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domingo, 10 de maio de 2009

Franceses in Rio

Resolveram estabelecer que esse ano, 2009, seria o ano dos franceses no Brasil. Há exatos 4 anos, o Brasil havia invadido a França.Era o dito ano do Brasil por lá.
A presença francesa no país é anterior a da cultura anglo-saxônica. Teve um início mais retumbante no nosso vizinho predileto, A Argentina, mas marcou forte presença no Brasil. São Luís do Maranhão, para citar apenas uma, é aquela cidade cuja presença francesa na Arquitetura de seus prédios e monumentos é gritante.
Outra invasão , desta vez grotesca , é o que alguns brasileiros fizeram com a Psicanálise lacaniana.Está espalhada pelas Universidades, ou seja, mataram-na. Temos notícias de transmissões conceituais que beiram a barbárie. Jacques Lacan se envergonharia. O lacanismo está se tornando uma seita, uma crença de baixo nível intelectual. O que não é compatível com um pensamento sofisticado como era o dele.Talvez uma das maiores inteligências do século vinte.Contemporâneo de Foucault, Sartre, Dali,Merleau Ponty, dentre outros mestres, Lacan retirou a Psicanálise de um certo ridículo em que a IPA( A entidade internacional fundada à época de Freud , com base em Londres) a tinha colocado. Por isso e por tantas outras é que ele fora expulso da mesma. Além, é claro, da velha rivalidade entre Franceses e Ingleses.Apesar disso, centenas de ingleses cruzavam o famoso Canal , em direção à França,semanalmente, para assistir aos não menos célebres Seminários de Lacan.
Muitas outras francesices continuam espalhadas por aí. Algumas ótimas, outras nem tanto. O perigo disso tudo é que possuímos aquele velho sintoma , que nos paralisa, de valorar tudo que vem de fora bem mais do que o que aqui produzimos. O que é um vetor inteiramente contrário do que os franceses costumam fazer. Lá, eles não gostam muito é do que vem de fora. São heterofágicos ao extremo.
A Revolução Francesa , O Período do Terror, foi sabiamente exportada. E serviu de base para Declaração dos Direitos Humanos. Aquela mentira que tem início assim: " Todos os homens nascem iguais....."Até parece! Perguntem a um Africano.
Os Franceses fazem parte da turma que vem tentando adquirir direitos para explorar a Amazônia.Andam dizendo por aí que ofereceram alguns trilhões de Reais ao 'CARA'.
Sarkozy e sua Musa passearam por aqui também. Conheceu-a em um banquete, na França que quero crer, e ali mesmo se engalfinharam. Teria dito o Presidente à bela senhorita :' Seremos mais famosos que o John e a Jackie Kennedy'.
Frase perigosa , pois é melhor o Sr. Sarkozy , de origem argelina, tomar cuidado. A Argélia ou qualquer outra nação árabe pode ser para ele o que Dallas foi para John Kennedy, em 1962.
Nessa contínua invasão , visitei a pequena , mas consistente exposição de Jean Antoine Houdon.Está no Museu Histórico Nacional, o mais antigo do País, fundado em 1922, cem anos após a nossa Independência. O museu passou por uma reforma em 2004 e está uma beleza.
Brasileiro não gosta muito de visitar esses lugares, aqui no próprio país. Lá fora entretanto.....
Houdon nasceu no fim do século 18. Esculpiu boa parte dos mais egrégios Iluministas tais como: Voltaire, Diderot, Rousseau, entre outros. Estão todos lá na praça 15. Os Estadunidenses o reconheceram de cara. Benjamim Franklin, quando era Embaixador americano em Paris, levou-o até os Estados Unidos para esculpir George Washington, o primeiro presidente.
O que impressiona em Houdon é o que ele fez com os olhos de quem retratava. Em mármore ou terracota, ele fazia um buraco fundo na íris , deixando-a côncava. O efeito dessa técnica somado à iluminação, produz a nítida impressão de que os olhos estão vivos, brilhantes e se movimentando.Todo o trabalho é muito minucioso. Cabelos, vestes, rugas, as faces marcadas pela varíola, tudo isso pode ser notado claramente.
Foi muito bom rever Voltaire, Diderot e seus camaradas, aqui tão pertinho, de frente para a Baía mais linda do mundo, A Guanabara.

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