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segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

Indefinido.

O pesadelo é uma faceta de realidade que joga com travessuras alucinadas. 
Onde há diabo, vista-se de fada.
O amigo que se despede, acaba de dizer 'olá como vai'?
A criança tem medo do escuro? Melatonina vai te ninar. 
Curioso. No cérebro de gente tem isso que desperta quando a escuridão brota.
E a gente que acreditava na história do boitatá , do saci, do bicho papão! Era só a melatonina insistindo por cumprir o seu papel  de desencadeador do sono. 
Então, sonhando, surge a questão? O que ela ainda faz por aqui? Ela morreu ou não? 
Está bem ali. No centro de um quarto, deitada naquela cama, coberta por um lençol fantasmagórico. Igualzinho filme de horror. Consegue-se ver o seu rosto. Nada nos diz. 
Concomitante, um amigo outro , e que também sumiu do convívio, aparece com  as suas duas pernas com carne e ossos e  suas duas outras com rodas de borracha. Seria amigo do bicho papão? Não. Talvez fosse aquele outro das sessões da tarde , anos 70, o homem elástico? Negativo.
Era somente ele, o amigo. Um pedaço de carne, osso, cartilagem, bactérias e falas com uma extensão chamada de bicicleta. 
Olha com olhos  arregalados na direção do sonhador. O sonhador vê a cena e se inclui.  Esse olhar que se repetia, vez ou outra , diante de algum dizer de quem sonha. Era um olhar boquiaberto. 'Mas ela não morreu, afinal'? Passados dez anos....
O que pode ter a ver - querer não ver?-   intestinos destrambelhados, viroses mortais, novas bactérias, com a resistência em reconhecer o desaparecimento de quem já desapareceu? O que resta? 
Úteros são vizinhos dos intestinos. Muitas mulheres têm problemas em por a merda para fora- pode ser aquele namorado ou namorada- justo por isso. A região fica mais apertada.  Parece até com o trânsito de uma grande metrópole. Juntando-se à nova onda dos ecologistas que - assim como o sonhador que não quer ver , não querem deixar o planeta ( quem sabe um dia?) descansar na tal da paz, os projetos metropolitanos incluem os deslocamentos elétricos, cibernéticos e também os humanos com pernas de borrachas acopladas. Feito o amigo do sonho. As pernas de borracha e que também possuem alumínio, ferro, entre outras formações, chamam-se alegremente de magrelas em certos lugares. Camelinho em outros. Curioso. Bicicletas produzem ótimas metáforas. Já o psicótico não consegue. Como é pedalada uma psicose? Pedaladas custaram caro ao país tropical. Abençoado por  HÁ -Deus? 
Pensas em fim de ano? Mas que fim?  De quem? Para quem? 
O humorista disse que o mundo acabou para alguns afortunados que tiveram delações vomitadas publicamente. E que os mais pobres perderam mais um mundinho por conta de uma sentença chamada PEC não sei das quantas...Perdas.
O poeta-escritor catalão já declarou que temos que nos preparar para perder tudo. Até mesmo a sua bela ficção. Um grande poeta-analista brasileiro já afirma isso, há décadas. 
O boquiaberto. Nas telas, no pictórico,consagrou-se como um grito.Foi dado por um norueguês.  É a imagem que surge.Somente um exemplo banal.
 A bicicleta, a perda que não quer se deixar perder, uma senhora , um amigo sumido  e uma mentira pela frente. O que cobre aquele lençol? 




sexta-feira, 16 de dezembro de 2016

Contemporâneo

Uma das razões da contemporaneidade se encontrar de ponta cabeça - mundo afora- é que não se quer ver isso que está dito abaixo por um excelente autor. Compartilhado via, minha prezadíssima colega, Paula Carvalho.
“Prepare-se para perder tudo. Para perder fronteiras, países, ficções e teorias”.
(Liz Themerson, no prefácio de Perder Teorias, de Vila-Matas).

É a Rosa. É a Rosa.

Viver está cada vez mais perigoso. Entendeu, Rosa?
Morre no Rio o carioca de 93 anos e jornalista político mais antigo da mídia brasileira, Villas Bôas Corrêa. Ele escreveu até os 88 anos de idade.Lembro-me dele dos tempos de Rede Manchete e dos artigos no JB. Alguns brasileiros conseguiram destruir instituições como a Varig , o Jornal do Brasil, o Jornal do Comércio, algumas universidades públicas , o ensino público de um modo geral, etc, etc... E o privado caminha resoluto - feito a vaquinha- para o brejo mais próximo. Agora, só se fala em inclusão. Eficiência, rigor, competência são artigos desnecessários.Na verdade, essas virtudes 'atrapalham'.
Mas o garoto/a não estuda!! Tem bolsa e está passeando.Não me interessa cor de pele, procedência, preferência de cama, endereço... A cada ano só piora. Não, mas você tem que considerar quê...Considerar o quê do quê? Bota um bisturi na mão dele, no futuro, para lhe abrir o bucho . Ou quem sabe construir um edifício que imita o humorístico dos anos 70, ' balança mas não cai'. Só que esse pode cair. Ou ainda, repetir frase dos outros e fingir filosofia ou autoria. Melhor do pior: dá um aviãozinho-sedento por uma corrida menos-gravítica contra abutres ou uma pombinha ( os mesmos que destruíram aquilo tudo) para o cínico/a realizar uma manutenção adequada sem os conhecimentos e treinamentos adequados?
Não esquecendo , ao menos, de botar a preciosa gasolina no tanque.

quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Independência?



Em tempos de proclamação de uma república capenga (federalismo de mentirinha ), o golpe já existia desde já, e perpetrado por Um Marechal que devia ter inveja de Pedro ' the second' , junto com Benjamin Constant e o alagoano Floriano Peixoto, que dá nome à bela Florianópolis, 'facebookeio ' ' my dear friends and Friends' ( esse último é para as amigas . Sempre mais belas e maiúsculas ) , essa dica literária.
Esse livro cuja capa exibe-se aqui é do jovem escritor pernambucano , José Luiz Passos. Radicado em L.A ( CALIFÓRNIA ANTI-TRUMP), por lá leciona enquanto professor titular de literatura brasileira e portuguesa. PARA mim , pernambucano bom é assim. Filho do cruzamento de Gilberto Freire com Ariano Suassuna. Resultado: DiaboDeus.
O livro é contemporâneo.Algo dificílimo de se estar. De se fazer.
Os personagens são resultantes da trama. Três histórias que se mesclam num mesmo capítulo ou até na mesma página. Vão se superpondo. Vão te confundindo. Vão te fazer dançar. Depois, ele , gentilmente, estende as descrições para ajudar na localização de quem já se perdeu. Ele, nesse caso, é o autor e que também é múltiplo.E ele , que é todo mundo, narra na primeira pessoa certas passagens da história.
Daquela manifestação gigante de 2013, onde os mandatários se escondiam, à Guerra do Paraguai com Solano e Floriano comandando suas tropas. E Floriano Peixoto, por isso também, tornou-se o nosso 'THE SECOND' presidente republicano. Após a canalhice de um Deodoro da Fonseca.DESEJO aos que se aventurarem, uma Boa Perdição. O Marechal de Costas. 

https://www.facebook.com/photo.php?fbid=1349082851796994&set=a.165076526864305.29765.100000858755062&type=3

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Saudade.

