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terça-feira, 25 de setembro de 2012

Certa noite com Tim Maia

Lá se vai o tempo. Há aproximadamente 20 e poucos anos, Tim Maia, cantor mais do que festejado pelas nossas bandas, fizera apresentação no ainda moribundo Teatro do Hotel Nacional. Aquele hotel que se posta imponente-decadente, diante da praia de São Conrado, e que respira por aparelhos licitatórios , há décadas. Virou escombro de sua própria história. Nesse seu palco desfilaram grandes personagens. Foi onde conheci, vivinho e a cores, a música de Miles Davis. As primeiras edições do saudoso festival de música, final de década de 80, ' Free Jazz Concert', ocorreram lá. Depois foi para o MAM ( Museu de Arte Moderna) e começou a ruir. A turma passou a considerar o cigarro, patrocinador do evento, o inimigo número 1 do planeta , para além dos pulmões e vias aéreas, o dinheiro minguou , desafinou e deu o último suspiro. Era início dos anos 2000. Não se conseguiu mais a grana nossa que dita o passo do mundo. Bem que tentaram, através de estratégias questionáveis, manter o evento. Aquilo virou uma espécie de carnaval fora de época. Os corredores do museu , que por certo jamais foram visitados pela maioria que ali gritava "Uuu! Galera!", ficavam apinhados. Importava tudo, menos o Jazz, o Blues....Hoje, temos as 'Flips' da vida.
Um pouco antes, fim dos anos 80, e ainda considerado vivo pela Rede Globo de televisão e que transformava aquele show, no hotel dodói por demais, em programa da casa, conheci o cantor da voz possante. Minha amiga, a quem adjetivo + querida e que tem linda e possante voz também, apresentava-se junto com outras cantoras ótimas, na banda do moço famoso. Após o show, houve um encontro festivo num importante hotel - ' in a very good shape until now'- do Leblon, zona sul da cidade patrimônio. Típico evento que detesto. Um cordão de aduladores em torno da celebridade midiática. Acho patética a postura de colonizados subservientes. Aqui farei uma pequena digressão - tão comum nas minhas notas- para dizer que me esforço , há pelo menos duas décadas, para mitigar o meu complexo de inferioridade em relação ao meu mestre e analista e  a quem considero um dos maiores poetas vivos. Portanto, tenho intimidade com esse sintoma vagabundo, safado! E o pior é que a manutenção do mesmo ainda busca por razões.....Ou seriam inadimplências insuperáveis? O que nós chamamos de impossibilidades modalizadas, regionais, visto que existem certas formações que se não forem desenvolvidas, estimuladas a tempo - sem contar as heranças genéticas somadas aos fatores epigenéticos -, jamais funcionarão da melhor maneira. É duro de escutar, mas é fato.
Então aquele senhor obeso, mal educado, grosseiro à medida da inconveniência, feio por demais, mas com aquele vozeirão que transformava canção para dores de amores em obra de arte, sentara-se à mesa do restaurante estrelado. Porém, cabe a pergunta: aprendeu ou ensinou para o Roberto, Rei, as canções que falam dos corações partidos? Foram parceiros de ofício e até amigos. Depois, os amores cantados se metamorfosearam em ódios. Nada mais comum. Daí que Fernando Pessoa já indicara o perigo desses amores todos.
