Vale muito a pena conferir a exposição de Vick Muniz, no MAM/RJ, Até o início de Março.
Creio que o ti-ti-ti entorno de sua obra se deve ao fato de Vick possuir, há muito tempo, uma sólida carreira nos Estados Unidos. E aqui, como sabemos bem ou mal, o que faz sucesso lá fora, mesmo sendo uma porcaria, o que não é o caso de Vick, vira sucesso incontestável nas areias indígenas abaixo do trópico do Equador.
Não sou versado no assunto , mas arriscaria dizer que Vick é contemporâneo de seu tempo, e daqueles que arriscam , experimenta de quase tudo, pois de tudo é impossível. Seu trabalho com os catadores de lixo do Jardim Gramacho, o maior depósito de lixo urbano do mundo, é fantástico. Há inclusive um vídeo que mostra todo o processo de criação daquele belo e instigante trabalho.
Vick é assim. Mistura o lixo e o luxo. Certamente, não é o primeiro a fazer isso, ainda mais sendo brasileiro. Antes de se chegar ao luxo que fora produzido em Gramacho, há o lixo dos diamantes e caviar sobre algumas cabeças premiadas de Hollywood.As mais interessantes, por certo, são as cabeças de Frankstein e do Dr. Drácula. Grandes figuras! O Dr . Frankstein funciona como paradigma - Argh!Paradigma! Que saco! Argumento de falso intelectual!-, para cirurgiões plásticos. Frankstein é o objetivo maior de um cirurgião plástico! Transforma tudo. Cria-se aquele que mostra, que exibe, ou seja, o monstro.
Esses diamantes todos lhes foram ofertados por um mecenas nova iorquino. Lá há essa vantagem: gente que investe nos talentos, independente de onde sejam , aonde foram. Tem até bilionário americano , agora milionário por causa da crise, que doa dinheiro para o Gato órfão , para o vira lata que vive na mercearia da esquina, etc. Porém, doam também para pesquisas, Universidades, Teatros, etc. Igualzinho no Brasil.
Vick mexe também com as formas das nuvens, transformando-as em qualquer coisa. E quem não viu algum formato, alguma metamorfose nas nuvens? Nos ceús de New York, no ano em que o século vigente teve início, 11/09/2001,as fumaças - ou seriam pegadas?-, largadas no ar por aviões, foram perseguidas e transformadas pelo olho Vickiano.
As crianças, feito eu que, nasci como Benjamim Button, com 80, e ano após ano de análise fui rejuvenescendo um pouco, estavam impactadas com o trabalho exibido.Legal.
Além do mais, estar no MAM é sempre um prazer.
quarta-feira, 28 de janeiro de 2009
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
Bundas de fora
Bundas de fora
Há de se ter prudência. Estamos vivendo tempos em que as bundas querem ficar de fora, de qualquer maneira , de qualquer tamanho, a qualquer hora.
É um horror. Faço Novamente a pergunta: aonde passa a fronteira entre a fama e a vulgaridade?
Existe uma idéia equivocada de que para se existir é preciso aparecer na mídia de qualquer maneira.
Recentemente, na porta do meu prédio, um rapaz que integra o “cast” de um programa veiculado à Internet , abordou uma rapariga para lhe fazer perguntas, obviamente , estúpidas. A mocinha, daquelas bem gostosas, sorriu e ajeitou o cabelo. Seria isso uma resposta? Talvez sim. Já que não tenho mais cabelo, não entendo o código secreto do balançar para lá e para cá capilar.
O importante, porém, foi a reação dela. Estava inebriada, excitada, já que falava ao microfone e havia testemunha, isto é , uma câmera e um suposto espectador.
Que encantamento é esse , do qual participamos todos?
Guy Debord , importante pensador Francês,falecido em Novembro de 1994, o ano em que o Brasil renasceu, ou seja, Ganhou uma Copa Do Mundo de Futebol depois de quase 25 anos, e que escreveu o conhecido “ A Sociedade do Espetáculo”, já havia denunciado o fenômeno midiático e alguns dos seus efeitos, vicissitudes, etc. Apenas não se incluiu enquanto membro do espetáculo também. Erro grave, pois a sua obra é bela e causou efeitos. Ninguém passa tão desapercebido assim, após algumas publicações importantes. Gente, é claro,que habita o mundo primeiro, sobretudo aquela turma francesa que possui tradição nesse tipo de produção, até porque a valoriza.
