Virada Russa é o tema de uma exposição ,em cartaz no CCBB, No Rio.
Tirando os cartazes comunas, a exposição é ótima. Chagal, Malevitch, Pável Filónov, Kandinsky, entre outros.
O trabalho de Filónov é pouco conhecido aqui no Ocidente e é lindo. Ele faz sutilezas com o que se conheceu como cubismo e futurismo. Na verdade, ele transita por diversas abordagens pictóricas, tal como informa o panfleto de divulgação da exposição.
O inverno , o verão, príncipes , vassalos, heróis e assassinos ( há menção a Lenin),cubistas, impressionistas, surrealistas, enfim, quase tudo lá. Mais de 120 obras vindas do Museu de São Petersburgo.
Homenagem maior a heróis-espantalhos do Ocidente.
sexta-feira, 26 de junho de 2009
Não morre (Michael e others)
Não morre um autor. Infelizmente, seja ele um boçal ou um gênio. Aqui no Brasil , temos o hábito de glorificar os boçais. VEZ ou outra , acertamos o alvo.
Já que somos um país que tem qualidades tal como absorver a cultura do outros,podemos glorificar os outros mestres e gênios . Quero dizer, os mestres lá de fora.
A questão é que com a queda de uma série de fundamentos, onde fronteiras se borraram e a idéia de soberania foi modificada , mediante uma tecnologia que carrega tudo para frente ( o que é para amanhã já está atrasado), Nova Iorque é ali, ou melhor, é aqui também.
As borboletas já bateram e continuarão a bater as suas asas e os terremotos sucedem-se no compasso de um devir que não garante aviso prévio. Aliás, nada tem garantia. Só a ilusão que ...garante somente outras ilusões.
Por isso que ao cruzar a movimentada rua do centro do Rio de Janeiro, o comerciante informal grita: "Michael Jackson não morreu!Olha ele aqui." E sacudia nos braços um CD do cantor-espantalho-dançarino genial-pintado de branco-negro-rei do Swing, presente na minha vida desde sempre.
Ele tem toda razão.
Espero somente que não seja decretado luto oficial no Brasil e que as bolsas de valores não despenquem. Se bem que ainda posso procurar por aquele compacto simples- conhecido como bolacha com um furo no meio- dos nos 70 , no qual ele cantarolava "Ben", uma canção-homenagem ao seu ratinho de estimação. Legal o tal do Jackson!Fazia música para ratinhos também....Sei não.
Já que somos um país que tem qualidades tal como absorver a cultura do outros,podemos glorificar os outros mestres e gênios . Quero dizer, os mestres lá de fora.
A questão é que com a queda de uma série de fundamentos, onde fronteiras se borraram e a idéia de soberania foi modificada , mediante uma tecnologia que carrega tudo para frente ( o que é para amanhã já está atrasado), Nova Iorque é ali, ou melhor, é aqui também.
As borboletas já bateram e continuarão a bater as suas asas e os terremotos sucedem-se no compasso de um devir que não garante aviso prévio. Aliás, nada tem garantia. Só a ilusão que ...garante somente outras ilusões.
Por isso que ao cruzar a movimentada rua do centro do Rio de Janeiro, o comerciante informal grita: "Michael Jackson não morreu!Olha ele aqui." E sacudia nos braços um CD do cantor-espantalho-dançarino genial-pintado de branco-negro-rei do Swing, presente na minha vida desde sempre.
Ele tem toda razão.
Espero somente que não seja decretado luto oficial no Brasil e que as bolsas de valores não despenquem. Se bem que ainda posso procurar por aquele compacto simples- conhecido como bolacha com um furo no meio- dos nos 70 , no qual ele cantarolava "Ben", uma canção-homenagem ao seu ratinho de estimação. Legal o tal do Jackson!Fazia música para ratinhos também....Sei não.
domingo, 21 de junho de 2009
Partidas
A Partida é o nome do título de um filme Japonês que ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro, esse ano.
