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domingo, 31 de agosto de 2008

1986-2008

1986. Abraçamos a Lagoa . Parecia divertido, mas havia um projeto ambicioso em jogo...
Éramos todos mutito jovens. Politicamente éramos umas crianças. Afinal, quase 25 anos de ditadura nos conduziram a uma infantilidade débil. E o pior: parece que resistimos bravamente em não deslocar esse automatismo obsessivo. E o tal do tempo, que não faz outra coisa senão passar, e está mais rápido e estou mais velho. Matematicamente isso é facilmente explicado: um ano para uma criança de 10 é muito significativo; já um ano para um adolescente de quarenta ou cinquenta é bem menos relevante.
Vinte e cinco anos em que ficou mais do que patente a ausência de um pensamento político brasileiro, e não é por falta de autores de alto nível, mas de aproveitamento das suas respectivas obras. Uma certa dose de Pragmatismo, ensinamento que Anísio Teixeira , através de seu mestre John Dewey, tentou aplicar nesse país , antes de morrer ( crime ou acidente?) no poço de um elevador cafajeste e analfabeto, no início dos anos 70.
Um método para ações, sem que se vise transcendências, metafísicas, sem olhar para passado algum , mas sim uma visada para frente, um “ Working Progress” permanente. Tal qual a análise. Freud talvez tenha sido um dos primeiros pragmatistas célebres.
Dificílimo , quase impossível, que isso haja ou se sustente num país com a marca e tradições religiosas como esse tal de Brasil.
Vivemos num populismo religioso escancarado. Que é indelével que não há condição para essa espécie de não conjecturar um tal de Deus, ou seja, lugar de exasperação e tentativa de salvação , que lamento e me resigno em repetir com os meus mestres , não advirá, mas há condição de se minorar tal mal estar, o mal estar por excelência, que na Psicanálise recebeu o nome de angústia. Exercitando nossas especificidades ao invés de imitarmos, tão somente, os outros bichinhos que por aqui transitam. Esse é o Pragmatismo , a Política Freudiana desde sempre. Tarefa dificílima, mas não impossível. Diferentemente de alguns também, carolas ao contrário , que supõem que seja possível a havência de um ceticismo radical. Como seria possível para um cético , daqueles convictos, discípulos de Pirro, não crer no seu próprio ceticismo? É preciso então apostar em algo. Ter fé , tal qual indica meu mestre MD Magno, não implica em crença ou conteúdo x ou y. Não há valoração ou desvaloração disso ou daquilo. É puro fluxo, puro movimento, pura aposta.
E esse movimento , que se iniciou muito antes de 1986, permanece insistindo. Ele amadureceu, ou seja, eternizou-se como adolescente. Aquele que está disponível para mudar. Durante um tempo , achei que isso era sinônimo de leviandade, mas dependendo do contexto o que há é flexibilidade. Fundamento para se sobreviver nos tempos de hoje e nos que estão por vir. Já que muitos fundamentos ruíram – e ainda bem- , faz-se necessário escolher estratégias menos estúpidas e/ou reacionárias. A tecnologia , prima irmã do inconsciente, com suas articulações imensuráveis, está varrendo o que estiver atrapalhando à sua frente. Sim, à sua frente, pois tal qual inspiração pragmática , o futuro é o caminho. Não há nem do que se lamentar. É inútil. Serve apenas como faxina, lamúria neurótica. A frase do meu mestre Magno que afeta os meus tímpanos , ecoando no meu coração: “ Aproveite , pois vai piorar”.
Temos que gozar agora e direitinho, pois não há garantia alguma do que advirá. Apenas suspeitas .....
Para quem pensava, até poucos dias atrás, em não comparecer às urnas, e sonhava com um boicote radical a esses pleitos perversistamente obrigatórios, mudei. Há uma razoável explicação....
A classe média brasileira, e sobretudo a carioca, é das mais cínicas e desorganizadas que se pode observar. A postura outorgando aos outros a responsabilidade por tudo o que lhes acossa , afeta, diz respeito – porém sem ser minimamente responsivo até mesmo por essa outorga-, é das mais neuróticas que se pode contemplar, na nossa famigerada sociedade civil.
Portanto, como não somos tão confiáveis assim, supor que mobilizações profícuas ocorreriam em tão curto prazo , a ponto de iniciar um movimento de forçação para , enfim, uma reforma política ocorrer, é da ordem da idealização e não daquilo que realmente há.
Fernando Gabeira surgiu sorrindo e de braços abertos. Passaram-se 22 anos e alguns votos, dentre os milhares que obteve, nesses anos todos. É uma presença. Verde, madura.
Quem sabe uma reversão se inicia. Aos poucos, pacientemente. Estamos sem saco, mas é bom apoveitar direitinho. Cuidado também é bom se ter. Vai piorar, mas melhorar também vai.....sempre.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

