Oficina Clínica. Sábado de Sebastião do Rio de Janeiro. Dia 20 de Janeiro, 2024. Minha amante mais difícil. Linda e feia; simpática e muito hostil: violenta. Bastante violenta. Sobretudo, deliciosa e angustiante imprevisibilidade. Amadorismo não faz morada nesses lados.. Gente-Eu-Tu e sua postura predatória com essa cidade. Uma pena. Minha casa; meu berço rodeado de águas guanabaras. Quase não nasci naquela clínica em Botafogo, por causa das águas protagonistas. Tem-po-ral.
carluchiando
Impressões sobre fatos que insistem em acontecer.
sábado, 20 de janeiro de 2024
domingo, 14 de janeiro de 2024
Na sequência das belas fotos do amigo , Potiguara M. Silveira Jr. . Consegui essa. Na verdade, foi a Monica. O importante da imagem , não é somente a Lua, mas o Vaga-Lume.
Certa vez, ao lado de um tio nordestino para lá de destemido, na capital do Rio Grande do Norte, de onde vieram os meus saudosos pais, avós, bem no centrinho antigo daquela então pacata e acolhedora cidade, a seguinte cena acontece:
Na sequência das rememorações com tios queridos e saudosos , a primeira experiência libidinal demoníaca se deu nos idos dos anos 1970. Na Avenida mais célebre da capital mais rica do país, SP, Avenida Paulista, existiam 3 salas de cinema de uma tradicional emissora de TV: A TV Gazeta. Que ainda resiste. Gazeta, gazetinha, gazetão. Eram os nomes das respectivas salas de cinema.
terça-feira, 19 de setembro de 2023
Lá onde a coruja dorme!
A memória não precisou de muito esforço para alcançar as imagens e conversas da época. Esse enredo diz respeito a um fato pueril, despretensioso, leve e que alcança o mundo esportivo da bola dos gramados e chuteiras, hoje em certos recantos, milionários.
Waldir Amaral era um locutor de jogos de futebol. Vinha desde os anos 50, século passado, e tinha aquele timbre de voz inesquecível (qualquer um pode acessar suas narrações através das plataformas internéticas). Fã do Botafogo, dividia na Rádio Globo as transmissões com Jorge Curi. Jorge era um outro cracaço das eras gloriosas e glorificadas da rádio. Essa divisão passou a ocorrer quando ambos já estavam mais velhos. Waldir narrava um tempo do jogo, Jorge narrava o outro. Se bem que não era somente pela idade. Aqui meu relato se equivoca porque eles fizeram essa dobradinha na Copa de 1970. Aquela que ofereceu, para sempre, ao Rei Pelé, o seu trono devido. Informação importante já que cometi a indiscrição reveladora sobre a instituição esportiva predileta de Waldir: Jorge era muito flamenguista.
Jorge era irmão de Ivon que por sua vez era cantor e ator conhecido. Foi um dos criadores, aqui no Brasil do que Japonês inventou com o nome de Karaokê. Um lugar em que as pessoas têm acesso, através de televisão ou computador, de uma música, uma melodia em que a voz do cantor/a está suprimida. A letra da música surge na tela para que seja cantada pelos amadores também conhecidos como clientes. Obviamente, surgiram nesses espaços pessoas que sabiam ou sabem cantar. Mas isso não é o mais frequente. O que temos na maioria dos casos é aquele desastre de vozes desafinadas, com impostação equivocada, etc. Quando estive nesses ambientes, o cenário para mim sempre foi de palhaçada geral. Afinal, todo mundo tem currículo.
O Karaokê de Ivon Curi chamava-se Canja e restava ali na esquina da Ataulfo de Paiva com a Carlos Góes, Leblon. Essa esquina embalou as minhas tardes, pós- praia e noites, a dentro. Incontáveis fantasias, amigos revelados e eternizados. Como sabem, toda fantasia para a Psicanálise, desde Freud, é sexual. Foi no Canja que fui e num outro que ficava em Botafogo e que também se tornava célebre. Aqui, entre nós, que presente aos ouvidos, aos ouvintes. Hojendia, bem mais exigentes e sensíveis.
Waldir eu conheci no Caiçaras. Clube localizado na Lagoa Rodrigo de Freitas, Epitácio Pessoa (nome palaciano) e que deveria se chamar Laguna Rodrigo de Freitas porque está conectada tanto com a água salgada do Oceano quanto a água mais adocicada de um rio.
Entrei sócio do Caiçaras antes mesmo de saber escrever. Se é que aprendi. Permaneci por 18 anos e recordo da primeira festinha para os colegas do colégio que detestava. E de diversos festejos outros. O melhor daquele colégio que, carinhosamente, chamo do meu primeiro exílio, eram as festinhas. Tinham uns garotos enricados cuja família fechava o Tivoli Park, também postado na Lagoa-Laguna, mas com nome de um outro político e que não foi Presidente do Brasil: Borges de Medeiros. Presidiu sim, na República Velha, O Estado do Rio Grande do Sul.
