No caso do Proust francês -através de um dos seus personagens, primeiro volume daquela história comprida-, a criança esperava pelo beijo de boa noite que a mãe sempre lhe trazia, antes que esse pequenino adormecesse. Dormir para sonhar ou sonhar para dormir? Eis uma certa questão.
A família do menino tinha o hábito de receber amigos e conhecidos para as mais diversas celebrações. Boa bebida, mesa farta. Família que enriquecera pela competência do patriarca. Esse homem que conseguira erradicar a cólera ( a doença, mas não a ira. Algo impossível) do continente europeu. Adoravam celebrar as próprias vitórias, promovendo festas. Gente civilizada.
Do seu quarto, naquela casa repleta de convidados e enorme para as possibilidades de alcance infantis,o pequeno escutava as vozes que se entrelaçavam. Estariam a dançar? Poderia até descrever a tonalidade daquele riso ou do talher de prata rara e que cai da mesa fomentando um ritmo novo ao encarar o chão. Mas algo estava errado.E numa noite qualquer. É que faltava pouco para aquela sedução habitual se inciar, e ela o sacaneava assim em não aparecer. Seu corpo ainda meio débil, desconhecido por partes, passa a não lhe obedecer ordens e uma sensação se torna sujeito. É coração palpitando forte e que não responde a um qualquer. Nem por partes. Quem responde é a razão desse coração. E ela está perdida. Parece até com aquele bicho de estimação que se faz de bem querer porque não sabe dizer não. Será fingimento, esperteza de sobrevivência ou sedução por parte do tão estimado cão? Coração fala artérias, ventrículos, válvulas e silencia angústia.
E a festa prossegue animada. E o coração batuca num tom indecifrável naquele quarto escuro. Um cenário ideal para se testar a crença em transcendências mal assombradas. Mas o desconforto bem instalado era colossal. Logo em seguida, a risada de um macho lhe invadia o aposento pela única fresta disponível - sons e gases são elementos muito perspicazes e leais ao seus propósitos ontológicos- fazendo-lhe aumentar o que agora chamar-se-á ódio. Primeira traição, primeiro beijo roubado. O que fazer com tudo isso e que é simplesmente nada?
A porta decidiu se abrir. Mais uma formação a lhe desobedecer.Seria uma assombração? Casa grande, a senzala latente. Vem de longe a crença em assombrações. No coisa ruim. 'Mas o coisa ruim estava por perto. Escutava-se a sua gargalhada rouca, um tanto alegre um tanto sorumbática. Difícil mensurar intensidades. Ri da gente. Estridente'. -contava para algum amigo imaginário, debaixo da coberta acolhedora, íntima.
Porém, tinha sido só o vento a esbarrar na porta errada para depois fugir envergonhado, Afinal, escancarou as intimidades da porta sem lhe pedir permissão. Passo mal dado. Teria pisoteado o pé da moça, se acaso no salão de festa estivesse a desfilar. Desajeitado.
Crer em alma penada dá nisso. Vai enxergar coisa que não há. O que não há não há. Não se pode temer o que não há. Vulgo desconhecido. Bicho morto não coloca medo em ninguém vivo. Já o bicho vivo....
O bicho latente de agora era a própria mãe e que sorria euforia ao se cercar, feliz,daqueles machos todos. Ela contou com uma beleza própria, única, até muito tempo de sua vida. Na verdade, até o seu derradeiro dia. E o pai- a seu ver- tinha sido um fraco. Brilhante com as ciências médicas, com as feridas fétidas, epidemias assassinas. Contudo, meio frouxo na arte do convívio e suas sequelas. E isso irritava e assustava o pequeno. Ele aceitara, pois não havia outro modo de ser, ou seja, aquela presença, desde sempre, daquele senhor que sempre lhe parecera um senhor. Não era um acessório ou opcional. Viera de fábrica com essa carga toda. Na verdade, o senhor ajudara na fabricação. Existem as tais provas laboratoriais. Não apenas o testemunho evidente dos envolvidos e das alcovas imprudentes. Mudou-se de referência ( referência imperial!) com esse testemunho mais rico de exatidões. Hoje em dia, para além do fenótipo aparente existe a genética bastante presente numa combinatória de letrinhas: DNA. Apesar da epigenética que levanta suspeitas importantes e também evidentes. Lamarck não estava errado, portanto. E que também nasceu numa França iluminada.