Há muito tempo, desisti de ler aquelas pequenas resenhas que são escritas nos jornais sobre os filmes em cartaz. Normalmente, o filme , ou melhor, o roteiro, a história tem muito pouco ou nada a ver com o que se desenrola na tela. Ainda mais se quem escreveu a tal sinopse não estiver com humor dos melhores.
A partida é um filme feito com cabeça de oriental. Logo, já há um abismo entre nós.O Ritmo da direção , por exemplo, é bem diferente, muito mais cadenciado do que o que estamos habituados.Graças a ele é que foi possível sentar na segunda fileira ,desses cinemas que ainda insistem em não ter lugares marcados.
Passado o desconforto, o filme revela surpresas e mesmices. O elenco é ótimo, a música ( mencionei Haydn em outro texto aqui) divina , o solo de violoncelo e aquela comida ( escatológica por vezes) tentadora.
A surpresa para mim é o humor quase chistoso. Algo dificil de se ver em produções japonesas. Os orientais geralmente têm o hábito de levar a vida muito a sério.E como se diz ,em sábio dito popular ou não, ninguém sai vivo dessa. Então para que se preocupar tanto?
O humor está presente na equivocação que se dá sobre o personagem principal e o que está em torno. O nome , Partida, lhe parecia indicar algo relativo à turismo, viagens, prazeres...NÃO é bem assim.Há prazeres, mas de outra ordem...
Creio que o que comove as pessoas é um cuidado sofisticado, caprichoso, com aquelas partidas, com aqueles que pereceram.Cuida-se de um defunto, preparando-o para o enterro, como se prepara um sushi, como se aplica um golpe de arte marcial: delicado, preciso,até mortal.
Há um trato com o tema que não se vê na nossa cultura.Vez ou outra , um chilique desloca o recato respeitoso que se faz. Afinal, ninguém é de ferro. Ainda mais quando se envolve mãe, pai, família e outras formações ruidosas.
A melhor figura é o velho.O que para mim soa como redundância, na minha ignorância, pois sempre achei que os caras por lá nascem já idosos.O velho é sábio, sabe o que quer, pois já descartara o que para ele não serve mais.Nunca mais!Ele conhece o sentido de uma tragédia.
O que se destaca é a reversão fundamental de um recomeço após o fim. Um fim que é modalizado, pois o fim para valer é aquele em que não há testemunho possível.Aquilo, aquela carne maquiada, já não está mais lá. A "nosotros" não está mais lá e nem eM-Canto algum.
O golpe final , e que me cansa porque é sentimentalismo religioso, cinica-mente correto, é o perdão papai-escroto=filhinho-traumatizado. Como se escroto não o fosse também.E um perdão de um lado só, porque o outro, a ser perdoado, já não perdoava mais nada nem ninguém.
Todavia, um mal necessário para o filhinho, visto que ele não pensava em outra coisa. Fez me lembrar fato recente envolvendo uma festa matrimonial. Se esses eventos não tivessem ocorrido - tanto a celebração fora da tela , quanto a vivenciada na película, os principais personagens teriam ficado bem piores.
Resta aos novos japoneses a compreensão de que - ensinamento de meu mestre - quem morreu mesmo foi essa tal de morte. Aliás, nunca houve.
Há muito tempo, desisti de ler aquelas pequenas resenhas que são escritas nos jornais sobre os filmes em cartaz. Normalmente, o filme , ou melhor, o roteiro, a história tem muito pouco ou nada a ver com o que se desenrola na tela. Ainda mais se quem escreveu a tal sinopse não estiver com humor dos melhores.
A partida é um filme feito com cabeça de oriental. Logo, já há um abismo entre nós.O Ritmo da direção , por exemplo, é bem diferente, muito mais cadenciado do que o que estamos habituados.Graças a ele é que foi possível sentar na segunda fileira ,desses cinemas que ainda insistem em não ter lugares marcados.