O Francês tem orgulho de sua história. Até mesmo daquela revolução patética , A tal da Revolução Francesa , onde milhares foram mortos, conhecida como período do terror. À época ,Um humilde comerciante , proprietário de uma taberna, foi levado à guilhotina porque colocara um aviso na porta de sua venda , onde se lia: ‘Vende-se vinho’.
Ele fora condenado pois não especificou se eram tintos ou brancos os tais vinhos. Coisa de burguês....
As pessoas estão certas que precisam integrar a brincadeira custe o que custar. Até concordo em parte, pois não devemos contemplá-la com olhar profano, tal qual vaticinou , há algum tempinho, aquele mobilista chamado Heráclito. Heráclito, filósofo pré-Sócrates, isto é, um pouquinho mais antigo que Debord, apostava que as coisas se moviam, se transformavam constantemente.Daí o mobilismo. “Um mesmo homem não se banha duas vezes no mesmo rio”.
A exposição demasiada se transformou em vulgata. Creio que alguns perdem a noção do que realmente fazem, são e o que está , de fato, ocorrendo. Imaginem alguém como Foucault que, odiava carteira de identidade, diante dessa nudez cafona que assola o mundo. O livrinho 1984 é recomendável também para se entender esse imenso Big Brother.
Curiosamente, 1984 foi o ano em retornei ao planeta terra , ou seja, voltei a morar na minha cidade natal, Rio de Janeiro, depois de um exílio forçado na capital federal. A capital federal foi importante na minha vida. Por lá conheci muitas coisas e muita gente. Brincava-se de invadir garagem alheia, com nossas bicicletas abusadas. As belas casas do Lago Sul com suas cercas vivas, hoje, convivem com grades eletrificadas. Os sinais de trânsito já possuem a mesma cenografia cafona e cruel dos grandes centros urbanos, ou melhor,dos vastos sanatórios.Crianças pedem de tudo, oferecem suas vidas, jogam bolas para o ar e têm a secura, a aridez, do clima típico, estampada nos rostos, ainda juvenis.
Também se exibem. Fazem caretas, têm- ainda mantenho esse acento-, espasmos, etc. Vivem a vida dos outros, preferencialmente, a dos afortunados, famosos. Alguns até exageram um pouquinho mais: acham que são eles mesmos. E uma mera aposta, um mero tesão se transforma em crença.
Parece coisa de gente louca, ignorante, mundo amalucado. E é.
Há de se ter prudência. Estamos vivendo tempos em que as bundas querem ficar de fora, de qualquer maneira , de qualquer tamanho, a qualquer hora.
É um horror. Faço Novamente a pergunta: aonde passa a fronteira entre a fama e a vulgaridade?
Existe uma idéia equivocada de que para se existir é preciso aparecer na mídia de qualquer maneira.
Recentemente, na porta do meu prédio, um rapaz que integra o “cast” de um programa veiculado à Internet , abordou uma rapariga para lhe fazer perguntas, obviamente , estúpidas. A mocinha, daquelas bem gostosas, sorriu e ajeitou o cabelo. Seria isso uma resposta? Talvez sim. Já que não tenho mais cabelo, não entendo o código secreto do balançar para lá e para cá capilar.
O importante, porém, foi a reação dela. Estava inebriada, excitada, já que falava ao microfone e havia testemunha, isto é , uma câmera e um suposto espectador.
Que encantamento é esse , do qual participamos todos?
Guy Debord , importante pensador Francês,falecido em Novembro de 1994, o ano em que o Brasil renasceu, ou seja, Ganhou uma Copa Do Mundo de Futebol depois de quase 25 anos, e que escreveu o conhecido “ A Sociedade do Espetáculo”, já havia denunciado o fenômeno midiático e alguns dos seus efeitos, vicissitudes, etc. Apenas não se incluiu enquanto membro do espetáculo também. Erro grave, pois a sua obra é bela e causou efeitos. Ninguém passa tão desapercebido assim, após algumas publicações importantes. Gente, é claro,que habita o mundo primeiro, sobretudo aquela turma francesa que possui tradição nesse tipo de produção, até porque a valoriza.