Quando a gente perde uma amiga/colega por quem sempre se teve admiração, respeito e bem querer- e tive a sorte de lhe poder dizer isso várias vezes- a gente aprende que ela existiu, para gente , desde sempre. E aprende ainda mais - como nosso mestre nos ensina, há tempos longos- que é e-terna.
À MEMÓRIA DE MINHA PREZADA AMIGA, PSICANALISTA, Maria José Albuquerque Wendling.

Eu vou votar.

ELEIÇÕES. Domingo. 
O voto nulo e branco são válidos.O 'esquecimento' abstenção também.
O voto sem voto- aquele que não precisa ser obrigado ( coisa mais democrática ) a sair de casa num dia santo para brasileiro, também o é. Quem vota é o inconsciente, sempre. Entendemos, Mané.
Driblamos os generais de pijama que emergem, perigosa e cinicamente, sob uma toga de direitos. Mas de qual lei falamos mesmo? A que se inscreve no meu título eleitoral afirma , compulsiva e intensamente, que o que há quer o que não há. Isto é: Somos uma espécie voraz, arrogante, amalucada e tão ambiciosa ( ou seria estúpida?) que busca sempre o IMPOSSÍVEL. Nesse ringue de e entre poderes temos as formações que se apresentam.
O fundamentalismo religioso armado com todas as suas garras medievais- um dos piores tipos de doença - e o Determinismo Histórico Hegeliano, pré-marxismo, sucumbido faz tempo. E é novidade.... Como sambaria se dissesse, um gringo: 'ok'. 
Novas almas antigas. Quem sabe uma renovação de interesses? Mobilizações. Antes que o andador dite o passo do compasso, refletindo um ponto grisalho a mais que timidamente lhe faz saudação. No espelho convexo-côncavo limitado.
Mas fazer o quê? Vamos lá. Vamos votar. O dedo coça, resvala, re-lembra. Obsessivo esse dedo...Então tá, Paulo Prospero. Adorei a sua postagem e decisão. Vou contigo. Sozinho, temeroso/temerário, mas vou. 
O número é....50. É isso? Domingo



terça-feira, 27 de setembro de 2016

Postagem do face book.




Eleições próximas .Será que estou mentindo. Não falarei mais sobre isso?
Recordo os tempos em que me aventurei nas pesquisas no campo da ciência política , na Iuperj, e que para minha surpresa os alunos de doutorado ( muitos oriundos de outras universidades do país tais como Unicamp, USP,UFMG) desconheciam autores que, para além do pensamento político e que pode contemplar opiniões e doutrinas, buscavam um aprofundamento sobre o tema, ou melhor: uma epistemologia sobre o fato político. Palavra que filósofo adora. Portanto, uma filosofia política. É como Leo Strauss , com extrema elegância, aborda esse tema , nos seus diversos livros de uma grande obra. 
Bernardo Vieira De Vasconcelos, Raimundo Faoro, Gilberto Freire, José Bonifácio de Andrade - uma espécie de Montesquieu brasileiro- , Frei Caneca e por aí deslizamos até o enésimo turno. Bota aí o FHC , o Darcy e tantos outros pensantes importantes. Muitos eram desconhecidos da turma que estudava o burburinho dos fatos sociais - chamados políticos porque envolve disputa de e entre poderes. Mas as formações de conhecimento nucleares a esses fatos , escapavam. Portanto ( Número 2), não esperemos que haja debate político de bom nível entre celerados que pleiteiam cargos públicos nesse país, nos próximos 20 anos.Porque depois disso, a gente não sabe se isso aqui, esse planetinha, continuará existindo. É só espiar a política global e seus 'comandantes'. A extrema-direita avança no leste europeu. Acaba de ganhar as eleições para prefeitura de Berlim. Já ocupou a Hungria, a Polônia, a Eslováquia..E a extrema esquerda funciona no parlamento chinês, na Coréia do Norte, no Vietnã , alguns viúvos bélicos na Rússia, em muitos sindicatos sul americanos, e são milhares, ( vide Brasil, Argentina) e num ex-país chamado Venezuela. A lista por certo é maior. Tal qual a minha ignorância.
O candidato reflete muitos dos nossos sintomas. A projeção é quase inevitável. Sobretudo, quando não se sabe fazer uma boa edição dos nossos sintomas, das nossas maluquices. Sempre foi assim.
E agora temos o retorno do vetor regressivo que é o da TEOLOGIA POLÍTICA.. Onde os fatos são 'garantidos' e justificados por uma 'sabedoria' divina E O SEU DÍZIMO- CPMF DE GENTE desesperada, DESESTRUTURADA, bastante ignorante , pois geralmente é tratada feito lixo pelos poderes públicos. Mas têm muitos que gostam. Sadomasoquismo é um gozo feito outro qualquer. Há muita informação disponível nos tempos em que a privacidade vai dando adeus. E o VOTO é obrigatório!!! Na democracia que também vai se despedindo. Mundo a fora.
Durma-se com essa bomba que ajudamos a produzir. Entendemos o cinismo, a covardia, a negligência, o deslumbramento, a incompetência e outras coisas muito mais nocivas e destrutivas ocorridas nas gestões de FHC ( o segundo mandato), LULA ( segundo mandato) e essa 'pobre' senhora ( nos dois mandatos) e que agora se humilha metamorfoseando-se de coadjuvante- fazendo-se de escada, trampolim- numa clara campanha para reeleição de uma deputada ao parlamento federal? Quantas vagas teremos para o Senado, em 2018? E quem ocupará alguma secretaria no governo provavelmente vitorioso do homem de jesus ou do seguidor Da Paes? Acho que o candidato-boneco- massacrado por muitas mulheres - pode levar fácil. Algumas mulheres gostam de apanhar? Nelson Rodrigues. Ao menos as inteligentes. Continua o incorreto do, Nelson.....Nelson era doidinho... Né....? AH!!! Esse Rodrigues..
Porque o quê está em disputa- para pelo menos 4 dos candidatos- não é a prefeitura. Claro que não.O babado é muito outro. Aliás, não somente ela. O que faz Índio da Costa? O que faz Molon? A mesma coisa. Pstu, partido da COISA operária, Partido -hirc- 'Novo'.. Piada sem a menor graça.Pelegos de cargos públicos loteados. Então a gente recolhe o dízimo que semeou. Simples. E horroroso.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

Geneton Moraes. Um jornalista.

