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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

caro leitor amigo

Leia o texto Alcione, antes da continuação do Alcione, pois a Internet e suas conexões amalucadas, pregaram-me uma PEÇA!

CONTINUAÇÃO DO TEXTO ALCIONE

- escreve-se assim mesmo Edwin Louise?-, dentre outros.
Rodou por outras terras e não encontrou verba .
Já se passaram uns treze anos.
Há uns dez ou onze anos, fui ao teatro Sesc Copacabana assistir a um monólogo, Sonata Kreutzer , Sonata de Beethoven, texto de Tolstói. Apenas um ator em cena, aliás um grande ator, Luís Melo.Teatro Vazio. Bem feito. Perderam um belíssimo espetáculo. À época escutei: vai mal esse país.
O que Alcione alega é que parece que as pessoas só querem ir ao teatro para assistir comédias e cantorias. Não parece não, Alcione. É isso mesmo. Inclusive , alguns autores admitem o fato. Alguns deles, inclusive também, tem que dar mamadeiras todas as noites. É compreensível.
Contudo, acho que escolhemos alguns ofícios de forma atabalhoada. Não nos damos conta , pra valer, do que aquilo implica.
Nada contra as cantorias e comédias. Adoro comédias. As boas , é claro. Mas onde fica a rebelião?Aonde foi se esconder? Brecht Morreu? Plínio Marcos Também? E o ser ou não ser que, na verdade , é haver ou não haVER?
Acabei de assistir uma entrevista com Eduardo Dusek. Gosto muito de Dusek. Rock da cachorra e Doméstica - não sei se é esse o título da música- são brilhantes e vão lá! Ele pagou a conta pela ousadia. E em plena ditadura militar. Será que temos que ter um pai maluco, assassino, exercendo todo poder nefasto , para nos rebelarmos de fato?
Sátira inteligente é mais do que válida.É tão profícua quanto qualquer texto mais denso. Porém, só de cantoria e ênfase na nossa violência urbana, o teatro de todos os palcos, vai morrer.

Alcione

Alcione Araújo, importante dramaturgo brasileiro,homem de teatro, declarou ao Jornal O Globo que não consegue mais montar peças teatrais. Parece que tem dois textos inéditos e eles não saem para o mundo. Obviamente, sabemos que existe a eterna falta de dinheiro - dinheiro para se investir no que presta , pois em tolices e bárbaries somos campeões , ou melhor, pentacampeões-, mas não é só isso.

Recordo que minha saudosa amiga, colega e mestra, Adriana Ítalo, morta em 2006, e que foi das pessoas mais brilhantes que por aqui passaram, escreveu, juntamente com a amiga de vida toda e não menos brilhante, Márcia Costa, uma peça de teatro enfocando os últimos dias da vida de Marcel Proust. Proust, além do genial escritor, tinha as suas excentricidades. Oriundo de família importante, da alta burguesia francesa - seu pai foi médico famoso, responsável por erradicar a cólera da Europa , no século XIX -, Proust era uma figuraça!

O texto rodou por mãos egrégias tipo: Sergio Brito, José Wilker, Edu Lobo, Edwin Luise

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Ai meu Deus!