O Francês tem orgulho de sua história. Até mesmo daquela revolução patética , A tal da Revolução Francesa , onde milhares foram mortos, conhecida como período do terror. À época ,Um humilde comerciante , proprietário de uma taberna, foi levado à guilhotina porque colocara um aviso na porta de sua venda , onde se lia: ‘Vende-se vinho’.
Ele fora condenado pois não especificou se eram tintos ou brancos os tais vinhos. Coisa de burguês....
As pessoas estão certas que precisam integrar a brincadeira custe o que custar. Até concordo em parte, pois não devemos contemplá-la com olhar profano, tal qual vaticinou , há algum tempinho, aquele mobilista chamado Heráclito. Heráclito, filósofo pré-Sócrates, isto é, um pouquinho mais antigo que Debord, apostava que as coisas se moviam, se transformavam constantemente.Daí o mobilismo. “Um mesmo homem não se banha duas vezes no mesmo rio”.
A exposição demasiada se transformou em vulgata. Creio que alguns perdem a noção do que realmente fazem, são e o que está , de fato, ocorrendo. Imaginem alguém como Foucault que, odiava carteira de identidade, diante dessa nudez cafona que assola o mundo. O livrinho 1984 é recomendável também para se entender esse imenso Big Brother.
Curiosamente, 1984 foi o ano em retornei ao planeta terra , ou seja, voltei a morar na minha cidade natal, Rio de Janeiro, depois de um exílio forçado na capital federal. A capital federal foi importante na minha vida. Por lá conheci muitas coisas e muita gente. Brincava-se de invadir garagem alheia, com nossas bicicletas abusadas. As belas casas do Lago Sul com suas cercas vivas, hoje, convivem com grades eletrificadas. Os sinais de trânsito já possuem a mesma cenografia cafona e cruel dos grandes centros urbanos, ou melhor,dos vastos sanatórios.Crianças pedem de tudo, oferecem suas vidas, jogam bolas para o ar e têm a secura, a aridez, do clima típico, estampada nos rostos, ainda juvenis.
Também se exibem. Fazem caretas, têm- ainda mantenho esse acento-, espasmos, etc. Vivem a vida dos outros, preferencialmente, a dos afortunados, famosos. Alguns até exageram um pouquinho mais: acham que são eles mesmos. E uma mera aposta, um mero tesão se transforma em crença.
Parece coisa de gente louca, ignorante, mundo amalucado. E é.
terça-feira, 13 de janeiro de 2009
Não encoste em mim pois tomará um choque
Giles Deleuze foi um dos mais importantes filósofos franceses do século passado.Morreu em 1995 ou 1996. Saltou do edifício em que morava em Paris. Não me recordo o andar, nem tampouco a hora. Um conhecido , então estudante de Filosofia , sonhava em conseguir bolsa de estudos na França - para quem sabe-?, conhecer tão eminente pensador.
Deleuze tinha só um pulmão e este encontrava-se deficiente. Tinha um enfisema pulmonar. Respirava tal qual um moribundo, mas seu pensamento era brilhante. Não vou prolongar muito sobre esse assunto, afinal não tenho maiores conhecimentos sobre o pensamento Deleuziano, apesar de ter lido quase tudo dele. Porém, ler é uma coisa ; estudar é outra. Além do que , Deleuze é um autor dificílimo. Não é tão simples como alguns pensam. Ele é mais difícil, por exemplo, que Lacan que, era contemporâneo seu.No auge dos anos 60, Lacan proferia o seu Seminário em Paris e Deleuze lecionava numa pequenina sala de aula ,próxima ao grande auditório, com centenas de pessoas que cruzavam até o Canal da Mancha para ouvi-lo. O curso de Deleuze era assistido- a essa época- por poucos. Porém, ele não abandonava o horário. Estava certíssimo. Afinal, quem descende da área do conhecimento que supõe ser a epistemologia do mundo, tem que se posicionar politicamente. Isso é um ato político!Uma posição política. Mais ou menos a que comprei, há alguns anos, em não comparecer à missa alguma. Nem de sétimo dia. O que faria eu por lá. Respeito a sua existência e aqueles que nela creem - sem acento agora-, mas não acredito.
