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sexta-feira, 30 de maio de 2014

Nos tempos de Mujica e dos baseados oficiais. Uma figura do Leblon: General Artigas.

Primeiro a rua Igarapava; rua Aperana em seguida e depois sobe-se mais um pouquinho, pois quando o fôlego não lhe fizer mais companhia aproveite o tronco solidário de uma das muitas árvores que ali residem para uma pausa. Pode-se optar pela sobrevivência. Não é necessário, não é preciso. Nenhum tipo de imperativo em jogo diante do alerta que sopra um poeta lusitano. À sua época, navegar era preciso. Numa jangada de saramagos e os novos mundos à vista.
Portugal se constituía de descobrimentos e terremotos. Fizeram pelos mares o que estadunidenses, russos e agora chinos fazem no espaço.  Não sucumbira, sua capital lisboeta, quase dois séculos antes, porque um nobre Pombal, um certo marquês, agiu através da frase, quase profecia, e que também fora dita por um alcaide novaiorquino diante do terremoto árabe, torres univitelinas massacradas, ano 2001, em seu próprio território: " Enterremos os mortos e cuidemos dos vivos". Em estados de exceção, precisam-se de atos soberanos.  Mas para existir soberania há de se fazer estado, nação de fato. Caso contrário pode não sucumbir mas transformar-se em estado sucupira. Aquela nação dos Odoricos, dos  Zecas Endiabrados. Jangada de Dias Gomes.
Perambulando por dentre ruas até navegáveis um pedaço da história brasileira surge. E ela surge através da estranja e sua presença quase onipotente diante dos olhar subserviente de nossa gente. Pelos lados do fim do mundo, parece terminar na Patagônia, o estrangeiro detém um monopólio de saberes. Eles podem pensar. A gente por aqui consente. Se juízo tem. Felizmente, há herói desajuizado. E já houve muitos.
Desde ali, reside também, fazendo companhia aos troncos e tantas árvores, aquela rua daquele general uruguaio que junto com seus aliados paraguaios rebelou-se contra a província de Buenos Aires, contra os mandatários de sua capital, Montevidéu, para se livrar de uma vez por todas e para todos dos seus colonizadores espanhóis. General Artigas, seu posto. Encontra-se com um San Martin festejado e não esquecido.  Em alguma esquina da cidade. Artigas ao responder a alguns dos seus inquisidores lembrava-lhes que era possível uma terra com jeito e cara uruguaia. Conseguiu. Estamos no século XIX e ele teve que se exilar por trinta anos, já que fora traído pela própria turma que supunha ser sua também. Foi resgatado por um pintor compatriota ( Juan Manoel Blanes) que teve acesso aos desenhos pintados por quem fora enviado- um espião espanhol- para assassinar o General em seu acampamento, no seu front. Fracassou pois aderiu ao movimento. De fato, martirizou-se  pela morte de um soldado, e amigo do militar herói , a quem plantou uma armadilha fatal para não ter a identidade revelada. Quem o matou foram os mesmos portenhos que o enviaram para assassinar Artigas.
Como se vê pouco mudou abaixo das calcinhas do equador.
O quadro pintado, rejeitado algumas vezes na sua versão primeira, tem cópias espalhadas pelo país inteiro. Lá no pequenino e tinhoso Uruguai que se assemelha em dimensões ao Leblon. Bairro onde essas ruas descansam e se exibem em guerra e paz. Alusões ao Tolstói rebelde.
Mormente por um ataque de saudosismo ao antever a ameaça presente do buraco fundo em que mundo algum faz morada. A melancolia analisada, desnuda, por Freud e aquela que Lars Von Trier sonhou em filme recente. ' Tenho pânico de me ver presa nas ferragens'- dizia sempre uma voz saudosa que não se cala. No que lhe foi apontada: ' Você já está nas ferragens. Relaxe.'
Misturam-se sentimentos contrários, opostos que não se fundem, mas que podem formar uma boa piada nova.  Um chiste não é condensação de contrários. É uma nova versão com alguns opostos existentes e que se disseram presentes. E poderia ser uma outra. Mundo mundo vasto mundo. Também houve essa de Carlos Drummond. Ele virou para além de autor que não morre uma estátua de bronze que vigia o vai e vem dos andarilhos na calçada famosa do Oceano Copacabana. Postada há alguns poucos quilômetros, direção ao centro, de Artigas e Martín. Sacaneada quase sempre por algum imbecil ressentido por ignorâncias e que insiste em lhe afanar os óculos. 
O eterno retorno traz eventos que se sucedem de tempos em tempos. O roteiro parece ser igual mas não é. Algumas repetições por certo são previsíveis e arrefecem - ao menos faz de conta- a desilusão que todo caso a caso, todo imponderável, toda fortuna que chamamos de sorte ou azar, todo o infinito pelo qual se estende a mão na direção do coisa alguma, como numa invocação por salvação. 'Você sempre esteve nas ferragens'.  Resta saber como soltar o cinto para continuar saltando bem para dentro. Saltando sobre as pedrinhas lusitanas, da terra do poeta primeiro; dobrando a outra rua, escorando o tronco de mais uma árvore e saudando - continência respeitosa- ao General-Rua que não temeu- sofreu muito.Isso sim- reconhecer que estava desde sempre sozinho e muito bem acompanhado. Ele, as suas referências, as suas ideias, os seus projetos. O país Artigas. 

