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quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Terror eleitoral gratuito

Uma curiosidade me assola nesse início de terror eleitoral. Talvez até um sonho ruim. Como terá sido - assim mesmo no futuro do pretérito que é onde a cura pode advir- o álbum de figurinhas ou as brincadeiras infantis do sempre candidato à presidência , O abominável Sr Eymael e o não menos 'adorável' , também candidato a esse cargo aparentemente sem a menor importância, ou seja, a presidência da Res-pública do Brasil, O SR FÉLIX.? Esse último- cujo nome tem a minha simpatia pela lembrança do goleiro Félix (um dos grandes artistas da Copa de 1970)- , promete ENDIREITAR O país. Parece uma cantilena Bolsonariana. Variações boçais à direita.
Na Pernambuco dos anos 40/50, um rapaz magricela ficava na soleira da porta de casa observando e anotando quantos automóveis de chapa fria, ou melhor, os tais carros oficiais- aqueles carros que exibem carteiras modelo " Sabe com quem estás a falar"-, exibidos de placas brancas, atravessavam a sua vista e ambição. De nada adiantava os amiguinhos convocarem o magrela a jogar bola ou se banhar nas águas do oceano mais próximo junto com as belas sereias vizinhas. Sereias à prova de tubarões, dizia a placa do salva vidas. O garoto focado não arredava alma. Hoje, algumas mães de meninos não tão focados avistam tão somente Ritalinas e tarjas pretas.
O futuro político de pouco peso preferia a contabilidade formal do veículo oficial. Décadas depois, anos 90 , século passado, tornou-se vice-presidente da res-pública brasileira. Marco Maciel foi uma espécie de Joseph Fouché tupiniquim. Aquele francês que foi monarquista, bonapartista e republicano. Quem sabe de Fouché é o alemão Stefan Zweig. Escreveu a história dele. Quem sabe de Stefan pelos nossos lados é Alberto Dines. Jornalista de proa e popa. Aquele do programa Observatório da Imprensa. Atravessou quase tudo, o francês invisível. Feito o personagem pernambucano em questão.
Pernambuco sempre esteve nas decisões políticas importantes do país. Stefan não aguentou a paranoia própria e matou a si e a esposa com um balaço, Na verdade, dois balaços. A lógica pode ser unária , mas quando se decanta temos as bifididades e alguma pólvora,Logo ali em Petrópolis. Terra de Pedro. Gosto muito da serra petropolitana. Não gosto desse Félix nem tampouco do pastor de Acari. E o Açaí me traz alergias. Uma pena, pois é ferroso. Aliás, do pastor nada sei. E tenho raiva se vier a saber.
Chamar o aristocrata Fouché de canalha ou mau caráter porque sambava para lá ou para cá é uma tolice moralista de quem rejeita nossa origem macunaímica. Macunaíma de Andrade é gênio brasileiro. É maneirismo de alta qualidade. Algo que Eymael e outros tais não entendem. Deve ser o tal brinquedo de criança que não houve. Ou haveria por demais?
Perversidades estão na moda. Basta ver o doutor monstro, especialista em estupros, que vivia de esbanjar, na rua próxima ao endereço do Presidente do Paraguai. E o Paraguai já teve ministro da marinha! Ah! Eymael- na verdade Joseph Mary-, traz ao esquecimento que o Brasil já teve ministro da Justiça.
Não confundir flexibilidade com pusilanimidade ou sacanagem mesmo.

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

A criança e o bicho de pelúcia.

