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domingo, 1 de março de 2009

Filmes

Em épocas hollywoodianas , ficamos tentados em supor que só há um tipo de cinema no mundo. O mais curioso é que nesse ano de 2009, crise à vista, o prêmio foi dado a uma produção britânica. Sob a direção de um mestre , o filme exibe podridões indianas. A turma lá de Bombain não gostou muito. A turma, leia-se os mais ricos, desaprova a película e deseja boicotá-la. Acha que o diretor exagerou ao apresentar algumas das mazelas do país. Tratando-se de um diretor britânico então.... Os Indianos, em geral, “adoram” os ingleses.
Massacrados durante o período colonial, a Índia, considerada uma nação emergente, tem 300 milhões de pessoas que são taxadas como sendo de classe média. Porém, só de crianças subnutridas são cerca de 230 milhões no país. Os pobres e miseráveis devem chegar aos 700 milhões por aí. As crianças do filme , que também querem ser milionárias, são bem pobres. O que receberam pelo seu trabalho na fita já foi gasto com medicamentos e tratamentos médicos com parentes. O pai de um dos meninos tem tuberculose. Doença típica de países miseráveis , numa era de tecnologia de ponta em diversas áreas do saber.
Acho o filme muito bom, mas olho-o com suspeita. Britânicos não são bonzinhos.
A Índia é o país que mais filmes produz no mundo. Eles têm a sua própria Hollywood! E as crianças adoram. A última cena do filme traz uma espécie de dança à lá John Travolta . Uma cafonice brejeira. Obviamente, abaixo do Equador, já há imitação barata.Com o perdão da redundância.
Contudo, o que me surpreendeu nessa noite de verão foram outras crianças.
Rosso come el cielo ( Vermelho como o ceú) é uma produção italiana de 2006.
A história de um menino que perde a visão aos 10 anos de idade - após um acidente doméstico, na verdade o acidente ocorre em virtude do seu temperamento- , e que é levado para uma tradicional instituição italiana de ensino para deficientes visuais. Numa outra cidade, longe dos pais, tendo com algoz o diretor do colégio, também cego, ele inicia a sua sonora rebeldia. Felizmente, algus conseguiram vê-lo. Hoje, é considerado o principal técnico de som do cinema italiano. O filme é belíssimo.Daqueles que só um italiano , descendente de Felini, Visconti, Antognioni , etc, pode realizar.
Existe um ponto em comum entre a produção britânica , a dos milionários desejos, e as criancinhas não menos geniais da Itália: tanto o diretor cego , daquele presídio chamado colégio, quanto o carrasco do jogo na Índia eram mais do que cegos ou surdos ou loucos. Eram estúpidos. Achavam-se o máximo.
Vermelho como o ceú é dos mais bonitos filmes italianos recentes. Sobretudo, porque é uma história verídica.Aquilo tudo lá foi para valer, se ver e ouvir!

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