Tim então cantou, ou melhor, vociferou para o garçom mais distante - afinal era motivo de exibição vocal- que lhe trouxesse umas garrafas do Whisky Bacana! Apareceram umas quatro ou cinco daquele malte que eu só tinha visto em festa de casamento de rico. Uma dessas garrafas era mais antiga do que a minha existência, à época. Quase lhe fiz deferência. O amigo que me acompanhava , levantou-se e a cumprimentou. Tim , o gente boa, quase o expulsou do recinto. "Que porra é essa? Será viado? Gostas de uma garrafinha, hein?" Simpático. A festa prossegue e mais e mais admiradores cercam a mesa. Tive a impressão de que tamanha comoção era pelo fato de que o nobre cantante tinha aparecido para trabalhar, já que tinha fama de não comparecer, vez ou outra, ao local de trabalho. Seriedade. Alguns goles depois, minha querida amiga se aproxima dos meus confusos ouvidos e alerta: " Sai fora , pois vai sobrar para vocês". Não entendi a princípio. Na expectativa de que ela fosse me encantar nos ouvidos, corpo todo, ela me intrigou com aquele alerta. Corneta avisando sobre possíveis temporais. Enebriado pela tolice de tiete, vi o rótulo dos tais escoceses egrégios a me piscar. Só faltava essa. Além da saudação, a bebida bacana exigia interlocução! Olhos esfregados, tudo piscava. Até o Tim. O amigo já estava íntimo. Cantarolava com os outros convivas. Um pouco depois, compreendido o sentido daquele recado, o tal alerta da tempestade por vir, restava então chamar, socorrer o amigo que se deslumbrara. O amigo também é alertado sobre o tamanho do prejuízo que aquela produção escocesa poderia desencadear. Não deu a mínima. Estava devidamente cooptado pelo vozeirão e suas tagarelices. Todavia, não se pestanejou. Porta de saída, a mais próxima à vista, e as escadas foram mapeadas uma a uma até o adeus final. Ufa! Sem olhar para trás. Vai que aquele malte bacana resolve tomar satisfações?
Dia seguinte, sem ressaca a cutucar, e de vagas lembranças. Dia chuvoso numa cidade que se metamorfoseia em pouca alegria. Ela tem essa sensação de que o sol lhe esnobara. Pergunte ao carioca-cidade porque essa pretensão, ou melhor, o porquê desse imperativo dirigido ao sol bacana , mas também cruel em certas épocas, por uma  presença contundente por demais a todo momento?
O telefone que se fazia de mudo, preguiçoso, logo será acordado. Imaginem uma onomatopeia de som de teclado de telefone antigo: número discado. Do lado de lá, sem nenhuma transcendência a ocorrer, a voz de desânimo a se esforçar a responder. Somente uma vogal se faz presente. Imaginem agora o som de um aaa quase natimorto. Diriam bastante depressivo esse alô de dia chuvoso. Perguntei-lhe então: " E o seu novo amigo, o Tim? Te deu motivo"?
O que foi respondido podemos até imaginar, já que o telefone desse lado de cá tremia, tremia. Sua voz ganhara vida, força! Filho daquilo, filho disso!E tanto amor fora proferido ao agora ex-ídolo. Também pudera: pagou praticamente toda a despesa daqueles escoceses, com saias feitas de vidro e a afetar
, com a sutileza de um murro, o nosso sistema nervoso central e outros comandos. Pagou com promessas, isto é, pagou com uns tais cheques pré-datados. Uma deliciosa e enlouquecida promessa a mais do mercado financeiro brasileiro. Negociou com o gerente do tal restaurante/bar que já estava acostumado com as 'maias' do Tim.
Quando morreu o Tim, voltava de uma prova para cargos públicos, e escutei a notícia no rádio. Era o ano de 1998. A primeira reação foi a lembrança do amigo. Estaria ele acompanhado de algum outro escocês a lhe consolar? A lhe dizer " Me dê motivo....( imaginem a música ).

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Eleições ainda mais.

Algumas notas a mais;

Eleição para prefeito no Rio sempre tem forte concorrência , para o postulante ao cargo, pois o carioca o vê como alguém que quer ser mais carioca do que ele. E como estar carioca é um estado sublime - para muitos-  , uma espécie de cartão de visitas, um achar-se tão belo quanto as praias, quanto ao Jardim Botânico ( Viva João VI ! ), quanto a Lagoa Rodrigo de Freitas ou o Aterro do Flamengo; achar-se tão exuberante quanto os monumentos todos, os centros culturais, os museus; tão grandioso quanto o Maracanã. O resto parece não sair bem na foto.
Os 18, 19% de certas intenções de votos nos candidatos novidades não são tão novidades. Sempre houve em algum momento. Recordemos o Bittar em 1998, a vitória de Erundina em São Paulo , no mesmo ano, o prezadíssimo Fernando Gabeira, mais recentemente. E o abominável Fernando Collor, codinome caçador de marajás, na campanha presidencial em 1989! Houve quem dissesse que essa vã caçada se converteria num suicídio ou num exercício erótico sado-masoquista. Sofremos os efeitos desse sexo , digamos, bizarro. E qual o sexo, qual a partição que não completa jamais, que não tem a sua faceta bizarra?
