Avenida Vieira Souto, tarde de sexta.
Uma equipe filmava um capítulo de novela em que uma das personagens é menino/menina. Ela estava por ali. Sentada aguardando a chamada para cena. Bisbilhoteiros fuçavam a cena com seus abomináveis celulares. Passei correndo, malcriado. A ciclovia me acenava como se dissesse: ' Venha amigo velo. Você me usa e abusa desde a adolescência.' Diligente, obedeci. AS balas histéricas cantavam soltas na Rocinha.
Chego ao Arpoador onde frequentei por treze anos o espaço que batizei como 'Flintstones Fitness'. Uma academia de musculação feita de pedras e rochas e pedritas e freds e wilmas e o quê não foi e nunca será. Como avisa uma outra canção.
Não frequento mais os pesos porque arrebentei a coluna no ano passado por conta da brutalidade do material em questão.
Fico pendurado naquelas barras, paralelas que, gentilmente, espalharam-se pela orla toda. Feitas de material que não corrói. Que resiste à força da maresia e bebedeiras, melhor dizendo: ressaca do oceano próximo.
Antes de me retirar, um DOG alemão faz uma saudação. Dog Alemão é aquela mistura de cachorro com cavalo. Enorme, lindo e bobalhão. Adoro. Em seguida, uma senhora com o canto da boca um pouco torto para esquerda se aproxima. Tem os olhos arregalados e um sotaque turístico. 'Moço, por favor. Posso chegar a Copacabana seguindo por aqui?'
'Não, disse-lhe. Por aqui só se for a nado. E mesmo assim teria que transpor as pedras e rochas ( atravessaria portanto a Flintstones Fitness) , arrumando assim um outro problema. Terias que invadir aquele espaço ali e que pertence ao exército. Ao famoso e conspirador, Forte de Copacabana.'
Mostrei-lhe o sentido apropriado a seguir.
'A senhora está de férias?'
'Sou aposentada. Trouxe os meus sobrinhos para o Rock in Rio. Eles se mandaram para o festival e eu resolvi passear. Tenho 70 anos. Sou viúva.'
'Boa caminhada. Boa jornada, Seja bem vinda'.
Ela ajeitou, com muito esforço, a boca torta e fugiu feliz.
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