A mãe lhe falhara. Não apareceu no tal quarto escuro para lhe acarinhar e lhe beijar a face macia daquela pele de pouca idade. O olhar daquela moça- nunca lhe transformou em senhora- era tão apaixonado que o filho, por muitas, adoeceu febril. Mas passava rápido, pois ele se lembrava que poderia viver, degustar se poder tivesse, ao menos mais uma vez ou até mesmo intermináveis vezes o seu romance noturno. E ele sofreria febre de paixão novamente. E estagnaria feito pedra que se deixa lamber pelo vento desencontrado, ainda desajeitado. Feliz assim.
Ela tinha escolhido estar com outros. Era, por conseguinte, uma mocinha contemporânea nossa: uma ficante. Olha só o inconsciente a varrer qualquer tempo ou época.
Trocou-o portanto por aquela gente dissimulada, bêbada, social e infeliz. Não eram provisoriamente felizes, logo, normais. Eram infelizes porque se recusaram a computar a melancolia que se instala a qualquer momento, desde sempre. Aquela decepção, aquilo que não houve- quase fatal- é um momento melancólico. Perguntem ao cobertor? Ao amigo invisível e que não é assombração? Ao vento amalucado que chega sem anunciar presença ou sobrenome? Desfeita imperdoável para o período. Teria havido duelo? Esses tipos nem ao menos conseguem ser os dândis que um personagem-autor poderá vir a encarnar, ao longo da sua obra, ou seja, sua autobiografia. Não terás tampouco a necessidade de restar alquebrado feito um Toulouse Lautrec diletante e seus salões retratados por uma bela época.
Teria sido um sonho ruim ou uma outra forma delírio? Um falso despertar? Aquele beijo.....
Olho se abriu, ainda preguiçoso. Aquelas mãos tocadas pelo rosto e mais ainda a face que beija a boca mais íntima, afastando-se. O olhar ainda apaixonado atravessando a porta escancarada. Vento ficou de fora, E esse sofrer conflitante por um afastamento necessário. Nunca mais.
A família do menino tinha o hábito de receber amigos e conhecidos para as mais diversas celebrações. Boa bebida, mesa farta. Família que enriquecera pela competência do patriarca. Esse homem que conseguira erradicar a cólera ( a doença, mas não a ira. Algo impossível) do continente europeu. Adoravam celebrar as próprias vitórias, promovendo festas. Gente civilizada.
Do seu quarto, naquela casa repleta de convidados e enorme para as possibilidades de alcance infantis,o pequeno escutava as vozes que se entrelaçavam. Estariam a dançar? Poderia até descrever a tonalidade daquele riso ou do talher de prata rara e que cai da mesa fomentando um ritmo novo ao encarar o chão. Mas algo estava errado.E numa noite qualquer. É que faltava pouco para aquela sedução habitual se inciar, e ela o sacaneava assim em não aparecer. Seu corpo ainda meio débil, desconhecido por partes, passa a não lhe obedecer ordens e uma sensação se torna sujeito. É coração palpitando forte e que não responde a um qualquer. Nem por partes. Quem responde é a razão desse coração. E ela está perdida. Parece até com aquele bicho de estimação que se faz de bem querer porque não sabe dizer não. Será fingimento, esperteza de sobrevivência ou sedução por parte do tão estimado cão? Coração fala artérias, ventrículos, válvulas e silencia angústia.
E a festa prossegue animada. E o coração batuca num tom indecifrável naquele quarto escuro. Um cenário ideal para se testar a crença em transcendências mal assombradas. Mas o desconforto bem instalado era colossal. Logo em seguida, a risada de um macho lhe invadia o aposento pela única fresta disponível - sons e gases são elementos muito perspicazes e leais ao seus propósitos ontológicos- fazendo-lhe aumentar o que agora chamar-se-á ódio. Primeira traição, primeiro beijo roubado. O que fazer com tudo isso e que é simplesmente nada?
