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terça-feira, 2 de abril de 2013

Coréia ao Norte ao Sul. Futuro? Bill Evans e seus 40 dedos.

A crise no Chipre e na Coréia do Norte. Não posso mais viver sem isso. Imaginem que mal sabia onde ficava o Chipre. Minha mulher, geógrafa atenta, adverte-me:" Se você tem o hábito de consultar o dicionário, seja ele em Português, Inglês ou qualquer outra língua estrangeira, para tirar dúvidas ortográficas, gramaticais ou semânticas, porque não consultar um Atlas, um mapa, virtual ou não, para se localizar"? Ponto. Intervenção de um GPS belo e bem pragmático.
Mapa devidamente consultado e estavam lá o Chipre, pertinho da Turquia, da Grécia....e a Coréia do Norte, escondidinha do mundo, ao lado da sua irmã mais adoravelmente odiada, Coréia mais ao Sul. Pertinho da China também. Só não peçam o nome das respectivas capitais, pois o desinteresse se apossa de quem escreve e de quem possa se aventurar a ler isso aqui. Além do mais, sou um mau guia para esses roteiros. Entretanto, parece que  não vivemos sem isso no momento. Perguntamos: teriam os maluquinhos -olhos apertadinhos, pele branquinha-amarelada, falando aquela língua sem predicações-, condições para explodir o planeta azulado? Existiriam tais competências? Poderia 'Yellowstone' e sua competência 'ianque' para destruição razões para invejar tal mérito destrutivo? Ainda mais vindo de lugar ignorado, desprezado, tão longínquo? Alguns ianques consideram Marte e sua configuração esverdeada mais próximo do que a Coréia do Norte. O Hulk, herói também esverdeado de amódio, é conterrâneo dos Obamas.
Um dia soube, pela primeira vez através de brinquedos infantis, da Coréia do Norte. Foi na copa do mundo de futebol da Inglaterra, em 1966. Ano que dizem ter eu nascido. E os olhinhos puxados, cheios de brio, aprontaram a maior zebra daquela competição. Uma das maiores de todas as épocas. Venceram os já campeões mundiais, os gladiadores italianos! Guarda pretoriana a postos. Palácios de Césares em ebulição. Vaticano à espreita da coloração da fumaça sagrada. 'Habemus vexame'!!!
Na última edição da famigerada pelada premiada pela Fifa, na África do Sul, eles, coreanos ao norte, por lá passaram novamente. Enfrentaram a seleção do Brasil e chegaram a causar reboliço. Todavia - lá vem esse texto cheio de adversativas- alguém conhece algum pensador, escritor importante, ator - fora os presidentes daquela família estranha-, atleta de ponta, enfim, uma frase inteligente que tenha sido bombardeada por um norte-coreano? O fato de não se conhecer não é sinônimo de que não haja. Pode existir. A ignorância é nossa.
Uma vez, uma foto de uma policial norte-coreana vazou nas redes do planeta que desejam explodir. Bonita a tal moça. Ela comandava o trânsito. Solitária. O fotógrafo que fez as imagens era estrangeiro. Ela soprava o seu apito para lugar nenhum. Não havia carro em torno. Por isso o espanto da máquina que fizera a tal fotografia, pois elas se fotografavam: a moça isolada da Coréia, a máquina, o 'voyeur',apelidado de fotógrafo, e a solidão.
O piano do ianque genial, Bill Evans, acompanha-me nessa madrugada insone. O mundo ainda não explodiu, visto que lá em Marte, ou melhor, na vizinha Coréia do Norte, as guardas, mas somente as meninas ( Porque assim desejamos. Feito ditador. Feito criança), continuam soprando apitos. Ainda bem que existem as meninas!! Até o maluquete do Presidente deles há de concordar. O anterior, não menos doido ruim, tinha um harém de apitos.
Essa crise do mundo- e crise tem o sentido da oportunidade também- diz respeito ao quê mesmo? Frases feitas evocando quebras de paradigmas, modelos, referências (algumas sacralizadas) parecem que estão com os dias contados.Na verdade morreram. E não são os coreanos ao norte os responsáveis. Aquilo é uma pintura fossilizada tal e qual tantos outros modelos. Aqui mesmo no Brasil vivemos uma doce ilusão. Tudo banalizado, não pelo esgarçamento de cada situação e o reconhecimento da sua artificialidade, do teatro efetivo que é essa vida toda. E sim pelo esquecimento, pelo recalcamento, de que somos os reis da nossa selva particular. Reis porque palhaços, escravos, plebeus , mambembes também.
 Uma borboleta pode bater as asas lá na Coréia ou no Chipre e passado algum tempo - que é uma espécie de contagem ilusória entre um fato e outro e o sonho de que mais um monte de fatos estão por vir-  uma combinatória infinita de elementos provocarem a emergência de um maremoto, de um despertar vulcânico pelos lados de cá. Garantem os cosmólogos, os físicos, a turma do caos contemporânea. Essa ordenação bagunçada! Já imaginaram uma nova guarda pretoriana ressurgindo pelo Vesúvio abaixo? Berlusconi a brandir sua nova invenção? A nova invenção seria o ressurgir de um Vesúvio, Berlusconiano!!
A mente é um aliado poderoso, necessário e extremamente perigoso. Feito viver. Já nos garantia Guimarães Rosa. Ela é isso e tanto mais ao qual nos submetemos de inconsciente. Lugar que hei,  pois não estamos por lá. Quando se diz sobre é porque já virou coisa outra. Estamos em atraso já que o nosso tempo é tardio. Não somos seres precoces. Mas isso - que é também um apelido para o inconsciente - é o que nos especifica.
Chamemos de pegadinha, sacanagem, coisa suja, mas também há muito de alegria. Circulando, obviamente, pelo haver que nós possuímos, que portanto somos. Até mesmo na Coréia do Norte há. Vejam o ignorado, ridicularizado até pelas modelos-manequins do resto do planeta ameaçado, Chipre, e que pregou uma autêntica pegadinha na Máfia Russa. Não é divertido? Quem poderia predizer que tal obra de arte ocorreria? Qual é a cara do futuro?
O Brasil me parece distante de uma certa contemporaneidade. Há muita saudade ressentida nas mentes que governam e de quem se finge governar.. E um certo odor de loucura ruim, porque existe a doidice boa, profícua, poética, inventiva e não destrutiva. Achamos que tudo que vem de fora é melhor do que a gente. Morar lá longe - Coréia do Norte ou Marte- é o máximo, sobretudo se sentir muita falta das coisas daqui. E quando se está aqui, sente-se falta de lá. É o exemplo do mazombo oswaldiano. Ao mesmo tempo, não nos abrimos para políticas externas, negociações comerciais para valer com o resto do mundo. Protegemos demasiadamente o nosso lixinho. No máximo, estendemos ' La basura ' ao Paraguai, Bolívia....Eles , 'los hermanos,' nos adoram, odiando-nos. É visível até  mesmo de Marte. A música daquele bonequinho que para lá foi passear, da nossa Beth Carvalho, mandou avisar.
Bill Evans avisa também que o expediente por hoje acabou. Seus dedos, e ele tem uns 40, adormecerão por algumas horas. Voltarão? Ele diz que sim, mas garante que não pode garantir. Insistir, persistir, desistir também pode.Quem sabe a cara de um futuro possível?

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