Além da luz do fim do túnel.
O que haveria por lá?
Era o que tentava descobrir o jovem jornalista vindo do Recife ao iniciar a travessia, pela invencionice lacerdista, e que vincula a Zona Norte do Rio de Janeiro à Zona Sul: o eficiente e abominável túnel Rebouças. Geralmente escuro, fedido , claustrofóbico para muitos, mas uma invenção fundamental na transa  do vai e vem na cidade partida. Título do livro  de um outro conhecido jornalista: Cidade Partida.
No depoimento que ele, o jornalista, fornece sobre a sua chegada à declamada cidade maravilha , uma frase chama a atenção; 'Mais cedo ou mais tarde o destino para quem vinha do nordeste e desejava  prosseguir na carreira de jornalista era uma das duas cidades da região sudeste do Brasil: São Paulo ou Rio. Vejamos quão provinciano esse Brasil continente se apresenta.
Talvez por ter nascido numa Recife tropical e brejeira, a escolha por pousar no balneário carioca não deve ter sido muito difícil. Difícil era atingir aquela luz além do fim do túnel.
E nesse instante o  táxi - provavelmente um Volkswagen quatro portas, também conhecido como Zé do Caixão, e da cor vermelha- aproximava lentamente os opostos:  a escuridão do túnel fedorento com a luminosidade do outro lado daquele mundo novo. Os contrastes são explícitos. E não se faz necessária qualquer mediação. 
Destemido, o perguntador, mas excelente escutador- vislumbrava as luzes. Contudo, mantinha a devida prudência com as sombras e assombrações. 
E assim foi habitando e habitado pela luz que pôde ver para além do fim daquele túnel primeiro.
Desenvolveu seu estilo de perguntador de intimidades e escutador atento, mas flutuante. Usava lápis e papel. Um outro multiverso.
Habilidoso. Não esperava por resposta. Sabia, feito menino, que as desejava no plural: respostas. Logo, prosseguia. Teimoso.
Realizou um dos documentários mais bonitos e importantes sobre um jornalista, ou melhor, repórter e também seu mentor: Joel Silveira. O documentário se chama : ' Garrafas ao Mar. A víbora manda lembranças'. Dentre outros tantos. 
Soubemos então que ele morreu. Mas como assim? Estava doente? Foi acidente? Sim e não. Estava tão somente vivo. 'Corta"! E a câmera, teimosa e insistente, afasta-se com pruridos. 
Já nos tinha dito aquele filósofo, também destemido, e cuja família milionária lhe dava certa garantia para prosseguir ousando, o austríaco Wittgenstein, que desse ponto derradeiro só nos resta o silêncio.
E Wittgenstein também lhe honraria com uma outra afirmação sua: ' O humor não é um estado de espírito, mas uma visão de mundo'. Geneton , perguntador-escutador, tinha de sobra.


sábado, 17 de setembro de 2016

Um desabafo. Relaxa A musculatura

Nunca escrevi sobre essas experiências ... Sobretudo quando envolve dores e doutores. Leiam. É UM DESABAFO. Você já passou por isso. Garanto. Sabemos ( até porque já estive e levei acidentados) a quantas anda o sistema público de saúde carioca.
Dirija-se a uma clínica ortopédica, aquela que fica perto da nova estação de metrô , no LeBronx, e seja atendido. O plano de saúde não funciona nos finais de semana. Aquele plano que o ex-presidente do Fluminense - clube de elite como se nomeiam- presidia e quebrou. Paga-se a consulta a uma cidadã de branco - mãe de santo?- que sequer levantou-se de sua poltrona mágica para receber o pobre do paciente e que jamais viu. Nesse caso, euzinho. O que ela prescreveu eu já tinha usado. Deu uma examinadinha, meio enojada. E eu estava até perfumadinho. Passei em tudo que é buraco pra ela não encher o meu pobre saquinho.Soltou então um palavrão, ou melhor, um diagnóstico pomposo. O Dr. Google faz melhor. Ah! Cometi um erro: levei uma tomografia de coluna feito a um ano e meio atrás. Quem ainda é metido a praticar certos esportes, expõe à fragilidade da carcaça um tiquinho a mais. Cagou. Anamnese mínima então? Para que tomar o nosso tempo, não é mesmo?
Não sou do tipo que não gosta de pagar médico. Muito pelo contrário. Não gosto de sentir dor e acho que todos os profissionais sérios e que trabalham direito DeVERIAM faturar e muito. QUEM GOSTA de miséria é cinismo à esquerda com algum verniz intelectual e falta total de uma visita ao divã ou alguma rede de balançar mais próxima.
Quanto às dores, já sinto as psíquicas e suas imensuráveis vicissitudes.Vicissitudes de se estar por aqui, tão simplesmente. E uma contratura braba na musculatura sub-escapular do esqueleto, intensa e aguda, não é brinquedo.
Trabalho numa área próxima à da douta criatura e jamais recebi um analisando dessa forma- mesmo que ele mereça. Ainda mais num primeiro contato!! Até porque não sou muito burro. Se bem que nunca fui político e fiz alguns concursos. Começo a questionar a minha sapiência então...Vejam que um discurso vazio, cínico e amalucado também tem razão. Ninguém consegue não ter alguma razão.
Imagino pois a atenção que essa médica dispensa a quem vai via plano de saúde? E se estiver com aquela sigla partidária ,o partido TPM? E no Leblon ... Ou seria Lebronx? E na rede pública? Onde TODOS os Profissionais de saúde e pacientes são sacaneados pelos profissionais mais 'NOBRES', os tais políticos brasileiros, segundo relato recente daquela alma mais honesta.
Desde que a minha mãe se tratou por pouco mais de seis meses contra um câncer voraz- e ela morreu faz 10 anos- que peguei prevenção contra certos tipos. Não se deve generalizar visto que em quase todas as áreas estamos entregues ao 'seja o que der e vier'.
Essa é a falência do país.
No caso da minha mãe, o doutor tinha viajado e deixara um substituto. Gastava-se em torno de 15 a 20 mil por mês, numa clínica particular, zona 'SUR' carioca, com a quimioterapia e os remédios -para depois tentar um reembolso. O que só veio pela metade, um ano e meio depois. E haja advogado.
Juntamos os trapos- minha irmã, meu pai e euzinho de novo ( personagem que se repete nesse libelo) para dar conta do que não tinha mais chance. Ao menos, um fim digno e sem dor. Como todos deveriam receber. Sobretudo, ela. Eu a conheci muito bem. Posso lhes garantir.
Quando morreu, avisei ao substituto. Substitutos podem ser ambiciosos. Sabiam? Perguntem ao Temer? Perguntem ao Rodrigo Maia?
Duas semanas depois da sua morte, recebo durante o meu trabalho um recado da clínica onde ela recebeu- heroicamente durante 6 meses , uma vez por semana, 5 horas cada sessão ( eu estive em todas), aquela bomba química.
A moça perguntava-me o porquê que a dona fulana não tinha aparecido para fazer a sessão de quimioterapia marcada?O doutor queria saber...Fantasma marcou sessão quimioterápica? Fui traído pela mamãe, na reta final, pois eu e minha irmã é que cuidávamos disso? E creio- sem crença, mas com fé- que o meu ateísmo não seria mais um a me sacanear.
Perplexidade na musculatura escapular. O quê responder? A moça que pergunta é umas dessas de 0800. Recebe ordens na desordem. Da falta mínima de comunicação. Não tinha culpa. Presta serviço de má vontade porque quer sobreviver e tem esse direito. E ganha mal. É incompetente tão somente numa função que um robô pode fazer melhor. E não tem lá muitas perspectivas. A não ser que esbarre com o Neymar, com O Lula , o novo solteirão que lê telepronter no jornal oficial ou o Aécio. É isso. Alguns desses aí valem MILHÕES de votos. Somos ou não delirantes?
Ela, aquela senhorita sem noção, pode continuar o seu périplo de pular com a venda das ilusões a lhe tampar os olhos. MEDALHA DE OURO!! E o Lula vai estudar para um próximo concurso.
Agora, o delirante sou eu. Será que a dor voltou? Saltou pra dentro?
Na verdade, total desconsideração. O boneco retornara de suas merecidas férias na Europa. O assistente avisou. Ou estaria ele preocupado com a próxima ida para região serrana? Eles costumam ter haras.. Por lá pastam éguas, cavalos.
Respiro fundo, controlo a musculatura, e lhe digo: ' UM cadáver ou esqueleto - com contratura ou não- não faz quimioterapia. Já fez e não fará mais.' . Acho que felizmente. Sem elevar o tom da voz , pequena, que tenho. Um silêncio igual ao das noites naquele cemitério que leva o nome daquele que um dia teve a sua cabeça exibida numa bandeja de prata invadiu aquele comunicado cibernético. São João Batista. Lenda?
Ah! Estou bem melhor. Desabafos também relaxam a musculatura do esqueleto que ainda resiste a viver.
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terça-feira, 2 de agosto de 2016

Um bairro nomeado às avessas. Ipanema.