Passado o desconforto, o filme revela surpresas e mesmices. O elenco é ótimo, a música ( mencionei Haydn em outro texto aqui) divina , o solo de violoncelo e aquela comida ( escatológica por vezes) tentadora.
A surpresa para mim é o humor quase chistoso. Algo dificil de se ver em produções japonesas. Os orientais geralmente têm o hábito de levar a vida muito a sério.E como se diz ,em sábio dito popular ou não, ninguém sai vivo dessa. Então para que se preocupar tanto?
O humor está presente na equivocação que se dá sobre o personagem principal e o que está em torno. O nome , Partida, lhe parecia indicar algo relativo à turismo, viagens, prazeres...NÃO é bem assim.Há prazeres, mas de outra ordem...
Creio que o que comove as pessoas é um cuidado sofisticado, caprichoso, com aquelas partidas, com aqueles que pereceram.Cuida-se de um defunto, preparando-o para o enterro, como se prepara um sushi, como se aplica um golpe de arte marcial: delicado, preciso,até mortal.
Há um trato com o tema que não se vê na nossa cultura.Vez ou outra , um chilique desloca o recato respeitoso que se faz. Afinal, ninguém é de ferro. Ainda mais quando se envolve mãe, pai, família e outras formações ruidosas.
A melhor figura é o velho.O que para mim soa como redundância, na minha ignorância, pois sempre achei que os caras por lá nascem já idosos.O velho é sábio, sabe o que quer, pois já descartara o que para ele não serve mais.Nunca mais!Ele conhece o sentido de uma tragédia.
O que se destaca é a reversão fundamental de um recomeço após o fim. Um fim que é modalizado, pois o fim para valer é aquele em que não há testemunho possível.Aquilo, aquela carne maquiada, já não está mais lá. A "nosotros" não está mais lá e nem eM-Canto algum.
O golpe final , e que me cansa porque é sentimentalismo religioso, cinica-mente correto, é o perdão papai-escroto=filhinho-traumatizado. Como se escroto não o fosse também.E um perdão de um lado só, porque o outro, a ser perdoado, já não perdoava mais nada nem ninguém.
Todavia, um mal necessário para o filhinho, visto que ele não pensava em outra coisa. Fez me lembrar fato recente envolvendo uma festa matrimonial. Se esses eventos não tivessem ocorrido - tanto a celebração fora da tela , quanto a vivenciada na película, os principais personagens teriam ficado bem piores.
Resta aos novos japoneses a compreensão de que - ensinamento de meu mestre - quem morreu mesmo foi essa tal de morte. Aliás, nunca houve.
domingo, 14 de junho de 2009
Eu,a barriga,, o silêncio....
Somente a solidão nos possibilita um vínculo com o que quer que haja.
A grande ilusão de nossa espécie é supor que esse exercício de se estar só é a nossa ruína.
Existem muitas possibilidades de salvação , porém são parciais , modais tão somente, mas o estar só é essencial.
Confunde-se solidão com depressão. Depressão pode até advir de um momento de exasperação no qual vemos o beco sem saída. A maior de todas as aporias! Lê-se no fim do beco, sem nenhuma iluminação platõnica, " Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come". É a frase para vida...toda. Mais ou menos como num vôo de avião, hoje em dia. Quando sobe há perigo; ao descer também. E quem diria?... que junto aos deuses de muitos, bem lá no alto, perigo também há.Sempre houve.
A nossa mente apronta dessas. Recalcamos, afastando da mal-dita consciência, formações indesejáveis, desprazerosas. Contudo, elas sempre retornam. Ainda que sob a face-disfarce de um sintoma qualquer.
Estamos enfiados numa guerra política pesada. Aquilo que se pratica em qualquer parlamento ,pelo mundo afora, é tão somente um pequeno recorte , uma das muitas guerras.
