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quarta-feira, 6 de maio de 2009

Mulheres e Casanovas

Mulheres e casanovas

Certa vez , alertaram-me para o fato de que ao se retirar uma máscara umas outras tantas surgiriam incontáveis.
Por certo, supunha que algo verdadeiro, isto é, algo que fosse importante e bem valorizado por todos os sintomas que me acossam iria prevalecer, iria se impor, ainda que somente enquanto um achismo qualquer. Aquilo que os gregos adoravam separar entre “Doxa” , opinião , e um conceito.Nunca foi muito clara tal distinção.
Quem é que nunca gozou ao triunfar numa discussão. Conheci e conheço pessoas que tem esse talento. Normalmente , podem se arrogar da própria arrogância. Não são enciclopédicos nem tampouco intelectuais. Possuem sabedoria , apesar, e sobretudo, da ignorância.Há muito o que se conhecer, o que sentir.Não daremos conta de tudo. Talvez o melhor remédio para pretensões obsessivas seja isso: não se dará conta da vastidão do cardápio e é melhor que faça um recorte de uma das tantas formações que nos acossa e lance a sua aposta. Com todo o risco que estará implicado.O arrependimento serve como alerta para se mudar de lado , da próxima vez. E ele advirá até o próximo....quebrar a cara. É mais ou menos como o que ocorre nas crises do mercado financeiro. Supunham, histericamente, que a farra não teria fim. Esqueceram-se de simples conceitos da nossa velha Física: entropia por exemplo. Chega uma hora que aquilo explode para poder haver. Haver recomeço. O que um adorável maluquinho como Nietzsche denominava de eterno retorno e que está no cerne do pensamento psicanalítico com o conceito mais importante já produzido no Ocidente, chamado Pulsão. Nosso tesão fundamental é assim: cheio de recomeços. Arriscaria até mesmo dizer que a idéia, delirante, de ressurreição indica algo dessa ordem. Porém, eles creem que se atravessou algo, alguma transcendência foi alcançada, e se retornou. Não há provas, evidências ou garantias.Tão somente um belo golpe político, vitorioso, e que move o mundo nosso há milênios. Ninguém se lembrou que entre um velho e um novo testamento passaram-se praticamente quatro séculos....Para o haver é uma espécie de até breve, mas para a nossa espécie não.
Esses fundamentos que parecem ter ruído, apesar do barulho de alguns sinos, vem a perturbar as mentes todas. Até mesmo as mais doutas.
O maior Filósofo Brasileiro,de fato, na minha opinião, Millôr Fernandes, costuma dizer que só conhece ateu de verdade quando esse está gozando de boa saúde. Acrescentaria eu: e com uma certa grana disponível ou amizades influentes. Até porque sem grana, dificilmente se terá saúde.
O problema com o ceticismo é que ele não pode ser levado às últimas consequencias – perdoem-me os adeptos de Pirro – pois seria como não ter fé – e fé tal como ensina MD Magno é puro movimento, é pura aposta, sem conteúdo algum , ao contrário de uma crença que é repleta de conteúdos, rostos, arquétipos, etc-, pois seria como não ter fé no próprio ceticismo. Estamos quase sempre num beco com raras saídas. Saídas para dentro, é claro.
Todavia, esse preâmbulo todo é para constatar também uma certa dose de melancolia fajuta que insiste em se fazer presente , sobretudo nos vínculos afetivos familiares ou não. Ou melhor, onde há gente há vínculos e eles estão se presentificando cada vez mais com sua face reacionária, reativa. Se em algum momento Nietzsche havia dito que o caracterizava uma covardia era a relutância em se aceitar uma quantidade mínima de verdades - e veracidade é algo que talvez tenha como única evidência, para além do sintoma sempre vigente de quem a declara , provas de realidade, dados de realidade, fatos, etc, o momento vigente é preocupante. Não é à toa que os movimentos religiosos, regressivos, fundamentalistas que pensam saber a verdade e a razão do mundo, ou seja, as astrologias da vida, as terapias milagrosas e breves, as runas, os arquétipos que buscam pelo núcleo,pelo início de tudo,ou melhor , pelas condições iniciais – como se fossem possíveis mapeá-los inteiramente !-, estão tão em voga! Para os neuróticos – que são aqueles que necessitam de mediação para tudo , tal como nos ensina a Nova Psicanálise -, essa mudança de dúvidas ( Salve Mário Quintana!) é o motor das suas vidinhas. É como supor que aparência engana. Não engana não. Ela mostra o que ela é naquele momento, isto é, aparência.Nos momentos seguintes, outras aparências advirão ou não. Se não for um troglodita, é claro!
E assim se sucede com alguns relacionamentos. Há uma crença tão antiga de uma suposta completude ao se vincular amorosamente com outro. Muito disso é sustentado por dogmas religiosos e afins.De dois fazer um! Quem não ouviu esse tipo de asneira em pregações mundo afora. Não ! Magno Machado Dias sempre fez questão de sussurrar alto: De dois fazer Dois!!
A desilusão provocada pelo reconhecimento de que traços seus é que detonam qualquer forma de encantamento, ou seja, todo vínculo amoroso-odiento é narcísico, provoca estragos em mentes ainda juvenis.Acreditam em salvação, em liberdade, em férias.....
Nos tempos obscuros que atravessamos – talvez estejamos entrando em um novo Iluminismo, num outro Renascimento, vide os avanços tecnológicos- , a adolescência se estende até os trinta e tantos anos. Ao menos nas classes mais abastadas.
Na reportagem de ontem, de um jornal voltado para o público infanto-juvenil, o tema girava em torno dos cabaços! Sim, cabaços. Valorizadíssimos por muitos. De ambos os lados: meninos e meninas.E tinha um , com quase trinta , que declarara seu amor ao hímem! O que havia de interessante na reportagem é que eles pelo menos não pensam que comem ou comeram alguma moça, tal como os mais grandinhos assim creem.
Elas,que comem o mundo todo, fingem que não sabem o que querem, fingem acreditar em qualquer casanova e seus truques baratos , pois casanova para valer tem grana e sabe que isso pode comprar sinceros fingimentos, sinceros gozos. Casanova descente sabe que as mulheres de verdade adoram o poder. Quem gosta muito de pau, piroca , dentre outros acessórios importantes é viado que finge que o faz por amor.E esse viado pode ser ela!
Perguntem a um baixinho feioso, careca, pobre quanto vale o amor de uma nobre e venenosa donzela?
Ah! E ainda há a tal da idade....
Em última instância , a idade que vale para certos órgãos ( vide menopausa, andropausa e outras pausas) é aquela que consta no famigerado RG.
Felizmente, já que não somos cachorros (Falecido Waldick Soriano que não nos deixa mentir) um outro órgão, denominado cérebro , pode suspender certas estupidezes da nossa mente.
Um poeta na vida tem todas as idades disponíveis. Basta utilizá-las sabiamente. Senão, adeus poesia. Passo a acreditar demais na língua que escrevo.

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