Caminha-se. Camões? Caminha? Personagens fundamentais  no navegar de um certo descobrimento. Cartas. Epístolas. Dias, semanas. Por fim, o papel revelado e uma mera pretensão de que o pensamento pensado estaria sendo transcrito.
Contudo, hoje, o papel foi transformado numa espécie de metal cibernético. Não se escreve, digita-se. Tecla-se. E se arquiva, perpetua-se. Se esse condicional 'se' ganhasse jogo ou guerra não seria mais condicional. Cada um formaria seu império particular de diversidades infantis. E que por certo não haveria eterno. Nem mesmo o moderador 'se' explicaria.
Diante da tentação a atiçar pestes e afins ( peste nesse caso não é a peste x ou y. Y Pestis, por exemplo, era o DNA daquela doença que dizimou cerca de 25 milhões de pessoas no mundo, sobretudo na Europa, no século XIV: A Peste Negra), mas o nome próprio das crianças e suas malcriações; brincamos porque temos um tiquinho de saúde de um faz de conta e revertemos o tempo no imaginário das ilusões ao se aproximar de uma praça. Uma praça que se batizou da paz.
O centro dessa praça tem uma escultura. Exibe um homem que foi tomado por notoriedades. Ele carrega o  nome de Pinheiro Machado. Deve ter ascendência nas terras de Caminha. Nasceu, entretanto, nas terras dos pampas gaúchos e presidiu o Senado Federal, interinamente, na Velha República, início do século passado. Conservador.
O interino, o provisório, sempre se perpetuou por esses lados. O provisório também pode ser  conservador. Somos, assim, conservadores. A não ser quando as malcriações infantis se rebelam. Por isso rebeliões são , por vezes, deliciosas. Mas são raras. Rebelião é coisa, afinal, muito séria. Vejamos , enquanto douta referência, a trajetória dos pensantes, dos criadores, dos desbravadores. Achadores- existe isso fora desse texto?- daqueles que realizam achamentos. Feito os tataravós do ex-senador, Machado. ' Permite uma questão de ordem, nobre parlamentar? Tentaremos, pela brevidade do saco deveras cheio, atingir alguma lucidez':
'Como pensa essa destruição das nossas árvores centenárias - muitas de sua época, inclusive-, e a invasão bárbara que se pode antever, num local provincianamente pequeno, até mesmo recatado,  não fosse a rebeldia deliciosa dos vizinhos e descobridores Tom, Vinícius, Gabeira, Rubem Braga e o prefeito-perfeito, Millôr?' 
Silêncio de estátua. Silêncio de cobre.  Carranca de ferro. Meia-volta a se ver. Teria ido o monumento do ex-senador conspirar na igreja em frente e que leva o mesmo nome da tal praça?
Eis que o sol, aparentando cansaço, nessa época tipicamente carioca em que o inverno de 30 graus está misturado com o final do outono de 17 e um veranico de 38 à sombra, inicia o rito de um até mais. Mas debaixo de qual árvore, poderemos por uma brisa conclamar? Arrancaram tantas. Perguntamos à estrela de fogo: 'Caminhas?' "Sim. Através do vosso giro. Vossa consideração. Caso contrário, poderão se queimar. E não será através das minhas labaredas. A fogueira que produzo é de outra ordem. E não escolhe partido ou crença."
Nosso rebolado planetário de quadril. Era esse movimento ao qual se referia. E imbatível, pois feminino. Segundo nosso Millôr Fernandes- que agora postou-se definitivo, diante do mar do Arpoador, olhando para o Oeste. Por lá,  o sol armará seu repouso cotidiano, aos olhos sulistas desse hemisfério.
'Rápido antes que escureça. Não te cansas? Tanto tempo e o colocamos no mesmo percurso. Seria bom poder variar, alternar rotas. Falam em deslocamento do nosso eixo ... Uma cambalhota total. O que está em cima vai para baixo e vice-versa. Portanto, em que pedra de Arpoador iriam aplaudir sua despedida diária? Curioso. A virada é por aqui e a gente supõe que é de lá que vem. Só pelo fato de que há essa força de botar para baixo quem, ao menos, busca vencer a vida. Já que a morte é certa e não tem rosto. A insaciável e taradinha, gravidade. Sem mencionar o poder desse paparicado astro rei. Essa estrela fogosa. Além de conservadores somos afeitos a um carnaval de monarquias.Rei disso, rei daquilo.."
Eis que agora o vento deixa um rastro de que é melhor seguir o rumo, ainda que sem prumo. Imaginem o vento e o seu narcisismo de invisibilidades?
Passar pelo portão recém inaugurado, olhar para os lados do outro lado da mesma praça e notar que foram perdidas a infância e a adolescência. Tem umas crianças outras brincando de jogos presentes. Mas ainda resiste aquele aparelho de subir e escorregar de volta! E por quê? Por causa da insaciável força gravitacional. Desde sempre, botando pra baixo o que quer subir sem freio.
Desafiando os cruzamentos, esquinas de heroínas, piruetas gravíticas: primeiro a Joana. Depois, a Quitéria. Uma nobre Maria. E tudo isso diante do prédio atarracado,um lorde sem pedigree, protegido por aparelhos dessa nova era. Na esquina onde conspira um Barão com a sua Torre- em homenagem ao parente  muito distante e latifundiário, D'Ávila ou Garcia, filho de  Tomé de Souza. Papai tornou-se  o governador geral e deveras navegante Um detalhe: Barão da Torre e Visconde de Pirajá são o mesmo pela pena de caneta tinteiro de um Pedro Primeiro.
Portanto e para tanto, atravessa as ruas que foram e as avenidas que poderão advir o chamado estridente daquela tia. A tia mais antiga e presente de todas as tias.Silencia até mesmo a corneta- seu pedido- e o corneteiro que, por inverter o toque da corneta, virou monumento nos traços de uma adorável gaiatice carioca: Luís Lopes. O moço da corneta cristalizada, na transa entre um Visconde e um Garcia, e que vem a ser um outro herói às avessas. E porquê?
Ao invés do toque de retirada- um comando militar tradicional durante os combates entre tropas à essa época- mandou a tropa brasileira que, lutava e perdia para os portugueses a batalha de Pirajá, executar a ordem de 'avançar degolando'. Batalha ganha pela "independência" do Brasil. Brasil e suas dependências. Copa, cozinha, suíte,'wireless'.... Casa grande e ainda há senzala? Mas... E o estridente pedido-convite? O quê era mesmo?
' Carlos. Você não vem almoçar?Meu filho. Vem almoçar'.





sexta-feira, 22 de julho de 2016

Haja Quentão.

