Curioso quando se para.
Interromper movimentos que seguem o seu fluxo como se fossem um caminho único e necessário é penoso,pois o recomeço é mais difícil. Continuidade é fundamental.
Escrever é um exercício como outro qualquer. Quem tem o hábito de práticar esportes conhece bem as dores após uma interrupção. As limitações ficam impressas no corpo.A máquina enferruja. O corpo que possuímos é uma tolice completa sem as possibilidades reversivas da nossa mente . Essa ferramenta que utilizo nesse momento, de cepa binária mas com perpectivas ambiciosíssimas à frente, chamada computador, acelera a debilidade dos meus dedos idiotas, por exemplo. Alguns senhores, tais como Liszt ou Beethoven, diante de um piano pareciam ter dezenas de dedos,não idiotas.Interromper um exercício de escrita também. A folha em branco é um algoz poderoso e cruel.Preenchê-la pertinentemente é uma vitória grandiosa.Goza-se e muito!Felizmente,passa . E aí....
Será que alguém precisa de algum assunto específico para escrever? Alguns pensadores importantes na história do Ocidente descreveram o homem, sua principal característica,enquanto feixe de sensações,percepções. Influenciaram nosso modo de funcionar por séculos. Talves daí tenha vindo aquela idéia romântica,colocada filosoficamente por gente brilhante no século XVIII ,século XIX, quando da suposta crise de um certo racionalismo,a tal da inspiração.O século das Luzes,das idéias foi invectivado duramente.Houve -segundo arautos da Filosofia- embates pesados entre partidários de Schelling e os Cartesianos ou Platônicos, etc. 'Isso é arruaça de Alemão' - teria dito um Francês cheio de idéias puras, verdadeiras.
Amigo querido me contou então que ouviu comentário de gente conhecida que a expressão "Cidade das Luzes" ,outorgada à Paris,devia-se ao fato da boa iluminação pública nas ruas e em torno dos seus monumentos maravilhosos. Fantástico,não? Se bem que sou obrigado a discordar visto que Paris, assim como O nosso Rio, Brasília e João Pessoa estão entre as cidades mais arborizadas do mundo.Logo, o que temos são sombras e não luzes! Temos ,portanto, que nos precaver contra as luzes,pois trazem as sombras juntamente.O raciocínio não é de todo ruim! Algum boteco há de acolhê-lo.
Toda fonte de inspiração é válida.Marcel Proust escreveu sua vasta e bela obra através das reminiscências que um quitute françês, metido à besta (desculpe pela redundância),conhecido como Madeleinel,lhe sucedia.
Experimentei certas formações comestíveis e não obtive tão nobre inspiração proustiana.
Vou insistindo pelo caminho que posso ( há pouco escutava Idid it my way com o grande Frank Sinatra) e ele tem razão.
O importante é reconhecer que insistir é o movimento que nos resta.Nada mais vale à pena. Esse é o sentido do navegar é preciso em Pessoa, para Pessoas.
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