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terça-feira, 15 de outubro de 2024

 Emendas orçamentárias, controladas há décadas, séculos, pela turma do centrão,  decidem as eleições municipais no país. 

Vereadores formam uma guarda pretoriana potente que influencia as eleições parlamentares para o Congresso Nacional. Eleição municipal influencia muito as eleições parlamentares gerais. Nem tanto nas eleições majoritárias para o Executivo.

 Outra pequena homenagem. 

Emiliano Queiroz foi uma figura inesquecível. Um ator inesquecível. O Dirceu Borboleta inesquecível tal como relembrou uma querida colega. 

Dirceu Borboleta foi personagem inventado por Dias Gomes. Dias faleceu num acidente de carro estúpido, dentro de um Táxi, em SP, final dos anos 90. Foi anteontem. 

O Bem Amado era uma novela que retratava   de modo irônico, cômico, chamado realismo fantástico certos aspectos da política brazuca. Ou seja: mostrava a baixaria e de maneira muito bem humorada, quase um escracho , essas transas políticas. Era genial. 

Dirceu, assessor do prefeito Odorico Paraguaçu, gago impagável. Sucupira a capital oficial do Brasil. Creio que até hoje. Vale muito a pena ver de novo ou pela primeira vez. 

Borboleta era o melhor dos puxa sacos que um prefeito poderia sonhar. Mas ele gaguejava ainda mais quando contrariava o alcaide que só tinha um objetivo maior: inaugurar o cemitério da cidade.. Eis que O destino realístico fantástico fez a sua parte.

 Cid Moreira foi a voz que trazia alguns, muitos, dos fatos nacionais e internacionais.  Dos 27 anos, ou algo próximo, que ele transformou um boa noite numa marca quase que hipnotizante, parte desse tempo num ambiente de ditadura perversa, lembro-me de uma tia que lhe retribuía a saudação. Certamente, não foi a única. Há uns 20 anos fiquei hospedado num hotel em Friburgo, já faz algum tempo Nova Friburgo, localizado ao lado do teleférico  da cidade e que foi  destruído pelas enchentes mortais de 2011. Cid era o dono desse hotel.

Saturnino Braga recebeu meu primeiro voto para prefeitura. Era 1985. Minha primeira eleição. E a primeira para Prefeitura após muitos anos. Ditaduras não são legais  

Brizola, governador à época, teve sério desentendimento com ele. Eram do mesmo partido, PDT. O governador tinha forte inclinação autoritária. Cercou Saturnino na Câmara Municipal. Ele não conseguia aprovar nada. A cidade, que já estava quebrada, falida,  há anos, quebrou oficialmente. Lembram do Marcos Tamoio? Os relógios mais caros do mundo? Aqueles que estão na orla da cidade até hoje? Pois é...E  Chagas Freitas, governador? Desastres anteriores.

 Saturnino decretou a falência e passou tempos quase intermináveis no ostracismo político. Voltou vereador e quando tentou se reeleger como tal não conseguiu. Eleições no Brasil podem acontecer de tudo. Elegeu-se Senador da República. Uma eleição muito mais difícil.

Honestíssimo. Viveu 93 anos. Sua filha foi minha colega de turma na Universidade. Uma moça de Ouro. A mãe foi amiga de juventude praiana do meu pai e dos meus tios. Casada para sempre com Saturnino Braga. Nosso prefeito.

Boa noite. 

Duas grandes figuras.

 Uma boa parte da mídia televisiva faturou muito, audiência,  anunciantes,  etc, com o personagem impronunciável e que deveria se tornar inelegível,  pegar um gancho considerável numa penitenciária. Ainda por cima se dirigiu à seção eleitoral,hoje, descalço e com aparência de bêbado ou drogado. 

Existem veículos de comunicação que estão quebrados. Obtiveram audiência jamais prevista para o ano mediante cadeiradas ou afins. Cinismo em alta. Um perigo. 

Anarquia é examente o que o cidadão coach fez ao longo da campanha. Baixa civilizatória.

 E a luz...Já voltou? E as árvores tombam...tombam.

Eis que num canal chamado Viva, Globo Play, eles reprisam programas dos anos 70, 80.. Novela " Espigão" , ano 1974, oor exemplo. Está de retorno. 

Nessa teleprodução, o personagem do já falecido ator, Cláudio Marzo, é um ambientalista com posições radicais. Dotado de um discurso lúcido,  ele se volta contra o modo predatório como o Rio foi atingido nos procedimentos do que chamavam urbanização ou re-urbanizacão. Sobretudo  nas  zonas sul e norte da cidade. 

Uma família ,nessa trama ficcional, era coagida com violência para deixar a casa onde  todos eles nasceram e cresceram. A coerção visava a demolição da tal casa para construção do tal ou dos tais espigões. Chegaram a contratar dois bandidos , o ator  Milton Gonçalves era um desses  personagens,  para , numa gíria contemporânea marginal, tacar o terror. 

De preferência, erguiam Espigão ( vou chamá-lo gentilmente de Caralhão) geminados uns  aos outros a fim de  aproveitar o espaço todo. Também, preferencialmente, bastante altos, os tais prédios . 

Os Caralhões então passaram a  trazer  sombra à praia. Escondem o sol e formaram cinturões de cimento. E a brisa que corria as ruas de trás dos bairros foram  desaparecendo. Chamam essa relação predatória de avanços. Sem contar o gasto energético com o maquinário  para subir o e no  Caralhão.

Em qualquer folhetim, há 50 ou 60 anos , esse tema, esses abusos já eram explicitados. Depois, piorou. Não é por falta de conhecimento.

 Cena 1

Compra-se ingresso para o Fest Rio de Cinema. Após pandemia, algumas salas de cinema exibem uma atmosfera semelhantes a um museu aguardando por reforma. 