O Psicanalista está inteiramente só. Ele tem como recurso a sua experiência de exasperação, a sua lembrança de que ela há. De que há enquanto algo disponível para, tão somente uma ferramenta , ser utilizada eficazmente. Não deve haver juízo valorando mais ou menos o que quer que seja. E é aí que a sua impossibilidade se mostra. Somos quase sempre alguma coisa. Somos demasiadamente egóicos. E Ego é= doença que é = a racismo= a vaidade, etc.
Tenho uma única e singular dor de barriga que é toda minha.E nessa hora o eu é barriga, intestino, dor.Quem manda mais numa dor de dente? O Sujeito cartesiano - herança doentia- ou a dor que independe de qualquer homúnculo existente dentro ou fora? Sabe-se lá o que isso quer dizer, mas o tal do Inconsciente, descoberta maior de Freud, não é nenhum baú da felicidade ou infortúnio tampouco. Ele é isso tudo que a gente vive, isso tudo que está aí.Como é coisa muita e não daríamos conta de absorvê-lo inteirinho, a gente recalca um bocado.
O concerto de Haydn que escuto, a fim de me inspirar um pouco a dizer mais bobagens, foi composto a dois séculos , creio eu. Ou seja: ontem.
A dor , a barriga, eu, o dente, aquilo que creio ser eu, enfim, sós.
Alusão ao Sr.Wittgenstein, Filósofo dos mais brilhantes, morto no século que também acabou ontem, o século 20: silêncio.
A grande ilusão de nossa espécie é supor que esse exercício de se estar só é a nossa ruína.
Existem muitas possibilidades de salvação , porém são parciais , modais tão somente, mas o estar só é essencial.
Confunde-se solidão com depressão. Depressão pode até advir de um momento de exasperação no qual vemos o beco sem saída. A maior de todas as aporias! Lê-se no fim do beco, sem nenhuma iluminação platõnica, " Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come". É a frase para vida...toda. Mais ou menos como num vôo de avião, hoje em dia. Quando sobe há perigo; ao descer também. E quem diria?... que junto aos deuses de muitos, bem lá no alto, perigo também há.Sempre houve.
A nossa mente apronta dessas. Recalcamos, afastando da mal-dita consciência, formações indesejáveis, desprazerosas. Contudo, elas sempre retornam. Ainda que sob a face-disfarce de um sintoma qualquer.
Estamos enfiados numa guerra política pesada. Aquilo que se pratica em qualquer parlamento ,pelo mundo afora, é tão somente um pequeno recorte , uma das muitas guerras.
O Psicanalista está inteiramente só. Ele tem como recurso a sua experiência de exasperação, a sua lembrança de que ela há. De que há enquanto algo disponível para, tão somente uma ferramenta , ser utilizada eficazmente. Não deve haver juízo valorando mais ou menos o que quer que seja. E é aí que a sua impossibilidade se mostra. Somos quase sempre alguma coisa. Somos demasiadamente egóicos. E Ego é= doença que é = a racismo= a vaidade, etc.
Tenho uma única e singular dor de barriga que é toda minha.E nessa hora o eu é barriga, intestino, dor.Quem manda mais numa dor de dente? O Sujeito cartesiano - herança doentia- ou a dor que independe de qualquer homúnculo existente dentro ou fora? Sabe-se lá o que isso quer dizer, mas o tal do Inconsciente, descoberta maior de Freud, não é nenhum baú da felicidade ou infortúnio tampouco. Ele é isso tudo que a gente vive, isso tudo que está aí.Como é coisa muita e não daríamos conta de absorvê-lo inteirinho, a gente recalca um bocado.
O concerto de Haydn que escuto, a fim de me inspirar um pouco a dizer mais bobagens, foi composto a dois séculos , creio eu. Ou seja: ontem.
A dor , a barriga, eu, o dente, aquilo que creio ser eu, enfim, sós.