O que me leva a escrever nessa noite infernal- deve estar uns 50 graus debaixo da luz da lua- sobre alguém com quem somente flertei, mas hei de mapeá-lo melhor?
Deleuze também não tinha parte das impressões digitais nos dedos. Quando apertava a mão de alguém , levava um choque. Sim ,Deleuze ficava em choque todos os dias. Era um homem, portanto, recluso. Logo, genial.
Nos tempos lindamente obscuros que atravessamos , quem sabe não consigo a fórmula contrária: vou dar choque em alguns. É uma arma legítima! Um defeito de fábrica! Igual a calvície.Ou melhor: uma iguaria deleuziana.
Deleuze tinha só um pulmão e este encontrava-se deficiente. Tinha um enfisema pulmonar. Respirava tal qual um moribundo, mas seu pensamento era brilhante. Não vou prolongar muito sobre esse assunto, afinal não tenho maiores conhecimentos sobre o pensamento Deleuziano, apesar de ter lido quase tudo dele. Porém, ler é uma coisa ; estudar é outra. Além do que , Deleuze é um autor dificílimo. Não é tão simples como alguns pensam. Ele é mais difícil, por exemplo, que Lacan que, era contemporâneo seu.No auge dos anos 60, Lacan proferia o seu Seminário em Paris e Deleuze lecionava numa pequenina sala de aula ,próxima ao grande auditório, com centenas de pessoas que cruzavam até o Canal da Mancha para ouvi-lo. O curso de Deleuze era assistido- a essa época- por poucos. Porém, ele não abandonava o horário. Estava certíssimo. Afinal, quem descende da área do conhecimento que supõe ser a epistemologia do mundo, tem que se posicionar politicamente. Isso é um ato político!Uma posição política. Mais ou menos a que comprei, há alguns anos, em não comparecer à missa alguma. Nem de sétimo dia. O que faria eu por lá. Respeito a sua existência e aqueles que nela creem - sem acento agora-, mas não acredito.
O que me leva a escrever nessa noite infernal- deve estar uns 50 graus debaixo da luz da lua- sobre alguém com quem somente flertei, mas hei de mapeá-lo melhor?
Deleuze também não tinha parte das impressões digitais nos dedos. Quando apertava a mão de alguém , levava um choque. Sim ,Deleuze ficava em choque todos os dias. Era um homem, portanto, recluso. Logo, genial.
Nos tempos lindamente obscuros que atravessamos , quem sabe não consigo a fórmula contrária: vou dar choque em alguns. É uma arma legítima! Um defeito de fábrica! Igual a calvície.Ou melhor: uma iguaria deleuziana.
domingo, 4 de janeiro de 2009
Opinião formada
Apenas como esclarecimento: a sinfonia inacabada a qual me referi em algum artigo abaixo não é de Beethoven , e sim de Schubert.Trata-se da belíssima Sinfonia número 8 em B menor, D 759 com dois movimentos; um Allegro Moderato e um Andante con Moto.
Um dos primeiros sinais de que o nosso disco rígido está carregado, leia-se lobo frontal,hipotálamo, etc, etc, é quando alguns nomes passam a ser trocados e outros devidamente esquecidos.Creio que alguns devem ser esquecidos mesmo.
São tantos os nomes que atravessam nossas vidinhas, são tantos os rostos, são tantos odores que, não damos conta disso tudo.
Ao longo de muitos anos, era comum escutarmos que seria quase impossível para um psicanalista guardar todas as informações que um analisando lhe passava no decorrer de um tratamento.Além do mais , normalmente , você tem ao menos dois pacientes....
O certo é que a escuta analítica recorta esse emaranhado de dados. Ela é seletiva. E para selecioná-lo, esse vasto material, é preciso suspeitar e suspender aquilo que se ouve e sobretudo cuidar dos próprios sintomas, dos próprios juízos de valores que teimam em nos atazanar.
É um trabalho dificílimo, visto que o exercício tem que ser constante. Não há férias possível, no máximo um breve descanso. Uma espécie de até mais tarde.E esse até mais tarde remete a um dos maiores dramas dessa tarefa, desse exercício, pois psicanálise não é profissão, que é o fato de que qualquer sentido que se possa dar ao que fora dito só ocorre depois do acontecido. Logo, o famigerado 'Só Depois Freudiano' explicita que toda intervenção, por mais pertinente que seja, já está defasada. Todo processo curativo é precário.Fazer o quê...