PARA fechar Iniciando uma semana a mais.
O mundo tem cabeça religiosa ( SINTOMA quase indestrutível e quem o projetou foi da ordem do gênio) e alguns, um pouco mais doentinhos, resolvem aplicar- o que acham que 'entenderam' de certos trechos de um livro, considerado sagrado, e do modo, óbvio, que desejam. Como for conveniente, compatível, com a sua doença particular e múltipla.
E ele estende sua deliração e proclama a todos os sedentos por uma boa hipnose, ilusão ou redenção como se fosse um processo natural, espontâneo. Palavras sobrenaturais, miraculosas. Eles escutam o inaudito. Receberam mensagens que não são rastreáveis. Viram coisas que ninguém mais vê... E depois EU/Nós é que somos arrogantes!!
O século 21 inaugurado num 'September Eleven' Novaiorquino apontava para uma nova guerra planetária. As tropas, ao modo de Kafka- tornaram-se bem outras. Outras baratas com asas turbinadas e explosivas. Ba-ra-tas que avoam. E as ambições desmedidas, sobretudo, para o estranhamento da nossa cultura ocidental que supõe ser a única forma de sintaxe possível.
Uma maçã, não mais a do fictício Adão ( HÁ - DÃO?) MAS DE um JOBS, STEVE, encurtando milhagens e distanciando o último dos vizinhos.Aquele ali. Olhem ele por ali. O da porta em frente:
'E aí? Tá saindo um cafezinho bem quentinho.Requentado jamais! Parece gosto de ex-namorada/o'. Se bem que existe a memória, a marca -traumática- pelo sentido masoquista dado por qualquer um de nós. Adoramos complicar o simples. Ou não existiria a nossa ENTÃO filosofia.
Os caras e as minas estão certos que ao apertar o botão do BUM! , eles se salvam e salvam a sua gente, a sua crença. Eles acreditam para valer que acompanharão o GOZO do corpo sendo despedaçado e transcendendo. Vísceras subindo aos céus! Incrível. Nem a Emília de Monteiro Lobato e o seu 'PIRLIMPIMPIM ' era tão deliciosamente egocêntrica.
Quanto custa uma camisa de força para essa turma, seus financiadores ( praticamente os mesmos desde a SEGUNDA GRANDE GUERRA) e o CINISMO contemporâneo?
A menina morta pois atingida por uma bala perdida, numa das centenas de favelas da cidade olímpica, é O mundo que Há.
Tinha somente 14 anos. Infanticídio Olímpico, Global. Não estará mais em Nice, nem tampouco em Orlando ou Bruxelas.Não estará. E a ideia de fronteira? Essa morreu até mesmo antes do vexame estadunidense sob os céus da capital da arrogância e deslumbramento e cujo símbolo também é uma ( Imaginem!) MAÇÃ.
Não com aquele pedaço arrancado, comido-veneno, pela alma de ALAN Turing ( Muito maior que Jobs ou Gates) . Entendeu,Clinton- Cardoso-Bush- Lula-Trump-Hollande-Temer? Sobrenome quase aristocrático.Ideal de Ego dos 'social' alpinistas de pouco risco. E nada aristocrático.
Prefiro quadrilha caipira... 'OLHA A COBRA!'
Haja Quentão.

quarta-feira, 13 de julho de 2016

A praça da infância. Aquele carrinho de bombeiro - tecnologia neolítica - esbarrando contra a árvore e deixando sua marca de selvageria do pequeno ser. Foi mal árvore. Carteira cassada. A árvore sumiu... Retiraram muitas. mas vieram outras. Agora, temos a companhia do trem contemporâneo que passeia por debaixo DOS tantos Nós. Praça Nossa senhora da... paz. Curioso.
Ipanema. Rio: também inventado num Janeiro.
Uma certa empresa de comunicação dizia; ' Quem tem biscoito globo tem tudo'.... Era uma celebração de tantos anos da tal firma. E não era bem do biscoito, nossa marca praiana. A arrogância imperialista estadunidense sempre disse: ' O que é bom para NÓS,só pode ser bom para toda gente'
Eduardo Giannetti , em seu livro último, inverte e cala essa estupidez:
' O QUE É BOM Para nós NÃO SE PRETENDE BOM PARA TODA GENTE, MAS É O NOSSO BEM'.

terça-feira, 7 de junho de 2016

O inventor de uma esquina.