Alusão ao Sr.Wittgenstein, Filósofo dos mais brilhantes, morto no século que também acabou ontem, o século 20: silêncio.
domingo, 7 de junho de 2009
Quando divã torna-se tolice
Não é à toa que a Psicanálie vai mal das pernas,, ou melhor, não é a psicanálise que vai mal das pernas , ela é , felizmente , a crise que, etmologicamente, significa oportunidade. Quem vai mal das pernas são os tais analistas. Sobretudo, os tele-analistas. Aqueles que mostram a cara em programinhas televisivos , dizendo um monte de bobagens.
Recentemete, um desses, todo enfarpelado de roupas caras, conversava sobre os efeitos de acidentes aéreos nas nossas mentes. Quase nada disse, mas a asneira se fez presente. Após , a declaração de um dos convivas, escritor e também piloto de aeronaves, sobre o seu imenso tesão ( não foi esse o termo que ele utilizou, mas é esse o sentido que eu dou ao que foi dito ) por acidentes aéreos. Pronto! Estava aberta a porta para a burrice pretensiosa. Primeiro, o apresentador que, também se diz apaixonado por aviação, fica meio sem jeito, etc. Segundo , o analista televisivo dispara algo no sentido de que a declaração do escritor teria sido algo de ordem sintomática, patológica, etc.
No final do programa , o escritor fez um comentário inteligente sobre o que queria dizer ao afirmar tal preferência.
Onde se esconde a estupidez?Simplesmente, o tal analista , que parece tomar Champagne a bordo, ou seja, só viaja de "first class" , acredita que o tesão dele por neurose , psicose, entre outras 'oses' , é menos doentio, menos sintomático ,melhor dizendo, do que o daquele que se interessa por acidentes aéreos, estupros, etc. Afinal, Hospital psiquiátrico estabelece vínculos salutares de montão!
O mais grave é isso. Acreditar sempre que os nossos tesões, preferências, hábitos são salutares ou , como dizem os adeptos por linchamento, normais. Deslocou um pouco é doente. E pior ainda: não é mais preconceito. É conceito mesmo.
O escritor foi preciso. E para quem já perdeu a ilusão de que algumas formações em jogo são inteiramente seguras, a conversa mais franca é angustiantemente esclarecedora. O que está sendo desrecalcado e tendo acesso ao que chamamos de consciência é isso: entrou ali , está em risco. Tal qual ocorre na vida. Lembrando Guimarães Rosa: " Viver é muito perigoso".
O jogo é esse e em tempos de crise de mercado financeiro, passear muito tempo de elevador pode ser perigosíssimo. O que interessa é garantir uma quantidade mínima de subidas e descidas. Digamos umas dez. Na décima primeira , papai do céu ou papai noel , tanto faz, será a última esperança.
Quando o divã torna-se tolice dá nisso. Aliás, o divã não é lá muito uma formação que faça parte do nosso mobiliário tropical. Lacan, bezerro de ouro para alguns colonizados, tinha uma cama de casal no seu consultório. E um ouvido maravilhoso a afugentar burrices psi ou não.
Um colega, também analista e pessoa muito séria, certa vez sugeriu. Por que não uma rede? Daquelas que se adquirem em feiras artesanais, etc. Para lá e para cá a embalar as doidivanas!
Recentemete, um desses, todo enfarpelado de roupas caras, conversava sobre os efeitos de acidentes aéreos nas nossas mentes. Quase nada disse, mas a asneira se fez presente. Após , a declaração de um dos convivas, escritor e também piloto de aeronaves, sobre o seu imenso tesão ( não foi esse o termo que ele utilizou, mas é esse o sentido que eu dou ao que foi dito ) por acidentes aéreos. Pronto! Estava aberta a porta para a burrice pretensiosa. Primeiro, o apresentador que, também se diz apaixonado por aviação, fica meio sem jeito, etc. Segundo , o analista televisivo dispara algo no sentido de que a declaração do escritor teria sido algo de ordem sintomática, patológica, etc.
No final do programa , o escritor fez um comentário inteligente sobre o que queria dizer ao afirmar tal preferência.