Santos Brasileiros

Encerradas as Olimpíadas , as madrugadas silenciam heróis e vilões.
Os heróis são aqueles que competem, disputam, se esforçam dando o sangue pela arte escolhida. Os vilões se espalham com mais desenvoltura em tempos de boçalidade bem paga.Sejam atletas, mandatários ou postulantes a isso, exibicionistas que não saem do armário, voyerismo de narcisismo baixo, etc, etc.
Os vilões estão em todo lugar. Assistem a TV tal qual fanáticos que só possuem um único vício, limitando assim um vasto cardápio à disposição. Fingem investir demasiado, mas pouco se dá.É, na verdade, uma projeção estúpida.
O que eu tenho a ver e haver com aquilo, se mal pulo da cama?É um tesão como outro qualquer. Uma identificaçãozinha meio que de araque, uma idealização forçada. Tudo bem....é bonitinho, mas o exagero em torno dos saltos,com a vara ou sem a vara, merece cuidado.
Cuidado esse que não se vê na forçação de barra por parte de alguns elementos da mídia que transfomaram entrevista em drama banhado de lágrimas.Enquanto o infeliz não desaba , desculpando-se pelo que não fez ou até pelo que fez a mais, o sado-masoquista, de microfone em punho, não desistirá. Novela de rádio!E eu que pensava que a TV já era digital!
Temo. Temo pela minha pobreza em relevar demasiadamente conquistas não tão relevantes.Pela minha estupidez em me deixar levar por movimentos velhacos, aonde o cinismo transita desenvolturas.
Temo pela minha antiguidade. Aliás, esse termo é disfarce. Falemos em bom português: temo pelos meus bons e prezados pré-conceitos.No que de antemão já considero o que quer que seja, ou melhor, o que quer que haja, tão diferente do que a minha vasta estética pode conceber, absorver, reconhecer nesse momento, e ainda por cima esse o que quer que é xingado de esquisito, careço de cuidados...indeléveis.E vislumbro que talvez não seja possível me livrar deles inteiramente.E isso é grave. Ninguém mais vai me entrevistar ? E o meu pranto?
Ao menos uma grande alegria: não pernoitei na fila incrédula -pois havia a pergunta em suspensão: será que ele vem?-, a fim de ver o santo. O mais novo santo brasileiro: o Sr João Gilberto.
As duas moças enfileiradas, fascinadas se perguntavam, durante a audição , no teatro mais importante do Brasil:
" Será que eu posso peidar?Acho que não! Imagine - balbuciava a outra- , eu aqui louca para tossir e você querendo peidar! Nem pensar!Pode segurar tudo. Aliás, não é difícil assim já que tens prisão de ventre. Emocional ou não!Além do que , temos que ter cuidado. Lembra-se do caso do lanterninha que , foi chamado num canto pelo João, pois o mestre estava ouvindo o som proveniente da luz da lanterna que ele , lanterninha que faltara as aulas de física do telecurso,cuidadosamente, carregava? Pois sim: passou a ouvir o som também e....enlouqueceu!"
Moral da história: João Gilberto sabe domesticar peruas nativas e jamais subestime um lanterninha , pois alguns possuem ouvido absoluto.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Turbulência

O vôo seguia trajetória prevista. Estava atrasado, o que é normal.Seguíamos o rumo , ou melhor, o destino traçado. A cada instrução uma novidade, uma expectativa e uma certeza: não há certeza alguma.
O senhor ao meu lado, grisalho pela vida longa, lia atento. Folheava cada página como se fosse a última. Evoquei Lamartine :
' ...e o dedo passa a página em que se morre '. Passagem antológica do seu famoso poema , " O livro da existência".
Na verdade , não sei ao certo o que lia , o tal homem. Lamartine comparece , pois eu o admiro. O tal 'Livro da existência ' é um dos poucos poemas que sei declamá-lo inteiramente. Quando o escutei pela primeira vez, estudava outros poetas franceses. Valèry , Baudelaire, o irmãozinho de Camile, Paul Claudel, autor da célebre frase : ' Brasileiros são um povo com muitos reflexos mas sem nenhuma reflexão'. Estava certo.
Ele , contudo, prosseguia com a sua leitura....
Arrisquei "una pregunta", pois o senhor era Argentino. Respondeu-me desinteressado.Era quase monossilábico o seu discurso. Resolvi não importuná-lo, afinal estávamos numa avião de bandeira estrangeira. Era um avião antigo, mas parecia um teco-teco, transparecendo a falência que acossa a aeronáutica, não só no nosso combalido continente, mas no mundo inteiro.Onze de Setembro de 2001, a data que marca o início do século XXI, deixou fortes sequelas.
A aeronave inicia então um vôo tranquilo que subitamente se transforma em horror flutuante.
A impotência invade a alma e a tripulação se esconde em visível covardia e negligência.Nenhuma informação é dada. Arrisco uma espiadela para o lado de fora, mas não há fora.Tento saber sobre o que se passa , mas não há resposta alguma. Busco sumir dali, mas não há sumiço póssível. A porta está hermeticamente fechada.Respiro.AH, que ótimo! Ainda respiro! Ótimo? Por que ótimo? Ainda me encontro preso aqui. O que fazer? Poderia ir até a cabine do piloto e indagar algo.'E aí amigo piloto. Vamos cair ?' O amigo piloto não responde. Dormia tranquilo. O outro piloto, o automático, e que não possui direitos trabalhistas, comandava aquela mixórdia.Opto por não me aventurar mais.
Fico quieto, atrelado ao cinto. O livro à frente não prende mais a minha atenção. Não acaricio folha alguma, mas ainda me preocupa a minha existência. Melhor dizendo:a minha sobrevivência. Ela está em jogo e nas mãos de um piloto automático taciturno e de um comandante porra louca! Quero beber . Não há bebida possível. Quero gritar, mas a voz me falta. Deve ser o ar rarefeito.O ar rarefeito por sinal é um ótimo aliado dos bons tintos e brancos. Além de harmonizá-los com outras formações , potencializa os seus efeitos enebriantes.
Infelizmente, não haverá a dose final.
As moças próximas iniciam oração. Têm intimidade com alguns santos, cuja foto presentifica algum tipo de crença. - ' O rapaz aí da foto conhece algo sobre aviação e suas turbulências?'- indaguei.
A expressão de desdém e ódio que obtive, deixa-me ainda em dúvida sobre as competências indagadas.
De repente, o sacode-sacode daquela aeronave desaparece.
O senhor, aquele lá do início, desperta após um sono , aparentemente tranquilo.Sorri para mim. Indignado, pergunto-lhe: "Não teves medo"?
'Do quê?'- teria respondido.
'Desse horror de vôo. Achei que essa merda fosse cair! E ninguém a nos informar sobre o que se passava !"- vociferava eu.
'Bobagem.Na minha idade, 'hijo', já não me preocupo com esses incidentes. Estou no lucro há muito. Até sonhei que havia um probleminha e nos encontrávamos em apuros, mas aqui estou de novo. Avião só não é pior do que a nossa arrogância em supor que podemos controlar tudo, até mesmo o movimento das nuvens.Quando entro aqui, deixo-me levar. As turbinas são a minha última esperança de que as minhas pernas ainda têm considerável potência.Elas levantam vôo e alcançam distâncias inimagináveis rapidamente. É quase um milagre! Se não funcionar, há uma vantagem: não estaremos mais presentes. O que é um duro golpe para nossa arrogância,nossas ilusões, não é mesmo?'
A aeronave pousou. Perfeito.

