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terça-feira, 25 de agosto de 2009

Errar a guerra

Passeando pela Grécia e seus personagens egrégios, os tais filósofos, encontramos figuras fantásticas e bem doentinhas, tal como salientou Fernando Pessoa.Empédocles, Tales ( considerado o primeiro filósofo e que nos apontou a água como elemento fundamental da existência de todas as coisas), Parmênides e sua unicidade ,posterior a Heráclito e suas mudanças , seu mobilismo constante ( quem não se recorda da máxima DE Heráclito "um mesmo homem não se banha duas vezes no mesmo rio.) , os Céticos e o homem que tinha como fundamento para sua investigação sobre tudo o que há e para nossa espécie, o número, o Sr. Pitágoras.Mas já que somente sou um diletante em assuntos filosóficos - gosto bastante de Russerl, Cioran, Wittgenstein,Nietzsche, Maquiavel, Marx,dentre outros) tomarei aquela fábula de Aquiles e seu algoz tartaruga , de Pitágoras, a exemplificar o que desejo descrever.
Na sua tentativa, elegante como quase tudo em Matemática, de apontar uma lógica formal ao afirmar que Aquiles- corredor herói grego, provavelmente descendente da cidade de Maratona ,que pega fogo nesse momento e recebeu tal nomeação pois um mensageiro percorreu, correndo, 42 kms até chegar a seu destino- não alcançaria jamais a tartaruga solta alguns metros antes , esqueceu-se , tal como demonstra Parmênides que a realidade das coisas, do haver , não fala necessariamente matemática. Portanto, de um certo ponto de vista matemático,pois qualquer que fosse a distância percorrida por Aquiles , ele jamais alcançaria a tartaruga que já teria percorrido alguma distância a mais e entre aquele ponto inicial de vantagem sobre o ponto em que Aquiles- com toda a sua disposição de atleta- se encontrava existe um espaço com infinitos pontos , impossíveis de serem percorridos inteiramente, e por conseguinte alcançar a famigerada tataruga, lerda desde sempre.Porém, com a evolução da Lógica, com o surgimento da Física , Pitágoras,por certo, teria que rever alguns pontos de seu teorema.Já fui alertado que toda teoria, Felizmente, tem prazo de validade.
Dando um pequeno salto - alguns milhares de anos- tomo tenência de Enrique Vila-Matas , esse catalão sessentão, que é um grande escritor. Amiga querida, em almoço recente, narra para mim algo que se passa em um dos seus brilhantes contos e que mostra um corredor que não alcança ou e´ultrapassado por um velho, ou será o velho que não alcança o jovem? Pra mim tanto faz , pois o que me leva a essas digressões todas é que a guerra há, o tempo todo, até na pista de Cooper da praia de Ipanema. Há a guerra permanente entre os mais aptos, mais bem condicionados e os que não são ou já foram e/ou jamais serão. Para quem aprecia tanto essa ontologia sobre fui, serei, sou, enfim , o tal do SER, ou seja, os filósofos, a junção de Aquiles/Pitágoras/Heráclito, coreografado lindamente por inspiração catalã de Enrique , não é inteiramente delirante.Um pouquinho só....senão não há falação que aguente!
Caminhava pela ciclovia de meu bairro , bairro em que nasci e vivo , o Principado outrora elegante ,de Ipanema,quando ouvi o seu coração.Ele batia acelerado, mas elegante. A respiração era suave e os passos inaudíveis.
Recusei-me a olhar para trás ( Mas só uma espiadela porra!!). Fiz por orgulho,tal recusa. Não podia crer que na madrugada , sabiamente silenciosa, alguém estivesse vivo e ainda por cima caminhando na orla , assim como eu!Não olharei e pronto! Quero que esse merda abusado morra!Que tenhas a cãibra!Como te atreves em me perseguir madrugada à frente!Fora daqui seu delinquente notívago!A praia não somente sou eu como é toda minha!!Tem noção de quanto tempo faz que conquistei essa exclusividade!!
Quando decidi por olhar já era tarde demais. Estava aniquilado. À minha frente, caminhando como que numa marcha atlética , suavemente, feito madrugada, ia um senhor totalmente grisalho, perto dos 80 anos. Nem precisava fazer-lhe uma "Blitz" a averiguar documentos. Era contemporâneo de meu velho pai que já conta os 80, à beira dos 81.
O desgraçado estava de branco feito pai de santo antigo.Só que era bem branquinho também.A pele alva ,algumas manchas e um tênis amigo. Quase berrei feito louco:" Ei!Qual a marca desse tênis!Vou te pegar no anti-doping desgraçado... que fura fila nos bancos(antidoping now?)!
Quanto mais aflito ficava, a distância aumentava.Logo, Pitágoras tinha razão. A única diferença é que aqui a realidade tinha se avessado: a tartaruga era eu.
Decidi reagir. Comecei a correr. De quem?Não sei, mas continuei a correr.De repente, ultrapassei Aquiles.A tartaruga triunfou novamente. Será?
Diabos!Vou ter que olhar para ele de novo. Dessa vez , virei-me inteiro para celebrar o trunfo do animal!
Ele, talvez um Aquiles longe de casa, sorria... suave.Na verdade (outra categoria que filósofo adora) quase indulgente parecia estar. Mas pra que perdão?E quem disse que os animais não estão soltos, correndo, fazendo a guerra errada,no lugar errado, na hora errada?
Estava lá , naquele sorriso.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

ZUZU/PATRÍCIA/E OS ANJOS.

