No consultório médico.
Sala de espera e uma segunda feira com o sol se exibindo com toda o esplendor.
Chega o casal mais idoso para a próxima consulta. Ele é o paciente. A moça que secretaria a recepção daquelel local de trabalho lhe diz o valor e ao notar que não teria troco para lhe dar , sugere que faça uma parte do pagamento através de um aplicativo de banco. Ele, sem reclamações ou rabugentices, faz o que lhe foi sugerido. Ágil, pragmático.
Sentada no sofá, sua esposa lhe pergunta o que está acontecendo. O senhor responde ao seu questionamento. Ela indaga novamente porque não escuta bem. 'Você sabe que estou surda. Falo alto e pergunto mais de uma vez se me der vontade.'
Ele não perde a calma . A senhora então se levanta e acomoda sua estrutura corporal bem ao meu lado. Silêncio.
Alguma eternidade depois, ela lhe pergunta mais uma outra coisa:
- Posso entrar contigo nessa consulta?
-Não. Já conversamos sobre esse assunto.
-Por quê? Esqueci. Sou surda, você bem que sabe.
-Depois , explico. Em casa ...
- Vou entrar com você então ..
- Não vai porque ele talvez tenha que me dar uma dedada no rabo..
-Dedada? O quê? Onde?
Nessa altura dos orifícios sagrados, todos, a secretária e euzinho saímos um pouco de órbita. Mas durou pouco. Retornando à terra menos plana dos terráqueos contemplados por certas pérolas matinais ( Em plena segunda feira !), foi quase impossível não olhar para o senhorzinho malcriado e tão gentil, ao menos com os verbetes, e que passava a me lançar um olhar bastante desafiador.
-Fala você agora. Ela está realmente surda e sempre foi um pouco chata.- disse-me rindo.
- O quê? Dedada ? - Ela estava, também, fascinada.
- Ele lhe disse ,cara senhora, que talvez o Doutor tenha que lhe dar uma dedada! Só não me pergunte o local ou destino traçado, de antemão a bem saber , pois também esqueci. Vida corrida...
Vida que segue.
Nenhum comentário:
Postar um comentário