terça-feira, 12 de agosto de 2008

O previsível

Já estava anunciado, pela nossa conhecida covardia, que o Presidente Lula, ao retornar de mais uma das suas incontáveis viagens no seu aviãozinho milionário,iria passar uma descompustura no seu ministro da Justiça, O Sr. Tarso Genro, pois esse havia solicitado punição aos milicos que cometeram torturas , durante os anos de chumbo.O ministro havia dito, aproveitando-se da viagem palaciana aos jogos olímpicos, que crime de tortura não é crime político, e sim crime hediondo. Nada mais correta, essa colocação do ministro, ele mesmo um ex-preso político e exilado em terras uruguaias. Aliás, o ministro Genro mais parecia a sua filha, Luciana, candidata à prefeitura de Porto Alegre, tamanha contundência em sua fala.
Os milicos então se reuniram, esbravejaram - um deles chegou a ameaçar o ministro Genro-, e conseguiram que tudo , mais uma vez, fosse engavetado.
A covardia parece ser uma característica de mandatários brasileiros, assim como ocorre na famigerada classe média.
Recém chegado da Argentina, esse novo blogueiro que aqui posta algumas opiniões, presenciou em terras portenhas o julgamento de mais um assassino, um general argentino de 81 anos, que cometeu diversos crimes durante a ditadura naquele país, nos anos 70, 80.A cidade de Córdoba, uma das maiores do país, mobilizou-se inteiramente para o evento. Ao final, a celebração. O desgraçado fora condenado à prisão perpétua. Não foi o primeiro e nem será o último. Há uma longa lista de futuros julgamentos. No Uruguai ,há um ex-presidente em prisão domiciliar. No Chile, vários ex-colaboradores de Pinochet também estão presos ou com os seus direitos políticos suspensos.
Aliás, na Argentina, a greve de motoristas de ônibus , deflagrada pelo assassinato de um colega, morto por um bêbado a punhaladas, não prejudicava a população. Era realizada à noite. Resultado: ganharam apoio pleno da população e seriam recebidos pelas autoridades do país. Imaginem no Rio de Janeiro se ,a cada assassinato, houvesse uma manifestação semelhante? Por certo, algo se transformaria. É impressionante, e deprimente para nosotros, o quanto é organizada a sociedade civil argentina. Os produtores rurais, por exemplo, causaram estrago no Governo da senhora Kirchner e um dos melhores eventos na capital portenha, nessas férias de inverno, era a feira ruralista, no bairro de Palermo. Toda produção argentina, trigo, vinho, gado e os seus derivados, além da cultura regional, exibida das mais variadas formas, mobilizaram locais e turistas, esses em pouco número, mas bem avisados. Um belo evento.
Retorno sempre deprimido , quando de minhas passagens por lá. E essa já foi a quinta ou sexta vez ,em vinte anos. Há uma elegância que passeia pelas largas avenidas e no tomar um simples café, num bar qualquer. Além do que , eles têm outra característica irritante: são patriotas. O que por esses lados é visto como sinal de cafonice.
Duas dicas para quem se bandear por lá: o restaurante Cabernet, em Palermo Soho, calle Honduras - ou seria El Salvador?-, com JORGE LUÍS BORGES. Ótima companhia. Harmoniza com qualquer prato. Vale também arriscar a Bodega Novaes Correa e seus vinhos. Não estou certo, mas há um vinho, de preferência prestigie a uva local, Malbec, chamado MONTEMAYO.O vinhos por lá estão baratos para nós. Não deixe de arriscar, por uns reaizinhos a mais, um Gran Reserva. Piazzola tocará sua garganta.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Parem o Brasil...