Roberto surgiu. Alto, imponente. Era uma presença naquele bar Sempre no mesmo horário e dia. Domingo à noite. Justo no famigerado Domingo, à noite.
Domingo à noite, portanto, para tantos e a mim também ressoava certa melancolia. Trata-se de um dia santo nesse país tropical e cristão. Nos tempos de infância, quase tudo cerrava as portas. Não se via aquele padeiro, aquela madame perfumada. A oficina e o seu perfume de graxas. Tudo muito curioso, justo porque num país superpopuloso, logo, sempre disposto para oportunidades, pois está permanentemente em crise, e que decide morrer no sétimo dia. E o que se faz? Assiste-se ao futebol, na sequência, em que se assistiu à missa. Hoje em dia, colocaram o futebol no mesmo horário de algumas missas. Quando havia o Maracanã e seus artistas verdadeiros, jogava-se um dia de glória. Ao menos para uma criança bastante interessada.
O abominável sétimo dia antecipava o primeiro dia da semana e dos horrores semanais, após aquela derradeira música e coreografia típica, geralmente inclinada à cafonice, dos programas dominicais. Eis que emergia então aquela ordem imperativa: ' Hora de dormir'. Mandava-se a pobre criatura para o quarto escuro. Era o mesmo que mandar alguém para a puta que lhe pariu. E nunca se revelava onde se esconde essa senhora: a tal da puta que alguma coisa pariu. Para mim, a mensagem decodificada sob forma de ordenação  indicava um compromisso vital para o dia seguinte . E também o era. Mas.... Êta troço e maneiras mais opressivas. Detestava aquilo tudo. E não havia espaço para maiores conversas. É assim e ponto!
A maldita da sala de aula para um eu-pequeno  - desses sem a menor autonomia e assujeitado às vontades dos outros maiores- era uma assombração.Igual às histórias infantis. E o uniforme? Nos períodos autoritários, o cidadão sem maiores mediações ou poderes permanecia com seus direitos à reboque de baionetas surdas. Fingimos que aderimos à máxima - quase um axioma minimalista, elegante:"Manda quem pode. Obedece quem tem juízo". De fato, com o acréscimo dos cabelos grisalhos ou a falta deles, reconhece-se que se trata de uma  orientação para vida toda. Mas não exageremos na dose do veneno, pois pode retardar o processo de crescimento. Qualquer crescimento.
 Tantas são as possibilidades, tantos talentos possíveis para emergir e essa burocracia reacionária a atrapalhar. Um calendário gregoriano, necessário feito bússola, para ajuizados ou não, mas que pode muito bem ser relativizado.Ignorar suas amarras, seus festejos cada vez mais enfadonhos e quase sempre imperativos, feito a ordem materna, aos Domingos, e que não cessam de ser tão somente Domingos. Ainda que a gravidade insista- para sempre- em nos puxar para baixo e o espaço acima da cabeça seja apelidado, equivocadamente, de céu. Morada para os crentes, alguns mitômanos gregos e seus seres alados.
Nenhum ato criativo - quanto mais um ato de criação que nos traz o novo, o quase impensável até agora- haverá, se por um outro acaso essas referências não forem dribladas, suspensas um pouco. De preferência, todo dia. Difícil, não? Dificílimo.
Tão difícil quanto lidar com a presença contundente de Roberto. Escorado pela sua inseparável  mochila que abrigava os  seus escritos e desenhos, postava-se no balcão do bar, sempre aos Domingos à noite. Naquela esquina do Leblon. Onde o passar das horas não prometia amanhã. As tais esquinas podem ser fascinantes. No caso das esquinas em porre...Ainda mais. São muitas as trombadas que se aglomeram. Por exemplo: e o vai e vem das pessoas que saem do cinema em frente? Fincado, majestoso, há décadas, no outro lado daquela mesma esquina. Um vai e vem, ou seja, uma transa. Depois e daquele escurinho com pipocas.
Obsessivamente, exatos trinta minutos após a despedida final do apresentador de um programa nada 'Fantástico'- mas também provisória essa despedida , visto que ele retorna, não ao mesmo lugar , mas ao mesmo canal, faz mais de 30 anos-, esse engenheiro aposentado de repartições, mas repleto de invenções, e cuja carreira lhe rendeu promoções e comendas, atracava pesado. Era alto e robusto. 
Um conhecido de nós dois nos fez conhecer um + o outro. Lembro-me da advertência que o mediador proferiu: ' Agora que você se aventura pelas investigações sobre o psiquismo humano, um prato repleto de diversidades - muitas bem estranhas, bem verdade, estão aqui para o seu dispor.' As palavras foram mais ou menos essas. Esse rapaz era bastante formal. Tomava cerveja sem álcool. O que era uma novidade naquele momento, mas sobretudo um alívio para um ex-alcoólatra. O quê ele mais gostava pra valer era poder sentir ainda a espuma cremosa banhando os seus lábios e apreciar a coloração da bebida sob a luz específica e que ficava no teto, no céu, daquele boteco. Irônico ( irônico?), virou-se para o lado e partiu. Não me lembro de tê-lo encontrado novamente. Ao menos, naquelas noite dominicais.
Jogo feito, banca forte. Como na canção. Qual foi o bicho que deu? Deu águia e a sua sorte. O alto e imponente era também simpatizante da Portela.
Iniciava-se uma camaradagem que duraria uns 10 anos mais ou menos. Foram muitos os Domingos e até mesmo alguns Sábados - quando por algum tropeço 'quântico', ele decidia mudar sua intocável rotina- permitindo-se uma deslocada para outros lados. Talvez tenha sido um dos homens mais cultos e inventivos que jamais conhecera. E também um dos mais paranoicos.
Uma paranoia, a bem dizer,  que não era somente adjetiva - expressão de senso comum - , mas estrutural. Do ponto de vista nosológico. Relembrando que a nosologia é a área de pesquisa que classifica  afecções, doenças. E temos de um tudo um pouco. Cada um. Antes de sair xingando o vizinho mais próximo, cuidado com o próprio quintal e seus dejetos, por vezes, mal cheirosos. E o responsável, muito provavelmente, não terá sido o cachorrinho daquela madame perfumada que não pode comprar aquele brioche, já que lhe fecharam portas na cara bem maquiada,  nesses dias de alguma melancolia. E olhemos que ele, o cachorrinho, ainda é inimputável. Mas por pouco tempo. Em breve, haverá legislação e legisladores de quatro patas.