Queria mesmo é fazer umas carícias num animal feroz, perigoso. Passar-lhe o dedo, tocar seu pelo. Estaria o bichano com alguma carência específica? Tem fome? Um titã lhe perguntaria sobre essa fome. É fome do quê?
Primeiro flerte foi com uma jaguatirica. Apelido bem dado para alguém bastante invocado. Depois, o leãozinho. O leãozinho é aquela formação que se acha. Acha-se, segundo estudiosos e que talvez tenham fetiche pela juba imponente,  o rei da selva. Porém, esse reinado se restringe a uma selva específica que ele habita. Porque na selva em que vivemos- tenha ela a constituição que tiver- quem anda rugindo mais é essa nossa espécie meio estranha. O leão tem uma constituição física- apesar dos pareceres- bem pior do que a nossa humana insignificância cósmica diante de uma quarenta e cinco bem engatilhada ou uma espingarda calibre doze. Mas há de se estar acompanhado desse outro bicho de pólvora. Caso contrário, os caninos da realeza da selva causarão estrago irreversível.
Um pouco mais que depois, um belo tigre a visitar. Abobalhado pelo cativeiro criado pela tal espécie humana. Trancam o animal ali para contemplá-lo e sacaneá-lo. Seria inveja? Seria uma resultante da fome insaciável do boneco gente? Imaginemos uma cena inusitada:  a mamãe tigre trancafiada em sua suíte de grades e lambendo com seus caninos o bonequinho filho de gente que embala no seu colo de patas e garras. Caminhadas, protestos, manifestações. Faríamos um barulho danado em defesa do filhote de gente. Acontece que eles não têm essa competência sígnica, articulatória. Eles não são tão malucos. Não frequentam, por exemplo, salas escuras com seus projetores e sons que exibem ilusões. Nunca vi um deles por lá. Muito menos frequentando o divã de analistas. Aliás, divã é uma peça de mobiliário pouco comum na cultura dos trópicos abaixo do Equador e sua linha imaginária. Seria constituída de cinema e ilusão essa linha? Tudo então se faz cinema. Uma tela de sonhos na sala escura com gente desconhecida.
O tigre continuou a sua brincadeira. Quem disse que não era só brincadeira? Que formações podem garantir que aquilo que estava sendo mordido e arrancado não era um brinquedo para pular-sacudir ou cuspir-engolir?
O importante era poder acariciar aquele monstrengo lindo. Aquela carcaça colorida de pelos e aquele corpanzil. Olhos claros. Seria um galã? Por que raios não se pode brincar com o gatinho cheio de testosterona? Ele passou no antidoping? Vai participar do próximo 'ultimate rinha de galo fight'? Tem galo que briga.
Não. Não se deve. Poder pode. E perder o dedo, o braço e a vida, também se pode. Não se deve. Mas esse não se deve também é moralismo e intromissão de quem ainda arrisca supor que sabe o que é menos ruim para o outro. E esse outro bate na gente que pensa que é gente mesmo. Portanto, se queres arriscar partes do corpo que poderão lhe faltar já tens um atalho a trilhar. E que merda também. Só porque o corpo impotente de cá tem essas vontades e o tigre a me arrancar o braço-alma. Digamos assim: papai. Perdoai-vos porque o tigre não sabe o que faz! Não sabe? Claro que sabe. Se tem algo que o tigre sabe é o que ele tem para fazer. Seu programa etológico é perfeito. Mas se quiser convidá-lo para ir ao cinema, ele não topará. E se por lá der pinta, pode-se comportar bem mal. Mal para quem? Para a humana convenção de como se comportar em certos locais. E isso pode ser amplo......
O tigre não está confuso. Ele estava somente agitado com o estranho amiguinho a lhe aporrinhar a paciência. Quem sabe para retirá-lo do tédio diário? ''Poderiam ao menos pintar aquela grade. Com as mesmas cores que enfeitam o meu pelo vistoso''- resmunga com sobriedade e sem cerimônia o felino acorrentado. E acrescenta:  ' Não tenho esse tal de fair-play'. O novo amiguinho, contudo, parece decidido em não saber o que faz. Como não? Claro que sabe. O quê parece até agora não saber é sobre alguns riscos. Sobre a vida que se exibe dentro e fora das grades. No mais é só entretenimento. Princípio do prazer e suas diversidades. Diversidades de meninos e meninas. 
Dizer portanto que o menino está, ou estava, assim ou assado, é especulação delirante. Quem ousa fazê-lo deve estar parecido com o tigre. Que também anda falando muito. O bichano exige até um advogado, já que querem assassiná-lo. Acusam-no de tentativa de homicídio com dolo. Que é aquele onde se presume alguma intenção. Mais ou menos como penalidade no futebol. E quem avalia as intenções? Nunca se percebeu um ator de fato? Aquele que é fingidor pessoal, poeticamente?
Havia também um responsável pelo guri no circo humano. Pai desse mesmo menino que  tem idade menor. Diz que não viu o flerte entre a última fera e o mancebo porque cuidava da outra cria. O menino que não sabia o porquê fazia essas coisas de brincar com feras indomáveis tinha total liberdade para prosseguir fazendo o quê queria sem saber bem ao certo o quê fazia. Ao menos do risco que corria. Cansamos. Desse cansaço pode emergir um ponto. Vírgula para respirar. 
Recuperado, pergunta-se: e o quê ou quem não corre riscos? Há uma  estatística que determina que certas práticas apresentam perigos maiores. Bem como uma outra certa estatística que afirma que o menino por achar que jaguatirica, leão ou tigre são bichos de pelúcia e mansos feito o coelhinho de páscoa, implica em delírio ou maluquice de sua parte.Consideram assim-assado porque eles e uma maioria de outros - ditadura epistemológica- acham que o coelhinho da páscoa é realmente mais manso do que os animais listados e visitados pelo garoto naquela manhã de inverno ao sul do Brasil. Mesmo que tal coelhinho não exista de fato. Pois ele há de direito. Caso contrário não falaríamos dele e nem besuntaríamos o mundo com serotonina de cacau, vulgo chocolate benzido. 
No último final de semana, o garoto, Destemido- Sem Saber-O- Porquê- Da- Silva, falou à imprensa. Gesticulou com um braço só. O pai- provedor de sua vida- só faz chorar. Ele talvez possa reger uma orquestra. Um novo modo de regência. Já está disponível na grande rede a imagem. Só falta pagar os direitos ao tigre. Senão, ele vai rugir de novo. E está certo.