Duas situações contemporâneas opostas, escrota e delicada, nesses tempos em que estamos enfiados. A VIDA COMO ELA HÁ.
Cena 1: Praia de Ipanema, uma sexta-feira à noite ( meus hábitos de corrida quase centenários) .
Na ciclovia, de repente, três moças que passeavam na calçada decidiram mudar o rumo. Melhor dizendo: somente uma mudou o curso, mudou o sentido da sua trajetória e se postou na frente. Eu já tinha visto as 3 beldades. Acreditei que tinha visto também uma garrafinha de cerveja nas mãos de uma delas.
A tal moça, de gestos temerários, parou, sorriu e me deu um abraço. Primeira reação após ela se afastar sorridente. Uma pequena digressão: a lindeza de moça, quero crer que era turista. Primeira reação: fui roubado. Mão no bolso do short, cariocamente fechado, nada foi levado. Carinho assim, do nada... Se fosse o contrário, estaria preso.
Cena 2 - Metrô após um jogo de futebol à noite.
Quatro moças e duas delas olhando para aquela plaquinha luminosa ( não sei se é assim que se diz) que indica a estação por vir. As carinhas indicavam que não entendiam o que viam. Pensei: turistas perdidas. Jogo do Flamengo, à noite, e que termina tarde, durante a semana, só tem profissional. Turista profissional sabe o sentido de onde está. O sem noção, cada vez mais numeroso, fica paralisado na sua desorientação temerária. Afinal, a capital fluminense (amor da vida inteira) possui aquele cruzamento entre a Avenida do Coisa Ruim e A Rua do Estrago. O que fazer, agir, enquanto algo gentil, cavalheiresco quem sabe? Vou falar com uma delas. Assim o fiz, indicando o nome da estação seguinte, conexão possível, etc. Nenhuma resposta. Nenhum agradecimento. ‘Valeu, obrigada..’ Nada.
A tal estação indicada chegou antes do previsto. Desceram as duas primeiras e as duas que estavam um pouco mais afastadas chegaram para sair. Quando a porta do trem dizia Adeus, a última a sair (moça pequenina e bem jovem) vira-se para mim, que estava próximo da porta, e diz : ‘Seu Filho da Puta!’ Há muito que não permanecia em estado de perplexidade. Pois fiquei.
Creio que a cidadã achou que eu tivesse passado uma cantada na amiguinha ou namoradinha dela. Tive sorte porque o barulho dentro do transporte público era demasiado. Ninguém ouviu. Caso contrário, alguma satisfação poderia me ser demandada.
Nesse mundo machista, misógino, escroto, assassino, é assim que as coisas estão. Hoje, no vagão, uso óculos escuros. Num dia chuvoso, guarda-chuva a postos, houve gente que pensou que eu era um ceguinho. Me ofereceram até ajuda, um braço amigo....
A passagem de Lô Borges, para mim, é uma sensação muito dramática.
Lô, que eu sempre considerei minha maior influência, se vai assim de uma hora para outra, me deixando perplexo !
Sem dúvidas, o maior compositor da minha geração.
Como eu venero suas obras e sua figura tão humana e gentil na música brasileira .
A Via Láctea te recebe como o maior criador a servir de guia para a musica de todos nós ! …
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