciumada e reflete reboliços de espelho d'água. Chegamos à nova morada.
Estava tudo ali. Como sempre. As árvores, o asfalto, o poste de luz, o calçamento, cruzamento. E mais ainda: Descobri que não era feito de mar o que ventava maresias no quarteirão adiante, bem pertinho. Era na verdade, um Oceano inteiro. OTIMISTA?
Faz muito tempo, num outro mundo, que por aqui esteve o irmão da escultura e amante de Auguste Rodin, Camille Claudel, o Sr. Poeta e Diplomata, Paul Claudel. Foi dele a sensível e precisa observação sobre algumas das nossas maneiras de haver: 'É um povo com muitos reflexos, mas muito pouca reflexão'.- teria dito. É disso que se trata na manutenção do sintoma mazombo que já derrubou diversos movimentos que tentaram exprimir e apresentar muitas das nossas articulações arteiras, artísticas, pensantes. Retomemos à semana de 1922 macunaímica e até mesmo antes, por exemplo, na sacação e praticagem política de um Marquês de Pombal ou de um primeiro herói Bonifácio de Andrade e até mesmo Pedro II, onde encontraremos diversos momentos de assassinato explícito das nossas maneiras brasileiras, para além, a bem verdade, coisa outra, diante do classicismo ou da estilística barroca importada. O maneirismo brasileiro- essa via terceira e que não é síntese das duas mencionadas anteriormente- sempre foi sacaneado por nós mesmos. Gente do tamanho de Anísio Teixeira, Villa Lobos, MD.Magno, Hilda Hilst, Machado de Assis, José de Alencar, Tom Jobim, Oswald e Mário de Andrade, Guimarães Rosa, Glauber Rocha, Euclides da Cunha, João Cabral Severina Sempre Viva, os irmãos Campos, Gilberto Freire, Raimundo Faoro, Caetano Veloso, Millôr Fernandes, Monteiro Lobato e outros grandes tantos já indicaram em suas obras o tamanho da doença que já perdura 515 anos.
José Bonifácio de Andrade, exemplificando pela via política, não concordava com um governo centralizado e tantas novas 'federações' ao seu redor, sobretudo por se tratar de um país com dimensões continentais. À época, as caravelas - naves espaciais flutuantes- deslocavam-se ao sabor e dissabor dos ventos. Demorava muito tempo para se reconhecer um amazônico-gaúcho menino, por exemplo. Aliás, um outro tempo.
Vindo de um período nas terras escandinavas, o conselheiro real espantava-se diante de algumas decisões. Logo na Escandinávia onde a prevenção é algo quase paradigmático. Antecipam-se às demandas. Nos nossos lados, ao contrário, corremos atrás do próprio rabo perdido. Todavia, seguindo orientação de algumas mães e sobretudo avós, preocupadíssimas com o futuro dos seus rebentos, sejamos pollyânicos. Ou melhor: sejamos otimistas. Não confundir com os positivistas preconizados numa pequena faixa branca que destaca no verde-amarelo de nossa bandeira e onde se poderá dizer: ' Ordem e Progresso'. Na cabeça de Augusto, não o Rodin, amante de Camille, irmã do profeta, mas de Comte, o que não pudesse ter comprovação empírica ou seja, receber o carimbo de CIÊNCIA enquanto padrões rígidos para práticas duras, teria validade nula, inexistente, sem qualquer importância. Bem ali, na rua do militar Benjamim Constant, outro expoente da religião positivista, bairro da Glória, ainda suspira sua igreja. Tem adeptos. Tímidos é bem verdade; porém, crédulos.Quem sabe o positivista contemporâneo de Hollywood, uma espécie de Malafaia de lá, o galã Tom Cruse, apareça para um culto? Uma Missão quase impossível? Nada porém seria impossível para um jovem ( e como a maioria deles, arrogante), naquele verão de 1984, e que retornava, depois de 7 anos, de exílio familiar em terras estranhas para casa. A cena que se segue dera início à virada em sua vida.
Subimos naquele ônibus leito, pois o carro familiar ( um Opala 6 cilindros e fiel desde sempre) e que nunca falhava, falhou. Noite quente na partida e um tórrido despertar na chegada. Via Dutra percorrida pela enésima vez. Vínhamos novamente de São Paulo, uma nova São Paulo a bem dizer, e com quem um novo alguém iniciava romance. Eventos noturnos, festa de gente grande e outros ruídos passaram a fazer parte dessa nova cidade. A capital financeira do continente deixava tortas e sorvetes para trás e apresentava sua adega aos profissionais do futuro. Mas o calor que chegara repentino e pouco comum à cidade bandeirante, nesses tempos, indicava que era boa hora para se partir. Não harmoniza com o verão aquele lugar. Encaramos então a famigerada Via Dutra- que anos mais tarde foi imortalizada por cantora importante e parenta da via expressa- ao recorrer aquele busão com direito a uma prótese fundamental nesses tempos de raios solares impiedosos: o chamado ar condicionado. Sem conseguir pregar os olhos noite a dentro, testemunha-se a intimidade entre o condutor, o busão, aquelas curvas e retas. Aquele sobe e desce. Algumas curvas até sensuais Um vai e vem. Uau! Cansamos. Um cigarrinho?
Chegando na pátria que abandonara por pressão paterna quando se tinha 10 anos de idade, a primeira antiga impressão foi com o fedor. A estação rodoviária, O Pior do Rio, e não o pretensioso nome, Novo Rio, junto com o seu porto Leopoldina que se avizinha, tem essas características conterrâneas: exalam mau cheiro.
Um dia ainda saberemos o porquê de insistirmos na manutenção de tradições de maus odores harmonizando com o que se come, com o que se bebe. Existe um botequim que ao menos tenta sorrir, em algum horizonte. Percebe-e também que o boteco é bangela porque o ralo do esgoto- quase sempre desnudo- mora ao lado. Reside em frente, melhor situado. Inquilino antigo e bom pagador- segundo muitos- apesar do desperdício fétido que jorra calçada abaixo. Os convivas parecem não se importar ou sofrem de entupimento grave e crônico das fossas, ou melhor, das vias aéreas. E por falar em botequins, tomamos um táxi. Algo que Vinícius de Moraes não aceitaria. Numa manhã pré --ressaca, respondendo ao amigo e parceiro de canções, Toquinho, ao sair do bar habitual, sobre a possibilidade de tomarem um táxi - no seu caso um taxizinho- respondeu-lhe que não o faria porque não misturava Whisky com Táxi. '' Não misturo quando bebo o escocês". Ponto para o poetinha.
Portanto, o sujeito condutor desse automóvel amarelo- com mais pinta para pinga do que whisky importado- mastiga entre dentes um palito. Tem cara de sonado. Não. Tem cara de doido. Pouco antes, estava ele ali, distraído, dentro de seu carro, diante da rodoviária e lhe fizemos uma saudação. Fingiu que não viu. Ou seria cegueta mesmo? Que horror! Um cegueta a nos trazer de volta para casa. Será que ao menos sabe conduzir com o alfabeto braille? Vejo que ele passa as mãos no painel do veículo. Procura por algo. Seria aquela prótese semelhente ao do grandalhão que nos trouxe, aquele ônibus difamado , porém bastante eficiente, e o seu ar que sopra frescuras? Ou seria uma luneta, um telescópio? Socorro! Não. Havia tão somente um inexpressivo rádio da cor de metal que não enferruja e envelhece por fingimentos.
O distinto motorista então acaricia com firmeza o botão da bendita Rádio Cidade e as notícias emergem. Temperatura alta, criminalidade também na moda e música tema de um filme estrangeiro, na caixa do alto falante: 'Arthur', o milionário sedutor, de Christopher Cross. Bela melodia num delicioso e despretensioso filme, apesar da presença protagonista de Liza Minnelli.
Uma espiadela para os lados e o Aterro do Flamengo continuava por lá. Fez 60 anos oficiais, há dois dias. Um pouco mais acima, majestoso e feito de pedra, estava o Corcovado e seus bondinhos de açúcar. A Baía de Guanabara, por sua vez, fica enciumada e reflete reboliços de espelho d'água. Chegamos à nova morada.
Estava tudo ali. Como sempre. As árvores, o asfalto, o poste de luz, o calçamento, cruzamento. E mais ainda: Descobri que não era feito de mar o que ventava maresias no quarteirão adiante, bem pertinho. Era na verdade, um Oceano inteiro. OTIMISTA?
terça-feira, 1 de setembro de 2015
Posições ao centro? LIBERALIZAR tesões ou Socializar tesões? 'Kiko' tenho realmente a ver - e ser Visto- com FHC FUTEBOL.CLUBE E LULA LÁ ATLÉTICO CLUBE?
Liberalismo x socialismo. Essa é a questão em jogo. O problema é que tem sempre aqueles fetiches que se penduram só num lado da questão/ lado do tesão. É um gozo manco e que é tratado por muitos como CONVICÇÃO, rigor de postura, caráter. Não é não. É rigidez mesmo . Não tem transa. E o nome disso é racismo, sobretudo, porque se procura destruir algumas diferenças (como se fosse possível isso e ainda mais através de posturas que são opressivas, recalcantes ao extremo). Ora, a história nos apresenta um vasto repertório desse tipo de atitude entre destros e canhotos. Assim como roubalheiras. Roubalheira e sacanagem braba nunca escolheu partido, país ou cultura. Perversidade é prática antiga dessa espécie ( Entendeu? Uma certa Turma que passou décadas vociferando para si as nobres atitudes, teses, e deliberações em defesa dos FRASCOS E COMPRIMIDOS?)
A confusão- proposital - por dentre patrimonialistas e patriarcalistas- soprou de longe, naquelas caravelas. Repito o que o psicanalista e pensador, MD. Magno ,disse recentemente: Uma OLIGARQUIA Plutocrática. Isso é quase tudo o que se tem na praticagem política brasileira.
Os caras têm dificuldade em aceitar, incorporar, que o futuro reserva considerações pontuais, ad hoc, no jogo dos poderes em questão. Liberaliza por um lado, socializa num outro momento e assim a caravela se torna contemporânea da sua nave espacial mais próxima. Atravessamos dois momentos distintos na recente política nacional onde um tucano liberalizou demais e socializou de menos e uma lula agigantou-se com um estado inoperante, assistencialista e que facilita ( com seus 30300 ministérios. Seria aprendizado de um outro José? O Sarney?) o desacerto gravíssimo que se vê. Esses equívocos ( estamos num momento Carluchinho paz e amor) ajudaram a produzir esse estado paralisado, canalha, atrasado. Feito neurose das boas.
O CURIOSO é que ambos começaram muito bem os seus mandatos. Aí, a gente supõe que a saída é acabar com a reeleição. E que foi tão "negociada" ( sabemos que o termo é outro) para que ela existisse e proclamasse a quem de direito poderia conquistá-la. Por vivermos, há dez anos, na República das CPIS, Caberia uma bela CPI, ALI, também). E tem a reeleição ( perpetuação?) do Zé- calado- Dirceu. Mas sabe-se que TEM muita coisa-outra para se discutir e exterminar antes.
Logo, essa transa entre essas duas possibilidades de gestão não é falta de consistência de argumentos, covardia ou tampouco indecisão eterna. Aquela conhecida dubitação da mente obsessiva. A que vive no país em frente, no partido prometido. Na promessa líquida ( Baumam e suas ideias) do salvador de sempre.
E essa oscilação não é mistura das duas posturas ( não confundir com o que propõe a mestiçagem de uma filosofia viva, via o pensante francês, Michel Serres. Aliás, um excelente escritor). Muita gente boa já falou sobre isso.
Portanto, consideração- bem interessada- e bastante ativa, sobre as transas possíveis e sem se deixar tomar por juízos de valores, geralmente, excludentes, porque são muito sintomáticos. Enquanto exemplo: o que muito presenciamos nas nossas conversas políticas em grande rede são posições claramente RA-CIS-TAS. E não se trata somente de preconceito de cor ou tantos outros ( eles também estão incluídos), Já procuramos- na autoanálise de cada um e dos nós que atamos- pelo racismozinho que habitamos? É MINHA porção fascista mesmo. É fundamentalismo. Igualzinho o que se passa no jogo da arquibancada de futebol; na catequese milenar de certos credos; no estado islâmico- barbaramente contemporâneo-; ou na opressão feroz aos palestinos.Assim como no ódio ao estado judeu. Ah! Ainda temos aquele profissional da área de saúde mental ( ISSO EXISTE? ) E que tem a arrogância e pretensão ( Feito esses governos dos quais nos queixamos) em supor que conhece a boa solução para a vida dos outros, dos nada passivos pacientes. Piada psicológica. E que causa estragos políticos. Por que não?
Quem sabe uma atitude política mais compatível com o horror que se apresenta, isto é, esse lugar centro , necessariamente cauteloso, para considerações e posteriores decisões? E esse desastre que sentimos É Global. Seria um não lugar? Uma UTOPIA?
Alguém teria dito- parece que virou gravura do poema desse alguém- que é preciso ser ambicioso, ou seja: deseje o impossível. Na verdade, não é nem preciso, pois NÃO SE FAZ OUTRA COISA, Desde o velho Sigmund Freud e o seu tesão pulsional. A sua Carta Magna.
A questão é conseguir desenvolver poderes específicos para lembrar, ad hoc, a todo momento, sobre ISSO.
Pode -se até mesmo socializar o TESÃO. Liberalizá-lo também se PHODE. Ou nunca Escrevemos de suruba?
OBS: Vejam que mencionamos dois senhores. Não é machismo ou muito menos misoginia. É que acho que nunca houve. Talvez um dia.
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terça-feira, 25 de agosto de 2015
No haver das marionetes.
Se acaso um meteoro por aqui fizer pouso forçado, sem aviso prévio, não quero saber. Não me avisem sobre o pouso, nem sobre o dia ou a hora do desembarque; E se a bagagem é por demais excessiva, prefiro a leveza de mais uma ignorância bem conformada. Prefiro pois a ilusão de que algo restaria e que não fosse só um sonho mal assombrado ou notícia falsa. Carne fraca, goela fina?