Há também aquele sintoma de quem -por razões somente pessoais- projetam frustrações ou realizações, enfim, sintomas das mais diversas ordens, até mesmo afetivas, na figura de quem está lá ou que candidata-se a estar. Se estou bem, o tal cara ou fulana valem até à pena. Se as coisas não estão lá tão bem ( aquele namorado/a que se mandou, aquele projeto que nunca acontece, aquele dinheiro curto, aquele não haver desejado que insiste em não haver, em não nos salvar ), o tal cara ou fulana não prestam. Não valem à pena.
O voto é sempre exercício inconsciente das ditas razões de cada um, e  que tem lá os seus corações bem pessoais.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Um pouco de política em tempos de chiliques. Pré-maresia.

Há um artigo, que li  num blog  e que fora recomendado por um conhecido 'faceebokeiro partner' ( deve ser bem prestigiado, visto que foi mencionado também  por pessoas com certa influência na mídia ), tecendo opiniões , com dados bastante precisos, sobre as eleições municipais desse ano, aqui no Rio de Janeiro. Lúcido e bem escrito. Não concordo com o título, pois o considero um tanto quanto forte e passional - a não ser que o articulista, quem escreveu o  tal artigo, conheça muito sobre o personagem - candidato. Não deveríamos misturar também ficção cinematográfica - ainda que baseada em fatos reais - com uma possível governabilidade por parte dos personagens atores-candidatos. Quem se recorda das elites, sabe muito bem que as tropas estão bastante desfalcadas, desde 1964, quando a ditadura militar arrebentou com o sistema educacional no Brasil. Recentemente, matéria jornalística denunciou o assassinato de Anísio Teixeira, um dos maiores educadores do mundo, pelos gorilas do regime. Além do mais, uma coisa é a campanha que normalmente vem permeada de fanatismos e infantilismos - como se estivéssemos num ringue "sanguinolento" de lutas marciais ou na arquibancada do futebol-, e outra é a postura , o trabalho realizado, projetos propostos, os chamados programas de governo, etc. Não se faz distinção, muitas vezes, sobre o que se discute. Seriam todos sócios? O quê pode nos afetar de tal ordem, quando sabemos que o próprio eleitor brasileiro costuma virar as costas para o que acabou de apostar, de enfiar urna abaixo?
O voto obrigatório traz essa faceta de vários gumes e perigos. Ao mesmo tempo que mantém uma certa mobilização, gera malcriação, rebeldia tola. Figuras pensantes importantes tais como Raimundo Faoro , já falecido, ou um José Murilo de Carvalho, defendem a obrigatoriedade do voto, pois consideram que se houver a não obrigatoriedade, a desmobilização por parte do eleitorado será muito grande e ainda mais prejudicial ao jogo político. Há controvérsias. Acredito que num primeiro momento haveria um comparecimento maior do que o de costume , já que os que defendem a obrigatoriedade do voto diriam que a não obrigatoriedade é golpe de estado. Mais ou menos como o plebiscito, realizado no início dos anos noventa, sobre a escolha do sistema e forma de governos. Monarquia, Presidencialismo, Parlamentarismo....Estão lembrados? Ganhou a República Presidencialista ou seja: mantivemos tudo como antes, sem ao menos discutir com calma, prudência, todo processo de forma e sistema de governos. O que talvez resultasse numa reforma político-partidária necessária. Reforma essa que é evitada a todo custo por todos nós que estamos implicados no processo político enquanto sociedade civil. De preferência sem chiliques.