Roberto, o novo amigo, ficaria irritadíssimo com essa ladainha. Sua parana permitia somente a presença imperativa, superegóica,  das formações que sustentavam as suas elucubrações. Não havia equivocação possível. Tropeço nem pensar. Só o quântico, eventural, acidental. Mesmo assim não era reconhecido por ele como tal. Esbanjava um riso, aflito, para tão logo mudar de tema. Tudo na sua fala e produção era muito, mas muito formatado- com seriação e lógica bem pertinentes-. Tudo inclusive foi testemunhado por várias pessoas e até instituições. Infernizava, por exemplo, a redação do Jornal do Brasil ( Jornal do Brasil foi um jornal que existiu brilhantemente no país tropical e cristão) , afirmando que muitas das matérias ali publicadas eram de sua autoria. Reclamava também pela não publicação de seus inúmeros desenhos ( tinha um traço excelente) ou cartas que tinham sido enviadas, por ele mesmo, ao periódico. Eram dezenas delas. O editor, furioso, chegou a lhe sugerir se não estava disposto a fazer uma proposta de compra aos donos do jornal. Assim, teria a seção de cartas ao seu dispor. Além da capa, a contracapa , mais o caderno B ( Que saudades do caderno B!) , o caderno de esportes, o caderno Ideias. Imaginem o Roberto se apossando dos classificados de anúncios? Seria ao mesmo tempo anunciante/anunciado. Onipresente. E ele achava que não tinha cacoetes religiosos...Atormentou também a assessoria de um primo famoso e que presidiu, no Governo de José Sarney, o Senado Federal.
Inventor de apetrechos adoráveis , tais como aquela outra mochila enorme que abrigava um guarda sol/guarda-chuva e que possuía um dispositivo automático que não o deixava na mão. Um leve toque num botão bastante acessível e ele se abria. Testemunhei o fato, numa tarde ensolarada, em plena praia. As pessoas de sungas e fios dentais gargalhavam diante do fato. Ele prosseguia impávido, solitário.
Uma cadeira automática e com rodinhas de poliuretano - para não arranhar o piso do apto lebloniano e que pertencia ao único irmão- fazia-lhe companhia , sobretudo, nas madrugadas. Ele a inventara. 'Por que não tenta patentear suas criações? Poderia lhe render um bom dinheiro?'- insisti. 'Não tenho paciência para lidar com esse tipo de negociata'- respondeu com certo desprezo. Justo aquele Roberto marxista e que vivia no imóvel do irmão afortunado. Nada mais marxista! Aquela esposa rica, aquele Engels carregador de piano e um Marcuse, mais sofisticado, para divulgar sua teoria. O irmão- creio que o único- era um executivo de sucesso, em São Paulo. Deixara, além do imóvel, um Opala, anos 80, para um passeio saudoso pela orla carioca quando por aqui desembarcasse. Restava ao irmão inventor ressuscitar o monstro mecânico, duas vezes por semana, girando uma chave, esquentando seu motor. Algo que de fato ele detestava, pois odiava os automóveis. Ainda que estacionados, inofensivos nessa posição. Só não os apedrejava publicamente- fazia isso nos desenhos e textos- porque mantinha as recordações dos tempos em que levava as deusas- suas ex-namoradas assim conclamadas- para a Barra da Tijuca ou para o Recreio dos Bandeirantes. Os 'monstros mecânicos ' serviam de abrigo para o namoro. Relembro a cena : seus grandes óculos bifocais vibrando de entusiasmo ao tagarelar  pela milésima vez sobre as suas conquistas amorosas. Mãos trêmulas, lábios molhados: ' As deusas....As deusas!'- repetia em alegrias. Esquecia então de toda a praga que rogava diuturnamente aos automóveis e seus usuários. 
Um outro alguém teria dito que o coração para tanta razão talvez viesse do fato, traumático, dele ter perdido uma dessas deusas num acidente entre carros e seus condutores. Vinha daí o horror, a rejeição. A parana também estava circulando por aí. Retirava a função, a materialidade, a ideia, o conceito da formação carro e enfiava umas articulações paranoicas na mente. O carro fazia diabruras; não os seus condutores.
Quando o ex-presidente Collor foi afastado, ele estava no bar. Ele e quase todos nós. Aliás, muitos entusiastas naquele momento e que agora... Deixa para lá. Alguns bilhões não valem uma abominável Fiat Elba, nem tampouco um chafariz em casa de dindas.
Creio que alguma coisa por aqui passou a escutar o silêncio da própria imprudência. Quero dizer: da minha própria imprudência. Escutar e calá-la. Deixar comichões em suspensão e à espreita. Deixar a conversa fluir- por mais louca que parecesse ( e era mesmo) - e somente perguntar, sorrir sem razão. Sorriso de bem vindo. Eventualmente, posicionar-se com mais firmeza. Caso contrário, não haveria amizade alguma. Ele tinha mais maluquices supostas que muitos de nós, mas não era burro. Pelo contrário. Tinha desprezo por burrices a mais. 
Uma noite, e que não se chamava de Domingo, olhei para o lado e o vi. Fazia alguns anos. Sentado, não mais encostado. Frágil. Não mais imponente. Nem mochila, nem apetrechos criativos.Um jovem rapaz lhe fazia companhia. Vestia branco, esse mancebo. Seria um filho de santo? Pálido, bem mais magro esse novo Roberto.
Aproximei-me. Falei com o rapaz que observou a minha aproximação. Atento, malandro.Parecia um bichano acuado, mas com alguma armadilha preparada. Apresentei-me. O rapaz respondeu avisando: 'Dr. Roberto. Seu amigo, fulano de tal'. Nessa hora, eu já esperava pelo pior. A cabeça virou um pouco para trás; um pouco para o lado. Não eram mais os mesmos óculos, apesar de idênticos. Aquele olhar-óculos estava num outro canto. Estaria maquinando invencionices? Confabulando contra o editor de algum jornal que não publicava mais as suas cartas-desenhos? Teria se desiludido com alguma das deusas? Ele adorava as meninas campeãs do vôlei. Perseguia algumas delas- nas tardes da falecida lanchonete 'Chaika', Ipanema-, com cavalheirismo e uma rosa nas mãos. E é claro: com seus textos-desenhos. Que quase ninguém entendia. Além de uma confusão bem particular, havia uma erudição em jogo. A banca do engenheiro trazia expressões em Latin e até em grego.
Não.Aquela não-expressão no rosto do amigo intelectual trouxe o meu pai e a sua enfermidade - faz dez anos que ele padece com uma demência senil-  para o Leblon e aquele instante triste. Estava feito. Ele era realmente um outro. Tão somente e solitariamente, o inventor sorriu e fez um aceno. Éramos de novo estranhos. 'Muito prazer'. 'Muito prazer?' Faltou dizer.
Roberto Frageli morreu em Janeiro de 2010, aos oitenta e poucos anos. Fui atrás da informação na central nacional de óbitos ou coisa mórbida semelhante, porque já tinha escutado diversas versões sobre o seu fim ou não. Houve quem dissesse que ele estava bem e que o tal rapaz que o acompanhava (uma especie de enfermeiro) manipulava seus remédios, fazia-lhe umas maldades. Contudo, há controvérsias sobre essa maledicência toda.
Coube à amiga e companheira de longas jornadas decidir por relembrar o Roberto em comum, numa prosa internética, dizendo acreditar que ele não estava mais no pedaço ou fincado em qualquer outra esquina. E ele a adorava. Era mais uma deusa da sua lista. -'E com aquela voz'!! - exaltava. 
Decidi, portanto, desse outro modo internético, por um ponto final nessa história. Foi um prazer, amigo.



