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domingo, 10 de abril de 2011

Na Escola.Tintas e armas.

Numa escola do Rio, um moço que, permanecia paradinho na sua própria infância,abriu fogo contra adolescentes e depois atirou contra o próprio corpo.Ali ele estudou por anos.Morava no mesmo bairro,um dos mais quentes da cidade, e não gostava muito - pelo que relatam aqueles que o conheceram- do convívio com gente.A não ser para lhes dar uns tecos. O cenário para o horror ,instalado após o fuzilamento que tirou a vida de 12 adolescentes, prossegue. A quantidade de tolices e imprudências que se diz na persuasiva e abominável mídia é de estarrecer. Inventaram o trauma "a priori" e foi reaberto o arquivo de xingamentos nosográficos - aqueles manuais psiquiátricos ,repleto de casuísticas e que pouco esclarece - a fim de se estabelecer uma certa lógica para o evento.Esquizofrenia foi termo- e até já foi conceito decente- apareceu à beça.É simples assim: não sabe o que é ou como funciona aquele processo,aquele sistema,aquela complexidade toda,sapeque um Esquizo tal que o pessoal do mundo se acalma.Os tais Esquizos não.Eles sapecam suas armas.E elas podem ser diversas,mesmo quando miseráveis. Por esses lados dos trópicos, já foram fuziladas crianças que dormiam na porta de uma igreja,famílias inteiras chacinadas,maníacos nos parques a estuprar mocinhas que só queriam uma sacanagenzinha na Floresta e por aí vamos.... Somos um país muito violento.Para se ter uma idéia,nos Estados Unidos ,onde as armas podem ser compradas livremente em quase todo o país, ocorrem 15 mil mortes anuais ,em média, por armas de fogo. No Brasil,onde é proibida a venda das mesmas,ocorreram 50 mil mortes violentas no ano passado.A maioria atinge jovens e até crianças.Política de extermínio? Certamente que não...... Alguns afirmam que há uma guerra civil por aqui.Não.É pior.Numa guerra civil existem áreas demarcadas de conflito.Nossa área de conflito é a cidade toda.Certa vez, retornando da Cidade De Deus, antes da fama da God City e bem depois de Agostinho, ao chegar no Leblon ,bairro nobre,quase fomos assaltados violentamente,uma colega e eu.Quase rezei ateísticamente,só com fé portanto,ao Santo João Ubaldo Ribeiro,que por lá reside maravilhas. A Cidade de Deus não tem bom retrospecto em termos de segurança,civilidade,desenvolvimento e quetais.Porém,nunca fomos molestados por lá.Vez ou outra uma metralhadora entoa canto próprio,mas nada é mais normal. O tal moço entrou e fuzilou os seus colegas que ele jamais viu.Mas ele se lembrava mesmo assim.Um gordinho lhe implorou para que não o matasse.Foi atendido.Gordinho,viado,gente feia,careca e outros tais eu poupo!!Parece que gritou algo semelhante.O Maluco então - como muitos de nós- era racista!! Uma imagem me congela.Era uma avó.Ela serenamente está em choque.Perdera a neta no tal atentado.Achei que a tal senhora,cujas rugas e marcas na face apresentam tempos de sofrimento,tivesse acabado de chegar de um terremoto japonês,tamanha a sua sutileza. Ela responde às perguntas de sempre,pois o roteiro caducamente se repete.Diz que Deus sabe.Só não disse o que ele sabe.Aguardei pelo segredo jamais revelado,afinal o Tal Deus proclamado é onisciente.Seria sádico?Seria racista?Teria ele perdoado o tal matador?Era esse o seu destino,o seu desígnio?E se Deus não gosta de criança?Ou então está morrendo de medo dessa gente que somos nós e resolveu sequestrar as criancinhas com ele? Deus pode ser pedófilo?"Mamãe !!-eu gritava; Por que a terra treme tanto e as co isas caem e morrem e se quebram e não voltam e se sofre e se vive?'. Mamãe me achava esquisito desde sempre.Nessa hora eu virava filho só do meu pai. "Responde lá para o seu filho que ele hoje está inquieto"- dizia mamãe ao papai inábil. Um dia fui para escola.Não queria.Coloquei o termômetro no forno e entrei para o livro dos recordes: 60 graus.Mamãe disse que eu estava morto.E eu vivinho...Passei a ficar com raiva dela.Fui para o colégio ,mas lhe avisei: "continuo vivo e parto para guerra.Nem você poderá me deter,pois me enganou o tempo todo.Se quem me trouxe foi uma marginal de uma cegonha sem rosto ,nome ou endereço conhecido,e não você,estamos rompidos".A moça riu.Nunca vi uma cegonha sorrir tão lindamente. Cheguei no colégio e apontei a minha arma.Pronto. Misturei todas as cores nos copos possíveis com os pincéis trocados.Guerra,guerra,guerra santa! A sala vazia a espera dos alunos para a aula de artes.Já que é arte,fiz a minha.Sacanearam-me na semana anterior em que o termômetro foi um aliado fiel e menos estabanado.Faltei sim e não nego.Só por isso tiraram o meu lugar na mesa acolhedora.E ali estava aquela moça linda com nome de flor: Maria Rosa.Uma das primeiras punhetas e paixões.Era essa a ordem afetiva? O irmão da Rosa ,talvez um Lírio,tournou-se cumplice em outras peraltices.Queria me aproximar dela e não dele.Ele não desconfiou e ficamos amigos.Convidou-me para o seu aniversário.Uma casa adorável na rua Nascimento Silva,em Ipanema,bairro bacana,até nasci bem perto.E estou careca e esse meu ex-amigo é gay!! Faz tempo inclusive que por lá só se adoram os edifícios.Uma pena. Chegando na festa , eu a vi com outro.Quase morri,quase os matei.Na verdade,eu os matei.Senão não estaria aqui escrevendo sorrindo sobre isso.E eles? Acho que se casaram e são infelizes,graças a Deus. Ninguém me escutou.Agora estão -onde nem a vovó consegue ainda me dizer-, arrumando as cores que mal enxergam.

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