domingo, 25 de maio de 2014

A coluna de Fernando Gabeira no Estadão de ontem, dia 24/05, traz um olhar importante sobre a famigerada Copa Do Mundo. Eu acrescentaria duas coisas:uma é que resolvi crer que nenhum mandatário no país vai faturar ( ou tenha faturado) tanto politicamente quanto àquela que ocupa o palácio candango no momento. Se perder, perde pouco. Mas se ganhar.. Segundo que , há 7 anos, quando houve a escolha do país para sediar a pelada suíça, fui voz apupada ( chamada de pessimista, derrotista) junto com outros muitos sobre o quê poderia acontecer. Gastos, roubalheira, populismo, desfaçatez, mentiras, arbitrariedades apelidadas oportunamente de democráticas e por aí vai. A lista é enorme. É onde o país carnaval faz série, seriação,seriedades...
Faltando pouco mais de duas semanas, não adianta. O estrago já está bem feito. Que ao menos se receba bem e com civilidade os que por aqui se aventuram. É bom saber que não se é otário sozinho. Há otário na estranja, hablando, speaking quelque chose..... Caso contrário será ainda pior. E não será pior para os mesmos que desmandam. Será o sempre pior adivinhem para quem?
A FIFA é uma organização sadomasoquista de primeira. A próxima Copa Suíça será na brisa fresca do Qatar. E por lá, acredito que sheik algum vai se submeter aos sorteios para compra de ingressos para suas odaliscas feministas. Elas se rebelarão. Vão tomar um porre de petróleo divino, safra milenar, de canudinho. A conferir.

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Getúlio, o filme.

Getúlio é um bom filme. Os trabalhos do Toni Ramos e de Drica Moraes são excelentes. O segundo Getúlio viabilizou o JK que veio depois. 
Meu avô era getulista de carteira e porretes nas mãos ( Nomeou a última filha de Darcy. O mesmo nome da mulher do Presidente Vargas. A Mulher oficial, é claro). Fez questão de ficar próximo ao caixão do caudilho. Era amigo de Café Filho. Certo dia, no principado do Leblon, avistou no horizonte seu algoz, Carlos Lacerda, caminhando ( ou estaria conspirando?) com alguém a tiracolo. Foram precisos dois outros para segurar o velho que tentava enforcar aquele que faria um ótimo governo na então Guanabara. Seria Governador agora? Eu votaria nele e seria excomungado por vovô. Amores em família.
O ditador - curiosamente pai dos pobres- acertou o peito próprio com uma bala que 'Gregoriamente Fortunou-se' e pegou em cheio as costas de Lacerda. Presidência, Adeus. Melacólico de coturno pode causar grandes estragos.
José Luís Ribeiro, jornalista e cientista político, escreveu aqueles 3 volumes, A Era Vargas. Vale à pena o esforço. Ele foi assessor de campanha de Brizola ( Getulista fervoroso) para presidência na corrida eleitoral de 1989. Depois, obviamente, de retornarem às boas porque Ribeiro havia lhe perguntado no Canal Livre, programa de TV, se era verdadeira a fofoca que se espalhava pela Cidade Maravilha que se o soltassem a sós na Ponte Rio- Niterói, sem Gregórios ou Alcides, era capaz que ele, o governador, seguisse em frente supondo que chegaria a Petrópolis ou Itaipava. Brizola deu-lhe um esculacho ao vivo com seu lenço de pescoço avermelhado. Políticas de Brazilis....Esse ano haverá eleição? Haverá Pasadena? Tem um grupo que diz que não haverá Copa.
Ps: Não tenho certeza ,mas se acordo com o temperamento do ex-governador é bem provável que Ribeiro tenha lhe feito a gracinha depois de 1989. Durante o seu segundo mandato que se iniciou em 1991. Aquela derrota para presidência em 1989 teve o mesmo efeito do tiro de Getúlio.
Carlucho, 05-05-2014.