 Lembro-me da figura austera e cautelosa de Ulisses Guimarães e dos seus olhos azuis da cor de um oceano singular e que se tornou seu túmulo. E ele dizia que ao morrer, naquele caixão suposto onde estaria o seu corpo inerte, haveria por ali um homem contrariado. Não houve caixão e seria impossível estar contrariado àquele do qual se diz morto. Mortos não se contrariam mais. Contrariado, enquanto obviamente vivo, ficara ao ver as tolices que cercaram os debates - e o velho Ulisses quase sempre sereno para ficar se debatendo-  sobre o tal plebiscito. Houve quem quisesse votar - e o voto era por escrito à época - no rei Roberto Carlos ou na rainha Xuxa. Não me pareceu nenhum absurdo! Isso está na chamada alma das pessoas! E ainda sobrava um gol para o rei Pelé. As pessoas são inteligentes e possuem o rei ou a rainha que merecem. O raciocínio está perfeito. Se há obrigatoriedade de voto, também para plebiscitos, que votemos, portanto, no rei que mais gostamos, ora pá!
Os presidencialistas já diziam que o tal plebiscito era tentativa de golpe. Recorda-se de ACM, Maluf e outros arautos da democracia no Brasil a vociferar essas palavras de ordem! Tinha gente também à esquerda a proferir sacrilégios semelhantes. Os tais institutos de pesquisa , desses que dizem em quem a turma vai votar ( e no pior dos casos há um imperativo que diz "devem votar") , afirmavam que se  muitos políticos apoiassem a ideia Parlamentarista, teriam diminuídas as chances numa pretensa eleição futura. Resumindo: a política enquanto a arte da distribuição dos poderes tornar-se-á tão somente ( perdoe-me Hilda Hilst pela mesóclise. Deve ser inspiração de Janio Quadros ) o meu quinhão, a minha turma, os meus dividendos e ponto. O resto não tem uma tal ética, logo, não presta. Nada de maniqueísmos, e sim uma perversidade eleitoreira a mais. Tudo, infelizmente para muitos, mais do que normal.
Nos últimos anos, assistimos a uma onda, quase que um fetiche, de denúncias e apurações e prisões - um show protagonizado pelas polícias e incentivado por autoridades de primeiríssimo escalão -, de políticos, empresários, servidores públicos, envolvidos com as maracutaias centenárias, milenares. Sempre haverá maracutaias. Alguns praticantes contumazes dessa farra com o erário público alegarão que fazia parte do processo de gerenciamento dos interesses públicos. O que é da ordem pública já se misturou com os interesses privados para muitos. O Estado, policialesco  por excelência , desmoralizou-se inteiramente e diversas milícias se multiplicam fazendo concorrência desleal. Os que defendem a manuntenção de uma presença do Estado cada vez maior, apoiam-se  no fato de que uma política econômica um pouco mais liberal tenha fracassado, esquecendo-se porém da falência em diversos níveis e regiões da política assumidamente estatizante que certos países praticaram por décadas. Deixar que as pessoas resolvam e decidam seus rumos com uma presença mínima do estado ou permitir que esse mesmo estado comande e decida sobre quase tudo sobre a vida da população estão na mesma ordem de cegueira.
A ordem política para os próximos tempos é o da consideração 'ad doc', ou seja, o caso a caso e  a cada momento. Igualzinho o que se deve fazer num processo de análise. Nesse momento econômico em que o país está estacionado - feito formação neurótica a reclamar do vizinho, a quem supõe enxergar no próprio espelho- , em que a mandatária maior decide reduzir as tarifas da nossa energia - e brasileiro tem de sobra , tal como nos apontava  o poeta , então diplomata e irmão da escultora célebre, Paul Claudel, "muitos reflexos e pouca reflexão", assim se reportava ao povo brasileiro- , a partir de 2013 , senão a energia da casa, dos palácios, cairá de vez. Portanto, depois da gastança do governo anterior, desenvolvimentista por demais , agora seremos monetaristas a fim de preservar a nossa moeda, nossas reservas até.....a próxima crise. Aprendo com a Nova Psicanálise, do poeta MD.Magno, que temos que lembrar que a crise - na sua própria etiologia nos aponta para oportunidades- e que a economia é sempre libidinal. Freud estava certo.