O endereço era um tradicional ponto de exibição cinematográfica na nossa cidade. Bairro de Botafogo. Ali, já funcionou um outro cinema; outro nome. Fui incontáveis vezes em diferentes períodos da minha vida. 

Taxista atento pergunta se não era no outro cinema do mesmo bairro e que também possui 3 salas , ou seja: 3 cinemas com diferentes tamanhos. Teoricamente, não. Descemos no cinema indicado. Pipoca comprada. Os ingressos apresentados no abominável celular para uma jovem moça. Ela confere. Entramos. As poltronas tinham um número a menos na fileira indicada. A letra, entretanto, correspondia. Apostamos. Botamos fé. Fé é isso: aposta sem conteúdo algum. Começa o filme.. O que era aquilo? Nada a ver com Guimarães Rosa ou a diretora brilhante, Bia Lessa.

Saímos. A jovem mocinha sorri e diz: 'Ah, sim . É no outro cinema'

Felizmente, era bem próximo. Como diria João Guimarães Rosa: Travessias. Ou seria Festival de Cinema no Rio de Janeiro, de hoje...

terça-feira, 1 de outubro de 2024

 Uma pequena reflexão incômoda.

Zona de Interesse é um filme produzido pelo Reino Unido juntamente com a Polônia. Teve a mesma Polônia e a Alemanha como cenários para filmagens.

 A vida da família Hoss, nazista comandante de campo de extermínio ( nesse caso um dos mais notórios, Auschwitz)  e sua pouca perplexidade ou postura denegatória sobre o que se passava bem ao lado da residência deles é de um cinismo ou crueldade inigualáveis. O nazismo está de novo em alta. Por outras mãos e vias. Mudam-se as moscas tão somente. O filme é ótimo, corajoso.. Já vi faz alguns meses. 

Noutro dia, assisti ao 'Belfast'. Lançado em 2022. Kenetth  Branagh , autor, diretor britânico, nascido na cidade que leva o nome do seu filme, dirigiu e fez o roteiro desse  filme em preto e branco. Um pouco chato,  bem verdade, como ele ou eu E tão cínico e denegatório quanto o mencionado anteriormente.

Dizem que é autobiográfico. O olhar diante da guerra civil norte irlandesa, entre católicos e protestantes ( Isso vem de muito longe) , início dos anos 70, em Belfast, parece que tem uma sólida fonte na visão e entendimento desses fatos vividos por esse diretor que também é shakespeareano na alma. Alguns o consideram um dos mais talentosos intérpretes dos personagens do dramaturgo William , na atualidade. 

Shakespeare nasceu na Inglaterra  no início do século 17. Stratford-Upon- Avon, sul de Birmingham), sua cidade natal. 

Na lupa do garoto, Belfast pega fogo, as notícias surgem pelos meios de comunicação disponíveis à época e as ameaças rodeiam, invadem a família dele, o tempo todo. Mas, existem as ilusões pertinentes às pessoas , sobretudo crianças, juntamente com aquela que pode ser a mais perigosa: as paixões. 

A cena que exibe as barricadas que tomam os lados todos da cidade partida- barricadas essas feitas de carcaças de toda espécie e a população a se esgueirar para continuar o caminho da vidinha  diária- é notável. 

Quando acaba esse teatro ( Felizmente não mais do que 1 hora e meia, uma hora e quarenta de duração) permanece uma questão: e os nossos escombros diários, nossas bombas, nossos tiros festejados por lunáticos eleitos, nossos campos de concentração feitos de favelas, ruínas, cracolândias e suas pessoas zumbis ? 

Concorrem ao Oscar?

 Quanto aos ditos apolíticos , tradição do realismo fantástico Sul Americano , não há novidade alguma.

 Desde Jânio Quadros , Teve Collor , O Bozo ( por que não?) , Tiriricas e agora esse cretino, desonesto, boçal,  figura perigosíssima, desse tal de Marçal que concorre à prefeitura paulistana. 

A péssima exemplaridade dos mandatários daqui nas últimas décadas,  salvo raríssimas excessões, leva a esse tipo de 'outsider' a fingir que não joga o jogo político. E o apedeuta  eleitor acredita. Só o fato de se posicionar contra a política dentro de uma  disputa política ( poderes permanentes em disputa, em guerra) exemplifica o horror e os equívocos graves que advirão. Quanto pior melhor já está em vigor. E pode piorar ainda mais. Temos estofo psíquico e condição sócio - financeira para atravessar esse dilúvio? 

O pior é que uma boa parte dos idiotas que apoiam esse.tipo de perversista aloprado são um bando de fodidos. Com o perdão da expressão, tão somente, técnica.

 Debate na TV Cultura para prefeitura de SP ( cidade mais importante do continente) tem cadeirada de Datena , chamado de Dápena pelo candidato do PCC , na cabeça do meliante.

Já já teremos 'bang-bang'  ... Acho que o clima é esse. Aliás, o país pega fogo, o Botafogo é o líder do Brasileirão. Com méritos. E o debate segue com as baixarias típicas de uma arquibancada futebolística. 

A opinião pública,  estruturada como linchamento, participa ativamente com as  grandes redes que se tornaram antissociais e os veículos para essa praticagem. Isso é o normal. Não o novo normal...E se  impõe para o por vir próximo. 

Brasil não se antecipa a nenhuma demanda.  Está sempre em atraso. E é proposital. Não há dúvida. Manter a população em pânico,  sobretudo após as manifestações de 2013/2014 é meta governamental no país. 

Um sambista sábio já dizia: não há nada de errado com o que ocorre por aqui. Tudo é contemplado na cartilha. Faz tempo...