Ai meu Deus!
Pode parecer prece , mas era o regozijo das meninas – digamos 90% delas- mediante a aparição , em idade real , do Sr. Brad Pitt, no filme curioso sobre Benjamim Button. Button foi inventado pela mente astuta e sábia de Scott FitzGerald, numa de suas mais interessantes e belas histórias.
Button nasceu velho e com o passar do tempo foi rejuvenescendo...ao menos fisicamente, pois acho que ele , no início, mais ou menos com uns setentinha, estava bem mais jovial. Era curioso, circunspecto, ou seja, olhava para vários lados, em circunferência, sem maiores preconceitos. Quando passou a interagir com outros e teve que entrar – não há outro jeito , pois somos condenados em haver e culturalmente determinados-, nas transas culturais, afetivas, começou a decair...ao menos mentalmente. Vai tornando-se tão jovem que apodrece...de infantilismo.
Não foi apenas FitzGerald que inverteu os vetores relativos ao que chamamos tempo –pura ficção- no mundo literário.Tantos outros o fizeram e indicaram a eternidade para os que vivem e não creem na morte. Se pegarmos a obra de Proust e o último volume, O tempo Redescoberto, ele retorna ao início e condensa todos os outros seis volumes em um único. Aliás, característica proustiana: condensar vários aspectos ou personagens seus em uma única formação. Um dos casos mais célebres – se não me equivoco, isso se passa no livro 3 ,Caminho de Guermantes- é o laço de fita utilizado por um de seus personagens ,A Madame Verdurin. São mais ou menos 40 páginas descrevendo o tal laço. Um saco não é mesmo?! Mas também é genial, pois todos os personagens estão presentes naquele laço de fita!
Finnegans Wake, de James Joyce, também começa pelo fim. O camarada desperta no seu próprio velório.
Aqui no Brasil, o gozador Chico Anísio já reclamara que o vetor do tempo – ao menos isso que chamamos de tempo- era cruel. Ele gostaria de estar jovem, cheio de vigor – talvez para fazer mais uns quinze filhos- e com toda a experiência adquirida ao longo dos anos grisalhos. O que esquece o nosso jovem-velho é o fato de que com todo esse vigor lhe faltará a serenidade suficiente para enfrentar os momentos derradeiros. Para isso , há uma entrevista exemplar do homem de todas as idades, Sigmund Freud, que está sendo difundida pela iNTERNET, A grande Rede. Entrevista essa que fora concedida a um jornalista que não entendeu muito bem o que o mestre lhe dizia. Tanta lucidez incomoda ! Freud alerta , e ele estava com 80 e alguns, morreu aos 83, sofrendo há anos com um câncer que lhe arrebentou o céu da boca, que o cansaço provocado pelo passar dos anos lhe deu tranquilidade suficiente para encarar o fim. É linda a entrevista. -“Viver para sempre seria um inferno’,- proclamou.
Porém, sabemos que a vida é eterna, já que o próprio conceito de Pulsão , apresentado por ele , indica essa impossibilidade de gozo absoluto, de transcendência, de Nirvana.Tudo isso muito bem requisitado pelo nosso tesão primordial , motor do nosso querer. Re-querer ( e isso repete, repete) é de direito, mas alcançá-lo, a tal completude, é impossível.
Logo, não se tem experiência de morte. Só quem morre – já dizia Salvador Dali- são os outros. A vida, portanto, é eterna.
O filme é sábio, apesar de muito longo. Creio que se estende tanto assim, a fim do Brad , o belo, aparecer mais belo do que nunca. Ai meu Deus! Suspiram as meninas todas. Todavia, e aqui não há nenhuma retaliação quanto a beleza de outrem, o grande show do filme, para mim, é dado pela verdadeira rainha , não da Inglaterra, pois é Australiana , ou seja, Inglesa que nasceu na praia, Cate Blanchett. Ela é o máximo.
Outro aspecto brilhante do filme é apontar para a imensa rede a qual estamos conectados e que escolhas não são tão escolhidas assim. Por isso a preposição ‘se’ , no caso do poder se inverter uma situação onde não cabe reversibilidade, isto é, passar esse filme de novo como antes fosse, ou seja, voltar a fita, mudando os acontecimentos, mais ou menos como o Pir Lim Pim Pim de Monteiro Lobato , nas preces da boneca de pano, Emília, é inútil.O trágico no tempo é que ele já foi e não se pode dizer que ele não foi, que não ocorreu, que não houve. Nenhuma garantia há para se supor que podemos intervir tanto assim no desencadear dos fatos. A não ser nos nossos sonhos, nos nossos desejos, na nossa onipotência juvenil. Aos 80 anos, Button não conjecturava tal coisa. Aos 30 e poucos, seus pensamentos mágicos rugiam sob a batuta de uma Harley Davidson.O atropelamento que acabou por juntá-los ( ele e a Rainha Australiana) ocorreu e ponto. Se ou If , em homenagem a língua do autor e dos atores, é pretensão e não é analisável. A não ser enquanto assanhamento neurótico.
Viva o cinema! Lá, as desilusões têm glamour, sonoplastia, trilha sonora, Brad Pitt e todas as idades. Igual o curioso Dr.'Button’ Freud.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Bom Carnaval

Um ótimo carnaval a todos. Afinal ,o Congresso Nacional retornou, na verdade seus astutos membros, às suas atividades de "trabalho".