Parem o Brasil que eu vou saltar...com vara.
Convidei o Presidente Luís Inácio Lula Lá Da Silva a me acompanhar , mas infelizmente ele declinou do convite.Tinha compromisso de agenda com outros mandatários. Só não poderia fazer- alertado por um adulador palaciano- o famigerado 'TIN TIN' , durante a prática esportiva etílica matutina, pois tal expressão na língua chinesa diz respeito ao órgão genital masculino, o Sr. Caralho. Já imaginaram Luís Inácio brindando animado- e as refeições oficiais na China são verdadeiros banquetes , com inúmeras iguarias que incluem insetos para todos os gostos-,arrancando um 'tin tin' remanescente dos tempos do ABCD, e a Primeiríssima Dama, Marisa, ruborizada pelo assanhamento presidencial?Infelizmente, tal cena não ocorrerá.
O que se densenvolverá nessas próximas semanas serão os pulos, as braçadas, os golpes precisos, os Dopings , a correria, etc. O que temo é que os meios de Comunicação, responsáveis pela cobertura desses jogos, queiram com o passar dos anos transformar mais um evento esportivo no único interesse efetivo, na única atividade relevante do país. Já não basta a tal da Copa do Mundo de Futebol? A cada 4 anos, o país inteiro, norte a sul, interrompe tudo a contemplar Ronaldos, Travestis, imposturas, e outros tais!
Gosto de futebol, mas aqui no Brasil ele morreu faz tempo. Transferiu-se para Europa no início dos anos 90, mais precisamente após a conquista da Copa de 1994, e faz alguns anos , invadiu até as terras de Bin Laden, passando pela África e até na Ucrânia chegou com feijoada e tudo. Ninguém tira de mim a idéia de que há uma imensa lavagem de dinheiro por trás dessas operações milionárias. Assim como em outras áreas, nas artes plásticas também é visível, o futebol se prostituiu de maneira irreversível. É uma tragédia aos meus olhos. Meninos recém - criados nas escolinhas dos pobres clubes brasileiros partem sem promessa de retorno. Vão encantar os gringos e conquistar o mundo , defendendo os clubes de lá contra os nossos magrelos.
Enriquecem cedo. Perdem o interesse pela competição rapidamente. O clube é só mais uma passarela para desfiles patéticos.Só há ego em jogo: cruzando sobre a área, defendendo, driblando, chutando a gol.
O novo técnico não é técnico. Pra quê? Os alemães já fizeram o mesmo, porque nós, mazombistas no sangue , e sobretudo na mente, não os imitaríamos?
Vejam. Ia escrever sobre Olimpíadas e escrevo sobre religião, ou seja, o esporte bretão.
Porém, o que importa dizer é que essa indústria, tão lucrativa quanto a indústria bélica, farmacêutica - incluido-se aí as drogas lícitas e ilícitas -, d' entretenimento, etc, fomenta milhões em grana e gente.
O Brasil então se mudou pra China. Já imaginou se fossemos realmente uma potência olímpica tal qual o é aquele arquipélago situado na América Central, uma tal de Cuba?Não só o Presidente Viajante , mas também toda a corte se mudaria com caiaques e cuia para o lado de lá do planeta.
E eis que me acena com sorriso amarelo e olhinhos contraídos, o então governador da pobre ex- Guanabara. O atual estado do Rio , pós fusão desastrada no fim dos anos 70,, também tem o seu representante olímpico. Passeia por lá e se inscreveu no nado sincronizado. Tem como partner o seu vice, O Pezão. Defendem a candidatura da Cidade , ex- wonderful, enquanto sede dos jogos , num futuro não muito distante. Devemos nos matar antes? Quem comandará o jogo: Beira-Mar, polícia assassina de crianças , Milícias S.A, Família Mateus, O bispo Macedo ou Rodrigues ou o grande investidor brasileiro Daniel, que não é meu parente!!, Dantas.

Mais uma vez , estou por fora. Não me especializei no salto com vara.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Sobre aviões e Containers

Sempre achei que não tinha medo de avião. Viajo desde muito pequeno e apesar de ter feito um pouso de emergência, no aeroporto de Brasília, vindo do Rio, mantive a calma por muitos anos.
Hoje, percebo que a força do recalque em manter escondido o fato daquilo, ou seja , o tal do avião, não passar de um ' Container' metido a besta ,com aquelas poltronas sofríveis, repleto de garçons bilíngues oferecendo uma comidinha de quinta categoria, pra quem é duro e viaja em classe econômica, é claro.Vinícius de Moraes já vociferava:
" O troço é mais pesado que o ar e o motor é a explosão".
Sem contar os pilotos. Confio somente num primo que voa e que creio, ou melhor, quero crer, não assassinaria parente tão dileto.O único senão é que ele pertence a tal empresa que surgiu sob a égide do amendoim....enquanto refeição.
Bons os tempos da Varig e suas janelinhas com cortinas inflamáveis.E as moças que serviam para lá e para cá tinham classe.A bebida era liberada. Os bêbados se comportavam melhor e a lei seca ainda não vigia. O Concorde era indestrutível e o momento da decolagem era supremo, com toda aquela velocidade . Pois aí, a minha ilusão fez análise...
O Concorde não era indestrutível e a decolagem é o momento mais perigoso de uma viagem. Dois acidentes, um com o supersônico mais glamuroso e o outro com um avião aqui mesmo, da terrinha,desrecalcaram as minha suspeitas. Como eu era um voador iludido feliz!!
Identificado o problema, relaxei. Eis que nos últimos dois anos,mais de trezentas pessoas morreram em dois acidentes estúpidos. Com eles a revelação dos porões, das condições patéticas dos aeroportos e de alguns dos profissionais que ali trabalham. Controlador de vôo que não conhece a língua inglesa, pista de aeroporto cercada de arranha-céus, aeronaves com manutenção deficiente,etc. _ "Como quer o seu vôo?Com pouca ou muita emoção?"- indaga o sadomasoquista, que somos nós.
O último vôo , semana passada, foi ruim. Turbulência quase todo tempo. Serviço de bordo suspenso e um silêncio em 4 oitavas assustador. Pouca ou quase nenhuma explicação e um tanto ininteligível a quem não tivesse familiaridade com o idioma hispânico.
Compartilhando a experiência, já soube de vários outros casos envolvendo outras companhias, outros roteiros, o mesmo drama.Felizmente, nenhuma tragédia a mais..... ainda.