O Tivoli merece esse parágrafo exclusivo à medida que foi para nós, tropicais seres, uma espécie de Disneylândia carioca. Uma década depois surgiu a Medinalândia, conhecida, até na estranja, como Rock in Rio. E o Maracanã, apesar da destruição desrespeitosa que sofreu a partir de 2010. Provavelmente, o falecido Estádio Mário Filho é o maior campo de golfe do mundo.
Portanto, após um sonho em estado de vigília, essa história acontecida reaparece nessas letrinhas:
Waldir narrando o jogo, Maraca raiz lotado. Ibrahim Sued, à época como fotojornalista e pouco se lixando para futebol, escalado para cobertura do jogo com sua máquina fotográfica a postos. Ele que, posteriormente, se tornaria apresentador de TV e colunista social com suas frivolidades típicas, repletas de mimos, badulaques, sem dar a mínima para aquela pelada séria, profissional, testemunhada por centenas de milhares de tarados (já diria Nelson Rodrigues. Irmão de Mário Filho e que batiza o estádio fincado na Tijuca) percebe algo diferente no cenário tão mundano do jogo de bola. Ali, na verdade, acolá, cochilando sobre o travessão (aquela trave terceira que fica acima do cocuruto do goleiro) dormia uma coruja. Pois É. Tranquilamente, uma coruja dormia.
Não sabemos se era macho ou fêmea, o tal bicho, mas Ibrahim garantia o fato e exibiu a imagem. Ele fotografou a ave, também conhecida como ‘a soberana da noite’, misteriosa, símbolo de sabedoria para tantos, dormindo enquanto a partida transcorria. Tão somente conhecemos sobre a anatomia do bichano para saber se possui glândula pineal e melatonina suficiente para adormecer quando o sol e o barulho da multidão parecem não atrapalhar seu repouso. Morro de inveja.
Capa do Jornal, manhã seguinte, a fotografia, diriam hoje, viralizou. Naquele instante, Waldir Amaral também se torna um pouco mais imortal, através das suas futuras locuções. Na linguagem do boleiro, ao dizer assim:
‘É gooool!!! A bola entrou no ângulo superior esquerdo da baliza que está localizada à direita das cabines de rádio. Tem peixe na rede do fulano, choveu na horta do sicrano. Lá! Onde a coruja dorme! ‘
segunda-feira, 8 de maio de 2023
Ruy Barbosa ,cujo texto era prolixo demais e os discursos tão longos que cansariam até Fidel Castro e seus seguidores, faz 100 anos de morto ...Isso é algo estranho para se dizer de alguém que, centenariamente, não pode mais se defender . E se ele fizesse ,ficaríamos até o fim do ano escutando as 'ruyzices'. Foi um herói( para Ruy sempre uma oxítona em ditongo aberto carregará o acento, ó pá ).
Notas de perplexidade
😵
Pedrinho Matador, sobrenome incorporado, foi condenado 20 vezes pelos 71 homicídios segundo dados oficiais. Contudo, ele se vangloriava de ter cometido ao menos 100. Número redondo.
Sabe-se que boa parte dos crimes foram realizados na própria penitenciária, em SP, capital, onde cumpriu 42 anos de detenção. Dentre os assassinados, seu próprio pai. O rapaz se dizia um justiceiro e nessa terra de Cabral em que somente 10 por cento dos homicídios são solucionados , o serial matador devia ter apoiadores e financiadores potentes. E aos montes.
Incrível não é mesmo ? Alguém matar dezenas de pessoas dentro de um presídio e ao longo de décadas! Um gênio na arte da invisibilidade.
Saiu da cadeia em 2018. Tinha dinheiro...Morava com uma irmã que deveria dormir com a porta do seu quarto bem fechadinha.
Domingo último, Pedrinho , quase septuagenário, encerrou carreira para sempre.
Curioso o fato de alguém que não foi contido, isso também é bastante relevante, 'esquecer ' de se esconder ou sumir para bem longe, para sempre. Ao contrário, esse Pedro Mau exibia sua rotina. Chegou a gravar entrevistas para programas televisivos de grande audiência. E tinha também conta em rede social. Por exemplo : euzinho sabia que ele jogava sinuca tantas vezes por semana e num mesmo local; naquela mesma 'bathora'.
Ele, por suposto, era alguém bastante contemporâneo, nesse aspecto, diante e mediante esse inacreditável mundo velho,ou seja :
Vale mais se exibir, custe o que custar, nessa horda de baixos narcisismos.
Mas ao que parece, o fã clube do criminoso resolveu lhe fazer uma visita à bala; à faca. Lá, na tal casa , da tal irmã, onde morava e fazia questão que outros não euzinhos soubessem também.
Perversidades com testemunho midiático são virtuosidades para muita gente nesses nossos dias. E o cinismo? E a burrice?
A terceira guerra mundial, realmente, já começou faz tempo. Aquela no Leste Europeu, a mais célebre do momento, tem estilo vintage.