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domingo, 14 de junho de 2009

Eu,a barriga,, o silêncio....

Somente a solidão nos possibilita um vínculo com o que quer que haja.
A grande ilusão de nossa espécie é supor que esse exercício de se estar só é a nossa ruína.
Existem muitas possibilidades de salvação , porém são parciais , modais tão somente, mas o estar só é essencial.
Confunde-se solidão com depressão. Depressão pode até advir de um momento de exasperação no qual vemos o beco sem saída. A maior de todas as aporias! Lê-se no fim do beco, sem nenhuma iluminação platõnica, " Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come". É a frase para vida...toda. Mais ou menos como num vôo de avião, hoje em dia. Quando sobe há perigo; ao descer também. E quem diria?... que junto aos deuses de muitos, bem lá no alto, perigo também há.Sempre houve.
A nossa mente apronta dessas. Recalcamos, afastando da mal-dita consciência, formações indesejáveis, desprazerosas. Contudo, elas sempre retornam. Ainda que sob a face-disfarce de um sintoma qualquer.
Estamos enfiados numa guerra política pesada. Aquilo que se pratica em qualquer parlamento ,pelo mundo afora, é tão somente um pequeno recorte , uma das muitas guerras.
O Psicanalista está inteiramente só. Ele tem como recurso a sua experiência de exasperação, a sua lembrança de que ela há. De que há enquanto algo disponível para, tão somente uma ferramenta , ser utilizada eficazmente. Não deve haver juízo valorando mais ou menos o que quer que seja. E é aí que a sua impossibilidade se mostra. Somos quase sempre alguma coisa. Somos demasiadamente egóicos. E Ego é= doença que é = a racismo= a vaidade, etc.
Tenho uma única e singular dor de barriga que é toda minha.E nessa hora o eu é barriga, intestino, dor.Quem manda mais numa dor de dente? O Sujeito cartesiano - herança doentia- ou a dor que independe de qualquer homúnculo existente dentro ou fora? Sabe-se lá o que isso quer dizer, mas o tal do Inconsciente, descoberta maior de Freud, não é nenhum baú da felicidade ou infortúnio tampouco. Ele é isso tudo que a gente vive, isso tudo que está aí.Como é coisa muita e não daríamos conta de absorvê-lo inteirinho, a gente recalca um bocado.
O concerto de Haydn que escuto, a fim de me inspirar um pouco a dizer mais bobagens, foi composto a dois séculos , creio eu. Ou seja: ontem.
A dor , a barriga, eu, o dente, aquilo que creio ser eu, enfim, sós.
Alusão ao Sr.Wittgenstein, Filósofo dos mais brilhantes, morto no século que também acabou ontem, o século 20: silêncio.

Um comentário:

Anônimo disse...

O seculo 20 morreu ontem e com ele, a privacidade, essa falecida que tanto confundem com egoísmo e - por que não? - com a solidão de q vc fala tão bem aqui. Quem viu, viu, quem não viu, nunca mais. A informatização do mundo acabou com a privacidade nas grandes cidades. Agora, a gente tem que tirar férias, ir se esconder no interior para experimentar a sensação d ter privacidade, como vamos ao zoo ver bichos. Nas férias vou viajar pra Colônia de Privacidade. É isso, amigo, vamos enricar com esse Privacy Resort ;)