Ontem, assisti ao filme de Sergio Rezende sobre a vida, luta e morte da estilista Zuzu Angel.Filme de 2006, se não me equivoco com a data, traz como protagonista a atriz Patrícia Pillar. A cena em que ela,ZUZU/PATRÍCIA, recebe a notícia da morte do filho, através de uma carta enviada por um outro garoto esquerdista que delatou o companheiro para não morrer ou ter a família morta , é belíssima, apesar do horror que nela há.Patrícia está maravilhosa no filme, além de linda.Daniel de Oliveira também. Enfim, o elenco todo cumpre seu papel com a maior dignidade.O que já é uma resposta adequada ao período nada digno. A boçalidade era tamanha!Creio que as forças armadas deveriam processar as próprias forças armadas pelo dito período.Seria uma reparação plausível.
Ingênua, mas destemida, Zuzu Angel foi uma figura interessante.Para ela, tal como está registrado na bela canção de Chico Buarque, o que interessava era ter de volta o seu anjo.Infelizmente, isso não só não foi possível, como também lhe foi negado o direito de sepultá-lo.Jogaram seu cadáver no oceano, depois das bárbaras torturas as quais fora submetido.
Esse período para nós é de um ressentimento, de uma dor e cinismo brutais.Muita lágrima , muita cólera ainda há de rolar.
Olhei para o filme e lembrei-me assustado de que contava dez anos- 1976- quando Zuzu Angel foi assassinada tão covardemente quanto fora seu filho, sua nora e tantos brasileiros que reivindicavam um país menos escroto para se viver.Creio- e aqui não me proponho a isso- que as ferramentas utilizadas estavam equivocadas, mal preparadas, inadequadas- ,porém ,por certo, eram bravos guerreiros lutando contra o Senado -estaríamos antevendo algo?- de um Sarney e seus 40 amigos. Aquele Karmanghia -é assim que se escreve?- que tanto passou diante dos meus pequeninos olhos curiosos, foi arremessado feito uma lata qualquer , em local que semanalmente atravesso na vida.Estava tudo aqui tão pertinho e um silêncio cínico e covarde me cercava.O colégio em que estudei quando criança , e que felizmente acabou, era cúmplice daquela merda toda.E eu, do alto dos meus dez anos também, por certo.
Estava assistindo o Picapau Amarelo!Lá , produzido pela turma do monopólio.Quem sabe Emília não me oferecia uma mágica?Pir lim pim pim e ..pronto!Vivam os anjos!
Um dia achei que a Psicanálise respondesse para o mundo todo e então o meu mestre,MD MAGNO, me alertou:"Menino.Isso é só uma ferramenta para ser aplicada.Acho-a melhor do que todas as outras que pude e posso conhecer, mas já pensou se a psicanálise necessitasse dos chineses para sobreviver?!"
No livro "Segredos da Alma" em que o Novaiorquino Ely Zaretsky conta um pouco dos altos e baixos da história da Psicanálise- FREUD FOI O MAIOR DOS HOMENS!- HÁ RELATO DE QUE EXISTIU ANALISTA-ANALISTA?- NA China, na África, na Rússia e até....a ditadura dos outros boçais, vermelhinhos, primos não muito distantes dos gorilas que mataram Stuart Angel, entrarem em cena e acabarem com o Estado de Direito.Freud revirou o planeta.
Cazuza, que me assombrou noite passada, cantando ao lado de minha mãe, também já falecida, disse em canção:'Só as mães sofrem'.