Portanto, a brincadeira deveria ser preventiva ,isto é, quanto mais cedo se começar melhor. A possibilidade de se deslocar certas formações pode ser menos difícil.Aquilo não formou ainda um arrebite que vai se cronificando com o passar do tempo - sabe-se lá qual ou quanto-.
Em casos ditos psiquiátricos uma das dificuldades maiores que se observa é que após a exacerbação de uma afecção qualquer , o que se conhece popularmente como surto,é que além do aprisionamento em torno dessa sintomática, ou seja, a escravização total em relação aos sintomas , o alívio frequentemente dos mesmos vêm acompanhado de doses cavalares de medicamentos. Medicamentos esses que são necessários em casos mais graves, de extrema agitação acompanhados ou não por delírios e ou alucinações, agressões ou dificuldades para realizar tarefas cotidianas simples, etc.
É custoso suspender a certeza que supomos ter sobre tudo. Na verdade, isso é prova de ignorância. Sócrates teria dito: "Só sei que nada sei". E quem garante a ele que ele só sabe que nada sabe?Foi aí que um Descartes da vida deitou e rolou a garantiu uma única coisa: que a gente duvida.
Por aqui, nos trópicos, um moço que há vinte anos faleceu, Raul Seixas, teria ensinado: " Prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha ( E BOTA VELHA NISSO!!- O GRIFO É MEU)) opinião formada sobre tudo".
Um dos primeiros sinais de que o nosso disco rígido está carregado, leia-se lobo frontal,hipotálamo, etc, etc, é quando alguns nomes passam a ser trocados e outros devidamente esquecidos.Creio que alguns devem ser esquecidos mesmo.
São tantos os nomes que atravessam nossas vidinhas, são tantos os rostos, são tantos odores que, não damos conta disso tudo.
Ao longo de muitos anos, era comum escutarmos que seria quase impossível para um psicanalista guardar todas as informações que um analisando lhe passava no decorrer de um tratamento.Além do mais , normalmente , você tem ao menos dois pacientes....
O certo é que a escuta analítica recorta esse emaranhado de dados. Ela é seletiva. E para selecioná-lo, esse vasto material, é preciso suspeitar e suspender aquilo que se ouve e sobretudo cuidar dos próprios sintomas, dos próprios juízos de valores que teimam em nos atazanar.
É um trabalho dificílimo, visto que o exercício tem que ser constante. Não há férias possível, no máximo um breve descanso. Uma espécie de até mais tarde.E esse até mais tarde remete a um dos maiores dramas dessa tarefa, desse exercício, pois psicanálise não é profissão, que é o fato de que qualquer sentido que se possa dar ao que fora dito só ocorre depois do acontecido. Logo, o famigerado 'Só Depois Freudiano' explicita que toda intervenção, por mais pertinente que seja, já está defasada. Todo processo curativo é precário.Fazer o quê...
Portanto, a brincadeira deveria ser preventiva ,isto é, quanto mais cedo se começar melhor. A possibilidade de se deslocar certas formações pode ser menos difícil.Aquilo não formou ainda um arrebite que vai se cronificando com o passar do tempo - sabe-se lá qual ou quanto-.
Em casos ditos psiquiátricos uma das dificuldades maiores que se observa é que após a exacerbação de uma afecção qualquer , o que se conhece popularmente como surto,é que além do aprisionamento em torno dessa sintomática, ou seja, a escravização total em relação aos sintomas , o alívio frequentemente dos mesmos vêm acompanhado de doses cavalares de medicamentos. Medicamentos esses que são necessários em casos mais graves, de extrema agitação acompanhados ou não por delírios e ou alucinações, agressões ou dificuldades para realizar tarefas cotidianas simples, etc.
É custoso suspender a certeza que supomos ter sobre tudo. Na verdade, isso é prova de ignorância. Sócrates teria dito: "Só sei que nada sei". E quem garante a ele que ele só sabe que nada sabe?Foi aí que um Descartes da vida deitou e rolou a garantiu uma única coisa: que a gente duvida.
