A característica mais marcante das mentes que insistem em se iludir é a capacidade inesgotável de praticar denegações. A denegação é um mecanismo da nossa mente que insisti em negar algo que já fora afirmado, fixado anteriomente. Aquilo já se inscreveu , já fora reconhecido, mas é negado. E preferencialmente projeta-se sobre outra coisa ou outrem a responsabilidade pelo ocorrido.Retira-se a realidade, se é possível falar assim, dos fatos. E consequentemente o seu da reta. O mecanismo denegatório passa a se projetar, ou seja, uma denegação projetiva ocorre(expressão cunhada do pensamento do Psicanalista Carioca MD MAGNO).
É o que se passa com todos nós cotidianamente. A disponibilidade para se fractalizar ou desconstruir - termo tão caro a célebre pensamento filosófico que finge ignorar a história freudiana-, as múltiplas formações que estão em jogo nas nossas mentes, no mundo, enfim, no haver, é a tarefa a ser cumprida.
Realizar essa desconstrução significa analisá-las, fazer análise das mesmas. Leva-se tempo - conceito fictício como quase tudo que há-, e não é para qualquer um. Infelizmente ou felizmente há de se ter o mínimo de coragem para tal.
O maluquinho genial chamado Nietszche- falecido em 1900 , justamente quando Freud elaborava os seus sonhos conceituais -, teria dito que um covarde seria aquele que não conseguiria suportar uma quantidade mínima de verdades. Podemos contraargumentar que o conceito de verdade é bastante questionável,e tal como indica o Filósofo romeno Cioran - falecido nos anos 90 do século passado e radicado por muitos anos na França-, que desde que a Filosofia passou a se preocupar com a tal da verdade , ela se tornou muito chata.Mais ou menos como uma certa psicanálise que vê sujeito -aquele homúnculo que reside em cada baú nosso , e leia-se baú como concepção pateticamante equivocada para inconsciente-, em tudo. O sujeito deles inclusive tem rosto, família, conta bancária, etc. É o máximo de Subjetividade:!A relação conta bancária - banqueiro!
Supomos que a verdade esteja em nosso ponto de vista, na nossa visão de mundo. A cada situação que se apresenta. Deve-se , contudo, reconhecer a limitação disso pois é tão somente uma ferramenta como tantas outras. É claro que existem ferramentas e ferramentas.Do mesmo modo que Existem ( autores de ponta não morrem nunca!) Cioran, MD Magno,Kant, Euclides Da Cunha, Machado, Guimarães Rosa,Hilda Hust,Proust e .....existe Paulo Coelho.
O século XXI já começou - alguns apostam que ele teve início em 11de Setembro de 2001, após alguns rasantes certeiros sobre o que mais interessa: dinheiro é poder-, mas a maioria não se apercebeu do fato. Alguns sonâmbulos ainda supõem que o que há de mais natural para essa espécie esquisita ,que é a nossa, é aquela vaquinha que pasta e come grama, naturalmente natural ( desculpem pela redundância), quando apostamos que esse computador que digita minhas elocubrações com rapidez e eficiência é tão natureza , visto que é puro artificialismo, quanto as árvores que me refrescam em dias infernais.Há de se reconhecer que a revolução tecnológica é para mim a quarta grande ferida narcísica nos tempos ditos modernos. A primeira veio com o Sr Copérnico que deu uma grande cutucada, que lhe custou queimaduras de todos os graus pelo corpo, ao afirmar que esse planetinha Terra não era o centro do Universo; A Segunda coube ao Sr Darwin e sua Teoria Evolucionista; A terceira Coube ao Dr Freud que desenhou o quanto somos marionetes dos tesões pulsionais , isto é, decidimos onde não estamos conscientes, e finalmente a Quarta ,que é irreversível também,denominada Tecnologia.
Não há volta e os vínculos entre nós já se alteraram por completo. Basta ver , por exemplo, o que se conhece enquanto família. Talvez acabe....
Nas celebrações que espocavam sobre os céus do mundo nesse último dia, nessas derradeiras horas, há um toque de retrocesso. São ritos, rituais , crenças míticas, ilusões.
No espocar das bombinhas festivas há de se recuar um pouco. O fogo que queimou as mentes brilhantes de Copérnico e Giordano Bruno, dentre outras não menos brilhantes ,santificadamente condenadas, chamuscará severamente todos os que teimarem em não enxergar o mais explícito e o mais obscuro: a obviedade que não perdoa denegações.
Ela se chama lucidez.
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