Fernando Botero e a top model

Fernando Botero é um Colombiano exilado. Tal como o seu conterrâneo egrégio, Garcia Marques, não pode circular pelo seu país.Há muito , denunciam atrocidades cometidas por bandidagem e politicalha na sua terra natal.
O Brasil, segundo alguns analistas políticos, só não se transformou numa Colômbia por ter produzido uma classe média enorme.Por lá, o abismo social foi maior:índios de um lado e uma classe abastada na outra ponta.
Encontrei as pinturas de Botero no ano passado, numa exposição no Malba , em Buenos Aires. Lá desfilavam perfiladas suas gordinhas e seus conterrâneos ensanguentados por tiros ou facadas. Por causa deles é que Botero teve que se exilar.
Mas o que interessa são as gordinhas. Sensuais, elegantes, destemidas.Exibiam-se fagueiras e fogosas.
O pintor decidira retornar ao período em que retratava-se mulheres mais gordinhas por que elas eram um sinal de saúde. As mais magrelas eram confundidas com mulheres enfermas.Normalmente, tuberculosas.
Não sei também se Fernando decidiu pintá-las enquanto alusão às avessas à desnutrição tão comum nos países mais pobres...o que importa é que elas se exibem com brilhantismo e sensualidade.
Deveriam ,portanto, convidar o mestre para retratar as magrelas com biotipo de menino - sem bunda, sem seios e que nem ao menos sabem realizar aquilo que outro grande mestre, Brasileiro Millôr Fernandes, costuma celebrar como o melhor movimento feminista já existente, o movimento dos quadris-, nesses eventos patéticos denominados Fashion something, na verdade, fashion nothing.
E o pior é que tem gente que vê sensualidade naquilo.
Todavia, há uma nova velha geração que parece estar dizendo um não para tudo isso.
Aliás, há uma geração que anda pouco se importando com os chamados automóveis. Aquelas formações gravíticas que só andam para frente e para trás. Creio que a moçada possui brinquedinhos eletrônicos mais sofisticados, mais ágeis e menos poluentes.
Um dado curioso é que ao adquirir um carro , a maioria das pessoas- dados obtidos por uma pesquisa norte-americana- foca o seu olho na parte dianteira do carro. A traseira pouco importa.
E a máxima no Brasil de que a preferência do machos é pela bunda?Carro não tem bunda?Brasileiro não sabe a bunda que somos?
Vai ver que é por isso que alguns novos machos estão desinteressados pelos carros de hoje. Falta-lhes algo....falta-lhes abundância!
Precisamos convocar com certa urgência o Botero para que ele resolva essa questão para nós.
Felizmente , há gosto pra tudo!!I

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Jânio Quadros voltou

Excelentíssimos senhores: o senhor Jânio Quadros, ex-presidente que quis se tornar efetivamente ex-presidente,voltou da tumba, onde repousava em paz.
Encontra-se no Senado Federal, casa "nobre" do parlamento em que seus membros ao xingarem seus pares necessariamente abotoam os paletós, rejuvenescido e com os olhos ainda esbugalhados por tanta "lucidez", sob a alcunha de Fernando Collor de Mello , o contemporâneo Jânio.
Jânio renunciara por razões secretas,na verdade ,forças ocultas.Verdades,a bem dizer,ou melhor jamais ditas,por ele, Jânio.
O novo Jãnio legisla sob a égide dos atos secretos e palavras pouco usadas pelo vernáculo cotidiano. Segundo ele os seus colegas estão deblaterando demais.Tudo bem, pois deblaterar é falar contundentemente contra alguém, acusar esse alguém de algo que por ventura tenha feito.Mas tem vindo coisa pior da boca do new-old senator-ex-president.
Fiquemos atentos pois ele preside importante comissão no Senado, onde as únicas cartas que não são marcadas são os nossos votos, anseios, quereres.
E mais: se ele proferir alguma mesóclise, ou seja, aquele dir-se-ia ou aquele outro poder-se-ia, da vida, aí é caso de exorcismo ou no máximo uma clonagem que não funciona lá muito bem. Ao menos para o país.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Mineiro come quieto

Mineiro come quieto. Ouvi isso parte da vida.Convivi com mineiros por quase toda minha vida.As mineiras eram minoria.Vai ver que faz parte da discrição mineira elas se mostrarem pouco ou quase nunca. Um amigo dizia: "Mineiro não olha , mineiro espia".
Percorrendo o caminho de volta do centro da cidade mais velha para o centro da cidade mais recente,em Belo Horizonte, o taxista, senhor de meia idade (não sei o que isso quer dizer) espiou para nós ao perceber o sotaque diferente. Espiada para lá , espiada para cá, sapecou: ' Vocês são de fora, não? Diante da resposta, ele prossegue:Se vieram para parada gay, estão na direção errada!'
Informado que sequer sabíamos da tal parada e que não somos adeptos do esporte, o senhor, ali-viado, vociferou:' Que ótimo!Menos dois...Por que isso , esse tal de gay, é uma praga que parece brotar do chão.A tal passeata vai reunir uns 300 mil desse troço, uai'.
Descemos do carro e o motorista parecia continuar a discursar."Cuidado com os gays!Eles brotam do chão!"
Assim também é Minas Gerais. Uma passeata gay com centenas de milhares de pessoas e nenhuma nota relevante, ou não relevante, nos principais jornais de BH e nem nas ruas ou bares..Nas rádios também nada escutamos.
Não há político que possa fazer o quase imposível de não se fazer notar,de intervir sem gerar reatividades, de ser invisível na era de blogs, e-mails e celulares invasivos.O político de Minas parece que ao menos tenta, apesar do Governador Aécio Neves adorar um palco cheio de purpurinas. Aécio, como se sabe, adora o Rio de Janeiro!É amigo de globetes, chacretes.
Diria o homem de Minas, ladeira abaixo , ladeira acima " Cuidado!Isso também brota no chão!"