Não se reduziria ,tão pouco, a uma pergunta sobre o que se faria se por esse outro acaso só nos restasse esse dia. Um susto? Um derrame? Um gozo? O que por melhor, visto que o pior já está posto de saída, fazer?
Uma vez, um pensante lá das Europas dissera que esse gozo vislumbrado era sempre para além daquele obtido. Aqueles possíveis. E depois, restará um cigarrinho ou uma bebidinha. Quem sabe uma pizza? Um soninho? Sempre aquém desse mais além. E o próprio mais além também é de faz de conta. Afinal, e até mesmo em princípio, não há nada mais além.
Nossa ficção de gente nos empurra para essas aporias. Aquela sinuca de bico. Com a qual se procura por uma tacada mais elegante , para que não se rasgue o pano esverdeado, brilhoso, da mesa. Jogadores são pessoas que levam a sério o combate da brincadeira. Nas mesas, nas roletas, nas cartelas, nos páreos e cavalos.
Uma senhora, para um bom exemplo, berra naquele salão esfumaçado pela nicotina que arrebenta pulmões: 'Bingo'! E a concorrência ao invés de aplaudi-la pela conquista- o mínimo de reconhecimento pela façanha portentosa- dispara um torpedo para o meteoro, comunicando-lhe o endereço do futuro defunto. Sem piedades. Só linchamento. 'Explode primeiro essa mulher que me atrapalha os sonhos'. - teriam murmurado em voz alta. Deve ser por causa daquele ambiente insalubre, fétido, decadente, e ainda por cima ilegal para os padrões de cinismo da pátria educadora, esse ódio todo.
A senhora em questão permaneceu risonha. Teria congelado? Estátua! Brincadeira sem dividendos a receber, em tempos de criança com suas brincadeiras de criança. Hoje, elas se espalham pelos parlamentos e mercados financeiros. Banco Imobiliário?
A disitinta dama tinha os olhos encobertos por grossas lentes de uma lente bifocal que, às vezes, não sabe o que foca. Fica dubitando, oscilando, e não decide. Seria viúva? Estaria flertando com aquele moço que vende promessas vestidas de cartelas e que agora lhe dirige palavras de incentivo? Ou estaria enxergando, de fato, assombrações? Mula sem cabeça? O marido que partiu para uma outra guerra e nem disse ao menos: Há Deus?
Acomodada novamente no seu trono desbotado, finge manipular poderes. O jogo recomeça e ela crê que interfere nele apenas por permanecer por ali e fazer uns tracinhos no papel viciado. Vejam como não somos os únicos a viver de ilusões no haver das marionetes.
Era uma vez um meteoro que nos encheu de esperança. Uma criança.
Não se reduziria ,tão pouco, a uma pergunta sobre o que se faria se por esse outro acaso só nos restasse esse dia. Um susto? Um derrame? Um gozo? O que por melhor, visto que o pior já está posto de saída, fazer?
Uma vez, um pensante lá das Europas dissera que esse gozo vislumbrado era sempre para além daquele obtido. Aqueles possíveis. E depois, restará um cigarrinho ou uma bebidinha. Quem sabe uma pizza? Um soninho? Sempre aquém desse mais além. E o próprio mais além também é de faz de conta. Afinal, e até mesmo em princípio, não há nada mais além.
Nossa ficção de gente nos empurra para essas aporias. Aquela sinuca de bico. Com a qual se procura por uma tacada mais elegante , para que não se rasgue o pano esverdeado, brilhoso, da mesa. Jogadores são pessoas que levam a sério o combate da brincadeira. Nas mesas, nas roletas, nas cartelas, nos páreos e cavalos.
Uma senhora, para um bom exemplo, berra naquele salão esfumaçado pela nicotina que arrebenta pulmões: 'Bingo'! E a concorrência ao invés de aplaudi-la pela conquista- o mínimo de reconhecimento pela façanha portentosa- dispara um torpedo para o meteoro, comunicando-lhe o endereço do futuro defunto. Sem piedades. Só linchamento. 'Explode primeiro essa mulher que me atrapalha os sonhos'. - teriam murmurado em voz alta. Deve ser por causa daquele ambiente insalubre, fétido, decadente, e ainda por cima ilegal para os padrões de cinismo da pátria educadora, esse ódio todo.
A senhora em questão permaneceu risonha. Teria congelado? Estátua! Brincadeira sem dividendos a receber, em tempos de criança com suas brincadeiras de criança. Hoje, elas se espalham pelos parlamentos e mercados financeiros. Banco Imobiliário?
A disitinta dama tinha os olhos encobertos por grossas lentes de uma lente bifocal que, às vezes, não sabe o que foca. Fica dubitando, oscilando, e não decide. Seria viúva? Estaria flertando com aquele moço que vende promessas vestidas de cartelas e que agora lhe dirige palavras de incentivo? Ou estaria enxergando, de fato, assombrações? Mula sem cabeça? O marido que partiu para uma outra guerra e nem disse ao menos: Há Deus?
Acomodada novamente no seu trono desbotado, finge manipular poderes. O jogo recomeça e ela crê que interfere nele apenas por permanecer por ali e fazer uns tracinhos no papel viciado. Vejam como não somos os únicos a viver de ilusões no haver das marionetes.
Era uma vez um meteoro que nos encheu de esperança. Uma criança.
quarta-feira, 8 de julho de 2015
"Meu filho. Vem almoçar".
'Meu filho. Vem almoçar'.
Esse pedido era uma semi-ordenação e fez eco durante muitos anos. À época, tinha como aliada para desviar um pouco a invasão diária- isso mesmo, diária-, uma prezada secretária eletrônica. Mas daquelas antigas; bem robustas, tradicionais. E com aquela fita cassete a gravar as mensagens. E não havia mecanismo de virar a fita automaticamente- 'auto-reverse'- tendo que invadir, portanto, as entranhas da secretária e enfiar a mão, todos os dedos, num assédio impensável e imprudente, mediante as tecnologias vigilantes, de hoje. Portanto, lá nos dias de outrora, o assédio ainda era permitido em certos expedientes.
'Carlos, venha logo'. Mudava de nome, quase uma chamada escolar ( que tanto detestava) , e o convite permanecia. A entonação ganhava contornos de agonia.
A secretária, contudo, era paciente. De fato, profissional. E tinha generosidade também. Permitia que se acoplasse à sua voz burocrática uma gravação outra ou uma trilha sonora ao gosto da chefia. Uma sonoplastia para saudações.
Foram milhares de recados com a mesma mensagem de texto. Não se cansava. Nem quem emitia nem tanto quanto quem acolhia. E quem acolhia era a secretária ideal. Sem adicionais, processos por assédio ou décimo-terceiro salário. Se estivéssemos na Grécia - do ceticismo de um Pirro aos novos Baianos- adicionaríamos um décimo quinto vencimento. Descontrole com as contas públicas aliado com as safadezas de uma coroporação de faz de conta, lá dos países baixos. Luxemburgo ao que parece. E não faz jardim nem tampouco bate bola no gramado do futebol. Golpe baixo? Sim. A comida esfriara.
Atraso, paciente em atraso, escuta em atraso, só depois; tudo em atraso. O último dos e-mails respondidos levou quase 5 dias. Antes de escutar aquela mensagem metálica novamente. Uma eternidade para esse tipo de solicitação. Não é mais de um cartão postal que se trata. Esse tinha a sorte ( ou azar?) de nunca poder chegar, atingir seu alvo. Existiu e ficou invisível, para sempre. Cartão postal é quase da ordem do trágico. Morre antes de completar seu périplo. O anseio ou alívio ( Pronto. Livrei-me disso!) de quem emite e aquela surpresa de quem o receberá. Ou seria: receberia?
"A comida está fria, pois você demorou muito. Onde estavas?"
Era a continuação eterna do diálogo via máquina de gravar as bisbilhotices dos outros. Se essas secretárias falassem, as comissões parlamentares de inquérito, em Atenas ou Brasilis, teriam sessões, até mesmo, em 30 de Fevereiro. Calendário de Gregório seria revisitado por convenção arbitral. Se popular fosse, a comissão receberia o nome de linchamento. Mas esse dia a mais haveria e tão logo se apercebesse, a festa de Momo - e com aquele gordinho aposentado a presidir- sairia em carro aberto de lantejoulas, badulaques e mais uns tamborins, numa quermesse de pecados e luxúrias. Roma revisitada?
Poderia até se conjecturar já que a família vem de tradição católica apostólica de... araque. Sim, era meio de araque. Carnaval - tradição também da religião mencionada- é para valer. Mas de araques e com outros badulaques fazemos o teatro possível.
Pois, comida fria , mas novidade quente.
Aflita por causa dos novos passos do país - potência global no cinismo contemporâneo da Hollywood do patrão- essa tia comunica para o sobrinho/filho- chegado há pouco e já instalado na sala principal da casa para o manjar habitual que comprara um holofote se a energia nos faltar. Eram tempos de racionamento energético por conta da política equivocada e arrogância desmedida. Antes dessa outra escuridão, ela já tinha retirado enorme quantia do banco supondo que mais um calote sofreria. Afinal, tungaram-lhe a grana poupada pela vida adentro , no início do governo desbotado de um ex-presidente que se supunha multi-color, e não permitiria que mais uma vez lhe roubassem as economias. Vinte e cinco anos se passam daquele calote que custou o mandato daquele mentecapto.
O que fez então? Guardou todo um dinheirão num casaco para aquecer frio brabo, no fundo daquele armário vigiado por um cadeado fiel. E ali , o dinheiro se esqueceu dele mesmo. Feito o cartão postal que nunca veio. Mas existiu.
Meses depois, quando o prazo para se corrigir bobagens como a que fez- já que fora alertada que a mesma barbaridade não seria repetida- exibiu afinal as entranhas do seu closet. Saira finalmente do armário. E lá estavam elas. Dobradinhas, virginais e sem lubrificação aparente. Notas e quantas tantas notas de um cruzeiro real- unidade monetária antes do atual Real- que se escondiam do resto do mundo.
Quase sem folego, o sobrinho- nomeado sem concurso para cargo de parentesco afetivo- sentado à beira do estrado da cama mais próxima para não cometer um homicídio doloso e com requintes de crueldade, recuperava o ar que não saía. Explodiria? Pode-se vislumbrar então- permite-se aqui uma anacronia na narrativa, visto que o tempo se faz fictício de fato- as manchetes do dia seguinte, nos periódicos televisivos: ' Rapaz se atrasa para o almoço, leva bronca da titia e a mata sem chances para qualquer defesa ou mensagem a ser gravada, pela enésima vez, na secretária de metal e que não recebera o décimo terceiro salário. Há quem diga que ele estava esfomeado'. Há de se entender.....
Rainhas absolutistas na arte da efabulação, ou seja, competência para distorcer intencionalmente certos fatos, a vítima e alguns telejornais, confirmariam - ainda que mortas ou fora do ar, sem sinal- a versão da manchete estampada no mundo. O pobre diabo do sobrinho/filho merecia, para além ou aquém da comida fria e sem gosto, o destino traçado. Então para quê mesmo um holofote?
Seria para enxergar melhor? Marcas bem expostas em tempos de imagens de alta resolução? O pé de galinha, mau exemplo, virou uma perna inteira por esses dias. Com direito a tíbia, perônio, fêmur. Mas permanece enquanto galinha para se manter a tradição. E para que esses olhos arregalados de tão grandes , vovozinha? Vovozinha é a PQP.... Teria dito se essa pergunta tivesse existido, chegado aos seus ouvidos. Cartão postal fonado?
Mas o que ela teria visto nesses últimos 30, 40 anos ( desde o período de GetúlioVargas, caudilho sacralizado e amigo da família), até um Tiririca cheio de gracejos e imunidades- nem tíbia nem ao menos Sir- de um parlamento nacional? Sim , já que se tíbia, perônio ou fíbula podem retratar certa anatomia óssea da caveira oficial, o que dizer das manobras outras a percorrer tanto tempo e do mesmo quase jeito? Que modo estranho, por sinal estúpido, de tratar os chamados compatriotas! Poderiam até se tornar contemporâneos no instante em que se vive e de um futuro - que demora por demais , vide a constatação desesperada, sangue nas mãos, de um Althusser filósofo-, a ser desenhado e indicado por lente dilegente.
O atraso, entretanto, atrasa qualquer diligência. Como sair dessa? Não somente do armário , mas dessa?
Os mesmos personagens com seus delitos gastos pela caduquice de uma neura pré-medieval e sua ficção mítica do salvacionismo confortável de uma prece ou rito , na espera- longa como uma gota d'água a nos molhar a testa desnuda-nessa vida cuja imanência é denegada, e que retorna para dentro do armário. Armário é transcendente?
E aí vovozinha? Para que serve essa boca tão grande e os seus dentes a ranger bruxismos? Hoje já existe salvação local para isso. Olha a tecnologia ajudando os que não desejam sorrir banguela. Bota-se um troço feito dentadura no céu da boca- só que mais cortês no design e no trato- e o movimento de ranger os dentes das bruxas é recalcado durante o sono. Se vier o rangir, lá do céu da boca, o inferno será menor.
Deve ter sido por isso e para isso, o chamado holofote. Iluminar pontos cegos. E eles se chamam- sussurram no escuro do dia mais claro- enquanto: verdade, certeza, igualdade, justiça, milagre.....A lista é longa. O armário está sempre repleto. Estamos até felizes!! Ou estaríamos?
Esse pedido era uma semi-ordenação e fez eco durante muitos anos. À época, tinha como aliada para desviar um pouco a invasão diária- isso mesmo, diária-, uma prezada secretária eletrônica. Mas daquelas antigas; bem robustas, tradicionais. E com aquela fita cassete a gravar as mensagens. E não havia mecanismo de virar a fita automaticamente- 'auto-reverse'- tendo que invadir, portanto, as entranhas da secretária e enfiar a mão, todos os dedos, num assédio impensável e imprudente, mediante as tecnologias vigilantes, de hoje. Portanto, lá nos dias de outrora, o assédio ainda era permitido em certos expedientes.
'Carlos, venha logo'. Mudava de nome, quase uma chamada escolar ( que tanto detestava) , e o convite permanecia. A entonação ganhava contornos de agonia.
