Estamos a uma semana da famigerada eleição. Nesse exato momento, alguns patetas se debatem feito bichos na TV. Disputam uma vaga na prefeitura da maior cidade brasileira. Na verdade, eles querem comandá-la por mais alguns anos. Quatro agora, mais quatro adiante.
São todos maravilhosamente cínicos. O poema em linha reta de Fernando Pessoa os definiria bem melhor do que qualquer linha que aqui possa eu postar.Quem tem o desprazer em contemplar o tal programa finaliza finalmente : são todos príncipes e nós , eleitores obrigados, uns otários!
Para se ter uma idéia da gravidade do programa, havia um delinquente declarado por lá. Sim, declarado! Pois já fora preso, não pode por as patas fora do país, etc, etc e mais roubo, mais roubo, etc etc.É esse o programa de governo! E ali se encontra o pilantra a chantagear adversários visto que ainda hipnotiza alguns milhares de paulistanos, sócios nas maracutaias ou otários incuráveis. Se bem que: cada um tem o candidato que merece; o analista que merece e assim por diante. É a nossa condenação. Uma mistura de marionetes e iludidos. Recentemente , debruçando-me sobre a obra de Emmanuel Mounier, jovem filósofo morto aos 45 anos em 1950, e pai do que ficou conhecido como Personalismo, constatei o que o velho-jovem Freud já havia vaticinado: a religião sempre triunfará. Emmanuel, que merece todo nosso respeito apesar de ser muito chato, chega a reverter o cogito cartesiano para afirmar que o que há de ôntico , ou seja, da ordem do ser , na sua mais alta conta ,é a capacidade de amar. A vida vale a pena ser vivida porque se ama. E juntamente com isso vem a tal da liberdade....Um pouco demais , não acham?
Liberdade.... A nossa mais suprema ilusão. A não ser que a consideremos em termos tão somente modais, regionais.É mais ou menos quando nos reportamos a tal da felicidade. Ela existe? É claro! Quem de nós não teve, tem e até poderá ter Novamente, momentos de felicidade! Não é difícil. Aquela paixão, aquele calor súbito - não confundam com ataque de pânico ou fobia, por favor-, aquele arrepio, enfim , cada bichinho com o seu tesão particular e merecido chamado felicidade.
O problema é que Mounier e seus discípulos , espalhados por todo o mundo judaico-cristão, esquecem, ao falar de amor, de seu amigo mais íntimo, o chamado ódio. E a tal da liberdade , o livre arbítrio, recalcando nossa condenação em haver e a imensa rede na qual estamos arrolados.Somos meros atores- alguns principais , tais como os palhaços que mencionei há pouco-, e outros simples coadjuvantes, tal qual a maioria de nós. Há gente que supõe ser célebre porque tira fotos para revistas a serviço da pior das alcovas.Aliás, há gente- gente?-, que se exibe em qualquer circunstância: velório, prisão, falência, erro médico,briga de casal e outros vexames. O que cabe , inclusive, uma pergunta: Aonde se esconde a fronteira entre a fama e a vulgaridade?
Já estive em velório de gente nobre- nobre de verdade - que se transformou em festa gay! Sempre achei que velório fosse um local para recato, no mínimo.
Já que não apostamos numa reforma política decente, o quadro que há é esse aí.
Nessa semana que inicia ,e ela se inicia com o cheiro de mato-chuva à beira de minha modesta e arrogante janela, e se a Time Life permitir que a Globo permita, teremos o nosso neo-e tológico debate aqui, na capital do meu mundo, o Rio de Janeiro. Quem sabe não damos uma chance ao nosso alcaide novo. Alguém com inteligência , astúcia , coragem, educação, charme , probidade nos atos públicos e que tem Fernando no nome , assim como Pessoa , cujo personalismo não é a caretice de Mounier: Fernando Gabeira , Prefeito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário