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terça-feira, 1 de junho de 2010

COPACABANA,JUNHO 2010.

Tenho uma empatia visceral por Copacabana. Jamais morei em Copa ,mas tenho amigos queridos que por lá vivem uma vida inteira.
Hoje chove e faz frio no Rio de Janeiro.Razão suficiente para que se mude de lado, rotina alterada. Imaginem que há gente que não gosta,preferindo o calor africano de 50 graus.Caríssimos, temperaturas como a de agora, em torno dos 19,18 graus é temperatura para pessoas civilizadas!
Andando nas ruas do também Hospício Copacabana , o ritmo é cadenciado.Pude até contar as buzinadas que não ouvi.Há um silêncio de corpo encolhido ,pois acolhido está.
Há muita gente feia também,gente maltratada.Copacabana mais parece O inconsciente freudiano ( e Freud havia feito comparação com Roma ,onde vislumbrava-se o Coliseu e suas célebres abóbadas e arcos com anéis concêntricos e um prédio com traços modernos, nas imediações) com suas possibilidades múltiplas. Na praia, vemos alguns edifícios maravilhosos ,não só do ponto de vista arquitetônico, quanto na riqueza dos adereços,espaço imenso, etc, e o cortiço ao redor.Gente idosa , a maior população de idosos do Brasil, e meninas e meninos tentadores.Uma boemia singular e um reacionarismo eclesiástico.O Hotel mais famoso do país , O próprio Glamour Guinleriano ,O COPA PALACE, e os puteiros a céu aberto.
Recentemente, um famoso puteiro .à beira da praia, foi despejado: excesso de putas e inveja do Estado.Vão colocar ali um museu....de música.Museu de música! Que diabo é isso?Por que não um museu de raparigas?!
Um taxista,achando-se bem informado, contou-me que o terreno do ex-bordel ,agora museu, pertence à igreja.Nada mais pertinente.A escritura nem precisou afirmar :usofruto.
As mocinhas despudoradas migraram para outros bairros.Vez ou outra as vejo aqui por perto de casa.Noutro dia,no bairro Manoel Carlos, apelidado de Leblon, o centímetro quadrado mais caro do Universo eterno, uma delas se ofereceu por 50 reais. O cliente recusou porque estava sem trocado.Além do quê ,tinha saído da missa ,fazia pouco tempo.Sabem como é....pecado....essas aventuras outras!
Olhei de lado para o local onde durante 5 meses tentamos salvar a minha mãe.Fica ali,escondidinho na Siqueira Campos,o tal Copa Medical Center. Siqueira Campos,um militar arretado que participou da revolta tenentista,foi político ousado.Quem sabe esse destemor não inspirava aqueles medicamentos quimioterápicos todos a destruir as células mortais que consumiam o corpo elegante da minha mãe.
Funcionou por 5 longos,intermináveis meses.Era o fim de 2005 ,início de 2006.
A lanchonete simplória da esquina,aonde transitei breves momentos de alívio ,durante as horas em que permanecíamos naquele centro de tortura,morreu também.Lá,somente restou uma parede azul contrastando com o cinza do céu e a saudade que não me deixa ,nessa tarde de Junho, de um ano a menos.

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