A secretária, contudo, era paciente. De fato, profissional. E tinha generosidade também. Permitia que se acoplasse à sua voz burocrática uma gravação outra ou uma trilha sonora ao gosto da chefia. Uma sonoplastia para saudações.
Foram milhares de recados com a mesma mensagem de texto. Não se cansava. Nem quem emitia nem tanto quanto quem acolhia. E quem acolhia era a secretária ideal. Sem adicionais, processos por assédio ou décimo-terceiro salário. Se estivéssemos na Grécia - do ceticismo de um Pirro aos novos Baianos- adicionaríamos um décimo quinto vencimento. Descontrole com as contas públicas aliado com as safadezas de uma coroporação de faz de conta, lá dos países baixos. Luxemburgo ao que parece. E não faz jardim nem tampouco bate bola no gramado do futebol. Golpe baixo? Sim. A comida esfriara.
Atraso, paciente em atraso, escuta em atraso, só depois; tudo em atraso. O último dos e-mails respondidos levou quase 5 dias. Antes de escutar aquela mensagem metálica novamente. Uma eternidade para esse tipo de solicitação. Não é mais de um cartão postal que se trata. Esse tinha a sorte ( ou azar?) de nunca poder chegar, atingir seu alvo. Existiu e ficou invisível, para sempre. Cartão postal é quase da ordem do trágico. Morre antes de completar seu périplo. O anseio ou alívio ( Pronto. Livrei-me disso!) de quem emite e aquela surpresa de quem o receberá. Ou seria: receberia?
"A comida está fria, pois você demorou muito. Onde estavas?"
Era a continuação eterna do diálogo via máquina de gravar as bisbilhotices dos outros. Se essas secretárias falassem, as comissões parlamentares de inquérito, em Atenas ou Brasilis, teriam sessões, até mesmo, em 30 de Fevereiro. Calendário de Gregório seria revisitado por convenção arbitral. Se popular fosse, a comissão receberia o nome de linchamento. Mas esse dia a mais haveria e tão logo se apercebesse, a festa de Momo - e com aquele gordinho aposentado a presidir- sairia em carro aberto de lantejoulas, badulaques e mais uns tamborins, numa quermesse de pecados e luxúrias. Roma revisitada?
Poderia até se conjecturar já que a família vem de tradição católica apostólica de... araque. Sim, era meio de araque. Carnaval - tradição também da religião mencionada- é para valer. Mas de araques e com outros badulaques fazemos o teatro possível.
Pois, comida fria , mas novidade quente.
Aflita por causa dos novos passos do país - potência global no cinismo contemporâneo da Hollywood do patrão- essa tia comunica para o sobrinho/filho- chegado há pouco e já instalado na sala principal da casa para o manjar habitual que comprara um holofote se a energia nos faltar. Eram tempos de racionamento energético por conta da política equivocada e arrogância desmedida. Antes dessa outra escuridão, ela já tinha retirado enorme quantia do banco supondo que mais um calote sofreria. Afinal, tungaram-lhe a grana poupada pela vida adentro , no início do governo desbotado de um ex-presidente que se supunha multi-color, e não permitiria que mais uma vez lhe roubassem as economias. Vinte e cinco anos se passam daquele calote que custou o mandato daquele mentecapto.
O que fez então? Guardou todo um dinheirão num casaco para aquecer frio brabo, no fundo daquele armário vigiado por um cadeado fiel. E ali , o dinheiro se esqueceu dele mesmo. Feito o cartão postal que nunca veio. Mas existiu.
Meses depois, quando o prazo para se corrigir bobagens como a que fez- já que fora alertada que a mesma barbaridade não seria repetida- exibiu afinal as entranhas do seu closet. Saira finalmente do armário. E lá estavam elas. Dobradinhas, virginais e sem lubrificação aparente. Notas e quantas tantas notas de um cruzeiro real- unidade monetária antes do atual Real- que se escondiam do resto do mundo.
Quase sem folego, o sobrinho- nomeado sem concurso para cargo de parentesco afetivo- sentado à beira do estrado da cama mais próxima para não cometer um homicídio doloso e com requintes de crueldade, recuperava o ar que não saía. Explodiria? Pode-se vislumbrar então- permite-se aqui uma anacronia na narrativa, visto que o tempo se faz fictício de fato- as manchetes do dia seguinte, nos periódicos televisivos: ' Rapaz se atrasa para o almoço, leva bronca da titia e a mata sem chances para qualquer defesa ou mensagem a ser gravada, pela enésima vez, na secretária de metal e que não recebera o décimo terceiro salário. Há quem diga que ele estava esfomeado'. Há de se entender.....
Rainhas absolutistas na arte da efabulação, ou seja, competência para distorcer intencionalmente certos fatos, a vítima e alguns telejornais, confirmariam - ainda que mortas ou fora do ar, sem sinal- a versão da manchete estampada no mundo. O pobre diabo do sobrinho/filho merecia, para além ou aquém da comida fria e sem gosto, o destino traçado. Então para quê mesmo um holofote?
Seria para enxergar melhor? Marcas bem expostas em tempos de imagens de alta resolução? O pé de galinha, mau exemplo, virou uma perna inteira por esses dias. Com direito a tíbia, perônio, fêmur. Mas permanece enquanto galinha para se manter a tradição. E para que esses olhos arregalados de tão grandes , vovozinha? Vovozinha é a PQP.... Teria dito se essa pergunta tivesse existido, chegado aos seus ouvidos. Cartão postal fonado?
Mas o que ela teria visto nesses últimos 30, 40 anos ( desde o período de GetúlioVargas, caudilho sacralizado e amigo da família), até um Tiririca cheio de gracejos e imunidades- nem tíbia nem ao menos Sir- de um parlamento nacional? Sim , já que se tíbia, perônio ou fíbula podem retratar certa anatomia óssea da caveira oficial, o que dizer das manobras outras a percorrer tanto tempo e do mesmo quase jeito? Que modo estranho, por sinal estúpido, de tratar os chamados compatriotas! Poderiam até se tornar contemporâneos no instante em que se vive e de um futuro - que demora por demais , vide a constatação desesperada, sangue nas mãos, de um Althusser filósofo-, a ser desenhado e indicado por lente dilegente.
O atraso, entretanto, atrasa qualquer diligência. Como sair dessa? Não somente do armário , mas dessa?
Os mesmos personagens com seus delitos gastos pela caduquice de uma neura pré-medieval e sua ficção mítica do salvacionismo confortável de uma prece ou rito , na espera- longa como uma gota d'água a nos molhar a testa desnuda-nessa vida cuja imanência é denegada, e que retorna para dentro do armário. Armário é transcendente?
E aí vovozinha? Para que serve essa boca tão grande e os seus dentes a ranger bruxismos? Hoje já existe salvação local para isso. Olha a tecnologia ajudando os que não desejam sorrir banguela. Bota-se um troço feito dentadura no céu da boca- só que mais cortês no design e no trato- e o movimento de ranger os dentes das bruxas é recalcado durante o sono. Se vier o rangir, lá do céu da boca, o inferno será menor.
Deve ter sido por isso e para isso, o chamado holofote. Iluminar pontos cegos. E eles se chamam- sussurram no escuro do dia mais claro- enquanto: verdade, certeza, igualdade, justiça, milagre.....A lista é longa. O armário está sempre repleto. Estamos até felizes!! Ou estaríamos?
quinta-feira, 18 de junho de 2015
PENÚLTIMAS-DAS CORDILHEIRAS.
PENÚLTIMAS. DAS Cordilheiras.
Zito- craque de bola que dava bronca até no menino Rei, Pelé- foi homenageado através de uma foto-homenagem. Antes do jogo. Uma bela homenagem a quem sempre deu o sangue pelas instituições que defendeu. Infelizmente, o que ele sempre apresentou e fez não adentrou o gramado.
A câmera muda de posição e enquadra o outro menino da Vila, Neymar. Ele parece comovido. Deve ter sido isso, pois parecia jogar uma partida sozinho contra todos os outros 21.... E ninguém a lhe dar um esculacho. Tem capitão naquele time? Na imagem-homenagem, tinha. E dos grandes. No banco de reservas do mesmo time em que 'SUA ALTEZA' , NEY-MAR, atua também. Irmão do Zangado, primo do Atchim, nada parecido com o Dengoso.Atchim jogou? Contaminou ao menos, 'La Pelota'?
Driblando através de prosopopeias, o tempo passa e o aparelho marca. Mas por que chamar de prosopopeia só porque supomos que essas formações não falantes de signos linguísticos, não falam? Não lhes parece demasiado vício idealista-racionalista desse nosso ocidente? Baseado em... Deixa o baseado para depois. Mas é preciso lembrar que esse figura de linguagem que tenta atribuir competências a seres inanimados- distribuir a bola-,isto é, o tal volante prosopopeia, tem argumentos a proferir. Mas capitão não há. E o mutismo é geral.
Ao menos, tornei-me um torce-dor menos iludido; um bocadinho menos histérico. E mentiroso também. Por que essa declaração de sutileza não faz jus ao cansaço da mesmice. Mas o diminutivo se encaixa. É compatível com o espetáculo produzido. No diminutivo só não se encaixa o que se fatura. Muito trabalho e paciência pela frente.
E eis que o Soneca despertou. Pode ser perigoso. E/ Ou não
Zito- craque de bola que dava bronca até no menino Rei, Pelé- foi homenageado através de uma foto-homenagem. Antes do jogo. Uma bela homenagem a quem sempre deu o sangue pelas instituições que defendeu. Infelizmente, o que ele sempre apresentou e fez não adentrou o gramado.
A câmera muda de posição e enquadra o outro menino da Vila, Neymar. Ele parece comovido. Deve ter sido isso, pois parecia jogar uma partida sozinho contra todos os outros 21.... E ninguém a lhe dar um esculacho. Tem capitão naquele time? Na imagem-homenagem, tinha. E dos grandes. No banco de reservas do mesmo time em que 'SUA ALTEZA' , NEY-MAR, atua também. Irmão do Zangado, primo do Atchim, nada parecido com o Dengoso.Atchim jogou? Contaminou ao menos, 'La Pelota'?
Driblando através de prosopopeias, o tempo passa e o aparelho marca. Mas por que chamar de prosopopeia só porque supomos que essas formações não falantes de signos linguísticos, não falam? Não lhes parece demasiado vício idealista-racionalista desse nosso ocidente? Baseado em... Deixa o baseado para depois. Mas é preciso lembrar que esse figura de linguagem que tenta atribuir competências a seres inanimados- distribuir a bola-,isto é, o tal volante prosopopeia, tem argumentos a proferir. Mas capitão não há. E o mutismo é geral.
Ao menos, tornei-me um torce-dor menos iludido; um bocadinho menos histérico. E mentiroso também. Por que essa declaração de sutileza não faz jus ao cansaço da mesmice. Mas o diminutivo se encaixa. É compatível com o espetáculo produzido. No diminutivo só não se encaixa o que se fatura. Muito trabalho e paciência pela frente.
E eis que o Soneca despertou. Pode ser perigoso. E/ Ou não
quarta-feira, 10 de junho de 2015
UM PEQUENO LUCRO DO SEU PREJUÍZO. SERÁ QUE TOPAM?
UM PEQUENO LUCRO DO SEU PREJUÍZO. SERÁ QUE TOPAM?
Brasileiro gosta de uma fila. Permanece ali por algumas horas se necessário for ou não. Indaga-se à gerente- tão maquiada naquela manhã preguiçosa que mais parecia chegar da balada- a quantas andam a nossa falência e o lucro indestrutível daquele banco: o maior banco privado e populista do país. E a primeira letra do seu nome é a letra B...de banqueiro ( para não se esquecer quem comanda o jogo); mas também B de....Babacas ( ...os clientes que acreditam, que se submetem sempre, porque o jogo é assim). Segundo a senhorita, por lá há 20 anos, nunca se concedeu tanto empréstimo quanto nesse período atual. E empréstimos com valores baixos e, por certo, juros bem altos. Novos milhões de clientes endividados, por um longo período. Dinheiro de plástico na moda, menos papel moeda em agência, nos cofres. Farra com a especulação das aplicações dos Outros. Aqueles, nós mesmos, cuja inicial do nome ou adjeto já fora mencionado. Se bem que escrevi com Outro maiúsculo. Talvez uma homenagem àquela cadeia de significantes sem fim. O inconsciente é de fato capitalista.
Prestimosa, após uma série de punhaladas, a senhorita-festa providenciou uma senha enquanto eu assinava uns papéis. Despedi-me com um semi-palavrão e diante do número, da tal senha, confabulei: ' Dois mil e dois. Curioso que uma tela, nessa sala repleta de brasileiros e filas, indica o número 5004 e a outra , mais modesta ou em atraso, 147. Onde fica o 2002?"
Poderia dizer que foi o número da sorte, pois é correspondente ao ano em que conheci Dona Mônica. Será? Dia dos Motéis lotados a chegar, quero dizer 12 de Junho, e ...Não havia esse número! Eu tinha um número- em casa de banqueiro codinome coisa ruim- sem existência local. Conspirei: ' Vou tentar lhes propor alguma porcentagem de lucro sobre o total do seu prejuízo. Se assim conseguir, corro para o Nobel da boa malandragem'! Ou seria alguma taxa com juros levitando embutida no atraso em ser atendido para me livrar daquele teatro vagabundo? Prejuízo de grana-tempo. Desperdício de 45 minutos. E sem Gol.
Se existe alguma profissão em que aquele anjo-gato, o boa gente do Lúcifer, está engajado, creiam-me; começa com a letra B.
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Brasileiro gosta de uma fila. Permanece ali por algumas horas se necessário for ou não. Indaga-se à gerente- tão maquiada naquela manhã preguiçosa que mais parecia chegar da balada- a quantas andam a nossa falência e o lucro indestrutível daquele banco: o maior banco privado e populista do país. E a primeira letra do seu nome é a letra B...de banqueiro ( para não se esquecer quem comanda o jogo); mas também B de....Babacas ( ...os clientes que acreditam, que se submetem sempre, porque o jogo é assim). Segundo a senhorita, por lá há 20 anos, nunca se concedeu tanto empréstimo quanto nesse período atual. E empréstimos com valores baixos e, por certo, juros bem altos. Novos milhões de clientes endividados, por um longo período. Dinheiro de plástico na moda, menos papel moeda em agência, nos cofres. Farra com a especulação das aplicações dos Outros. Aqueles, nós mesmos, cuja inicial do nome ou adjeto já fora mencionado. Se bem que escrevi com Outro maiúsculo. Talvez uma homenagem àquela cadeia de significantes sem fim. O inconsciente é de fato capitalista.
