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domingo, 7 de junho de 2009

Quando divã torna-se tolice

Não é à toa que a Psicanálie vai mal das pernas,, ou melhor, não é a psicanálise que vai mal das pernas , ela é , felizmente , a crise que, etmologicamente, significa oportunidade. Quem vai mal das pernas são os tais analistas. Sobretudo, os tele-analistas. Aqueles que mostram a cara em programinhas televisivos , dizendo um monte de bobagens.
Recentemete, um desses, todo enfarpelado de roupas caras, conversava sobre os efeitos de acidentes aéreos nas nossas mentes. Quase nada disse, mas a asneira se fez presente. Após , a declaração de um dos convivas, escritor e também piloto de aeronaves, sobre o seu imenso tesão ( não foi esse o termo que ele utilizou, mas é esse o sentido que eu dou ao que foi dito ) por acidentes aéreos. Pronto! Estava aberta a porta para a burrice pretensiosa. Primeiro, o apresentador que, também se diz apaixonado por aviação, fica meio sem jeito, etc. Segundo , o analista televisivo dispara algo no sentido de que a declaração do escritor teria sido algo de ordem sintomática, patológica, etc.
No final do programa , o escritor fez um comentário inteligente sobre o que queria dizer ao afirmar tal preferência.
Onde se esconde a estupidez?Simplesmente, o tal analista , que parece tomar Champagne a bordo, ou seja, só viaja de "first class" , acredita que o tesão dele por neurose , psicose, entre outras 'oses' , é menos doentio, menos sintomático ,melhor dizendo, do que o daquele que se interessa por acidentes aéreos, estupros, etc. Afinal, Hospital psiquiátrico estabelece vínculos salutares de montão!
O mais grave é isso. Acreditar sempre que os nossos tesões, preferências, hábitos são salutares ou , como dizem os adeptos por linchamento, normais. Deslocou um pouco é doente. E pior ainda: não é mais preconceito. É conceito mesmo.
O escritor foi preciso. E para quem já perdeu a ilusão de que algumas formações em jogo são inteiramente seguras, a conversa mais franca é angustiantemente esclarecedora. O que está sendo desrecalcado e tendo acesso ao que chamamos de consciência é isso: entrou ali , está em risco. Tal qual ocorre na vida. Lembrando Guimarães Rosa: " Viver é muito perigoso".
O jogo é esse e em tempos de crise de mercado financeiro, passear muito tempo de elevador pode ser perigosíssimo. O que interessa é garantir uma quantidade mínima de subidas e descidas. Digamos umas dez. Na décima primeira , papai do céu ou papai noel , tanto faz, será a última esperança.
Quando o divã torna-se tolice dá nisso. Aliás, o divã não é lá muito uma formação que faça parte do nosso mobiliário tropical. Lacan, bezerro de ouro para alguns colonizados, tinha uma cama de casal no seu consultório. E um ouvido maravilhoso a afugentar burrices psi ou não.
Um colega, também analista e pessoa muito séria, certa vez sugeriu. Por que não uma rede? Daquelas que se adquirem em feiras artesanais, etc. Para lá e para cá a embalar as doidivanas!

Um comentário:

andrea dutra disse...

se instituírem as redes, diga ao povo que eu volto!