quarta-feira, 18 de maio de 2016

O côncavo-convexo. Nossas ilusões.

Vejo um espelho tão pessoal que ao focar no retrato côncavo e convexo desenhado , porque esse espelho é feito de limitações, imagens outras não me oferecem nada a não ser ilusões.
Quebrado o espelho, resta uma miragem do que pode ser apelidado EU. Tantos eus. Hiper-polar. Não somente bi-polar. Bi-polar é para iniciantes.. Perguntem às Pessoas do Pessoa. Aquele Fernando, aquele mesmo outro. O tal português.
Moço ébrio e de boa família.
...
Vota inconsciente. Afinal, existe outro sistema mais fidedigno?
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quarta-feira, 27 de abril de 2016

Conversando com estátuas. Papo futuro.

No seu livro mais conhecido, A Rebelião das Massas, escrito na segunda metade dos anos 40, século XX, o espanhol José Ortega y Gasset, dentre outras importantes considerações, cunha - palavra cujo nome próprio em território brasileiro ressoa turbulências- uma pérola de letrinhas  em que afirma: 'Conversando com estátuas'.
Conversar com certas estátuas, no caso do intelectual Gasset, era hábito seu quando visitava outros países e por lá não tinha vínculo com outras estátuas de carne e osso. Essa formação primária tão frágil e quase patética. O nosso corpo. Moldado de cabeça, afetos, e cujo tronco e os outros membros são decantações resultantes a sustentar o resto da carcaça.
Não se sabe se por deliberação antisocial ou por distanciamento entre línguas estrangeiras-  apesar que informes dão conta de que o escritor era poliglota- , ele quase não mantinha contato com locais. Portanto, estabelecia falações, monólogos sem réplicas com essas celébres esculturas.
Quando visitava Portugal, por exemplo, cumprimentava  de Pombal a Pessoa. Na França, Itália ou na imperial Áustria era um orgia de dizeres proferidos aos bonecos, muitos deles, feitos de bronze. Diante da sua erudição comentava-se que bonecos mais exaltados teriam tentado alguma réplica. Até com contundência. Porém, incapacitados pelo peso da fantasia e o tempo a corroer, desistiam. Restava o silêncio e uma biografia bastante consistente a se argumentar.
Diante disso, tenta-se fazer o mesmo , por aqui, antiga Guanabara, nas localidades vizinhas e seus arredores. A mais recente peça bronzeada a se exibir está postada próxima ao oceano e suas  arrebentações. Puseram-lhe uma luz particular cuidando assim da sua integridade física de estátua. Ganhou o nome de Tom Jobim. Também já houve relatos de que o teriam confundido com um outro alguém.  Ali por perto, talvez um quilômetro e pouco de distância, caminhando-se para o Centro, Carlos Drummond já virou Santos Dumont - o maior pássaro brasileiro- e Dorival Caymmi se tornou  o Tio Barnabé das fantasias de Monteiro Lobato e o seu planeta feito de sítio. Pintado de amarelo. Por um bendito pica-pau. Nada que não possa ser esclarecido com o tempo. Resta saber qual? 
O aqui e o agora dependem sempre de um mínimo de interlocução para que os personagens em transa conversem. Os que estão fora dessa transação, obviamente, existem também. Não se pode dizer que não estando aqui, não existem lá fora (entenda-se que o fora nada tem a ver com posições transcendentes; outro mundo). Todavia, não estão nessa transa de agora. Talvez por isso a necessidade dessa consideração. Dessa fala - ainda que equivocada- sobre o fato abordado. Alguém será interlocutor para que se possa, inclusive, chamar-se de alguém. Esse narcisimo de alteridades que nos compõem. Além do mais, ninguém fala sozinho. Nem mesmo com estátuas.
Ao se reportar às formas de concreto, José não tinha só uma pedra ou um pedaço de bronze em seu caminho. Tinha uma constelação inteira feita de saberes a lhe invectivar, para o resto da vida. José, além do brilho intelectual, era também muito destemido.
O que foi demasiadamente desagradável, no iniciar desse périplo, é que muitas dessas obras estavam degradas e tiveram suas partes íntimas violadas. Arrancam-lhes os braços, as pernas, o nariz, violam o animal que fora aliado na conquista, naquela batalha e assim adiante. A alma, enfim, se acaso houvesse de fato: início e fim. Duas ilusões da nossa existência. Os óculos do escritor..... Pois é: como se atrevem a roubar os óculos do escritor que não poderá de outra maneira escrever de punho próprio as suas histórias? Nossas histórias. Ainda que se confunda o Pelé com o Edson, não deveríamos pintar com boçalidades borradas a história de quem construiu histórias, tornando-se monumento. No Brasil, de agora e outrora, o que é de domínio público está para ser violado, apropriado ilegalmente. Tornado instrumento público das minhas perversidades mais recônditas. E o malfazejo responderá ao ser indagado/a  sobre seus atos: ´Porque sim. Porque assim o quis.'
Ortega y Gasset discorre sobre uma época pós-segunda grande guerra. Guerra essa que para muitos comentadores foi uma extensão da primeira e que ainda não acabou. E não haverá como ter fim. Os inúmeros mortos e feridos compondo uma mescla de ressentimento, mágoa, ódio - para que tanto amor?- entre os sobreviventes e herdeiros dessa incivilidade. O pensante espanhol ainda teve que se haver com aquela guerra civil sanguinária entre toureiros e toureiros e que Picasso a pincelou de Guernica. Ele morre, nosso José, em 1955, e escapou da ditadura do Generalíssimo Franco ( torcedor do Real Madri). O desgraçado do ditador fascínora ( redundância)  só morrerá nos anos 70.
Ele também faz críticas duras a certos aspectos democráticos e aponta a falação sem propósito e a degradação da formação do homem como algo bastante preocupante. Imagine se ele estivesse por aqui e agora, nessa contemporaneidade que flerta com ideais medievais. E do pior período da idade média. Pois ela durou uns 4 séculos mais ou menos.
O mundo cresceu muito. Tem gente demais pra todo lado. E a formação humana se deteriora. Quando olho para alguns dos meus tão  prezados hábitos, assusto-me. Acho tão medíocre que um cachorro se aproxima e faz saudação. Parece reconhecer um par. Tenta-se estabelecer uma conversa com semelhantes e o susto e o desânimo comparecem nessa resultante de solidão. O momento é pleno de reatividades. O quanto de meu corpo tomado de sintomas mal editados se expressam. Temos opiniões sobre quase tudo sem ter havido a preocupação primeira de se estudar primeiro. E o politicamente correto? Insuportável no falso modernismo movido a malcriações, falta de educação e que confunde rebeldia profícua , feito a de Ortega y Gasset e seus amigos agora estátuas com delirações anarquistas e outras piadas sem graça. O tal modernismo, se houvesse, teria um mundo de analistas, artistas de fato, de poetas com a vida. Eventualmente um verso.
Numa manhã, supomos que era dia e deveras cedo, afinal não se faz outra coisa, Millôr Fernandes lembrava que ateísmo de verdade era para quem gozava de boa saúde. Acrescento que, além da saúde, as finanças também devem estar tranquilas a garantir certos consumos burgueses deliciosos para o meu tesão pulsional. Não é mesmo companheiro comunista a denegar a reserva cambial do capital inconsciente? Ou não há gente? Freud já apontara que Marx era um brilhante economista , mas que não entendia nada de gente. Sonhava com mercados fechadinhos, estados gulosos, obesos mórbidos, opressores, demasiadamente reguladores, perdulários, com suas mais valias do ponto de vista do patrão- ele próprio e seu casamento com moça rica, próspera- guerras de classes ( como se já não tivéssemos tantas batalhas desde sempre, independente do sistema e forma de governos. Ora! Nunca ouvistes falar em família? ) , e outras posições que insistem na afirmação que somos todos iguais. Não somos! Somos bem diferentes e ainda bem. Temos heranças genéticas e a epigenética comparecendo o tempo todo e modificando a expressão de certos genes. A tal ideia de sobredeterminação freudiana e um velho Lamarck revisitado, depois de desmoralizado pelo triunfo Darwinista. Cada um de nós tem nome próprio. E nasceu único. Quando se casa, faz-se dois e não um.
Faz muito tempo, escrevi um texto e que fora apresentado num evento insitucional onde contrapunha o mais valia marxista e o conceito de mais gozar e sua onda de significantes lacaniano. Elogiaram aquilo. Uma saudosa colega, psicanalista e professora de arte e filosofia da PUC/RIO, telefonou-me e brindamos. Não serve mais para nada. Não faz gol nesse século que se está e o que virá. Serviu. Teria servido mais em outra época. E já foi muito. Ideias, teorias, assim como remédios, comida, certos vínculos, produções artísticas e tudo o que ficou de fora dessa pequena lista ( aquela estátua lá do início acaba de nos estirar o dedo) são datadas. Tem a tarja preta a informar: prazo de validade tal. Passou do prazo, vira veneno. Porque não surtirá efeito. Só sugestão, esperança. Logo, ilusão.
Quando se escuta pela primeira ou enésima vez essa expressão 'datada'  apavora-se. Nossa obsessividade tão cara, chacoalha forte. Garantia zero em última instância. Toda ciência só pode ser exata sob suspeição e quando encaminhada para depois, pra frente. Lembram do herói estruturalista, Descartes? O que melhor se retira daquela enciclopédia é que somos capazes e devemos sempre .... suspeitar. A dúvida nos compõem também. É o anti-narcisismo dos profetas, dos oráculos, dos que acham que tem a boa solução para o buraco fundo do mundo, das almas mais honestas e cínicas. Portanto, militante do reino das desilusões - com muito humor e pé nas nuvens- não esperemos por popularidade ou multidão a lhe cortejar. Aliás, multidão não faz singularidade. É uma manada de abestalhados chacoalhando. Nunca me viram num estádio de futebol a chacoalhar? Será que posso abrir mão disso, um dia? Certas festas e carnavais já se foram.
Não sei a quantas anda a nossa indestrutível infância, mas por aqui e agora, envelhece-se.  Por enquanto, numa boa. O mundo se estreita para qualidades maiores. Papo de estátuas?