Jovens e Velhos

Li , em revista para jovens, que os mesmos jovens não têm motivação alguma para retirar seus respectivos títulos eleitorais.Um deles faz cara de mau para reportagem.
Lembro-me quando o então jovem deputado constituinte, Aécio Neves, legislou a favor do voto para os guris de 16 anos.Certamente, o então jovem deputado tinha ótima penetração junto aos tais eleitores.Recordo-me também da jovem filha de ator famoso , Manuela, militante do PV à época, e defensora do voto aos 16 anos.
Manuela cresceu e parece que abandonou a militância partidária.Teria se decepcionado com a política vigente no país?Progressistas esquerdistas a teriam decepcionado tanto com os novos rumos Valerianos adotados ?E o fundo de investimento de médio e longo prazos bem aplicados nas roupas íntimas de uma figura, cujo nobre irmão ( irmão ou primo?), era figura palaciana fácil , e que um dia chegou a ser comparado ao Nelson Mandela?
Como diriam os cínicos: isso tudo não passa de especulação barata.
Manuela deve ter dirigido seu tesão para outras militâncias.Quem sabe se casou?Teve filhos?
O certo é que não há pensamento político nesse país.
Organizando a minha modesta biblioteca , acaricio a obra de Bernardo Vieira de Vasconcelos que, através das suas "Cartas aos eleitores da Província de Minas Gerais", apresentava não somente a sua posição política tomada como também a que seria adotada sobre os mais diversos e relevantes temas. Ao seu lado uma espécie de Montaigne ou Montesquieu brasileiro, José Bonifácio de Andrade.Frei Caneca, Assis Brasil, Joaquim Nabuco, entre tantos que produziram um pensamento político de alto nível, ainda que fortemente influenciados pelo iluminismo francês.Sem contar a obra profícua do nosso ex- Presidente , Fernando Henrique Cardoso.
Quando me deparei com esses autores, em curso de pós-graduação , a maior parte dos mestrandos e doutorandos na área de estudos políticos não conhecia a maioria desses autores.
Sintoma brasileiro.
Logo, tal qual o sonho que me acometeu e deve ter angustiado também a querida Manuela, o menino se dirige ao banheiro e se confunde com uma seção eleitoral.De posse de um título , estalando de novo, ele ouve a advertência do fiscal:" Não faça no banheiro o que se costuma fazer por essas bandas. O banheiro está mais limpo".

terça-feira, 5 de agosto de 2008

chegada

E aqui estamos. Iniciando essa falação a quem de fato possa se interessar por carluchices de outrora e por vir.
Apesar da resistência quanto a certos aspectos da tecnologia, puro sintoma reacionário de minha parte, decidi pela aventura da exposição bloguista, a compartilhar aquilo que deveras se sente.É fato que esse não é o único aspecto reacionário da minha existência - AINDA BEM!- , mas há algum tempo o incômodo desse sintoma se fazia presente, afinal tenho prevenção aos vizinhos que observam o varal alheio. Varal é algo cheio de intimidades!
O resto dessa história e de outros varais virão depois.Agora, preciso repousar um pouco, vítima de um ébrio bombom que poderia ter me tirado o direito de dirigir , em tão nobre nação.O que se pode ingerir a fim de se curar dessa ressaca cívica , seca e desidratada, tal qual o clima da capital federal, onde estupidezes como essa se erguem?
Psicanálise, Fernando Pessoa, Clarisse Lispector, Beethoven, Pelé.....
AH! Como é bom lembrar que podemos nos salvar, um pouquinho só, de vez em quando , a toda hora.