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sábado, 5 de maio de 2018

Digressão sobre vinho, comida e abusos.

Digressão sobre vinho, comida e abusos.
Não costumo postar alguma coisa que critique certo empreendimento, sobretudo, nesses momentos de falência geral. Mas o quê justifica um restaurante que se pretende contemporâneo e só com produtos nacionais cobra por vinhos nativos uma fábula? O mais barato custa na faixa de cem pratas. A maior parte ultrapassava essa cifra e chegava a 150, 230, 300😮. ???? . Então você acha: Não devem vender muito. Adega pequena e para alguns afortunados, exibidos ou estrangeiro sem noção. A adega, ao contrário, é bem grande. Sem noção, visto que em qualquer país europeu produtor de vinho, você pagar 80 ou 100 euros num exemplar , quem o estiver servindo abrirá um sorriso contido, mas largo. A não ser que a carta , ou melhor, os proprietários estejam de sacanagem. Existem vinhos excelentes por 20 euros e já provei Bordeaux metido à besta - e na própria região- por 80 euros e estava uma bela caca..💩. Um vinho de guarda frouxo.
Num restaurante sério, e sabendo da variação climática severa que por lá ocorre, você tem direito à prova. Principalmente, quando escolhe um vinho mais caro. Eles são sérios! Vinho nesses lugares não é sinal de 'status' ou iguaria para deslumbrados. É costume, hábito milenar.
Eis então que surge- dificuldade de harmonizar o sub-latino, o sub-brasileiro ou o subsub-estadunidense e passam a dar notas aos vinhos..Esse vem da terra do Trump. Robert 'Caneta'. Começaram a produzir bons vinhos na Califórnia -graças a uma tecnologia de ponta e admirável- e por conseguinte se acham os donos dos vinhedos e paladares do mundo. O critério sobre as notas dadas por Robert 'Caneta' muitas vezes se parece com aquelas mesmas avaliações que surgem uma vez ao ano nas apurações de escolas de samba. Mas podem se aquetar: já temos no mercado os novos ricos subsubchineses. Já compraram algumas propriedades na França. E os franceses já estão tendo que readquirir algumas dessas. Prejuízo. Óbvio. Apesar de milenar, o chino é iniciante nessa área. Definitivamente, não é o mesmo que comer insetos. Além do que, ora ora, esse troço de vinho é coisa da burguesia! Não? Por aqui. Pois na França 'Revolucionária' ( aquela mentira) , trabalhadores foram mortos por não colocar nas suas modestas vendas se o vinho vendido era branco ou tinto. Não explicitava sobre o produto - na porta do estabelecimento e pronto! 'Seu Contra- Revolucionário a serviço do mal'. Já para Guilhotina.
O primeiro vinho que provei na vida- adolescente com os debutantes 15 anos- foi numa festa junina. Não era aquele quentão suspeito, mas uma pequenina taça de um Cabernet Franc que o organizador, um religioso do colégio Marista / DF, nos ofereceu. Foram os Maristas que primeiro cultivaram essa uva nobre - que acrescentada ao Sauvignon Blac - nos dá a filha adorada, o Cabernet Sauvignon . A uva não vingou no Sul por causa do clima e da sua fragilidade para certo solo. A produção era pequena e não compensava os custos. Por quê? Porque aqui o hábito é pequeno. Depois disso, fui um pouco treinado por um tio paulistano que tinha ótimos hábitos gastronômicos, operísticos e musicais.
As importações por causa da desvalorização da nossa moeda aguerrida apesar dos Lulas, FHCs, Dilmas e TEMERs jogam os custos lá para o alto, ao lado da chuva de meteoros.
Fora os impostos que cada estado cobra por essas exportações e que aqui no Rio são ainda mais estrelares. Concorrência cervejeira no clima tropical.
AH! O restaurante em questão não é novato. Já tem seis aninhos. O dono ou chefe ( quanta saudade dos tempos - olha o malfazejo saudosismo - em que existiam os cozinheiros de forno e fogão sem afetação) é homônimo da Rua Conde de Irajá, em Botafogo. Ótimas entradas e só. Além do vinho - caro e tão somente pretensioso - , um picadinho de carne e certos badulaques não valem 76 pratas.
Em tempos de garimpos delirantes televisivos, não havia nenhuma pérola ou ouro a ser revelado por ali. A casa, antiga e muito bem decorada, é linda

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