Prestimosa, após uma série de punhaladas, a senhorita-festa providenciou uma senha enquanto eu assinava uns papéis. Despedi-me com um semi-palavrão e diante do número, da tal senha, confabulei: ' Dois mil e dois. Curioso que uma tela, nessa sala repleta de brasileiros e filas, indica o número 5004 e a outra , mais modesta ou em atraso, 147. Onde fica o 2002?"
Poderia dizer que foi o número da sorte, pois é correspondente ao ano em que conheci Dona Mônica. Será? Dia dos Motéis lotados a chegar, quero dizer 12 de Junho, e ...Não havia esse número! Eu tinha um número- em casa de banqueiro codinome coisa ruim- sem existência local. Conspirei: ' Vou tentar lhes propor alguma porcentagem de lucro sobre o total do seu prejuízo. Se assim conseguir, corro para o Nobel da boa malandragem'! Ou seria alguma taxa com juros levitando embutida no atraso em ser atendido para me livrar daquele teatro vagabundo? Prejuízo de grana-tempo. Desperdício de 45 minutos. E sem Gol.
Se existe alguma profissão em que aquele anjo-gato, o boa gente do Lúcifer, está engajado, creiam-me; começa com a letra B.
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quarta-feira, 27 de maio de 2015
Invisíveis
Então Polo , aquele Marco, responde a Ítalo: '" O INFERNO dos vivos não é algo que será; é aquele que já está aqui, o inferno dos qual vivemos todos os dias -ATENÇÃO- FORMAMOS ESTANDO JUNTOS.
Existem duas maneiras de não sofrer ; a primeira é fácil para a maioria das pessoas: Aceitar o inferno e tornar-se parte deste até o ponto de deixar percebê-lo A segunda exige atenção ( Ele não falou em RITALINA NECESSARIAMENTE), logo, bem mais arriscada- E aprendizagem contínuas" Fecha... Aspa.
E por aí A Cidade Invisível de Ítalo Calvino se ergueu. A NOSSA CIDADE/ EU NÃO CONSEGUE TER AO MENOS A ELEGÂNCIA DA INVISIBILIDADE EM Tempos de Bráulios de SELF - De QUEM É O PAU-SELF QUE NOS PENTELHA?NEOLOGISMO?
Nessa aprendizagem contínua, poderia se ler, fazer análise. Um pouco de culhão aos sem culhões. Reação, ambição, é o nome. O resto é neblina. Cegueira no Horizonte. E ALI, HAVIA UM ARPO-A-DOR. ADIANTE, UM LE-BLON.
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Existem duas maneiras de não sofrer ; a primeira é fácil para a maioria das pessoas: Aceitar o inferno e tornar-se parte deste até o ponto de deixar percebê-lo A segunda exige atenção ( Ele não falou em RITALINA NECESSARIAMENTE), logo, bem mais arriscada- E aprendizagem contínuas" Fecha... Aspa.
E por aí A Cidade Invisível de Ítalo Calvino se ergueu. A NOSSA CIDADE/ EU NÃO CONSEGUE TER AO MENOS A ELEGÂNCIA DA INVISIBILIDADE EM Tempos de Bráulios de SELF - De QUEM É O PAU-SELF QUE NOS PENTELHA?NEOLOGISMO?
Nessa aprendizagem contínua, poderia se ler, fazer análise. Um pouco de culhão aos sem culhões. Reação, ambição, é o nome. O resto é neblina. Cegueira no Horizonte. E ALI, HAVIA UM ARPO-A-DOR. ADIANTE, UM LE-BLON.
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domingo, 10 de maio de 2015
Certas meninas do andar mais acima. Confusão de gozos.
- Alguma coisa vai mal? Está doente?
- Um troço chamado bursite. Foi o que o doutor falou no hospital. Dói pra burro.
Bursite. Até o presente momento, uma inflamação- a grosso modo- dos chamados tecidos moles e que compromete articulações. Essa bursa, e não 'buça', é uma pequena bolsa repleta de líquido, localizada na junção onde músculos e tendões transam mal com os ossos. Somos um fóssil que resmunga. Confundida muitas vezes com artrites, artroses e outras doenças articulares, a tal inflamação da bursa pode ser bem traiçoeira. A dor pode ser intensa e irradia na maioria das situações nos braços. Por isso, confunde-se com a dor no coração que falha. O maldito infarto do miocárdio.
Ano de 1999, dois anos após a morte do jornalista e figura pensante, Paulo Francis, em Nova Iorque. Erro de diagnóstico no caso de Francis porque ele também supunha sofrer de bursite.
Madrugada, como de costume para um notívago que se esforça por mudanças, atravessando o corredor - um caminho necessário para se chegar às duas entradas possíveis do edifício- as atenções não se fixaram naquela resposta sofrida, dolorida, de quem transforma uma imensa dor em sujeito da sua existência. As atenções se interessavam, sim, pela sacanagem que atravessava as noite e fins de tarde provenientes de algum andar bem mais acima, nos últimos meses. Essa suposição ganhava certezas porque os imóveis mais próximos não eram ocupados por figuras tão animadas. Descobre-se então que um elemento alugara um apartamento para instalar ali a sua produtora de filmes pornográficos. E a tal produção exigia protagonistas bem jovens. Nesse caso, todas eram meninas. E pelo desenrolar da história, eram menores de idade. Certo mestre, sábio em sua existência, já fez a devida distinção entre pornografia e erotismo. Indagado pela curiosidade de todos, respondeu que o erotismo vem a ser uma espécie de pornografia dos babacas enquanto que a pornografia se manifestaria como um erotismo de tarados.
Portanto, durante meses, o balançar dos quadris daquelas delícias joviais ( Shi! Não se pode dizer isso em épocas de malafaias e manifestações jurássicas), rejuvenesceu o prédio. Havia um frescor diferente no ar. As protagonistas deviam oscilar entre os 15 e 17 anos de idade e entravam felicíssimas pelo prédio a dentro. E de acordo com o dono da portaria- aquele que lutava contra uma suposta bursite- saíam do mesmo modo, ou seja: alegres, descontráidas, balançando as cabeleiras de um lado para o outro e tendo sempre nas mãos- agora desocupadas- um envelope. Curioso, ele observava o envelope ser entregue a diferentes mulheres que aguardavam as diversas moças, na esquina mais próxima da nossa rua. Uma de cada vez para não despertar outras atenções. E elas sempre estavam por lá. Uma pontualidade difícil de se ver em outras atividades. Não era ' em torno de' ou 'around seven o'clock', o tal acerto com os ponteiros do relógio imaginado, como o é de costume no nosso balneário mais famoso do país. Postavam-se diante da lanchonete, patrimônio cultural do bairro, e lambiam sorvetes durante o aguardo. Sem atraso nem tampouco algum esparramar de coisas precoces. De lambida em lambida, enfim, o encontro diário, semanal. O envelope finalmente mudava de dono e recebia colo materno.
De repente, a produção cinematográfica parou. Não se avistavam mais as beldades e nem se escutavam aqueles gemidos, sucedido de gritinhos. Ou teriam sido gritinhos e depois os gemidos? Essa ordem, aparentemente banal, pode alterar todo um roteiro de um bom filme.
Indaguei ao comandante da entrada e saída do novo cabaré- perdão, nosso prédio- a quantas andava o balançar dos belos e juvenis quadris, assim como a sonoplastia suspensa sem aviso prévio. Se aquele cineasta- e é quase certo que ele era o único protagonista macho das suas singulares produções- ao lado, ou por cima ou por baixo das suas estrelas- achavam que só existia exibicionismo por aqueles lados, esqueciam-se que ele não vale nada sem um voyeurismo participativo. Não existe um sem o outro.
' E o senhor, Mr. Bursite, ainda que lhe pese sobre todo o corpo, e não somente sobre algumas articulações, os seus setenta anos, tentando assustar-me ( Só porque me conhece desde pequeno) postando-se com ares de não afetado, mediante esse repentino silêncio, somado a essa entrada/saída de edifício falso moralista e deserta de formosuras'!- manifestei minha indignação. Ele me tranquilizou ao dizer que um dia me contaria, pois o 'coisa ruim' ainda restava no imóvel. Considerei essa expressão definidora/definitiva do seu olhar sobre o nosso vizinho , por suposto nada discreto, mas cordato em outros momentos, um tanto forçada e pouco elegante. É certo que jamais o encontrei ( Seria incorreto solicitar-lhe um autógrafo se acaso esbarrássemos um sobre o outro e coisa e tal, no elevador? Social?); Mas podemos até assegurar que esse Sr. Coisa Ruim, caso a carreira alavanque outros patamares e possibilidades, brindou-nos com aquela bela passarela de cidadania. Afinal, era um frescor sazonal no meio das antiguidades.
Uma outra madrugada e o automóvel de volta para casa. Diante do prédio, entrada/saída, onde se concebe também a palavra garagem, um automóvel oficial - desses que podem parar, revistar, atirar e até matar os outros, ainda que co-irmãos de um Ford Bigode tão distante e tão presente na estética vigente -, estacionava as quatro patas diante do único caminho necessário e disponível para o repouso habitual. Suas portas se abriram e um cidadão, pouco simpático, aproximou-se. Exigiu identificação de ambos: do cidadão e da criatura metálica. Por último, perguntou ao nosso indescritível senhor das entradas e saídas se realmente eu era quem dizia ser. 'Acho que sim'- respondeu com expressão de sacanagens. Mas como assim, 'Acho que sim'? Se não me dá seu testemunho como hei de garantir que sou quem penso ser? Logo você que esbarra comigo faz tanto tempo? E no início da nossa transa, apenas um engatinhava. Ah! Sabemos onde a coisa pega. No futebol nosso de cada temporada. Estou equivocado? Sua estrela solitária não anda te conduzindo muito bem, não é mesmo? Já o meu brinquedo vestido de vermelho e negro ( Romance francês?) trouxe-me de volta sem maiores sequelas. E só me resta a sua nobre consideração para que eu adentre feliz, alegre, descontraído, o prédio que compartilho, até mesmo, com essa vizinhança toda que não encontro. Que nunca vi.
Ufa. Isso, 'ufa', que dizer que conseguimos então? Penetramos o edifício? Sim, mas a polícia também veio, por sua vez, e partiu sem o moço que produzia filmes libidinosos de grande intensidade. Um pouco antes, fraçãozinha de segundo, escapara das garras 'inimigas'. Interessante, não é mesmo? Madrugada ainda rolando e ele, feito um demiurgo ou adivinho, conseguiu antever a chegada dos amigos de cassetete. Realmente era uma figura notável, o vizinho assombrado. Imaginem que nesse show da vida, num domingo à noite e após alguns meses, jornalistas reveleram seu segredo e sem nenhuma descrição, tal qualmente a postura do ator/produtor . Foi a televisão e sua produção veterana que avisa que o 'Coisa Ruim' era filho de um ex-deputado federal de um estado bem mais ao norte. Foi extraditado ou teria sido preso ao desembarcar de regresso, por aqui, nos brasis. Tinha uma ficha de perversõezinhas enorme. E a gente a confabular que a sua grandeza talvez viesse, bem vinda, de outras partes mais abaixo, de outras formações.
Nunca mais soubemos desse tipo, nem ao menos daquelas moças de outrora, tampouco sobre aquele cuidado familiar. Mães zelosas e preocupadas com o futuro da cria. No que o extraditado não pagou pelo preço combinado, bocas de Matilde vociferaram por justiça. Ele teve que se escafeder.
Quem disse que cidadania dessa ordem não se exerce? As meninas fizeram exame de corpo de delito e tudo mais, após adentraram não tão felizes, descontraídas e alegres a delegacia. Comoveram delegados e escrivães. Quase convocaram passeatas, via grande rede, se por acaso existisse tal praticagem. Não havia.
Por que não se consegue escrever sobre memórias e ao mesmo tempo incluir uma sonoplastia feito aquela magia editada no escurinho do cinema? Acho que o gozo maior seria escrever historinhas para uma tela grande. Mas a pretensão e a arrogância são marcas difíceis de apagar- tem que se lutar bravamente, quase um jiu jitsu mental-; e a pretensa intenção- malvada de inferno e outros paraísos- vislumbra desde o começo o tapete vermelho e um Coppola, talvez um Almódovar, a lhe conferir atenções. Infantilismos podem restar para sempre.
Volta-se , alguns dias após toda esse cenário descrito e desgustado acima, de um 'Réquiem para um Sonho' estadunidense impactante ( e que não foi produzido nem por Francis ou Pedro) onde seu mentor dedica- nos créditos finais- esse filme a sua mamãe. Quem não viu, verá. É possível. Foi no Cine Paissandu, no bairro do Flamengo. O cinema também não existe mais. Avisaram sobre uma possível reabertura. Teria sido reaberto ou nunca saberemos?
Cortina que sobe, não só no teatro burguês, e chega-se em casa novamente. Fato:vive-se de retorno. Voltamos antes para voltar de novo. A frase que iniciou essa conversa , repete-se. ' E aí, melhorou?' Aquele senhor grisalho mexeu um pouco os lábios ao mesmo tempo em que a cabeça se movia preguiçosa para um lado que parecia dizer NÃO! Subo através daquele caixote de subir e descer claustrofobias. Porém, uma confusão de sensações restam para trás.
Seria hora de dormir? Pesadelo ajuda no sono profundo? O sono dizendo adeus, o dia seguinte indicava trabalho por vir. Janela aberta pela noite quente, lua animando os casais feito a letra da canção. Um silêncio. Todavia, lá no fundo, um barulhinho ( Enfeitar frase também é importante, porque parece que vinha do alto, vinha do mundo o tal barulhinho) . Era um gemido que crescia em intenesidades. Pensei então: 'Voltaram. Estão de novo na maior sacanagem'. Durou menos que o suficiente aquele tipo de gozo. A ponto de esquecê-lo forçosamente. Teria sido inveja? Teria conseguido uma surdez voluntária?