Há muito -se é que em algum dia -assuntos relevantes tais como, infra-estrutura, geopolítica, violência urbana, tecnologia, crise econômica, são enfocados com seriedade no reino de pelo menos uma branca de neve, bagulho branca de neve, e seu castelo com 36 suítes.

Edmar Moreira, deputado mineiro, ex-morador da cidade de São Paulo, possui um castelo com 36 suítes e declarou que o mesmo estava avaliado em 17.500, oo Reais. Infelizmente, a receita , ou sei lá quem,estima o valor em 25 milhões. Uma mixaria!! Ao menos é o que deve supor o ex-Governador do mesmo Estado que o 'nobre Deputado' , O Sr Newton Cardoso, Newtão para os sócios, que ao responder às denúncias de uma ex-mulher - a vantagem é que alguns homens públicos têm ex-mulher-, e também deputada, teria dito: " Imaginem se eu só tenho esses milhões que ela declarou! Só no Banco do Brasil eu possuo mais de 200 milhões de Reais aplicados!". Esse "senhor", um boçal endinheirado, já teve até um Jardim Zoológico, numa de suas fazendas, com tigres e outros felinos. Por certo, membros de sua família.

A República das CPIs , novo nome para o congresso nacional, acolhe bajuladores , tais como o Deputado Branca de Neve, e aqueles que se ressentem de não frequentarem tão seleto grupo. Existem ainda alguns poucos que apresentam uma postura de estadista, mas são raros.
Lembro-me quando da promulgação da última Constituição, 1988, que , aos vinte e poucos anos acreditava que as coisas iriam mudar para valer. Nada como os vinte e poucos anos....Podemos ser perdoados.
O filósofo Paulista, Roberto Romano, numa entrevista ao jornal O Globo, no dia 7/02/2009, relembra as sanções que sofrera ao publicar o livro " Prostíbulo Sorridente", onde descrevia algumas das atividades e posturas vigentes na Câmara Federal,nesse caso específico, no ano da tal Constituinte.Ano em que eu ainda militava por Centros Acadêmicos canhotos.Precisei de algum tempo e lucidez para perder o cabaço à esquerda.
Romano então Foi processado por uma liderança partidária que, deve ter ficado contariado com o....prostíbulo. Concorrência às vezes incomoda.
E o que presenciamos com o maior despudor em 2009.O retorno das velhas oligarquias, desculpem o pleonasmo, PMDBistas. Patrimonialistas de coturno.
Enquanto cidadão carioca, preocupa-me a tal volta ao pior. Afinal, nossas lideranças mais proeminentes no momento, tanto em nível Estadual quanto em nível Municipal, pertencem aos quadros do grande partido.Seriam todos iguais? Todos Eduardinhos e outros inhos Garotinhos?
É lamentável que temas tão relevantes tais como, a crise econômica que nos arrasta, infra-estrutura, violência urbana, entre outros infindáveis Etcs, sejam tratados com descaso pelos senhores parlamentares.
O pobre eleitor brasileiro se esquece, ou não sabe graças ao entulho de ignorância bem paga ao qual está submetido, que tem os seus poderes e poderia exercê-los melhor.
Não devemos, contudo, nos desesparar, pois temos novidades no front. O ex- Presidente , SIR. José Sarney, mais uma vez assume a Presidência do Senado. Após vinte anos do seu desastroso governo , enquanto presidente dos brasileiros e brasileiras, está de volta ao feudo. Ao seu lado, uma Mão Santa monocórdica que proferiu milhões de palavras , em seus discursos de inspiração Fidel Castrista, e que levavam alguns colegas a uma bela soneca.
O Deputado Branca de Neve que absolve seus colegas assombrados em outros castelos, bateu de frente com alguma bruxa malvada. Ele vinha fazendo tudo certinho: absolvia colegas criminosos, não aspirava a nenhum cargo relevante no Congresso, financiava algumas campanhas políticas, e outros etcs. Era um anãozinho. Talvez um pouco zangado, espirrando vez ou outra, mas fazia tudo direitinho.
José Sarney também. Só peca quando exige que não admite que o chamem de retrógrado. Imaginem!? Sirney retrógrado! Do que poderíamos chamá-lo? De um belo escritor? Um cidadão do Amapá ...da gema?Há controvérsias.
Millôr Fernandes, vizinho aqui do balneário de Ipanema,sempre alerta para a burrice de alguns homens públicos que insistem em só querer se locupletar economicamente. Viram as costas para cidade, para o estado, para o país. Como se vivessem em algum outro planeta, alguma outra galáxia.Se fossem grandes mandatários, estadistas, conseguiriam toda projeção e prestígio, fora a prosperidade econômica.
Edmar Moreira foi estúpido, além de cafona. Sirney só é cafona.
Agora, pergunta-se. Não está tudo certinho no reino do exibicionismo Global, brother, ou nos devaneios pelas ilhas, Ó Caras? Ou ainda na existência delirante na ABl, de Sirney e Paulo Coelho? Na marola-maracutaia de um Presidente deslumbrado?Da fumaça multicolorida dos PACS?O maior programa assistencialista-populista-eleitoreiro da história do país! Podem fazer todas as cirurgias plásticas possíveis que as rugas e outras perebas estão grudadas na cara de pau que se espelha no castelo da bruxa que é logo ali...Toda cidade , pequena ou grande, tem o seu.
Gosto muito do Brasil, mas está cada vez mais chato.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

