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terça-feira, 6 de novembro de 2012

Pessoa e grandezas. Coisas estomacais.

Existem umas pessoas que são invejáveis, pois elas venceram a vida e deixaram - e deixam, visto que essas autorias não morrem- uma marca, uma obra.
Toda e qualquer articulação, cálculo ou  raciocínio faz um esforço enorme para tentar dizer sobre o que é impossível, já que indizível. É uma empreitada enorme e não são poucas as vezes que nós - invejosos e detratores- os difamamos, chamando-os de megalomaníacos ou histéricas. Lacan mesmo o fez ao se reportar às tentativas hegelianas de supor poder teorizar sobre tudo. Dizer sobre aquela verdade impossível. Aquela da qual não se consegue dizer, pois nem ao menos sabemos sobre. Quanta pretensão!!! Mas quem- nesse confronto entre gênios da espécie esquisita homem- não insiste em tentar. Agir no mundo.
A lição de Feyerabend, moço genialmente inquieto, de que uma vida ancorada, construída sobre uma teoria, digamos pensamento, difere muito de uma outra que venha a se constituir sobre simpatias, medo, bom senso....
Quando mencionei numa rede social que a estupidez militar triunfante dos anos 60/70 no Brasil arrebentou com a educação, alguns concordaram, mas houve aquele reacionário a mais ou para menos que defendeu aquela boçalidade de inspiração claramente nazista. É normal e há que se escutar de tudo. O que torna a nossa função de escutadores do inconsciente quase impossível. Como operar sem juízo de valor numa hora dessas? Aliás, como operar sem tendências sintomáticas próprias - leia-se pessoais- o maior período de tempo possível? O estômago se manifesta. É uma formação que produz ácidos e até saberes. E quem não tem o seu estômago ou fígado pleno de aversões?
Fomos educados para isso também. Fomos nomeados, colocados dentro de um esquema cultural que nos restringe, nos limita. Em algumas situações é até melhor, funcional, a tal restrição, já que se deixarmos o bebê que nos habita sempre muito solto no berço.... A questão é saber administrar as intensidades.
Quem é que não é viciado em alguma coisa? Certos fígados são viciados em gordura, em cachaça, em republicanos até o são. A questão como lembramos acima é gerir as intensidades, pois dependendo da dose pode virar guerra nuclear, guerra para Adeus. Há deus?
As redes sociais são conexões de formações e entre formações que podem avessar o que quer que se diga, o que quer que se escreva. É a tal rede da gente, dos chamados humanos. Os cães que lá surgem não sabem do que se trata. Não foi feito para eles, logo não foi feito por eles. E ali desfilamos nossos quereres, nossos narcisismos, nossas mentiras, nossas simpatias, horrores e etcs. De preferência, as nossas gracinhas. Esse texto, por exemplo. Já já ele se tornará acessível aos amigos e detratores. E tanto melhor.
Reencontar um amigo ou passar a considerá-lo como tal é saber que ali há um novo amigo. Por mais antigo que tenha sido ou havido. E ele continua feito uma alma penada. Mas é um novo amigo. Faz um novo amigo. Ele não é o mesmo de 5 minutos ou 15 anos atrás. E não o será daqui os próximos 5 minutos. É difícil como o diabo entender essas coisas assim assim. Nossa educação reacionária, careta, para trás, nos causa estragos eternos. Tem gente que adora ficar congelado feito urso, lembrando só do que terá sido. E essa criatura, irmão carbono de todos- tem suas razões. Pra frente, pode ter vislumbrado um abismo fundo. Pra trás, ele relembra aquele gozo divertido, um saudoso.
Os tais heróis que conclamamos são essas pessoas que insistem na confrontação com os abismos, com as trevas, com o imponderável. Ele sabe do escuro, pois teme claridades. Coisa de Pessoa grande.

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