Na manhã seguinte, carro apontando no portão do prédio e os outros três comandantes da entrada e saída estavam cabisbaixos, abatidos. Algo inédito, visto que o silêncio e a discrição não compunham os respectivos currículos. Sobretudo, quando estão juntos. Indaguei o que se passava e a resposta não nos poupava o impacto. O real se apresentando sem intermediários. O real destrói neuras. Ele vai direto ao ponto: 'Antônio, o nosso vigia noturno. 'O que houve?'-já estava aflito. 'Ele morreu de madrugada. Teve um infarto fulminante'. Antônio agora tem nome e função. E ele não estará presente nessa consideração Mas não era bursite? O que ele tinha? Acabou.
Era uma vez um homem de setenta anos que dera grande parte da vida a cuidar das entradas e saídas desse prédio batizado com nome de mulher desconhecida, desde a sua fundação. Como se pode notar, vizinhos que não se encontram e nomeações desconhecidas. Aquele gemido não era gozo de roça roça, esfrega esfrega, pau na xeta ou promessas de futuro em Hollywood, Bollywood ou Mimosa Villagewood. Era o derradeiro gozo à beira da morte que não há. Era o gozo capenga, dolorido, sangrento, entupido, de um coração valente que pifou de vez. Explodiu justo na madrugada. Logo ela que me faz companhia, feito uma ninfa, de vida inteira.
Mas então esse gemido que se acreditava vir de cima e parece que veio por baixo?
Há uma garagem no final daquele caminho necessário, com a sua lua e um dedo incauto a lhe apontar o teto que não está. Esse céu desnudo que virou teto, abrigo. Por sua vez, as paredes laterais cercam aquele espaço, preservam território, mas resta o vento, resta o resto. E ela- isso tudo que se chama de garagem- escancara algumas das suas partes que compõe o seu patrimônio de veículos. É aquele emaranhado de ferro mesclado com alumínio e mais borracha com plástico ou algum sonho conquistado. Pois foi por ali que o maldito barulho se propagou. A confundir luxúria com penúria.
Um corredor que perde o seu comandante primeiro atinge a garagem sem qualquer mediação . Confusão de ruídos que transam sem escrúpulos. Estão mais para pornográficos do que eróticos. Não, não era uma crise de bursite.
- Um troço chamado bursite. Foi o que o doutor falou no hospital. Dói pra burro.
Bursite. Até o presente momento, uma inflamação- a grosso modo- dos chamados tecidos moles e que compromete articulações. Essa bursa, e não 'buça', é uma pequena bolsa repleta de líquido, localizada na junção onde músculos e tendões transam mal com os ossos. Somos um fóssil que resmunga. Confundida muitas vezes com artrites, artroses e outras doenças articulares, a tal inflamação da bursa pode ser bem traiçoeira. A dor pode ser intensa e irradia na maioria das situações nos braços. Por isso, confunde-se com a dor no coração que falha. O maldito infarto do miocárdio.
Ano de 1999, dois anos após a morte do jornalista e figura pensante, Paulo Francis, em Nova Iorque. Erro de diagnóstico no caso de Francis porque ele também supunha sofrer de bursite.
Madrugada, como de costume para um notívago que se esforça por mudanças, atravessando o corredor - um caminho necessário para se chegar às duas entradas possíveis do edifício- as atenções não se fixaram naquela resposta sofrida, dolorida, de quem transforma uma imensa dor em sujeito da sua existência. As atenções se interessavam, sim, pela sacanagem que atravessava as noite e fins de tarde provenientes de algum andar bem mais acima, nos últimos meses. Essa suposição ganhava certezas porque os imóveis mais próximos não eram ocupados por figuras tão animadas. Descobre-se então que um elemento alugara um apartamento para instalar ali a sua produtora de filmes pornográficos. E a tal produção exigia protagonistas bem jovens. Nesse caso, todas eram meninas. E pelo desenrolar da história, eram menores de idade. Certo mestre, sábio em sua existência, já fez a devida distinção entre pornografia e erotismo. Indagado pela curiosidade de todos, respondeu que o erotismo vem a ser uma espécie de pornografia dos babacas enquanto que a pornografia se manifestaria como um erotismo de tarados.
Portanto, durante meses, o balançar dos quadris daquelas delícias joviais ( Shi! Não se pode dizer isso em épocas de malafaias e manifestações jurássicas), rejuvenesceu o prédio. Havia um frescor diferente no ar. As protagonistas deviam oscilar entre os 15 e 17 anos de idade e entravam felicíssimas pelo prédio a dentro. E de acordo com o dono da portaria- aquele que lutava contra uma suposta bursite- saíam do mesmo modo, ou seja: alegres, descontráidas, balançando as cabeleiras de um lado para o outro e tendo sempre nas mãos- agora desocupadas- um envelope. Curioso, ele observava o envelope ser entregue a diferentes mulheres que aguardavam as diversas moças, na esquina mais próxima da nossa rua. Uma de cada vez para não despertar outras atenções. E elas sempre estavam por lá. Uma pontualidade difícil de se ver em outras atividades. Não era ' em torno de' ou 'around seven o'clock', o tal acerto com os ponteiros do relógio imaginado, como o é de costume no nosso balneário mais famoso do país. Postavam-se diante da lanchonete, patrimônio cultural do bairro, e lambiam sorvetes durante o aguardo. Sem atraso nem tampouco algum esparramar de coisas precoces. De lambida em lambida, enfim, o encontro diário, semanal. O envelope finalmente mudava de dono e recebia colo materno.
De repente, a produção cinematográfica parou. Não se avistavam mais as beldades e nem se escutavam aqueles gemidos, sucedido de gritinhos. Ou teriam sido gritinhos e depois os gemidos? Essa ordem, aparentemente banal, pode alterar todo um roteiro de um bom filme.
Indaguei ao comandante da entrada e saída do novo cabaré- perdão, nosso prédio- a quantas andava o balançar dos belos e juvenis quadris, assim como a sonoplastia suspensa sem aviso prévio. Se aquele cineasta- e é quase certo que ele era o único protagonista macho das suas singulares produções- ao lado, ou por cima ou por baixo das suas estrelas- achavam que só existia exibicionismo por aqueles lados, esqueciam-se que ele não vale nada sem um voyeurismo participativo. Não existe um sem o outro.
' E o senhor, Mr. Bursite, ainda que lhe pese sobre todo o corpo, e não somente sobre algumas articulações, os seus setenta anos, tentando assustar-me ( Só porque me conhece desde pequeno) postando-se com ares de não afetado, mediante esse repentino silêncio, somado a essa entrada/saída de edifício falso moralista e deserta de formosuras'!- manifestei minha indignação. Ele me tranquilizou ao dizer que um dia me contaria, pois o 'coisa ruim' ainda restava no imóvel. Considerei essa expressão definidora/definitiva do seu olhar sobre o nosso vizinho , por suposto nada discreto, mas cordato em outros momentos, um tanto forçada e pouco elegante. É certo que jamais o encontrei ( Seria incorreto solicitar-lhe um autógrafo se acaso esbarrássemos um sobre o outro e coisa e tal, no elevador? Social?); Mas podemos até assegurar que esse Sr. Coisa Ruim, caso a carreira alavanque outros patamares e possibilidades, brindou-nos com aquela bela passarela de cidadania. Afinal, era um frescor sazonal no meio das antiguidades.
Uma outra madrugada e o automóvel de volta para casa. Diante do prédio, entrada/saída, onde se concebe também a palavra garagem, um automóvel oficial - desses que podem parar, revistar, atirar e até matar os outros, ainda que co-irmãos de um Ford Bigode tão distante e tão presente na estética vigente -, estacionava as quatro patas diante do único caminho necessário e disponível para o repouso habitual. Suas portas se abriram e um cidadão, pouco simpático, aproximou-se. Exigiu identificação de ambos: do cidadão e da criatura metálica. Por último, perguntou ao nosso indescritível senhor das entradas e saídas se realmente eu era quem dizia ser. 'Acho que sim'- respondeu com expressão de sacanagens. Mas como assim, 'Acho que sim'? Se não me dá seu testemunho como hei de garantir que sou quem penso ser? Logo você que esbarra comigo faz tanto tempo? E no início da nossa transa, apenas um engatinhava. Ah! Sabemos onde a coisa pega. No futebol nosso de cada temporada. Estou equivocado? Sua estrela solitária não anda te conduzindo muito bem, não é mesmo? Já o meu brinquedo vestido de vermelho e negro ( Romance francês?) trouxe-me de volta sem maiores sequelas. E só me resta a sua nobre consideração para que eu adentre feliz, alegre, descontraído, o prédio que compartilho, até mesmo, com essa vizinhança toda que não encontro. Que nunca vi.
Ufa. Isso, 'ufa', que dizer que conseguimos então? Penetramos o edifício? Sim, mas a polícia também veio, por sua vez, e partiu sem o moço que produzia filmes libidinosos de grande intensidade. Um pouco antes, fraçãozinha de segundo, escapara das garras 'inimigas'. Interessante, não é mesmo? Madrugada ainda rolando e ele, feito um demiurgo ou adivinho, conseguiu antever a chegada dos amigos de cassetete. Realmente era uma figura notável, o vizinho assombrado. Imaginem que nesse show da vida, num domingo à noite e após alguns meses, jornalistas reveleram seu segredo e sem nenhuma descrição, tal qualmente a postura do ator/produtor . Foi a televisão e sua produção veterana que avisa que o 'Coisa Ruim' era filho de um ex-deputado federal de um estado bem mais ao norte. Foi extraditado ou teria sido preso ao desembarcar de regresso, por aqui, nos brasis. Tinha uma ficha de perversõezinhas enorme. E a gente a confabular que a sua grandeza talvez viesse, bem vinda, de outras partes mais abaixo, de outras formações.
Nunca mais soubemos desse tipo, nem ao menos daquelas moças de outrora, tampouco sobre aquele cuidado familiar. Mães zelosas e preocupadas com o futuro da cria. No que o extraditado não pagou pelo preço combinado, bocas de Matilde vociferaram por justiça. Ele teve que se escafeder.
Quem disse que cidadania dessa ordem não se exerce? As meninas fizeram exame de corpo de delito e tudo mais, após adentraram não tão felizes, descontraídas e alegres a delegacia. Comoveram delegados e escrivães. Quase convocaram passeatas, via grande rede, se por acaso existisse tal praticagem. Não havia.
Por que não se consegue escrever sobre memórias e ao mesmo tempo incluir uma sonoplastia feito aquela magia editada no escurinho do cinema? Acho que o gozo maior seria escrever historinhas para uma tela grande. Mas a pretensão e a arrogância são marcas difíceis de apagar- tem que se lutar bravamente, quase um jiu jitsu mental-; e a pretensa intenção- malvada de inferno e outros paraísos- vislumbra desde o começo o tapete vermelho e um Coppola, talvez um Almódovar, a lhe conferir atenções. Infantilismos podem restar para sempre.
Volta-se , alguns dias após toda esse cenário descrito e desgustado acima, de um 'Réquiem para um Sonho' estadunidense impactante ( e que não foi produzido nem por Francis ou Pedro) onde seu mentor dedica- nos créditos finais- esse filme a sua mamãe. Quem não viu, verá. É possível. Foi no Cine Paissandu, no bairro do Flamengo. O cinema também não existe mais. Avisaram sobre uma possível reabertura. Teria sido reaberto ou nunca saberemos?
Cortina que sobe, não só no teatro burguês, e chega-se em casa novamente. Fato:vive-se de retorno. Voltamos antes para voltar de novo. A frase que iniciou essa conversa , repete-se. ' E aí, melhorou?' Aquele senhor grisalho mexeu um pouco os lábios ao mesmo tempo em que a cabeça se movia preguiçosa para um lado que parecia dizer NÃO! Subo através daquele caixote de subir e descer claustrofobias. Porém, uma confusão de sensações restam para trás.
Seria hora de dormir? Pesadelo ajuda no sono profundo? O sono dizendo adeus, o dia seguinte indicava trabalho por vir. Janela aberta pela noite quente, lua animando os casais feito a letra da canção. Um silêncio. Todavia, lá no fundo, um barulhinho ( Enfeitar frase também é importante, porque parece que vinha do alto, vinha do mundo o tal barulhinho) . Era um gemido que crescia em intenesidades. Pensei então: 'Voltaram. Estão de novo na maior sacanagem'. Durou menos que o suficiente aquele tipo de gozo. A ponto de esquecê-lo forçosamente. Teria sido inveja? Teria conseguido uma surdez voluntária?
Na manhã seguinte, carro apontando no portão do prédio e os outros três comandantes da entrada e saída estavam cabisbaixos, abatidos. Algo inédito, visto que o silêncio e a discrição não compunham os respectivos currículos. Sobretudo, quando estão juntos. Indaguei o que se passava e a resposta não nos poupava o impacto. O real se apresentando sem intermediários. O real destrói neuras. Ele vai direto ao ponto: 'Antônio, o nosso vigia noturno. 'O que houve?'-já estava aflito. 'Ele morreu de madrugada. Teve um infarto fulminante'. Antônio agora tem nome e função. E ele não estará presente nessa consideração Mas não era bursite? O que ele tinha? Acabou.
Era uma vez um homem de setenta anos que dera grande parte da vida a cuidar das entradas e saídas desse prédio batizado com nome de mulher desconhecida, desde a sua fundação. Como se pode notar, vizinhos que não se encontram e nomeações desconhecidas. Aquele gemido não era gozo de roça roça, esfrega esfrega, pau na xeta ou promessas de futuro em Hollywood, Bollywood ou Mimosa Villagewood. Era o derradeiro gozo à beira da morte que não há. Era o gozo capenga, dolorido, sangrento, entupido, de um coração valente que pifou de vez. Explodiu justo na madrugada. Logo ela que me faz companhia, feito uma ninfa, de vida inteira.
Mas então esse gemido que se acreditava vir de cima e parece que veio por baixo?