esclarecimento

No texto abaixo, a tentativa de fazer uma graça com as horas, não funciona bem para o bom Português. Ao invés de 'faziam horas', vamos colocar..um tempo longo se passou...fazia tempo.. que o problema...etc, etc.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

E a noite Ressurgiu

E a luz não voltava.Faziam horas que um problema , jamais identificado com precisão, mergulhara muitos de nós no escuro. Seria isso o cair na noite? Acendi vela e tudo.
Relembro o dia em que um apagão desses me pegou no meio de uma sessão com um analisando chegado à taras, tal qual qualquer um. Armei-me com velas, candelabros e que tais. Afinal, sabe-se lá aonde poderia ir a libido do tal analisando?
Após a sua partida, ainda descansava sobre a mesa uma pequena vela, comprada em viagem recente, iluminando o texto que era consultado naquele momento.Não me recordo do texto.Ergui o olho e vi, enfiado no meio daquilo que fazia parte do que chamo de mim, algo que há muito não via: a noite.
Lá estava ela. Silenciosa, calma e assustadora. Não se via nada a mais , a não ser a noite.
Fui pouco a pouco tornando-me ansioso. Ela me cercava e me seduzia. Foi crescendo e alternando o prazer e o desprazer. O tal livro, ainda sobre a mesa, foi se fechando, na folha , diria Lamartine ,poeta Francês dos favoritos meus,em que se morre. Ali, os dedos cessavam de folheá-lo.
E nada de luz. A obscuridade que norteia o nosso mundinho estava se apresentando explicitamente.E atingiu a região mais rica da nação.Nação?Estávamos, portanto, na mesmíssima escuridão.
Logo, no mesmo dia, nessa mesma noite, nesse vale gregoriano, abaixo da linha do Equador, na direção Sul do continente 'brasilis' , houve renascimento. Evocamos umas palavras que não estavam presentes , enquanto fatos, enquanto experiência, enquanto sensação.
Procurei no breu de meu caminho por um aparelhinho chamado telefone celular. Não o encontrei. Claro. Vivo ainda estava, gritei: Oi telefone! Cadê você? Nada. Nenhum sinal. Seria a falta de luz? Aquele abominável objeto que faz escândalo nos teatros - "quer entrar em cena?Quis saber uma atriz mediante o inconveniente que não parava de se exibir, mexendo os cabelos, checando as unhas-,calara-se.
Foi quando me dei conta que não o possuía....o tal aparelho.
Só, pela primeira vez na noite, entrei no meu carro e parti. O dia então começou a nascer através dos faróis do meu brinquedinho automotivo. Cruzei boa parte das ruas escuras e avistei um casal. Eles estavam meio pelados e olhavam para os lados, desconfiados, assustados. Reconheci o moço: era o meu paciente. Atacara alguém , já que não consegui nada comigo.Ufa!
O dia no meu carro reconhece um outro, cheio de pessoas previsíveis, entediadas e entediantes.Alguns assustados, cheios de razão, berravam: "Luzes, Luzes"!Um outro mais prudente, suspeitava: "Sim,mas cuidado com as sombras"!
Falta de moral da história: nossa travessia é eterna. A vida é assim. Sim!

Setembro de 2003-Fevereiro de 2009