'Entre les Murs' é o filme Francês do momento. François Bégaudeau escreveu o livro, o roteiro, atua e pegou um belo diretor para realizar o filme que, retrata as dificuldades de uma escola francesa , escola pública , localizada nos subúrbios de Paris.
Se levarmos em conta a nossa realidade brasileira , nada daquilo nos impressiona. Afinal, até onde se sabe , não houve atentados ou assassinatos nas escolas públicas de lá. Já por esses lados...
O que François nos mostra , e ele como ator também é muito bom, é mais ou menos o que um livrinho , cujo nome da autora já não me recordo, chamado O Horror Econômico, apresentou nos anos 90. Catherine Forrester , acho que é esse o nome, desenhava o que estamos vivendo agora e o filme relembra. Não há nada de novo.
Há anos que Paris enfrenta problemas com imigrantes , vindos, sobretudo, de ex-colônias francesas pobres. Até porque ex-colônias ricas são: Estados Unidos, Austrália, Canadá...
Quem se aventura por aquelas bandas sente na pele, no ar, nos olhos, uma hostilidade que ressoa de ambos os lados: locais e imigrantes se odeiam. E o número só faz crescer.
A ingenuidade do professor , interpretado por François, é supor que ele tem a missão de salvador. Os alunos , é óbvio, o desprezam. " Quem é esse merda que vem ensinar alguma coisa para nós que, afinal, não passamos de um bando de ....merdas".É isso que o professor parece não perceber.
Até porque ninguém está muito a fim de ser salvo mesmo.
Tentando seduzir os alunos e intrometendo-se em assuntos que não lhe cabem, o Prof. vai pouco a pouco caindo em todas as armadilhas que lhe oferecem.
O depoimento mais lúcido é o ataque que um dos seus colegas preconiza , logo no início da fita , ao dizer uma série de verdades sobre aqueles animais que , erroneamente , são denominados estudantes.
É quase impossível o trabalho de um professor por ali, pois a sua função é a de transmitir conhecimentos. E parece que não há interesse algum nisso por parte dos 'aprendizes'.
A função do professor é tão somente essa. O que ocorre lá é igual o que vem ocorrendo aqui, faz tempo. Colégio virou refúgio para jovens. As escolas particulares também ,mediante o empobrecimento da Classe Mérdia. Além, é claro, dos vínculos familiares novos e a inserção cada vez maior das mulheres no mercado de trabalho.
A função de um professor é transmitir conhecimentos. E o melhor aluno é aquele que, estudando em casa, vai ao colégio tirar dúvidas. O que se observa é que nem dúvidas há.Na verdade, não há nada. Prende-se o ser, conhecido como de menor ,ali, por algum tempo, enquanto os responsáveis têm que correr atrás do dindim.
A falta de educação então!
Mandar um professor tomar naquele lugar - e não que alguns não sejam merecedores , pois sabemos que alguns são- , virou rotina. No meu tempo, e olha como estou ficando velho, tomar tal atitude era caso de expulsão. Se eu o fizesse, levava um tiro de canhão, "at home".
Felizmente, o cinema escapa da esclerose que outras formas de arte insistem em estacionar. O olhar da menina negra - muito bonita- , provavelmente oriunda de uma dessas ex-para sempre-colônias- de- escravos , no caso, franceses, diz o que ela não disse - não falava nada a tal menina bonita-, ao longo de todas as aulas, de todo semestre, do ano todo.
A pergunta era singela: " O que você aprendeu de mais importante ao longo desse ano, aqui na escola". Todos disseram algo, equivocado ou não. E ela , constrangida na sua sinceridade, apenas murmurou:' Nada, professor. Não aprendi nada'.
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