Há uma garagem no final daquele caminho necessário, com a sua lua e um dedo incauto a lhe apontar o teto que não está. Esse céu desnudo que virou teto, abrigo. Por sua vez, as paredes laterais cercam aquele espaço, preservam território, mas resta o vento, resta o resto. E ela- isso tudo que se chama de garagem- escancara algumas das suas partes que compõe o seu patrimônio de veículos. É aquele emaranhado de ferro mesclado com alumínio e mais borracha com plástico ou algum sonho conquistado. Pois foi por ali que o maldito barulho se propagou. A confundir luxúria com penúria.
Um corredor que perde o seu comandante primeiro atinge a garagem sem qualquer mediação . Confusão de ruídos que transam sem escrúpulos. Estão mais para pornográficos do que eróticos. Não, não era uma crise de bursite.
terça-feira, 28 de abril de 2015
Lullaby- canção de ninar? Novas tecnologias. Recordações.
Lullaby não é a despedida de algum político importante. Lullaby é uma composição de Brahms, aquele músico alemão- século 19-, e que dentre outras coisas frequentava a casa da família do filósofo e aventureiro, Wittgenstein. Eram contemporâneos. Wittgenstein nascia e uma década depois, Brahms morria. A família vienense do filósofo tinha um ótimo hábito que era financiar projetos artísticos. A mansão da família era local para os encontros de músicos, diretores teatrais. Ravel compôs o concerto para mão esquerda, dedicando-o a um dos irmãos do pupilo de outro grande do pensamento ocidental , Bertrand Russerl, e que perdera a mão direita durante a primeira guerra mundial. Antes de se consagrar, o compositor alemão perambulou um bocado- o tempo considerado difere da nossa realidade contemporânea, já que um homem de trinta anos, à essa época, era considerado um senhor- , até ser acolhido por Clara e Robert Schumann ( Robert um compositor notável e sua esposa uma pianista, uma musicista muito talentosa), na residência do casal.
Tesões em comum podem ter suscitado admiração que, segundo certa alcova alemã e vienense, ultrapassava formalidades musicais entre Clara e Brahms. Ou ainda o ciúme doentio- uma parana exagerada e mal articulada-, de Robert,e que já apresentava sintomas de doença mental. Considerada por estudiosos de sua vida e obra como um quadro psicótico maníaco depressivo. Morreu internado numa daquelas clínicas pavorosas, daquele período. Não muito diferente de hoje. Se relembrarmos o livro 'História da Loucura', Michel Foucault, teremos a noção exata do modo como eram tratados os chamados loucos. A morte de Schumann é tratada como trágica. E qual seria a morte que não se configuraria enquanto tal? Existem desaparecimentos espetaculares, acidentes raros, assassinatos e coisa e tal , mas todo desaparecimento é da ordem de uma trágédia no sentido da impossibilidade radical de se reverter uma situação ou fato. Não tem volta. Ao insistir com esse teclar de letrinhas, por exemplo, não posso passar a borracha no fato de ter iniciado esse teclar de letrinhas. Posso passar a borracha no conteúdo, nas letrinhas, mas não no fato já iniciado. É mais ou menos o que Édipo- aquele Hamlet grego, filho de Sófocles, em Colona- veio relembrar: uma vez nascido, um tanto ferrado estarás. Condenado a existir e não poderá desistir existindo. Desejo mais ambicioso no qual se assenta nossa especificidade de gente. Por isso não adianta conclamar ambições ao dizer " Seja ambicioso. Deseje o impossível'. Não é preciso apelar para redundâncias. É uma questão de reconhecer, saber, manejar. Portanto, lamenta-se mas não haverá presença nessa desistência. Apesar disso, cada um tem a ficção que pode e se faz merecedor.Sempre teremos algo disponível para nos salvar um pouquinho. Fé não necessita de conteúdo ou letrinhas. Fé é o ato posto. A crença por sua vez só faz elocubrar. Ela não existe sem conteúdos. A outra se põe enquanto movimento.
Lullaby se virou numa canção de ninar. Segundo recordações, minha mãe me incorporou- prefiro o termo adoção- desde então. Toda criança é adotada. E a canção era tocada por ela mesma no piano de casa. Piano familiar. Daqueles que aparecem na herança deixada pelo morto. 'E o piano com cauda avariada irá para o fulano ou sicrana'- avisa o locutor para inventários. O morto/a não faz ideia da confusão que armou. Mesmo sem saber tocar ou fritar um bife ( no piano é aquele início do início dos estudos do instrumento rei e insuportável para quem escuta), a turma goza por sofrer de rejeições e não perdoa quem fez a doação. Assunto para gerações futuras. Melhor dizer: fofoca.
Garanto-lhes que nenhum daqueles petiscos ou aromas proustianos ( o escritor francês que era afetado radicalmente em suas lembranças, através dos cheiros, gostos, produzindo aquela obra enorme) foram ingeridos para evocar canções, sobretudo, aquele sorriso que se debruçava sobre meu rosto e que me faz tanta falta.
Lullaby continua a fazer barulho. As novas tecnologias produzem esses efeitos. Trazem umas coisas de tão longe para bem perto, afastando outras que estão mais ao lado. Seriam compensações? O que afasta ou aproxima é a intenção de quem tecla, de quem se aconchega ou não. Onde começa e termina esse ruído todo? É essa distância que se apaga cada vez mais. Nosso vizinho mais próximo - a quem você poderá pedir emprestado um pouco de coisas sem glúten, sem lactose e com o forte tendência a ser atendido- , reside na Sibéria ou na Guiné Equatorial. Mas aquele sorriso afetuoso com sonoplastia de um outro mundo só existe nessas lembranças. E ainda bem.
Tesões em comum podem ter suscitado admiração que, segundo certa alcova alemã e vienense, ultrapassava formalidades musicais entre Clara e Brahms. Ou ainda o ciúme doentio- uma parana exagerada e mal articulada-, de Robert,e que já apresentava sintomas de doença mental. Considerada por estudiosos de sua vida e obra como um quadro psicótico maníaco depressivo. Morreu internado numa daquelas clínicas pavorosas, daquele período. Não muito diferente de hoje. Se relembrarmos o livro 'História da Loucura', Michel Foucault, teremos a noção exata do modo como eram tratados os chamados loucos. A morte de Schumann é tratada como trágica. E qual seria a morte que não se configuraria enquanto tal? Existem desaparecimentos espetaculares, acidentes raros, assassinatos e coisa e tal , mas todo desaparecimento é da ordem de uma trágédia no sentido da impossibilidade radical de se reverter uma situação ou fato. Não tem volta. Ao insistir com esse teclar de letrinhas, por exemplo, não posso passar a borracha no fato de ter iniciado esse teclar de letrinhas. Posso passar a borracha no conteúdo, nas letrinhas, mas não no fato já iniciado. É mais ou menos o que Édipo- aquele Hamlet grego, filho de Sófocles, em Colona- veio relembrar: uma vez nascido, um tanto ferrado estarás. Condenado a existir e não poderá desistir existindo. Desejo mais ambicioso no qual se assenta nossa especificidade de gente. Por isso não adianta conclamar ambições ao dizer " Seja ambicioso. Deseje o impossível'. Não é preciso apelar para redundâncias. É uma questão de reconhecer, saber, manejar. Portanto, lamenta-se mas não haverá presença nessa desistência. Apesar disso, cada um tem a ficção que pode e se faz merecedor.Sempre teremos algo disponível para nos salvar um pouquinho. Fé não necessita de conteúdo ou letrinhas. Fé é o ato posto. A crença por sua vez só faz elocubrar. Ela não existe sem conteúdos. A outra se põe enquanto movimento.
Lullaby se virou numa canção de ninar. Segundo recordações, minha mãe me incorporou- prefiro o termo adoção- desde então. Toda criança é adotada. E a canção era tocada por ela mesma no piano de casa. Piano familiar. Daqueles que aparecem na herança deixada pelo morto. 'E o piano com cauda avariada irá para o fulano ou sicrana'- avisa o locutor para inventários. O morto/a não faz ideia da confusão que armou. Mesmo sem saber tocar ou fritar um bife ( no piano é aquele início do início dos estudos do instrumento rei e insuportável para quem escuta), a turma goza por sofrer de rejeições e não perdoa quem fez a doação. Assunto para gerações futuras. Melhor dizer: fofoca.
Garanto-lhes que nenhum daqueles petiscos ou aromas proustianos ( o escritor francês que era afetado radicalmente em suas lembranças, através dos cheiros, gostos, produzindo aquela obra enorme) foram ingeridos para evocar canções, sobretudo, aquele sorriso que se debruçava sobre meu rosto e que me faz tanta falta.
Lullaby continua a fazer barulho. As novas tecnologias produzem esses efeitos. Trazem umas coisas de tão longe para bem perto, afastando outras que estão mais ao lado. Seriam compensações? O que afasta ou aproxima é a intenção de quem tecla, de quem se aconchega ou não. Onde começa e termina esse ruído todo? É essa distância que se apaga cada vez mais. Nosso vizinho mais próximo - a quem você poderá pedir emprestado um pouco de coisas sem glúten, sem lactose e com o forte tendência a ser atendido- , reside na Sibéria ou na Guiné Equatorial. Mas aquele sorriso afetuoso com sonoplastia de um outro mundo só existe nessas lembranças. E ainda bem.
quinta-feira, 23 de abril de 2015
Uma criança quase à deriva
AOS BOTAFOGOS E VASCAÍNOS . PAPO DE BOLEIRO ÀS VÉSPERAS DA BATALHA.
Uma criança quase à deriva.
1972, o ano. E o dia, era 15 de Novembro. Aniversário do clube da Gávea e feriado republicano. Apesar de supor que continuamos monarquistas de fato ou em sonho. Vamos de rei Roberto, rainha dos baixinhos, rei do bacalhau, rei das tintas, rei momo, no banco de suplentes um aposentado rei da soja e por aí golpeamos a família real portuguesa.
Tinha 6 anos e o pai resolveu levar a criança para a tribuna em que um amigo, cheio de boas relações, conseguiria bom assento e civilidade por perto ( Mais crescidinho, gosto mesmo é de uma arquibancada). Jogo que rola, a tribuna com suas autoridades para uma época em que se impunha silêncio forçado e o massacre: 6x 0 para os Botafogos. Jairzinho e comissão de frente iniciando os ensaios do rei momo para o carnaval do próximo ano.
Dia seguinte, e aquele jornal com seu cheiro particular dobrado estava, dobrado ficou. Indaguei ao velho o que de fato ocorrera, mas ele mudava de jogo. Todavia, o telefone com aquele círculo enorme no centro de sua alma resolvia trazer-lhe a lembrança do massacre. Eram os irmãos a lhe sugerir que não levasse mais o pequeno para assistir aos jogos contra os grandes. Meus tios e primos são torcedores do time que porta a cruz de malta. O pai ficou encucado. Por alguns anos. E depois, viria um desses irmãos piorar ainda mais a situação. 'Não leve o garoto contra os times pequenos tampouco, pois se perder....Virá para o nosso lado.' Durante dois anos que pareceram séculos, frequentei assiduamente Olarias, Bonsucessos, Madureiras, Campuscas. Chegaram a nos acusar- quase fui condenado, apesar dos 8 anos de idade- de sadismo contra formações ditas inferiores. E tinha aquele outro tio, amalucado vascaíno beleza, a sugerir então que a obra daquele "patologista" lás das Europas, Um Marquês de Sade, fosse-me dada a fim de fazer jus à condenação imputada. Ele era amante de uma juíza. Entendia, de modo singular, dessas leis que não nos dão o direito de desconhecê-las. Se bem que essas são deliciosas.
Pois sim. Cheguei a assistir clássicos paulistanos antes de um mundano e regional FLA X FLU. Nelson Rodrigues talvez me condenasse pela segunda vez. Nesse caso, por causa do mundano e regional. Nova condenação. E ele nunca soube que no primeiro evento quarenta minutos antes do nada- era assim que nomeava um Fla x Flu-, tomamos uma enfiada daquela máquina tricolor infernal.
Nessa , o velho me retirou do estádio antes do fim, na verdade antes do tudo ou do nada, rádio de pilha a gaguejar perplexidades pelas rampas da arquibancada, sem que eu lhe fizesse a pergunta capital e que só não nos assombrou, por mais tempo, por causa de um Rei Galinho de Quintino e sua gandiosa guarda pretoriana sob o vôo indescritível de um zagueiro, paulista de nascimento, Rondinelli. Isso foi um 1978, num Dezembro de Noel. Ah ! Aquela pergunta balbuciada na rampa que nos retirava da humilhação sofrida:
' PAI. O QUÊ DE FATO ACONTECEU'?
Mesmo sem qualquer resposta, afora a fuga para proteger seu patrimônio, eu torço mesmo é pelo seu time.
BOAS DECISÕES, AMIGOS.
Uma criança quase à deriva.
1972, o ano. E o dia, era 15 de Novembro. Aniversário do clube da Gávea e feriado republicano. Apesar de supor que continuamos monarquistas de fato ou em sonho. Vamos de rei Roberto, rainha dos baixinhos, rei do bacalhau, rei das tintas, rei momo, no banco de suplentes um aposentado rei da soja e por aí golpeamos a família real portuguesa.
Tinha 6 anos e o pai resolveu levar a criança para a tribuna em que um amigo, cheio de boas relações, conseguiria bom assento e civilidade por perto ( Mais crescidinho, gosto mesmo é de uma arquibancada). Jogo que rola, a tribuna com suas autoridades para uma época em que se impunha silêncio forçado e o massacre: 6x 0 para os Botafogos. Jairzinho e comissão de frente iniciando os ensaios do rei momo para o carnaval do próximo ano.
