Sobre fuzis. Brasis/Indonésios.
A pena de morte é um castigo irreversível e bárbaro. Seja a injeção venenosa discreta, o fuzilamento ou ainda a decapitação ‘’sanguilonenta por demais “ – diria um Odorico Paraguaçu ( personagem de Paulo Gracindo na novela exibida nos anos 70/80) e cheio de amor a ofertar. Talvez por isso não tenha inaugurado o seu cemitério sucupírico com outro defunto, senão ele próprio.
Levantando a ficha do condenado, deparamo-nos com a seguinte declaração : ‘ Nas muitas vezes que lá esteve reconheceu o risco, mas a beleza e o preço em conta e mais o cachê pelo produto traficado compensavam. ‘A Indonésia é linda’- declarou. Portanto, sabia do risco sobre o erro. E burlou a regra da brincadeira. Daí o erro. Criança malcriada feito a gente; feito de gente. Desconhecer a lei? Não nos é permitido. Esse é um dos aspectos perversos de qualquer enunciado legal. O outro é a simples aplicação em pró de uma suposta maioria, cuja decisão foi convencionada por uma minoria de excelências. E aí o turista desavisado se por aventura de férias decidir por dar uma cusparada no chão de uma rua em Cingapura ou em outro lugar do planeta será multado. Nos EUA o regime federalista impõe regras específicas a cada Estado. Lá, o Estado tal pode matar oficialmente e um outro Estado não. O cidadão sabia. Quis ser mais esperto do que os espertos. Nossos conterrâneos da cidade ‘maravilha’ bem sabem que um bom malandro joga limpo. Joga o jogo das seriedades. Não que ele não tenha feito em série, mas arrogantemente ( ingenuamente?) fingiu que não sabia. Aliás, está na moda- ao menos nos últimos 12 anos- ver e não ver; mas foder e saber. Ah! Isso é tesão para valer! Olha a má criação sacana aí. O modismo do ‘recalcamento’ cínico. Daí o pedido de clemência. Faz paridade.
Foram executados australianos, indonésios e outros cidadãos do mundo. Integram uma lista dessa praticagem de fuzilar, nesse arquipélago gigante asiático, desde o início dos anos sessenta. Não é pessoal, nem tampouco
está assentado sobre argumento político. Em certos momentos por suposto que
sim, pois os norte-americanos ( sempre eles) entregaram uma lista com cinco mil
nomes de membros ou simpatizantes do partido comunista para serem fuzilados
devidamente, na época da mal chamada guerra fria ou armistício postergado. Sem
contar os inimigos do governo local. Pode-se ler nas entrelinhas; ‘ In god we
trust’. É trágico, foi triste. O peso da condenação nos parece exagerado diante
do delito cometido. Por que então não negociar com esses caras- é a maior nação
islâmica do mundo e aqui pelos nossos altares o catolicismo comanda- acordos
comerciais mais rentáveis entre Brasis e Indonésias? EUA faz o tempo inteiro
isso. Tudo bem que se trata da maior potência econômica= potência bélica
existente. Isso tem um peso gigantesco tal qual o tamanho geográfico daquele
amontoado de ilhas, mas pode-se tentar. Se realmente há interesse. Ou seria
mais uma tentativa de retirar das primeiras linhas dos nossos jornais aquilo
que não se sabia e que nunca se verá? Porque não se quer.
Assim sendo uma extradição para quem está no corredor do
fuzilamento e sob tortura há muitos anos (isso é que é o pior) não seria de
todo impossível nesse jogo entre coringas determinados. Não há espaço para
amadores. Infelizmente, existe de sobra para demagogos atrapalhados.
OBS: Arnaldo Jabor chamou de medieval tal fato. Tem razão. E
o que se passa no Brasil Carnaval e seus hospitais públicos, na segurança
pública, na educação pública, no sistema penitenciário, no puteiro parlamentar?
Vai unzinho aí, excelência?