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segunda-feira, 13 de abril de 2009

Prosseguir

Prosseguir.

E por falar em escrever .... Tenho tentado, ao menos uma vez na semana , escrever sobre algo. Um dia declarei que preferia os textos curtos para não perturbar os que por ventura fossem lê-los . Mentira pretensiosa. Quem garante que alguém vai ler esses troços? E quem disse que tenho que escrevê-los para alguém, além de mim mesmo? Caso contrário já provoco uma censura prévia. A censura, a crítica ( sempre destrutiva por mais elogiosa que seja , pois provoca o surgimento de um fato novo ) vem de fora. O que me levou a ler alguns textos com imenso prazer e outros não? Não sei. Talvez alguns dos que mais repudiei , tenham sido os mais pertinentes. Lembro claramente quando descobri Freud. Adorei e odiei também. O velho quase sempre acerta. Bertrand Russel, Clarisse Lispector, Cioran, MD Magno também. Provocam arrepios. Prazer e Desprazer lado a lado. Autor que não acossa , você não o estuda. Lê entre um mergulho e outro.Aliás, Proust – outro demônio- os abominava.
Os entendidos proclamam que a literatura não tem mais aonde ir. Mas será que somente a literatura? As artes plásticas estão indo para onde?E a música? Alguém viu por aí um Novo Beethoven?Um novo Brahms?O Jazz americano bem que tentou. Em termos de riqueza musical contemporânea , creio que foi o movimento musical mais profícuo.
É bem difícil- quase impossível- depois de um Joyce ou seu primo Brasileiro Guimarães, O Rosa, a gente conseguir torcer esse troço limitado denominado linguagem, denominado escrita. A língua tem limitações claras, senão não existiriam os poetas.Eles tentam atravessá-la o tempo todo.Se angustiam e furam o verbo...um pouquinho. Há aquele ponto que um Wittgenstein da vida mostrou que não se atravessa, é só silêncio.
Recordo-me de Shakespeare e seu alter-ego obsessivo, o Sr Hamlet, cheio de culpas e impotências. MD Magno , cuja língua natal é bem mais rica do que a do Inglês famoso, desconfia que ele se enganou ao dizer “ Ser ou não ser”. Ele talvez estivesse dizendo “ Haver quer não haver”....essa é a questão! Em compensação , os ingleses não chamam seres inanimados de ela ou ele. Cachorro por lá não é sujeito!
Desci uma serra olhando o abismo próximo. A cada curva uma vã esperança de que a próxima será dobrada, vencida, recortada,virar reta, atravessada. Assim como na escrita. Ao menos tentar. Sempre....

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