Onde se esconde a estupidez?Simplesmente, o tal analista , que parece tomar Champagne a bordo, ou seja, só viaja de "first class" , acredita que o tesão dele por neurose , psicose, entre outras 'oses' , é menos doentio, menos sintomático ,melhor dizendo, do que o daquele que se interessa por acidentes aéreos, estupros, etc. Afinal, Hospital psiquiátrico estabelece vínculos salutares de montão!
O mais grave é isso. Acreditar sempre que os nossos tesões, preferências, hábitos são salutares ou , como dizem os adeptos por linchamento, normais. Deslocou um pouco é doente. E pior ainda: não é mais preconceito. É conceito mesmo.
O escritor foi preciso. E para quem já perdeu a ilusão de que algumas formações em jogo são inteiramente seguras, a conversa mais franca é angustiantemente esclarecedora. O que está sendo desrecalcado e tendo acesso ao que chamamos de consciência é isso: entrou ali , está em risco. Tal qual ocorre na vida. Lembrando Guimarães Rosa: " Viver é muito perigoso".
O jogo é esse e em tempos de crise de mercado financeiro, passear muito tempo de elevador pode ser perigosíssimo. O que interessa é garantir uma quantidade mínima de subidas e descidas. Digamos umas dez. Na décima primeira , papai do céu ou papai noel , tanto faz, será a última esperança.
Quando o divã torna-se tolice dá nisso. Aliás, o divã não é lá muito uma formação que faça parte do nosso mobiliário tropical. Lacan, bezerro de ouro para alguns colonizados, tinha uma cama de casal no seu consultório. E um ouvido maravilhoso a afugentar burrices psi ou não.
Um colega, também analista e pessoa muito séria, certa vez sugeriu. Por que não uma rede? Daquelas que se adquirem em feiras artesanais, etc. Para lá e para cá a embalar as doidivanas!
terça-feira, 2 de junho de 2009
Dependência Fatal
Falam mal dos analistas, mas a dependência maior, há muito, é com as placas mães, memórias, chips,softwares, etc, etc.
Hoje, faz dez dias que não me conecto com a dita grande rede. Será que perdi muita coisa? Será que o mundo conseguiu piorar? Na minha infância, brincando de Emília e questionando a tal mãe natureza , jamais uma nuvem derrubaria um jato de milhões e milhões de dólares. O pessoal da primeira classe mal terminara sua refeição-banquete e se viu dentro do inferno. Sim, o inferno faz até aeronaves de última geração tremerem.
O jornalismo de penúltima geração, ou seja, aquele que vive às custas do dízimo alheio, seja ele vivo ou desaparecido nas gélidas águas, nessa época do ano pelo menos, e que separam o Nordeste Brasileiro da África , inicia sua ofensiva dantesca. Podem aguardar que o espetáculo populista só está começando. O tom de civilidade só permanece , por parte das autoridades tupis, porque o avião era francês e ele não caiu em nenhum aeroporto-rodoviária do Brasil. Além do fato que o mapeamento aéreo , supostamente na hora da tragédia, era de responsabilidade do Governo ( Governo? ) do Senegal.E essa interrogação não é preconceito, mas conceito.
Se por acaso tivesse ocorrido mais um vexame aéreo nosso, talvez algumas autoridades européias iniciassem movimento de boicote e proibição do sobrevoo do espaço aéreo de seus respectivos países , por uma aeronave brasileira. Essa medida já atinge empresas aéreas de diversos países. A Angola Airlines, por exemplo, não pode sobrevoar espaços aéreos europeus. Talvez Portugal, antigo colonizador permita...voos ( tem acento chapeuzinho essa porcaria ainda?) suicidas...
Já declarei que diante da nossa incompetência , ou loucura, avião tornou-se um certo problema para mim. Já escrevi sobre isso aqui , no ano passado, após uma viagem da Argentina para cá.
Minha sogra, recém chegada de New Iorque , no mesmo dia e poucas horas após o horror , fez inclusive a mesma rota em território nacional, vaticinou; melhor morrer num acidente desses do que de câncer! Tem toda razão! Ainda mais se for bebendo um grande tinto. Daqueles que custam o preço de um carro. Aí é só avisar o barman ou barwoman dos ares que você pagará na próxima...