Dia seguinte, e aquele jornal com seu cheiro particular dobrado estava, dobrado ficou. Indaguei ao velho o que de fato ocorrera, mas ele mudava de jogo. Todavia, o telefone com aquele círculo enorme no centro de sua alma resolvia trazer-lhe a lembrança do massacre. Eram os irmãos a lhe sugerir que não levasse mais o pequeno para assistir aos jogos contra os grandes. Meus tios e primos são torcedores do time que porta a cruz de malta. O pai ficou encucado. Por alguns anos. E depois, viria um desses irmãos piorar ainda mais a situação. 'Não leve o garoto contra os times pequenos tampouco, pois se perder....Virá para o nosso lado.' Durante dois anos que pareceram séculos, frequentei assiduamente Olarias, Bonsucessos, Madureiras, Campuscas. Chegaram a nos acusar- quase fui condenado, apesar dos 8 anos de idade- de sadismo contra formações ditas inferiores. E tinha aquele outro tio, amalucado vascaíno beleza, a sugerir então que a obra daquele "patologista" lás das Europas, Um Marquês de Sade, fosse-me dada a fim de fazer jus à condenação imputada. Ele era amante de uma juíza. Entendia, de modo singular, dessas leis que não nos dão o direito de desconhecê-las. Se bem que essas são deliciosas.
Pois sim. Cheguei a assistir clássicos paulistanos antes de um mundano e regional FLA X FLU. Nelson Rodrigues talvez me condenasse pela segunda vez. Nesse caso, por causa do mundano e regional. Nova condenação. E ele nunca soube que no primeiro evento quarenta minutos antes do nada- era assim que nomeava um Fla x Flu-, tomamos uma enfiada daquela máquina tricolor infernal.
Nessa , o velho me retirou do estádio antes do fim, na verdade antes do tudo ou do nada, rádio de pilha a gaguejar perplexidades pelas rampas da arquibancada, sem que eu lhe fizesse a pergunta capital e que só não nos assombrou, por mais tempo, por causa de um Rei Galinho de Quintino e sua gandiosa guarda pretoriana sob o vôo indescritível de um zagueiro, paulista de nascimento, Rondinelli. Isso foi um 1978, num Dezembro de Noel. Ah ! Aquela pergunta balbuciada na rampa que nos retirava da humilhação sofrida:
' PAI. O QUÊ DE FATO ACONTECEU'?
Mesmo sem qualquer resposta, afora a fuga para proteger seu patrimônio, eu torço mesmo é pelo seu time.
BOAS DECISÕES, AMIGOS.
sexta-feira, 17 de abril de 2015
AS LUZES E AS SOMBRAS. A VERY NICE WEEKEND TO EVERYBODY, ED.
O deputado inimputável, BoÇALnaro, o Jair, repete aquilo que é comum- não só por aqui-, mas nos Estados Unidos também. A hierarquização dos distritos. O voto no Brasil não é distrital como por lá. Não é distrital de direito, por aqui, pois ele existe de fato.Aliás, como quase tudo. Jair , deputado antigo, elegeu os dois filhos. Um para trabalhar ( trabalhar?) ao seu lado, em Brasília, e o outro é vereador aqui mesmo.... Nos EUA, Bushs e Kennedys comandam diversos distritos. Papai se aposenta, cajado passado. Passado para frente.
No 'BRAZIL" OU in 'BRASIL", o vereador se tornou uma espécie de síndico de prédio. No máximo, virou um dirigente de associação de moradores a utilizar com habilidade algum microfone mais possante. O deputado estadual, por sua vez, faz o papel de vereador e o deputado federal um estadual com pose de bacana. Mestrado virou graduação, graduação virou alfabetização e o doutorado- que outrora exigia uma certa dose de originalidade- um mestrado com puxadinho. Felizmente, existem exceções. O caso a caso necessário para que não se apague o resto de luz no meio da floresta. E por falar em floresta, lá no meio dos confins do Amapá tem monumento bacana referente ao ilustre Português.
O Marquês de Pombal -figura notável e reconhecida como tal por monarquistas e republicanos- já dissera quando do terremoto que devastou Lisboa, no século 18, que 'DEVERÍAMOS ENTERRAR OS MORTOS E CUIDAR DOS VIVOS".
O prefeito de Nova Iorque em 2001, amigo da Cosanostra naquela época, Rudy Giuliani, disse algo semelhante diante das torres derrubadas pelo gênio do mal, Osama Bin Laden, e das cinzas humanas que assombravam 'Walls and
humiliated Streets'..
Semelhança ou similitude, o destino dessa frase? Há de se pensar sobre. A primeira- processo por semelhanças- guarda referências com algo original. Tem origem. Nome de família, etc. Na similitude não há antecedentes e destino traçado. É puro devir.
Nas artes plásticas, por exemplo, um Magritte, estapeava-se com Kandisnky, Klee, e outros, por causa disso. Observado por um Michel Foucault atento e com um cachimbo à boca ( não é bem um cachimbo?).
O que se faz tão semelhante com a história dos Brasis? Tem gente otimista, tem gente nem tanto. Contudo, creio que ilusões não trazem felicidades. ' Quelqu'un' com o mínimo de travessia sabe.
Sabiam, amigos, que o nosso ex-presidente Rodrigues Alves- o paulista que indrustrializou o Rio graças ao arroxo e medidas impopulares de seu antecessor, Campos Salles, perdeu uma filha, vítima da dengue? Mobilizaram exército, presidiários, e outros civis, e invadiram casas ( nada mais democrático 'Big Brothers') para limpeza geral e vacinar a população, aqui no nosso adorado balneário carioca. Falamos desde 1902.
Pois é. Gosto das luzes, mas permaneço de olho nas sombras.
No 'BRAZIL" OU in 'BRASIL", o vereador se tornou uma espécie de síndico de prédio. No máximo, virou um dirigente de associação de moradores a utilizar com habilidade algum microfone mais possante. O deputado estadual, por sua vez, faz o papel de vereador e o deputado federal um estadual com pose de bacana. Mestrado virou graduação, graduação virou alfabetização e o doutorado- que outrora exigia uma certa dose de originalidade- um mestrado com puxadinho. Felizmente, existem exceções. O caso a caso necessário para que não se apague o resto de luz no meio da floresta. E por falar em floresta, lá no meio dos confins do Amapá tem monumento bacana referente ao ilustre Português.
O Marquês de Pombal -figura notável e reconhecida como tal por monarquistas e republicanos- já dissera quando do terremoto que devastou Lisboa, no século 18, que 'DEVERÍAMOS ENTERRAR OS MORTOS E CUIDAR DOS VIVOS".
O prefeito de Nova Iorque em 2001, amigo da Cosanostra naquela época, Rudy Giuliani, disse algo semelhante diante das torres derrubadas pelo gênio do mal, Osama Bin Laden, e das cinzas humanas que assombravam 'Walls and
humiliated Streets'..
Semelhança ou similitude, o destino dessa frase? Há de se pensar sobre. A primeira- processo por semelhanças- guarda referências com algo original. Tem origem. Nome de família, etc. Na similitude não há antecedentes e destino traçado. É puro devir.
Nas artes plásticas, por exemplo, um Magritte, estapeava-se com Kandisnky, Klee, e outros, por causa disso. Observado por um Michel Foucault atento e com um cachimbo à boca ( não é bem um cachimbo?).
O que se faz tão semelhante com a história dos Brasis? Tem gente otimista, tem gente nem tanto. Contudo, creio que ilusões não trazem felicidades. ' Quelqu'un' com o mínimo de travessia sabe.
Sabiam, amigos, que o nosso ex-presidente Rodrigues Alves- o paulista que indrustrializou o Rio graças ao arroxo e medidas impopulares de seu antecessor, Campos Salles, perdeu uma filha, vítima da dengue? Mobilizaram exército, presidiários, e outros civis, e invadiram casas ( nada mais democrático 'Big Brothers') para limpeza geral e vacinar a população, aqui no nosso adorado balneário carioca. Falamos desde 1902.
Pois é. Gosto das luzes, mas permaneço de olho nas sombras.
quarta-feira, 1 de abril de 2015
Sobre o curtir lusitano original.
O verbo curtir emergiu novamente na língua brasileira. Como sabemos, a tradução ou a versão , não aversão, feita para facebook , disso que se chama língua portuguesa, baseou-se no português original, ou seja, 'from' Portugal. Curtir é comum por lá. Aqui sempre se disse gostei, não gostei ( like, dislike...) . Retornamos então aos anos 70 quando havia 'aquela curtição', no Brasil. Apesar do silêncio mordaça imposto por fardas mal treinadas.
A influência cultural - modo de existir dessa espécie nossa, como define a Nova Psicanálise- movimenta a série infinita das línguas.
Portanto, a imagem de uma curtição é múltipla, diversa. A palavra ou a seta marcada - na virtualidade real da computação- não dá conta. E o que daria?
Após assistir de novo ao filme sobre a vida e obra de Wittgenstein- filósofo austríaco, século passado- tudo isso se apresenta. Dá uma curtida.E aí? Foi bom pra ti?
A influência cultural - modo de existir dessa espécie nossa, como define a Nova Psicanálise- movimenta a série infinita das línguas.
Portanto, a imagem de uma curtição é múltipla, diversa. A palavra ou a seta marcada - na virtualidade real da computação- não dá conta. E o que daria?
Após assistir de novo ao filme sobre a vida e obra de Wittgenstein- filósofo austríaco, século passado- tudo isso se apresenta. Dá uma curtida.E aí? Foi bom pra ti?
sexta-feira, 27 de março de 2015
O falastrão e o futebol.
BOLEIROS NÚMERO 2 . ANTES DA COPA FRANCESA.
Na mesa do restaurante, atrás e em posição de ataque, o cidadão que para mim ainda não tinha rosto tagarelava alto. Falava sobre as suas vivências no meio futebolístico e suas aventuras de playboy meio desocupado ( conclusão minha) da zona sul carioca, anos 70. Palavrões em profusão e ele continuava a contar, a narrar a partida das suas vantagens. Ele jogou bola também, E proclamava-se um craque. A modéstia no seu caso não vestia uniforme oficial. Meião arriado, corpo arreado,a provocar zagueiros famintos. Gostava de uma bela porrada. Um cavalheiro.
Uma garrafa de whisky -com o símbolo da estrela solitária do seu amor Botafogo- exibia-se na mesa. Primeiro, falou da corrupção durante e logo após a gestão de um ex-presidente deles, delegado, bastante truculento e que passou pelo time de Jairzinho e CIA. Depois,falou discretamente da roubalheira de um outro ex-mandatário do clube alvinegro e que tinha nome de bicheiro morto e ainda por cima no diminutivo. Mas falou com gosto, um tesão a lhe provocar engasgos de prazer, sobre um certo dirigente, ex-presidente, do meu Flamengo, durante a convocação para Copa de 1998, na França. Eles não esquecem a gente, nem da gente.. É uma paixão de ódios!
Segundo esse sujeito discreto, tratava-se da última convocação para essa Copa de Zidanes. Essa convocação é a que tem um pouco mais de validade, para os seus conceitos. 'As outras são de araque'- garante. Eis que um zagueiro -com apelido de quem nasce em Estado do Nordeste- não apareceu na lista dos convocados. Um dirigente bem conhecido sai furibundo da sala de imprensa e diz, na antessala ( preferia eu quando aconteciam essas coisas na antiga ante-sala, pré -reforma ortográfica), em alto e bom som, para quem quisesse escutar; '' E os meus 4 Milhões? Acabei de perder"! Se eram Reais, dólares ou euros. ficou a dúvida sobre a penalidade marcada. Será que o baile na final, aquele "trois x zéro" , indicou a referência monetária? Teria conta lá fora? O que não é ilegal, desde que o leãozinho daqui seja comunicado sobre a grana que faz turismo.
Alguns minutos se passaram, e o coisa ruim retorna ao ambiente de prostituições, ou melhor, das convocações. Pequena mudança ou uma substituição fora feita. O tal zagueiro estava convocado. Incrível a agilidade não burocrática para comandos de picaretagens nacionais.
E esse pária continua a assombrar o futebol. E não está só. Muito pelo contrário. Eles formam nas onze e com banco de suplentes e ainda mais.
AH! O senhor falador já está com o rosto bem grisalho. Eu o vejo a uma distância segura, cautelosa. Estava de costas para o crime.
Na mesa do restaurante, atrás e em posição de ataque, o cidadão que para mim ainda não tinha rosto tagarelava alto. Falava sobre as suas vivências no meio futebolístico e suas aventuras de playboy meio desocupado ( conclusão minha) da zona sul carioca, anos 70. Palavrões em profusão e ele continuava a contar, a narrar a partida das suas vantagens. Ele jogou bola também, E proclamava-se um craque. A modéstia no seu caso não vestia uniforme oficial. Meião arriado, corpo arreado,a provocar zagueiros famintos. Gostava de uma bela porrada. Um cavalheiro.
Uma garrafa de whisky -com o símbolo da estrela solitária do seu amor Botafogo- exibia-se na mesa. Primeiro, falou da corrupção durante e logo após a gestão de um ex-presidente deles, delegado, bastante truculento e que passou pelo time de Jairzinho e CIA. Depois,falou discretamente da roubalheira de um outro ex-mandatário do clube alvinegro e que tinha nome de bicheiro morto e ainda por cima no diminutivo. Mas falou com gosto, um tesão a lhe provocar engasgos de prazer, sobre um certo dirigente, ex-presidente, do meu Flamengo, durante a convocação para Copa de 1998, na França. Eles não esquecem a gente, nem da gente.. É uma paixão de ódios!
Segundo esse sujeito discreto, tratava-se da última convocação para essa Copa de Zidanes. Essa convocação é a que tem um pouco mais de validade, para os seus conceitos. 'As outras são de araque'- garante. Eis que um zagueiro -com apelido de quem nasce em Estado do Nordeste- não apareceu na lista dos convocados. Um dirigente bem conhecido sai furibundo da sala de imprensa e diz, na antessala ( preferia eu quando aconteciam essas coisas na antiga ante-sala, pré -reforma ortográfica), em alto e bom som, para quem quisesse escutar; '' E os meus 4 Milhões? Acabei de perder"! Se eram Reais, dólares ou euros. ficou a dúvida sobre a penalidade marcada. Será que o baile na final, aquele "trois x zéro" , indicou a referência monetária? Teria conta lá fora? O que não é ilegal, desde que o leãozinho daqui seja comunicado sobre a grana que faz turismo.
Alguns minutos se passaram, e o coisa ruim retorna ao ambiente de prostituições, ou melhor, das convocações. Pequena mudança ou uma substituição fora feita. O tal zagueiro estava convocado. Incrível a agilidade não burocrática para comandos de picaretagens nacionais.
