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quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Os eruditos.

Artur Xexéo escreveu uma crônica sobre as invasões bárbaras e que são justamente a intromissão devida, não indevida, dos chamados estranhos, portanto vizinhos, familiares, na vidinha de quem se torna uma figura um pouco mais vulgar, ou seja, pública. Tem gente que passa a vida toda tentando alçar esse posto. Muito inteligente, o texto dele. Fiquei atento, porém, ao comentário final em que ele desanca um desafeto que cometera um erro de concordância. Sapecou um "Houveram" no seu discurso. Como se trata de um político do parlamento federal- e carregado de acusações, logo um bom nome para presidir o Congresso- fica mais fácil proferir desaforos. Ele não fez nenhum,o cronista. Exagero meu. Ele só mudou de canal. A falação do 'nobre' parlamentar se dava num canal televisivo. É curioso como somos eruditos. E contra os desafetos então.... Brasileiro erudito. Uma formação inédita.
Quando Arnaldo Jabor- o corretor ortográfico insiste em profanar Jaburu- disse durante a transmissão de uma festa do Oscar que tal e tal órgão- não genital- 'premeia' uma certa coisa ou aquilo, caímos de pau. Ele deveria então dizer premia. Faz alguns meses que li um livro- comprado em Lisboa- em que o autor tenta articular algum vínculo entre Salazar- ditador-presidente português e que completa 40 anos de sua queda esse ano, 2014- e o futebol. Eusébio, o Pelé deles, morrera no início do ano. Nada. Nenhum vínculo.Diferentemente da estreita relação entre o general Franco ( Real Madri/clube espanhol) e Mussolini ( Lazio/clube romano) . Para ficar só no velho continente.
Salazar desprezava o tal esporte. Aliás, não gostava tampouco da capital, Lisboa. Preferia as aldeias portuguesas e que realmente são tão belas, aconchegantes, melancólicas. Como qualquer idiota, ele aparecia somente para 'selfies' e crianças no colo a fotografar, durante as inaugurações dos bons estádios da nossa ex-patroa.Dar beijinhos nos putos ( criancinhas por lá e crescidinhos por aqui) e estabelecer enquanto esquema de jogo dúzias de promessas. Formava assim o seu ataque. Deixar-se aplaudir.
O jornalista lusitano, lisboeta-alfacinha, que escreveu a obra, e é respeitado por lá, em alguns momentos sacou um premeia também. E no mesmo sentido - na sentença que estabelece- do que tentou dizer o cronista global. Está no seu livro e está correto. Ao menos de onde se supõe que a língua tenha brotado. O sotaque é nosso. Além do Xexéo, do Arnaldo e também do deputado.
Já imaginaram a junção das línguas? Um encontro diplomático entre senhores mandatários? ' Entre na bicha com o puto para ele levar uma pica'. Não. Não é um desaforo. Salazar pede para que se entre na fila com o menino para que ele tome uma injeção. Era um governante,digamos, com sensibilidade social. Só isso.

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