A porta decidiu se abrir. Mais uma formação a lhe desobedecer.Seria uma assombração? Casa grande, a senzala latente. Vem de longe a crença em assombrações. No coisa ruim. 'Mas o coisa ruim estava por perto. Escutava-se a sua gargalhada rouca, um tanto alegre um tanto sorumbática. Difícil mensurar intensidades. Ri da gente. Estridente'. -contava para algum amigo imaginário, debaixo da coberta acolhedora, íntima.
Porém, tinha sido só o vento a esbarrar na porta errada para depois fugir envergonhado, Afinal, escancarou as intimidades da porta sem lhe pedir permissão. Passo mal dado. Teria pisoteado o pé da moça, se acaso no salão de festa estivesse a desfilar. Desajeitado.
Crer em alma penada dá nisso. Vai enxergar coisa que não há. O que não há não há. Não se pode temer o que não há. Vulgo desconhecido. Bicho morto não coloca medo em ninguém vivo. Já o bicho vivo....
O bicho latente de agora era a própria mãe e que sorria euforia ao se cercar, feliz,daqueles machos todos. Ela contou com uma beleza própria, única, até muito tempo de sua vida. Na verdade, até o seu derradeiro dia. E o pai- a seu ver- tinha sido um fraco. Brilhante com as ciências médicas, com as feridas fétidas, epidemias assassinas. Contudo, meio frouxo na arte do convívio e suas sequelas. E isso irritava e assustava o pequeno. Ele aceitara, pois não havia outro modo de ser, ou seja, aquela presença, desde sempre, daquele senhor que sempre lhe parecera um senhor. Não era um acessório ou opcional. Viera de fábrica com essa carga toda. Na verdade, o senhor ajudara na fabricação. Existem as tais provas laboratoriais. Não apenas o testemunho evidente dos envolvidos e das alcovas imprudentes. Mudou-se de referência ( referência imperial!) com esse testemunho mais rico de exatidões. Hoje em dia, para além do fenótipo aparente existe a genética bastante presente numa combinatória de letrinhas: DNA. Apesar da epigenética que levanta suspeitas importantes e também evidentes. Lamarck não estava errado, portanto. E que também nasceu numa França iluminada.
A mãe lhe falhara. Não apareceu no tal quarto escuro para lhe acarinhar e lhe beijar a face macia daquela pele de pouca idade. O olhar daquela moça- nunca lhe transformou em senhora- era tão apaixonado que o filho, por muitas, adoeceu febril. Mas passava rápido, pois ele se lembrava que poderia viver, degustar se poder tivesse, ao menos mais uma vez ou até mesmo intermináveis vezes o seu romance noturno. E ele sofreria febre de paixão novamente. E estagnaria feito pedra que se deixa lamber pelo vento desencontrado, ainda desajeitado. Feliz assim.
Ela tinha escolhido estar com outros. Era, por conseguinte, uma mocinha contemporânea nossa: uma ficante. Olha só o inconsciente a varrer qualquer tempo ou época.
Trocou-o portanto por aquela gente dissimulada, bêbada, social e infeliz. Não eram provisoriamente felizes, logo, normais. Eram infelizes porque se recusaram a computar a melancolia que se instala a qualquer momento, desde sempre. Aquela decepção, aquilo que não houve- quase fatal- é um momento melancólico. Perguntem ao cobertor? Ao amigo invisível e que não é assombração? Ao vento amalucado que chega sem anunciar presença ou sobrenome? Desfeita imperdoável para o período. Teria havido duelo? Esses tipos nem ao menos conseguem ser os dândis que um personagem-autor poderá vir a encarnar, ao longo da sua obra, ou seja, sua autobiografia. Não terás tampouco a necessidade de restar alquebrado feito um Toulouse Lautrec diletante e seus salões retratados por uma bela época.
Teria sido um sonho ruim ou uma outra forma delírio? Um falso despertar? Aquele beijo.....
Olho se abriu, ainda preguiçoso. Aquelas mãos tocadas pelo rosto e mais ainda a face que beija a boca mais íntima, afastando-se. O olhar ainda apaixonado atravessando a porta escancarada. Vento ficou de fora, E esse sofrer conflitante por um afastamento necessário. Nunca mais.
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