Por aqui, nos trópicos, um moço que há vinte anos faleceu, Raul Seixas, teria ensinado: " Prefiro ser essa metamorfose ambulante do que ter aquela velha ( E BOTA VELHA NISSO!!- O GRIFO É MEU)) opinião formada sobre tudo".
quinta-feira, 1 de janeiro de 2009
A característica mais marcante das mentes que insistem em se iludir é a capacidade inesgotável de praticar denegações. A denegação é um mecanismo da nossa mente que insisti em negar algo que já fora afirmado, fixado anteriomente. Aquilo já se inscreveu , já fora reconhecido, mas é negado. E preferencialmente projeta-se sobre outra coisa ou outrem a responsabilidade pelo ocorrido.Retira-se a realidade, se é possível falar assim, dos fatos. E consequentemente o seu da reta. O mecanismo denegatório passa a se projetar, ou seja, uma denegação projetiva ocorre(expressão cunhada do pensamento do Psicanalista Carioca MD MAGNO).
É o que se passa com todos nós cotidianamente. A disponibilidade para se fractalizar ou desconstruir - termo tão caro a célebre pensamento filosófico que finge ignorar a história freudiana-, as múltiplas formações que estão em jogo nas nossas mentes, no mundo, enfim, no haver, é a tarefa a ser cumprida.
Realizar essa desconstrução significa analisá-las, fazer análise das mesmas. Leva-se tempo - conceito fictício como quase tudo que há-, e não é para qualquer um. Infelizmente ou felizmente há de se ter o mínimo de coragem para tal.
O maluquinho genial chamado Nietszche- falecido em 1900 , justamente quando Freud elaborava os seus sonhos conceituais -, teria dito que um covarde seria aquele que não conseguiria suportar uma quantidade mínima de verdades. Podemos contraargumentar que o conceito de verdade é bastante questionável,e tal como indica o Filósofo romeno Cioran - falecido nos anos 90 do século passado e radicado por muitos anos na França-, que desde que a Filosofia passou a se preocupar com a tal da verdade , ela se tornou muito chata.Mais ou menos como uma certa psicanálise que vê sujeito -aquele homúnculo que reside em cada baú nosso , e leia-se baú como concepção pateticamante equivocada para inconsciente-, em tudo. O sujeito deles inclusive tem rosto, família, conta bancária, etc. É o máximo de Subjetividade:!A relação conta bancária - banqueiro!
Supomos que a verdade esteja em nosso ponto de vista, na nossa visão de mundo. A cada situação que se apresenta. Deve-se , contudo, reconhecer a limitação disso pois é tão somente uma ferramenta como tantas outras. É claro que existem ferramentas e ferramentas.Do mesmo modo que Existem ( autores de ponta não morrem nunca!) Cioran, MD Magno,Kant, Euclides Da Cunha, Machado, Guimarães Rosa,Hilda Hust,Proust e .....existe Paulo Coelho.
O século XXI já começou - alguns apostam que ele teve início em 11de Setembro de 2001, após alguns rasantes certeiros sobre o que mais interessa: dinheiro é poder-, mas a maioria não se apercebeu do fato. Alguns sonâmbulos ainda supõem que o que há de mais natural para essa espécie esquisita ,que é a nossa, é aquela vaquinha que pasta e come grama, naturalmente natural ( desculpem pela redundância), quando apostamos que esse computador que digita minhas elocubrações com rapidez e eficiência é tão natureza , visto que é puro artificialismo, quanto as árvores que me refrescam em dias infernais.Há de se reconhecer que a revolução tecnológica é para mim a quarta grande ferida narcísica nos tempos ditos modernos. A primeira veio com o Sr Copérnico que deu uma grande cutucada, que lhe custou queimaduras de todos os graus pelo corpo, ao afirmar que esse planetinha Terra não era o centro do Universo; A Segunda coube ao Sr Darwin e sua Teoria Evolucionista; A terceira Coube ao Dr Freud que desenhou o quanto somos marionetes dos tesões pulsionais , isto é, decidimos onde não estamos conscientes, e finalmente a Quarta ,que é irreversível também,denominada Tecnologia.
Não há volta e os vínculos entre nós já se alteraram por completo. Basta ver , por exemplo, o que se conhece enquanto família. Talvez acabe....
Nas celebrações que espocavam sobre os céus do mundo nesse último dia, nessas derradeiras horas, há um toque de retrocesso. São ritos, rituais , crenças míticas, ilusões.