E esse pária continua a assombrar o futebol. E não está só. Muito pelo contrário. Eles formam nas onze e com banco de suplentes e ainda mais.
AH! O senhor falador já está com o rosto bem grisalho. Eu o vejo a uma distância segura, cautelosa. Estava de costas para o crime.
terça-feira, 17 de março de 2015
A NOVA REPÚBLICA ACABOU E A GENTE CONTINUA. AONDE?
A Nova República acabou, diz filósofo Vladimir Safatle- FAÇO UM PEQUENO COMENTÁRIO ANTES.
Vladimir Safatle no meu modo de ver, toca no ponto que a Psicanálise Contemporânea, Novamente, já indicou, através do seu autor, há pelo menos uns vinte anos.
Uma afirmação nossa ,simples, em torno do ponto que Safatle sublinha na sua conversa: qualquer sistema representacional é mais ou menos como a ideia de relação ( conceito matemático). Em última instância não há. Não haveria como estabelecer ponto a ponto, correspondência biunívoca entre duas formações,simetria absoluta entre duas pessoas, por exemplo. 'Sorry'. Pode desistir. O príncipe vira sapo sempre e ainda bem. Lacan apelou para uma redundância e disse , num congresso romano, no século passado, que a relação sexual não existia. Fez uma intervenção que quase lhe custou os leões e o Coliseu todinho a devorá-lo. As pessoas transam, matam-se , odeiam-se, amigam-se, ( isso existe? palavra e sentido?) , namoram, ignoram-se , são castas. mas....É o faz de conta.Mas em última ou primeira instância não há como alguém representar plenamente outro alguém.
Não se trata, portanto, tanto de atores políticos não contemplados no jogo político, e sim que nenhum ator está inteiramente representado nesse jogo, como quer supor o filósofo citado. O teatro de faz de conta , efetivo nessa vida, conta com a consideração e inclusão do ,digamos assim, muito do que é possível e a cada situação, ad hoc. E sob suspeita permanente. Parece infernal, quase impossível, e é mesmo. Sobretudo para as nossas posturas pouco contemporâneas. Por exemplo: definir-se a priori como sendo uma pessoa de esquerda ou de direita não tem mais nenhum efeito profícuo nas intervenções de mundo. E não é falta de posição, covardia, leviandade ou inconsistência de argumentos saber dançar a dança de cada diferente momento necessário. TANGO É TANGO. Samba é Samba. Mas pode-se sambar conforme a música do...samba. Senão , vai pisar feio no pezinho da donzela.
No Brasil, mediante a barbárie ocorrida na segunda metade do anos 60, estendendo-se até meados dos anos 80, as posições foram deslocadas mais para esquerda ( apesar da presença semi-onipresente da igreja católica) pois a truculência e o mau gerenciamento ( houve muita incompetência com a gestão pública e econômica, fora a roubalheira, a destruição de direitos civis da sociedade) vinha de um malvado menino destro. Viciado no sentido londrino de conduzir. Por conseguinte, tomou conta das Universidades ( também aconteceu em países europeus, Maio de 1968 na França, por exemplo), o pensamento de esquerda , enquanto algo de ponta e apontado como o único modo de pensar e agir progressivamente, avançado.
Preferimos a palavra Vanguarda, já que progressista no caso da Nova Psicanálise indica um caminhar que pode querer sacanear demais o jogo, o tempo todo, e os outros todos, e ainda supor que não têm nada a ver com isso. Vitimiza-se quando se deixa pegar. Aparece o pânico. É O modo de se comportar e que aparece na literatura especializada como o velho e não tão legal psicopata. Esse senhor ou senhora , a bem saber, independem de partido ou ideologia.
O caminhar das décadas e as aproximações com o Velho e o Novo Mundo, além de tantas derrocadas, nos apresentaram também menininhos bem malvados com seus braços canhotos cansados.
Mas o que dizer, ou melhor, o que fazer com a formação brasileira? Tudo sempre remediado, visto que a antecipação diante das demandas, das novas formações, das novas Pessoas, gerações, redes tecnológicas, novos vínculos, não vêm? Ou quando vem, não o é. É precipitação ou atraso. O que dá na mesma.
Dois pequenos trechos, abaixo, da última ou penúltima entrevista do filósofo, atento, para os fatos de agora, revelando a contemporaneidade do que ele vem articulando sobre o momento político. Acho importante. Já começamos o papo , faz alguns dias. Nessa nossa ágora virtual.
Uma afirmação nossa ,simples, em torno do ponto que Safatle sublinha na sua conversa: qualquer sistema representacional é mais ou menos como a ideia de relação ( conceito matemático). Em última instância não há. Não haveria como estabelecer ponto a ponto, correspondência biunívoca entre duas formações,simetria absoluta entre duas pessoas, por exemplo. 'Sorry'. Pode desistir. O príncipe vira sapo sempre e ainda bem. Lacan apelou para uma redundância e disse , num congresso romano, no século passado, que a relação sexual não existia. Fez uma intervenção que quase lhe custou os leões e o Coliseu todinho a devorá-lo. As pessoas transam, matam-se , odeiam-se, amigam-se, ( isso existe? palavra e sentido?) , namoram, ignoram-se , são castas. mas....É o faz de conta.Mas em última ou primeira instância não há como alguém representar plenamente outro alguém.
Não se trata, portanto, tanto de atores políticos não contemplados no jogo político, e sim que nenhum ator está inteiramente representado nesse jogo, como quer supor o filósofo citado. O teatro de faz de conta , efetivo nessa vida, conta com a consideração e inclusão do ,digamos assim, muito do que é possível e a cada situação, ad hoc. E sob suspeita permanente. Parece infernal, quase impossível, e é mesmo. Sobretudo para as nossas posturas pouco contemporâneas. Por exemplo: definir-se a priori como sendo uma pessoa de esquerda ou de direita não tem mais nenhum efeito profícuo nas intervenções de mundo. E não é falta de posição, covardia, leviandade ou inconsistência de argumentos saber dançar a dança de cada diferente momento necessário. TANGO É TANGO. Samba é Samba. Mas pode-se sambar conforme a música do...samba. Senão , vai pisar feio no pezinho da donzela.
No Brasil, mediante a barbárie ocorrida na segunda metade do anos 60, estendendo-se até meados dos anos 80, as posições foram deslocadas mais para esquerda ( apesar da presença semi-onipresente da igreja católica) pois a truculência e o mau gerenciamento ( houve muita incompetência com a gestão pública e econômica, fora a roubalheira, a destruição de direitos civis da sociedade) vinha de um malvado menino destro. Viciado no sentido londrino de conduzir. Por conseguinte, tomou conta das Universidades ( também aconteceu em países europeus, Maio de 1968 na França, por exemplo), o pensamento de esquerda , enquanto algo de ponta e apontado como o único modo de pensar e agir progressivamente, avançado.
Preferimos a palavra Vanguarda, já que progressista no caso da Nova Psicanálise indica um caminhar que pode querer sacanear demais o jogo, o tempo todo, e os outros todos, e ainda supor que não têm nada a ver com isso. Vitimiza-se quando se deixa pegar. Aparece o pânico. É O modo de se comportar e que aparece na literatura especializada como o velho e não tão legal psicopata. Esse senhor ou senhora , a bem saber, independem de partido ou ideologia.
O caminhar das décadas e as aproximações com o Velho e o Novo Mundo, além de tantas derrocadas, nos apresentaram também menininhos bem malvados com seus braços canhotos cansados.
Mas o que dizer, ou melhor, o que fazer com a formação brasileira? Tudo sempre remediado, visto que a antecipação diante das demandas, das novas formações, das novas Pessoas, gerações, redes tecnológicas, novos vínculos, não vêm? Ou quando vem, não o é. É precipitação ou atraso. O que dá na mesma.
Dois pequenos trechos, abaixo, da última ou penúltima entrevista do filósofo, atento, para os fatos de agora, revelando a contemporaneidade do que ele vem articulando sobre o momento político. Acho importante. Já começamos o papo , faz alguns dias. Nessa nossa ágora virtual.
UOL - O que poderia ser mudado? Como melhorar o sistema que está em crise?
Safatle - A primeira coisa que é preciso fazer é admitir que estamos nessa situação. Acabou. É preciso que todo mundo fale isso em voz alta para podermos produzir uma nova situação.
Safatle - A primeira coisa que é preciso fazer é admitir que estamos nessa situação. Acabou. É preciso que todo mundo fale isso em voz alta para podermos produzir uma nova situação.
Trocar o PT por outro partido não muda nada. É como trazer Dunga de volta à seleção brasileira após a derrota na Copa. Continuamos aprisionados ao processo. Precisamos de uma consciência clara de que esse é um modelo singular, de esgotamento nunca antes visto. Enquanto não percebermos que acabou, nada vai acontecer.
Vivemos agora a lógica dos pequenos problemas, da corrupção, do estado inchado, quando na verdade o problema é muito maior. Todos os escândalos de corrupção dos últimos 13 anos envolveram todos os partidos relevantes do Brasil. Isso significa que trocar de partidos no interior do modelo de governabilidade é continuar uma piada. O modelo de governabilidade é o grande problema .
UOL- O que o senhor acha do debate a respeito de uma possível reforma política?
Safatle - Todo mundo sabe que não haverá reforma política. A reforma política que se propõe é pior de que a situação atual. O Brasil hoje é uma partidocracia. Os partidos vão tentar instituir o monopólio da representação política brasileira. Não é crível esperar que uma reforma política seja feita dessa maneira. Existe uma baixa densidade de participação popular em processos decisórios de estado. A população só é convocada para eleições a cada quatro anos. A população não tem poder de deliberação.
O que tem que ser posto é de uma Constituinte exclusiva para a reforma política. Isso tem que ocorrer fora do parlamento e do processo de escolha determinado pelo parlamento. A Europa pensou sobre isso depois de 2008, e o caso da Islândia é paradigmático. Eles fizeram uma Constituição fora do Parlamento. É preciso fazer um processo em que não são os políticos que são eleitos. Em crise de representação vai-se ao grau zero de representação, aproximando o máximo possível da presença popular, reconstruindo a estrutura institucional a partir disso. A Assembleia tem que ter pessoas simples participando, professores, enfermeiros, pessoas comuns, e não só políticos.
Precisamos de criatividade política. Os países que conseguem mobilizar a população são os que saem da crise. Ter medo, pensar em riscos para a democracia, vai nos deixar num processo infinito de degradação.
segunda-feira, 16 de março de 2015
Março de 2015. As ruas e suas caminhadas.
Jair Bolsonaro foi visto se manifestando. Mas parece que não lhe deram chance para falar.. AINDA BEM! Jair é inimputável.
A cobertura da Globo evita entrevistas para que não se digam as asneiras que dizem sempre ( com a clara intenção e cujo inferno se regozija em diabruras). Tanto na de sexta - profissional, dirigida, com apoio alimentício e de transporte- tanto quanto na desorientada de Domingo.
A Rede Bandeirantes - que é simpática ao governo- entrevistou algumas figuras que diziam quase nada. E filmou- foi das poucas ou a única- o indescritível Deputado Milico. Funciona na tentativa da desmoralização do evento. Mas o grito, as panelas e as 'Cutis Sindicais" são válidas,LEGÍTIMAS. Mesmo que provoque tremedeiras- tal como anuncia um ótimo e falecido programa humorístico, TUDO JUNTO E MISTURADO, da emissora primeira, e que muitos fingem que não conhecem, não viram, não sabiam. O que não impede que tudo isso exista.
Resta saber se vai dar pra comer, nutrir, hidratar, acolher....Democracia é essa beleza. Alguém pode até colocar aspas na beleza. O Sr. Jair, por exemplo. Resta o samba: " Com que roupa.Eu vou/ Pro Samba que você me convidou?...LÁ LÁ RÁ. Lindo samba. Bem braSZileiro.
As manifestações para mim ocorreram em 2013. Aquelas primeiras. Assustadoras, pois tão belas. A imagem do Congresso com a população em cima dos seus seios pátria amada, mãe deveras não tão gentil, foi o MELHOR SELF DO PAÍS. Aí vieram depredações, o esgoto aberto... Infelizmente, os resultados colhidos , um ano e meio depois, pífios se mostraram. Basta ver o ' NOVO CONGRESSO'", AS NOVAS ASSEMBLÉIAS....ENFIM. 'O NOVO GOVERNO'. Esse é o drama. Esse mal estar que não é , infelizmente, sazonal.
A cobertura da Globo evita entrevistas para que não se digam as asneiras que dizem sempre ( com a clara intenção e cujo inferno se regozija em diabruras). Tanto na de sexta - profissional, dirigida, com apoio alimentício e de transporte- tanto quanto na desorientada de Domingo.
A Rede Bandeirantes - que é simpática ao governo- entrevistou algumas figuras que diziam quase nada. E filmou- foi das poucas ou a única- o indescritível Deputado Milico. Funciona na tentativa da desmoralização do evento. Mas o grito, as panelas e as 'Cutis Sindicais" são válidas,LEGÍTIMAS. Mesmo que provoque tremedeiras- tal como anuncia um ótimo e falecido programa humorístico, TUDO JUNTO E MISTURADO, da emissora primeira, e que muitos fingem que não conhecem, não viram, não sabiam. O que não impede que tudo isso exista.
Resta saber se vai dar pra comer, nutrir, hidratar, acolher....Democracia é essa beleza. Alguém pode até colocar aspas na beleza. O Sr. Jair, por exemplo. Resta o samba: " Com que roupa.Eu vou/ Pro Samba que você me convidou?...LÁ LÁ RÁ. Lindo samba. Bem braSZileiro.
As manifestações para mim ocorreram em 2013. Aquelas primeiras. Assustadoras, pois tão belas. A imagem do Congresso com a população em cima dos seus seios pátria amada, mãe deveras não tão gentil, foi o MELHOR SELF DO PAÍS. Aí vieram depredações, o esgoto aberto... Infelizmente, os resultados colhidos , um ano e meio depois, pífios se mostraram. Basta ver o ' NOVO CONGRESSO'", AS NOVAS ASSEMBLÉIAS....ENFIM. 'O NOVO GOVERNO'. Esse é o drama. Esse mal estar que não é , infelizmente, sazonal.
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