O senhor ou a senhora, naquele tempo qualquer pessoa com mais de 40 anos já estava condenado, aproximava-se do portão do colégio de bairro dito nobre - aos olhos de muitos um presídio de segurança máxima- onde se postava uma funcionária baixinha e de cabelos claros com um microfone prateado- feito os que os apresentadores de televisão populista, redundância desnecessária-, nas mãos lhe indagava: " Qual o nome do alu...". Antes mesmo que a dedicada funcionária completasse a frase, o/a tal responsável pelo inferior menor de idade já lhe atropelava os sentidos: " Essa é a questão! Qual é o seu verdadeiro nome?''. Atônita, a jovem senhorita em estado de perplexidade limitava-se a segurar firme o instrumento que potencializava vozes, sua garganta outra, olhando para o vazio. O branco que se constituía.
No interior do colégio-presídio porém, o menino de menor - ser inferior- escutou pela segunda vez a frase equivocante: ' A questão é saber qual o verdadeiro nome'?
Levanta-se ligeiro pois, foge daquela sala escura com os bancos perfilados um atrás do outro, onde prosa alguma era permitida e corre em direção ao tal portão de entrada. Ufa! Ufa! Seria isso a tal liberdade, igualdade e fraternidade anunciadas sob pompa francesa, depois o horror, de um Danton ou do seu amigo-inimigo Robespierre?
Uma longa fila de responsáveis maiores a aumentar de tamanho pela rua presidencial - codinome Prudente de Moraes, cujo personagem homem-importante, primeiro presidente civil do Brasil, morrera louco- e haja paciência!! Apresenta-se então o garoto esbaforido.... Aquele mesmo que fugira há pouco. Trinta e oito anos nessa tarde de Fevereiro, pré-folia de Momo.
De calças curtas e meias 3/4. Parecia um anão ou o filho perdido de um estilista gay emergente.Teria sido ali que compreendeu qual o seu verdadeiro nome? Uma espécie de versão menino de Alice carioca na cidade maravilha?
Há de se indagar para sempre, e a cada escapada, a cada fuga, a cada salto sobre bancos perfilados, o que pode configurar o vazio de uma folha, metamorfoseada em branco de tela digital. Binarismos a enésima potência. Tecle.... angústia.
Lá na frente. Aqui ao lado. Em qualquer lugar, já que lugar algum. Portanto, todos os espaços possíveis. Mas.... Qual seria mesmo o verdadeiro nome seu?
2 comentários:
a cada vez que descubro meu nome, descubro outra pessoa em mim. e aí aquele nome não me serve mais.
É ISSO AÍ MESMO.
Postar um comentário