Logo, não há  aquele que é de esquerda ou  direita ou de centro. Existem sim aquelas formações que estão mais à esquerda, mais à direita ou em cima do muro no momento. E isso não é o cinismo contemporâneo da ocultação permanente do que está em jogo. Ao contrário: é assumir que nenhuma postura é definitiva. Sobretudo, a priori. Pois aí teremos preconceitos e maniqueísmos terríveis. O tal artigo que li indicava esse movimento, mas a nomeação ficou comprometida. Chamar qualquer um de fascista é até fácil. Agora mesmo, uma professora universitária , no Norte do Brasil e que tem vínculos com movimentos de estudos raciais e é até praticante de cultos religiosos de origem africana, está sendo processada por discrimação. Alguém lhe barrou o caminho e a solução adotada foi chamar, aquele que lhe barrou o passo, de macaco.
É extremamente difícil abordarmos o que quer que haja sem preconceitos. Nesse próprio texto do tal blog, com dados importantes, uma das comentaristas do artigo, publicado no blog, insulta quem o escreveu. E aí vem uma outra e insulta quem insultou o insultado primeiro. O quê é isso? No mínimo, deveríamos suspeitar dos insultos aos próceres envolvidos: articulista, candidato, eleitor, militante.
O ressentimento, praga indestrutível da nossa falta de educação, da falta de análise dos sintomas de cada um, funciona como projeto de governo, enquanto visão e postura de mundo. Há partido político- e partido político muitas vezes inviabiliza A Política - que não se definiu jamais em termos teóricos, ou seja, através de referências ideativas mais consistentes e que norteassem suas ações. No Brasil, os partidos multiplicam-se feito cupins. São meras rivalidades regionais, desde o coronelismo que ainda perdura, que alimentam essa procriação promíscua. Fora, é claro, a piada sem graça. Um país com seguidores religiosos aos milhões ( maioria absoluta) possui dois partidos comunistas e outros tantos ditos socialistas. Possui também diversas legendas à direita sem qualquer referência  nítida sobre os seus projetos. É uma confusão proposital. E quem é que acompanha tudo isso? Lembro-me dos debates - horríveis e semelhantes a programas de e para calouros- com os candidatos à Presidência da República em 1989. Ao final do ringue, a empregada de uma tia disse que finalmente entendera a tal "reserva de mercado". Eram as compras feitas no supermercado e que ainda restavam. Perfeito. Não deveríamos confundir ignorância com burrice. A moça sacou direitinho.
Nos tempos do Império ou no início da República, existiram políticos que escreviam cartas, memorandos, destinados aos eleitores. Um dos mais célebres - e depois fiquei a saber que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso apreciava muito o livro-, foi a coletânea de artigos de Bernardo Vieira de Vasconcelos intitulado " Carta aos eleitores da Província de Minas Gerais ". Ali, o político esclarece fatos e intrigas e projetos e o que fez/faz. Decente, corajoso, brilhante.
Quando se estuda alguns dos autores da política brasileira como Bernardo Vieira, Assis Brasil, José Bonifácio de Andrade (um gigante), Frei Caneca, Joaquim Nabuco, percebe-se que havia ali um pensamento político genuíno e ignorado por estudantes , inclusive das ditas ciências políticas em cursos de doutoramento. Fui testemunha enquanto ouvinte num desses. Preferem exclusivamente o Montesquieu , o Montaigne , a Hannah Arendt, o Carl Schmitt, o Maquiavel e outros egrégios pensantes da estranja. Vivinho da Silva, pode ser nome próprio, temos um FHC pensando o novo século, faz tempo. Um Darcy, Ribeiro de saudades, e tantos outros tão importantes como os citados acima.
O poder vem de baixo para cima também. Alguns ceguetas se recusam a enxergar. Não é só de cima para baixo que se institui, que se configuram os poderes, mas daqui para lá também. Feito audiência de programa televisivo. Quem hipnotiza quem? De onde vem a demanda? Ninguém tem esse poder absoluto. Há uma cumplicidade de todos. É preciso entender onde nos situamos nesse momento e qual será a nossa de agora? Caso contrário é somente confusão, paixão = cegueira, racismo, egocentrismo, narcisismo barato, perversidade. Tudo isso movido por crenças que não deixam de ter fundamentos religiosos. E aí cada um que prepare a sua cruz para aquele vizinho do apartamento ao lado. Cheios de amor.
Só não venham dizer que eles não sabiam o que faziam. E nós todos? Sabemos?