No espocar das bombinhas festivas há de se recuar um pouco. O fogo que queimou as mentes brilhantes de Copérnico e Giordano Bruno, dentre outras não menos brilhantes ,santificadamente condenadas, chamuscará severamente todos os que teimarem em não enxergar o mais explícito e o mais obscuro: a obviedade que não perdoa denegações.
Ela se chama lucidez.
É o que se passa com todos nós cotidianamente. A disponibilidade para se fractalizar ou desconstruir - termo tão caro a célebre pensamento filosófico que finge ignorar a história freudiana-, as múltiplas formações que estão em jogo nas nossas mentes, no mundo, enfim, no haver, é a tarefa a ser cumprida.
Realizar essa desconstrução significa analisá-las, fazer análise das mesmas. Leva-se tempo - conceito fictício como quase tudo que há-, e não é para qualquer um. Infelizmente ou felizmente há de se ter o mínimo de coragem para tal.
O maluquinho genial chamado Nietszche- falecido em 1900 , justamente quando Freud elaborava os seus sonhos conceituais -, teria dito que um covarde seria aquele que não conseguiria suportar uma quantidade mínima de verdades. Podemos contraargumentar que o conceito de verdade é bastante questionável,e tal como indica o Filósofo romeno Cioran - falecido nos anos 90 do século passado e radicado por muitos anos na França-, que desde que a Filosofia passou a se preocupar com a tal da verdade , ela se tornou muito chata.Mais ou menos como uma certa psicanálise que vê sujeito -aquele homúnculo que reside em cada baú nosso , e leia-se baú como concepção pateticamante equivocada para inconsciente-, em tudo. O sujeito deles inclusive tem rosto, família, conta bancária, etc. É o máximo de Subjetividade:!A relação conta bancária - banqueiro!
Supomos que a verdade esteja em nosso ponto de vista, na nossa visão de mundo. A cada situação que se apresenta. Deve-se , contudo, reconhecer a limitação disso pois é tão somente uma ferramenta como tantas outras. É claro que existem ferramentas e ferramentas.Do mesmo modo que Existem ( autores de ponta não morrem nunca!) Cioran, MD Magno,Kant, Euclides Da Cunha, Machado, Guimarães Rosa,Hilda Hust,Proust e .....existe Paulo Coelho.
O século XXI já começou - alguns apostam que ele teve início em 11de Setembro de 2001, após alguns rasantes certeiros sobre o que mais interessa: dinheiro é poder-, mas a maioria não se apercebeu do fato. Alguns sonâmbulos ainda supõem que o que há de mais natural para essa espécie esquisita ,que é a nossa, é aquela vaquinha que pasta e come grama, naturalmente natural ( desculpem pela redundância), quando apostamos que esse computador que digita minhas elocubrações com rapidez e eficiência é tão natureza , visto que é puro artificialismo, quanto as árvores que me refrescam em dias infernais.Há de se reconhecer que a revolução tecnológica é para mim a quarta grande ferida narcísica nos tempos ditos modernos. A primeira veio com o Sr Copérnico que deu uma grande cutucada, que lhe custou queimaduras de todos os graus pelo corpo, ao afirmar que esse planetinha Terra não era o centro do Universo; A Segunda coube ao Sr Darwin e sua Teoria Evolucionista; A terceira Coube ao Dr Freud que desenhou o quanto somos marionetes dos tesões pulsionais , isto é, decidimos onde não estamos conscientes, e finalmente a Quarta ,que é irreversível também,denominada Tecnologia.
Não há volta e os vínculos entre nós já se alteraram por completo. Basta ver , por exemplo, o que se conhece enquanto família. Talvez acabe....
Nas celebrações que espocavam sobre os céus do mundo nesse último dia, nessas derradeiras horas, há um toque de retrocesso. São ritos, rituais , crenças míticas, ilusões.
No espocar das bombinhas festivas há de se recuar um pouco. O fogo que queimou as mentes brilhantes de Copérnico e Giordano Bruno, dentre outras não menos brilhantes ,santificadamente condenadas, chamuscará severamente todos os que teimarem em não enxergar o mais explícito e o mais obscuro: a obviedade que não perdoa denegações.
Ela se chama lucidez.
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