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quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Sobre aviões e Containers

Sempre achei que não tinha medo de avião. Viajo desde muito pequeno e apesar de ter feito um pouso de emergência, no aeroporto de Brasília, vindo do Rio, mantive a calma por muitos anos.
Hoje, percebo que a força do recalque em manter escondido o fato daquilo, ou seja , o tal do avião, não passar de um ' Container' metido a besta ,com aquelas poltronas sofríveis, repleto de garçons bilíngues oferecendo uma comidinha de quinta categoria, pra quem é duro e viaja em classe econômica, é claro.Vinícius de Moraes já vociferava:
" O troço é mais pesado que o ar e o motor é a explosão".
Sem contar os pilotos. Confio somente num primo que voa e que creio, ou melhor, quero crer, não assassinaria parente tão dileto.O único senão é que ele pertence a tal empresa que surgiu sob a égide do amendoim....enquanto refeição.
Bons os tempos da Varig e suas janelinhas com cortinas inflamáveis.E as moças que serviam para lá e para cá tinham classe.A bebida era liberada. Os bêbados se comportavam melhor e a lei seca ainda não vigia. O Concorde era indestrutível e o momento da decolagem era supremo, com toda aquela velocidade . Pois aí, a minha ilusão fez análise...
O Concorde não era indestrutível e a decolagem é o momento mais perigoso de uma viagem. Dois acidentes, um com o supersônico mais glamuroso e o outro com um avião aqui mesmo, da terrinha,desrecalcaram as minha suspeitas. Como eu era um voador iludido feliz!!
Identificado o problema, relaxei. Eis que nos últimos dois anos,mais de trezentas pessoas morreram em dois acidentes estúpidos. Com eles a revelação dos porões, das condições patéticas dos aeroportos e de alguns dos profissionais que ali trabalham. Controlador de vôo que não conhece a língua inglesa, pista de aeroporto cercada de arranha-céus, aeronaves com manutenção deficiente,etc. _ "Como quer o seu vôo?Com pouca ou muita emoção?"- indaga o sadomasoquista, que somos nós.
O último vôo , semana passada, foi ruim. Turbulência quase todo tempo. Serviço de bordo suspenso e um silêncio em 4 oitavas assustador. Pouca ou quase nenhuma explicação e um tanto ininteligível a quem não tivesse familiaridade com o idioma hispânico.
Compartilhando a experiência, já soube de vários outros casos envolvendo outras companhias, outros roteiros, o mesmo drama.Felizmente, nenhuma tragédia a mais..... ainda.

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