O computador quebrado me deixa na solidão do não recebimento de mensagens. Confesso que não me preocupei. Confesso que mudei alguns hábitos por causa desse evento. A pesar e sobretudo, a minha conta bancária não se alterou, nem tampouco as minhas práticas profissionais.Confesso que estar só , sem mensagens , sem chips, sem mouses, vinculou-me à outras coisas.
É assim com alguém que ousa atravessar uma análise. O recuo reflexivo que lhe compete, pode despertar-lhe para muitas coisas , inclusive o amor verdadeiro que é aquele que inclui o ódio , a inveja, o ciúme, que é aquele que pode se oferecer como coisa alguma para o outro, etc, etc. Coisa de gente e de chip e de placa mãe e de processador e de monitor e de outros nômades que não fazem só voar.
Hoje, faz dez dias que não me conecto com a dita grande rede. Será que perdi muita coisa? Será que o mundo conseguiu piorar? Na minha infância, brincando de Emília e questionando a tal mãe natureza , jamais uma nuvem derrubaria um jato de milhões e milhões de dólares. O pessoal da primeira classe mal terminara sua refeição-banquete e se viu dentro do inferno. Sim, o inferno faz até aeronaves de última geração tremerem.
O jornalismo de penúltima geração, ou seja, aquele que vive às custas do dízimo alheio, seja ele vivo ou desaparecido nas gélidas águas, nessa época do ano pelo menos, e que separam o Nordeste Brasileiro da África , inicia sua ofensiva dantesca. Podem aguardar que o espetáculo populista só está começando. O tom de civilidade só permanece , por parte das autoridades tupis, porque o avião era francês e ele não caiu em nenhum aeroporto-rodoviária do Brasil. Além do fato que o mapeamento aéreo , supostamente na hora da tragédia, era de responsabilidade do Governo ( Governo? ) do Senegal.E essa interrogação não é preconceito, mas conceito.
Se por acaso tivesse ocorrido mais um vexame aéreo nosso, talvez algumas autoridades européias iniciassem movimento de boicote e proibição do sobrevoo do espaço aéreo de seus respectivos países , por uma aeronave brasileira. Essa medida já atinge empresas aéreas de diversos países. A Angola Airlines, por exemplo, não pode sobrevoar espaços aéreos europeus. Talvez Portugal, antigo colonizador permita...voos ( tem acento chapeuzinho essa porcaria ainda?) suicidas...
Já declarei que diante da nossa incompetência , ou loucura, avião tornou-se um certo problema para mim. Já escrevi sobre isso aqui , no ano passado, após uma viagem da Argentina para cá.
Minha sogra, recém chegada de New Iorque , no mesmo dia e poucas horas após o horror , fez inclusive a mesma rota em território nacional, vaticinou; melhor morrer num acidente desses do que de câncer! Tem toda razão! Ainda mais se for bebendo um grande tinto. Daqueles que custam o preço de um carro. Aí é só avisar o barman ou barwoman dos ares que você pagará na próxima...
O computador quebrado me deixa na solidão do não recebimento de mensagens. Confesso que não me preocupei. Confesso que mudei alguns hábitos por causa desse evento. A pesar e sobretudo, a minha conta bancária não se alterou, nem tampouco as minhas práticas profissionais.Confesso que estar só , sem mensagens , sem chips, sem mouses, vinculou-me à outras coisas.
É assim com alguém que ousa atravessar uma análise. O recuo reflexivo que lhe compete, pode despertar-lhe para muitas coisas , inclusive o amor verdadeiro que é aquele que inclui o ódio , a inveja, o ciúme, que é aquele que pode se oferecer como coisa alguma para o outro, etc, etc. Coisa de gente e de chip e de placa mãe e de processador e de monitor e de outros nômades que não fazem só voar.
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